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O SURGIMENTO

DA PRENSA E AS
MUDANÇAS NO
MUNDO
OCIDENTAL
JOHANNES GUTENBERG
Proveniente de família nobre, Gutenberg foi o
inventor da prensa, entre 1438 e 1440, a
partir dos tipos móveis chineses, na cidade
alemã de Mogúncia.Talvez inspirado pelas
prensas de vinhos de sua região natal,
banhada pelo rio Reno, que usava tipos
móveis de metal.

As técnicas de ourives, aprendidas com o pai,


foram importantes para que ele conseguisse
trabalhar os tipos móveis em chumbo fundido.
Além disso, ele também aperfeiçoou a tinta
para a impressão, já que as tintas usadas nos
tipos móveis de madeira não fixavam nas de
chumbo.
SINETE
Na China e no Japão, a impressão já era
praticada há muito tempo — desde o século
VIII, se não antes —, mas o método
geralmente utilizado era o chamado de
"impressão em bloco": usava-se um bloco de
madeira entalhada para imprimir uma única
página de um texto específico.
O procedimento era apropriado para
culturas que empregavam milhares de
ideogramas, e não um alfabeto de 20 ou
30 letras. Provavelmente por essa razão
teve poucas conseqüências a invenção
de tipos móveis no século XI na China.

A invenção ocidental pode ter sido


estimulada pelas notícias do que havia
acontecido no Oriente.
A invenção da impressão com tipos móveis
foi na prática uma série de invenções.
Primeiro, as matrizes ou moldes tiveram de
ser feitos e, a partir deles, foi preciso forjar
caracteres de metal com a força e a
consistência desejadas. A fórmula de uma
tinta baseada em óleo teve de ser
aperfeiçoada, a própria prensa manual
teve de ser projetada e construída.
(AMARAL,2002, P.86)
A BÍBLIA DE GUTENBERG
Entre 1450 e 1455, Gutenberg produziu uma
Bíblia com 42 linhas por página – o primeiro livro
impresso com tipos – e levou as páginas
impressas para a Feira Comercial de Frankfurt.
Os textos impressos no século XV eram
encontrados, principalmente, em livros religiosos,
constituídos de Bíblias, livros litúrgicos (missais,
breviários, livros de honras), tratados de
espiritualidade, livros de devoção, vida dos
santos, etc., tanto em latim como em língua
vulgar (vernáculos).
IMPRESSÃO NA EUROPA
A prática da impressão gráfica se espalhou pela Europa
com a diáspora dos impressores germânicos. Por volta de
1500, haviam sido instaladas máquinas de impressão em
mais de 250 lugares na Europa.

N ÚTinham
M E R O80
S na Itália, 52 na Alemanha, e 43 na França. As
prensas chegaram a Basiléia em 1466, a Roma em 1467, a
Paris e Pilsen em 1486, a Veneza em 1469, a Leuven,
Valência, Cracóvia e Buda em 1473, a Westminster
(distinta da cidade de Londres) em 1476 e a Praga em
1477.

TOTAL DE EDIÇÕES
Todas essas gráficas produziram cerca de 27 mil
edições até o ano de 1500.
Em contraste, a impressão gráfica custou
a penetrar na Rússia e no mundo cristão
ortodoxo, uma região (incluindo o que
hoje são a Sérvia, a Romênia e a Bulgária)
onde o alfabeto utilizado era o cirílico e
na qual a educação formal estava
praticamente confinada ao clero.

Este fato mostra que a revolução da


impressão gráfica não era um fator
independente e não se ligava somente à
tecnologia.

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

Os escribas, cujo negócio era ameaçado pela nova


tecnologia, deploraram a invenção desde o início. Para a
Igreja, o problema básico era que os impressos permitiam
aos leitores que ocupavam uma posição baixa na hierarquia
social e cultural estudar os textos religiosos por conta
própria, em vez de confiar no que as autoridades contavam.

ARMAZENAMENTO

Com a multiplicação dos livros, as bibliotecas tiveram de ser


ampliadas, ficou mais difícil encontrar um livro nas prateleiras,
e os catálogos se tornaram cada vez mais necessários.
Compliladores de catálogos
Os historiadores sociais mostraram que a
invenção da impressão gráfica mudou a
estrutura ocupacional das cidades
européias (BURKE, 2006, P. 28).

Novas ocupações:
Impressores (Provas tipográficas)
Vendedores de livros
(mascates)
Bibliotecários

"A CULTURA DAS


PUBLICAÇÕES"
MARSHALL MCLUHAN SUBLINHOU A MUDANÇA DO
FOCO AUDITIVO PARA O VISUAL, CHEGANDO A
DIZER QUE "OS IMPRESSOS ABRIRAM UMA FENDA
ENTRE A CABEÇA E O CORAÇÃO".
BIBLIOTECA AZUL
O MATERIAL IMPRESSO TORNOU-SE PARTE
IMPORTANTE DA CULTURA POPULAR NO SÉCULO
XVII

As brochuras francesas, a chamada "Biblioteca


Azul", se tornaram populares. Os assuntos mais
comuns eram as vidas de santos e romances de
cavalaria, levando alguns historiadores à
conclusão de que a literatura era escapista,
além de representar um modo de difundir entre
as camadas mais baixas de artesãos e
camponeses os modelos culturais criados por e
para o clero e a nobreza.
REVOLUÇÃO DA
IMPRESSÃO GRÁFICA?
A adaptação ao novo meio foi gradual, tanto no caso de
estilos de apre-sentação quanto no dos hábitos de
leitura.

Em outras palavras, como na Revolução Industrial — na


visão de alguns historiadores modernos —, o que vemos é
aquilo que o crítico britânico Raymond Williams (1921-88)
chamou uma vez de uma "Longa Revolução". Trata-se de
uma questão intrigante: será que uma revolução lenta
pode afinal ser considerada uma revolução?
CULTURA FAVORÁVEL
Falar da impressão gráfica como agente de mudança é dar muita ênfase
ao meio de comunicação em detrimento de escritores, impressores e
leitores que usaram a nova tecnologia, cada qual segundo seus próprios e
diferentes objetivos. Talvez seja mais realista ver a nova técnica como um
catalisador, mais ajudando as mudanças sociais do que as originando.

COMUNICAÇÃO FÍSICA
Os governos também se preocuparam mais com as estradas, mesmo que
seja dificil ver grandes melhorias no sistema europeu antes de meados do
século XVIII.

SISTEMA POSTAL
A comunicação de mensagens é parte de um sistema de comunicação física.
COMUNICAÇÃO E POLÍTICA

O interesse dos governantes pelas comunicações foi a razão


principal para a rápida expansão do sistema postal no início
do período moderno. A comunicação foi especialmente
importante em grandes Estados e, acima de tudo, em
extensos impérios.

Carlos V (reinado de 1519 a 1558), cujos domínios incluíam a


Espanha, a Holanda, a Alemanha e grande parte da Itália,
assim como o México e o Peru, tentou resolver o problema
da comunicação viajando incessan-temente por toda a
Europa. Seu filho e sucessor Felipe II (reinado de 1556 a
1598) ficou conhecido como "rei do papel".
LINGUAS VERNÁCULAS
O crescimento de uma sociedade com
tecnologia de impressão é muitas vezes
associado ao desenvolvimento das línguas
vernáculas da Europa, em contraste com
uma sociedade medieval pré-impressão, na
qual a comunicação escrita era
predominantemente em latim, e a oral
fazia-se no dialeto local.

O uso de vernáculos para propósitos A TRADUÇÃO DA BÍBLIA PARA O


literários foi acompanhado por sua ALEMÃO POR MARTINHO
LUTERO É EXEMPLO DA NOVA
padronização e codificação, processo
TENDÊNCIA
ajudado pela nova técnica.
NO CAMPO POLÍTICO
O REI DA FRANÇA FRANCISCO I ORDENOU QUE
OS DOCUMENTOS LEGAIS UTILIZASSEM O
FRANCÊS, EM VEZ DO LATIM TRADICIONAL.

O FRANCÊS TOMOU O LUGAR DO LATIM COMO


LÍNGUA PRINCIPAL DA DIPLOMACIA


INTERNACIONAL. FATO QUE NÃO REPRESENTOU
O DECLÍNIO DO USO DO LATIM.
IMAGENS IMPRESSAS
ESTAMPAS
O crescimento do mercado deu-se de modo
associado ao da imagem reproduzida
mecanicamente, em particular da "estampa",
termo geral empregado para imagens
impressas

XILOGRAVURA
O meio utilizado era um bloco de madeira ou
uma placa de cobre ou aço, com a imagem
cinzelada na placa (gravada) ou feita por
corrosão com ácido (no caso de água-forte).
A imagem impressa e a arte

O crescimento da figura impressa foi a mudança mais


profunda da comuni-cação visual de todo aquele período,
pois permitia, como nunca, que as imagens ficassem
disponíveis para difusão. O processo rapidamente envolveu
os principais artistas do Renascimento, como Botticelli, que
criou uma série de ilustrações em xilogravuras para a
Divina comédia de Dante (BURKE, 2006, p. 45)
A imagem impressa e a arte
De acordo com Walter Benjamin (1892-
1940), o trabalho artístico mudou de
caráter após a Revolução Industrial. "O
que decai na idade da reprodução
mecânica é a aura da obra de arte.' A
máquina "substitui por uma pluralidade de
cópias o que era uma existência única", e
fazendo isso produz um deslocamento do
"valor culto" da imagem em direção a seu
"valor de exibição".
A IMAGEM IMPRESSA

MAPAS
IMAGENS EM SÉRIE
Os mapas que começaram a ser
Outra novidade desse período foi a narrativa em
impressos em 1472 oferecem outro
tiras ou história em imagens, a ancestral da
exemplo do modo pelo qual a
história em quadrinhos do século XX. A narrativa
comunicação por imagens foi facilitada
visual ganhou importância com o surgimento da
com a possibilidade de repetição
xilogravura, no Renascimento
representada pelo prelo.
O CRESCIMENTO DO
MERCADO EDITORIAL
Alguns editores eram mercenários, trabalhando tanto
para católicos quanto para protestantes durante as
guerras religiosas. Uma das conseqüências mais
importantes da invenção da nova técnica de impressão foi
envolver com maior intensidade os negociantes no
processo de difundir conhecimento.

A PUBLICIDADE

A publicidade impressa também se desenvolveu no século


XVII. Em Londres, por volta de 1650, um jornal teria em média
seis anúncios; cem anos depois, 50. Entre mercadorias e
serviços anunciados na época, na Inglaterra, estavam peças
teatrais, corridas, médicos charlatões e "Tinta em Pó de
Holman", talvez o primeiro nome de marca de um produto,
patenteado em 1688.
PROPRIEDADE INTELECTUAL
DIREITO
O surgimento da ideia de propriedade
intelectual foi uma resposta tanto à
emergência de uma sociedade de consumo
quanto à difusão da nova tecnologia de
impressão.

BIOGRAFIA DO AUTOR
O mercado estimulava a ideia de autoria
individual, reforçada por novas práticas, tais
como imprimir o retrato do autor no frontispício,
ou apresentar uma edição das obras reunidas
de um autor, com sua biografia.
NOTAS SOBRE O SURGIMENTO
DA IMPRESSÃO
A VELHA MÍDIA DE COMUNICAÇÃO ORAL E POR MANUSCRITOS COEXISTIRAM E
INTERAGIRAM COM A NOVA MÍDIA IMPRESSA.

A IMPRESSÃO GRÁFICA FACILITOU A ACUMULAÇÃO DE CONHECIMENTO.

O QUE CHAMAMOS DE PLÁGIO, ASSIM COMO A PROPRIEDADE INTELECTUAL


AMEAÇADA POR ELE, É ESSENCIALMENTE UM PRODUTO DA REVOLUÇÃO DA
IMPRENSA.

OUTRA IMPORTANTE CONSEQÜÊNCIA DA INVENÇÃO FOI ENVOLVER


EMPREENDEDORES MAIS INTIMAMENTE NO PROCESSO DE DIFUNDIR
CONHECIMENTO.

É SOMENTE COM O JORNAL DIÁRIO DO SÉCULO XVIII É QUE OS IMPRESSOS SE


TORNAREM PARTE DA VIDA COTIDIANA EM ALGUMAS REGIÕES DA EUROPA.

REFERÊNCIAS:
UM HISTÓRIA SOCIAL DA MÍDIA: DE
GUTENBERG À INTERNET/ AN BRIGGS E PETER
BURKE. EDITORA ZAHAR, 2006.

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