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TECNOLOGIA

GRÁFICA
Tipografia e Imprensa na Renascença
Tipografia e Imprensa na Renascença
◦ Mudança na economia e estabilidade política emergentes no final da Idade Média fomentavam o
crescimento das cidades
◦ Crescente complexidade organizacional social estimulava o desenvolvimento de guildas de artesãos e
redes de comércio de troca
◦ Fundação de Universidades em cidades burguesas
◦ Estudantes atraídos para estes centros de conhecimento, arte e cultura
◦ Estes eventos marcaram o surgimento da Renascença, movimento que remeteu o interesse pelo
pensamento grego e romano antigos e que levou ao movimento filosófico do Humanismo

O nascimento de Vênus, Sandro Botticelli,


1483
A Renascença
◦ Descrita como o "renascer do conhecimento", a Renascença
durou aproximadamente dois séculos, desde a metade dos anos
1400 até o final dos anos 1600
◦ O re­nascimento incluiu uma fascinação pelos artefatos, pela
arquitetura e pelos idio­mas das antigas Grécia e Roma
◦ A escrita, a música, o teatro, a filosofia, a medicina e as leis das
antigas culturas foram elevadas à altura de ideais, contrastando
com o conhecimento baseado no divino que predominava na
Idade Média
◦ Mui­tas obras clássicas antigas se tornaram disponíveis por meio
da impressão, como livros que se tornaram mais comuns e de
menor custo

O Davi de Michelangelo
O início da imprensa
◦ O aperfeiçoamento da prensa de impri­mir, a inovação do tipo móvel (letras indi­viduais, reutilizáveis,
fundidas em metal ou gravadas em madeira) e a fabricação de maiores quantidades de papel a baixo
custo permitiu o aumento da produção de livros
◦ Desde os tempos em que a tradição oral dominava na interação humana até o desenvolvimento dos
sistemas formais de escrita, nunca tinha havido um salto tão grande na comunicação como o que se
seguiu ao desenvolvimento da tecnologia de imprimir de Gutenberg
◦ A grande disponibilidade de livros encorajou uma maior alfabetização entre as pessoas comuns, uma vez
que a repro­dução em massa de textos permitia que um número maior de senhores de terra e de
mercadores, assim como os membros das guildas, tivesse acesso aos livros e pudessem possuí-los;
◦ os livros não eram mais uma exclusividade da nobreza.
Gutemberg: artesão do metal
◦ A versão geralmente aceita da história da imprensa é que
Gutenberg, um compe­tente artesão e fundidor de metais, estava
trabalhando no desenvolvimento de uma técnica de imprimir textos
para livros des­de 1438
◦ Ele fez parceria com um ourives chamado Johann Fust, que
concordou desde que tivesse dinheiro em retorno ao investimento
◦ Gutenberg adaptou uma prensa que originalmente era usada para
esmagar uvas na fabricação de vinho
◦ Desenvolveu um método de fundir tipos de metal em pe­ças únicas
que variavam na largura, porém mantinham uma altura constante.
Gutemberg: artesão do metal
◦ Formulou tintas com a consistência certa para serem usadas
com os tipos fundidos em chumbo e aperfeiçoou técnicas de re­
gistro (o alinhamento preciso de tipos e imagens), para
impressões acuradas e lim­pas, bem como para manter as
margens da página impressa sem manchas de tinta.
◦ Resumindo, Gutenberg solucionou os de­talhes que tornaram a
impressão um pro­cesso de reprodução viável.
Tipos móveis e
reutilizáveis
◦ A brilhante inovação era a produção de caracteres
individualizados e reutilizáveis em vez de fundir a página in­
teira em uma única peça sólida
◦ Gutenberg aperfeiçoou o processo com um molde de precisão
engenhosamente simples
◦ Primei­ro foi cortado um punção de ferro endure­cido com
a letra na extremidade
◦ O punção era martelado em uma pequena placa-matriz de
bronze, com uma profundi­dade precisa para criar um
molde negati­vo, no qual era fundido o caractere final em
uma liga de chumbo
◦ Gutenberg e seus trabalhadores fundiram mais de 15.000
caracteres de chumbo para a sua primeira Bíblia (conhecida
como a Bíblia de 42 Li­nhas devido ao número de linhas de
texto compostas em cada página)
A primeira tinta de impressão
◦ A tinta oriental, que era fluida, ensopava o tipo de madeira e depois de passar para o papel produzia um
contorno borrado nos caracteres e nas imagens, um efeito que não funcionava para o processo de impres­
são de Gutenberg
◦ A tinta que Gutenberg desenvolveu tinha bastante viscosidade para prender­-se na superfície não porosa
das letras de metal e mesmo assim podia ser transfe­rida para o papel sob pressão
◦ Se a tinta fosse muito líquida, ela se espalharia tan­to pelas áreas de fundo como na superfície do tipo,
sujando tudo.
◦ A mistura final con­sistiu de óleo de linhaça fervido mistura­do com chumbo e cobre para criar uma cor
negra de grande riqueza
A produção de livros em linha de
montagem
◦ Tanto as novidades como a tecnologia espalharam-se rapidamente. Na região da Alemanha onde
Gutenberg atuava, rapidamente estabeleceram-se outras ofi­cinas
◦ Vários dos primeiros livros impressos foram vendidos pelo mesmo preço que um escriba teria sido pago
para copiá-los à mão, mesmo que os livros tivessem menor custo de produção, pois a maioria das pes­soas
não podia perceber a diferença entre eles
◦ Algumas guildas de copistas conseguiram que os livros impressos fos­sem considerados ilegais em suas
áreas de atuação porque temiam que seus membros ficassem sem trabalho
◦ Ao contrário, mui­tos escribas começaram a planejar livros para as oficinas de composição impressa,
produzindo protótipos feitos à mão, o que aumentou a procura por seu trabalho
A expansão da
imprensa: Jenson na
Itália
◦ À medida que a atividade da imprensa foi se
espalhando até a Itália, os compra­dores de
livros começaram a preferir os caracteres
tipográficos produzidos lá, em vez do gótico
Textura
◦ Em 1458, o gravador francês Nicolas Jenson
foi enviado da casa da moeda de Tours, onde
ele fazia cunhagens, para Mogúncia, pelo Rei
Carlos VII.
◦ Volta com as in­formações sobre a nova arte
de imprimir.
A expansão da
imprensa: Jenson na
Itália
◦ Devido à instabilidade da monarquia na
França, Jenson estabeleceu-se na Itália e não
mais retomou ao seu país de origem
◦ Jenson desenvolveu os primeiros carac­teres
tipográficos romanos puros, caracteri­zados
pelo contraste da haste mais espessa com
traços extremamente finos
◦ Esse estilo ficou conhecido com Old Style
◦ Depois que Jenson deixou a Alemanha,
versões de seu tipo ficaram conhecidas como
Cloister Old Style
A imprensa na Inglaterra
◦ O primeiro livro impresso na Inglater­ra foi criado por William Caxton, um rico mercador de seda que se
tornou im­pressor
◦ . O primeiro livro impresso em idioma inglês foi composto em um caractere tipográfico angular e cheio
de floreios chamado Bas­tardo
◦ O estilo gótico de tipos foi mais am­plamente aceito na Inglaterra do que na França e na Itália, e sua
popularidade permaneceu lá por muito mais tempo.
◦ A realeza limitou a in­dústria da impressão às cidades de Lon­dres, Oxford e Cambridge, exigindo que
todos os manuscritos fossem submetidos a uma censura e que fosse obtida uma per­missão para impressão
O pináculo da
Renascença
◦ Os anos 1500 marcaram o ápice da Renas­cença na Europa.
◦ A expansão dos livros aumentou o alfabetismo, mes­mo entre as
classes mais baixas. Escrever não estava mais limitado a uns
poucos es­cribas, era um exercício aprendido e prati­cado de
forma muito mais ampla.
◦ Um dos textos mais populares e am­plamente disponível era o
Livro de Ho­ras.
◦ Uma próspera economia desenvolveu-se ao redor da produção
dos Livros de Horas.
◦ Entre os hoje existentes estão alguns dos mais belos exemplos
da arte medieval.
Entrelaçamento de casas
impressoras:
a família Estienne e Simon de
Colines
◦ Henri Estienne foi o fundador de uma fa­mília de
impressores parisienses e geno­veses dos séculos XVI e
XVII
◦ Foi um impressor bem estabelecido em Paris com o
crédito de mais de 300 belos textos pro­duzidos
◦ Seu chefe de tipografia, Simon de Colines, assumiu o seu
negócio e eventual­mente casou-se com sua viúva
◦ Tal como Estienne, Colines tornou-se um libraire juré,
um impressor escolhido para a Universidade de Paris
◦ Ele impri­miu textos usados no estudo das artes liberais,
teologia e medicina, a Bíblia, Li­vros de Horas e edições
de literatura clás­sica e contemporânea.
◦ Produziu mais de 750 edições ao longo de 36 anos
Aldus Manutius como publicador
◦ No início dos anos 1490, na época das via­gens de
Cristóvão Colombo para a Améri­ca, o estudioso e
professor italiano Aldus Manutius visualizou livros
impressos de baixo custo como meio de tornar
dispo­níveis a estudantes antigos manuscritos, bem
como um meio de fazer dinheiro
◦ O design dos livros de Manutius tomou uma
estética mais moderna
◦ Em 1495 foi encomendado a Francesco Griffo o
desenvolvimento de um caractere tipográfico
romano caligráfico
◦ Este tipo incorporava vários pesos de traços finos
e hastes com serifas deli­cadas
Aldus Manutius como
publicador
◦ Antes de mais nada, Manutius era um homem de negócios e
estava continuamente experimentando ideias de produzir livros
com custo menor, que pro­porcionassem maior margem de
lucros
◦ O layout mo­derno de seus livros foi estabelecido pelo uso de
um design mais aberto e claro, sem as margens amplas que
antes eram dominantes
◦ Sem margens, diminuía o tempo de com­por a página, resultando
em produção mais rápida e menor custo. O tipo menor permitia
que Manutius comprimisse mais informação dentro de menor es­
paço, utilizando menos material, reduzindo assim o custo de
produção por exemplar
Aldus Manutius como
publicador
◦ Um dos trabalhos mais famosos de Manutius, Hypnerotomachia
Poliphili, era uma obra-prima da tipografia usando letras
romanas cortadas com clareza, ri­camente ornamentada com
xilogravuras decorativas
◦ Manutius era um editor e revisor exi­gente, seus livros
estabeleceram o padrão de precisão na ortografia e na sintaxe.
Suas traduções acuradas e bem sucedidas eram disponíveis
tanto para os eruditos como para os estudantes
◦ Ele criou um livro de alta qualidade com conteúdo con­sistente e
produção a preço acessível e com isso seu trabalha tornou-se
muito conhe­cido
A letra como arte
◦ Nos anos 1500, durante a Renascença europeia, o design de livros
e o design de tipos evoluíram como uma área formal de estudo
◦ Os pintores e escultores eram dependentes dos patrocinadores
ricos, e eles procuravam ampliar sua prática desenvol­vendo
diferentes habilidades para atender aos desejos de seus patrões
◦ Assim, muitos artistas tornaram-se excelentes desenhis­tas de
letras e calígrafos. O desenho de le­tras era considerado uma arte
tão impor­tante quanto desenhar ou escrever poesia
◦ Artistas renomados da Renascença sentiam que as proporções da
letra perfeita eram tão previsíveis como as do corpo humano. Na
sua De Divina Propor­tione de 1509, Leonardo da Vinci analisou a
constru­ção da forma das letras usando elementos geométri­cos.
Ele também comparou as proporções das letras ao corpo humano
Geofroy Tory estabelece a fabricação
de livros como uma arte
◦ impressor, tipógrafo e autor, estudou na Itália e era um conhecido professor antes de ir trabalhar como editor
de Henri Estienne
◦ Regressou à Itália para estudar desenho e gravura e trabalhar como encadernador de livros. Ele ficou famoso
por suas intrincadas e belíssimas iniciais, contornos, ilustrações e designs de marcas para im­pressores
◦ Seu trabalho ajudou a estabelecer a prática do design de livros como uma forma de arte na França, e seu
trabalho de alta qualidade proporcio­nou-lhe um encontro com o Rei Francisco I
◦ Um dos escritos mais sig­nificativos de Tory foi Cham­pfleury, datado de 1529, no qual ele delineia e elabora a
teoria que está por trás de suas letras capitais romanas
◦ Tory acreditava que uma das tendên­cias de sua época era o desejo da elite em esconder o conhecimento do
resto da po­pulação. Reconhecendo e compreendendo o conhecimento como poder, suas preocu­pações
revelavam um novo entendimento social.
◦ Geofroy Tory ficou conhecido por intro­duzir nos textos impressos franceses os acentos, o apóstrofo e a
cedilha.
França oferece uma nova moda
na tipografia: Garamond
◦ O mais notável feito de Claude Garamond foi o desenvolvimento
de um caractere tipográfico romano completamente dife­rente das
formas caligráficas de sua épo­ca.
◦ Garamond percebeu o fato que a palavra impressa dependia de um
subs­trato de metal. Suas letras deixaram de imitar as formas
tradicionais das letras feitas manualmente e tomaram a direção das
formas refinadas, acuradas e consis­tentes que o metal possibilitava
◦ Suas letras romanas foram apresentadas em Paris por volta de
1530.
◦ Garamond não era impressor, mas tendo crescido na oficina
impressora da família, conhecia bem os processos. Ele estabeleceu
um negócio exclusivamen­te para fundir letras e vendê-las para
oficinas de impressão
França oferece uma nova moda na
tipografia: Garamond
◦ Garamond talhou um caractere ti­pográfico, baseada no desenho da Aldus Romana, que traz o seu nome e
é consi­derado um dos mais belos na história da tipografia
◦ Gara­mond compreendeu que há mais letras em caixa-baixa do que em caixa-alta em uma página e assim
deu especial aten­ção ao design das letras minúsculas.
◦ As letras em caixa-baixa de Garamond são tão belas como as de caixa-alta, e foi ele quem começou a
tendência de usar letras em caixa-baixa nos títulos dos livros, onde previamente somente eram usadas as
letras capitais
◦ Seu estilo monopolizou as indústrias da im­pressão na França e na Itália até o fim dos anos 1700
A escrita manual como
símbolo de status
◦ Durante a Renascença, documentos es­critos à mão de forma
elaborada com le­tras em estilo caprichoso eram gravados em
placas de cobre para serem impressos, um sucesso instantâneo
◦ A caligrafia com­plicada com floreios e caracóis, os traços em
contrastes finos e espessos e as letras ligadas entre si eram
considerados como sinal de status
◦ Muitas pessoas eram em­pregadas como mestres calígrafos nesse
período, mas a excepcionalmente, a Civili­té de Granjon foi um
dos poucos tipos de letras fundidos em chumbo
◦ Contudo, com a mudança nas tendências da escrita que ocorria
nesse período e com o desenvolvimento de novos de letras, a
Civilité caiu em popularidade
Inovações na imprensa
◦ Os materiais impressos du­rante a Renascença refletiam a sensibilidade
artística da época
◦ O trabalho de impressão refinado, com um alto grau de precisão,
consistên­cia e clareza era comum entre os melhores impressores da
época
◦ A maioria dos livros publicados du­rante esse período era de natureza
reli­giosa, ainda que no final do século XVII muitos fossem seculares
◦ As contribuições incluíram o design de famílias de tipos em Estilo
Antigo, capitais pequenas, tipos itálicos, marcas de impressores, tipos
em registro na página impressa, impressão a duas cores e tipos móveis
◦ Os contribuintes mais notáveis para as inovações do período incluem
Gutemberg, Coster, Jenson, Manutuis, Garamond e Granjon
Inovações na imprensa
◦ As estimativas sugerem que o número de livros expandiu-
se dobrando em 180 vezes, com aproximadamente 50 mil
con­servados em mosteiros e bibliotecas da Europa em
1450, porém passando de nove milhões em 1500
◦ Mais de 35.000 edições diferentes foram impressas nos
primei­ros 50 anos que se seguiram à invenção da
imprensa
◦ Essa explosão cresceu para incluir não somente livros,
mas também publicações de vida mais efêmera, carta­zes e
folhetos
◦ Por volta de 1500, existiam estabeleci­mentos de
impressão em 140 cidades do continente europeu
◦ As ideias sobre os direitos huma­nos foram difundidas, e a
linguagem foi padronizada na Europa
◦ A imprensa le­vou à democratização da informação à
medida que os livros foram produzidos de forma mais
acessível, permitindo que as classes mais baixas tivessem
igual acesso à informação que previamente era reservada
para os ricos

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