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Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - DCS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

Disciplina: Teorias da Comunicação


2º semestre/ 2022
Professora: Ângela Cristina Salgueiro Marques
Alunos: Lucas Melo Pousas e João Pedro Rocha

Atividade 2 (valor: 30 pts)


Reflexões sobre a Teoria Crítica (Adorno, Habermas e Benjamin)

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA:

Questão 1

Sobre a Escola de Frankfurt, é INCORRETO afirmar que:


a) Ela critica a industrialização da cultura na sociedade capitalista.
b) Ela discute a alienação e a massificação produzidas pela indústria cultural.
c) Ela nasceu na Alemanha, mas seus pensadores se transferem para os EUA, com a ascensão
do nazismo.
d) Ela percebe o público da indústria cultural como ativos e não alienados. X
e) Ela toma o marxismo como uma de suas bases teóricas fundamentais.

Questão 2

Max Horkheimer e Theodor Adorno decidiram utilizar o conceito de Indústria Cultural em vez
de cultura de massa. Assinale a alternativa que aponta o motivo CORRETO dessa decisão:

a) Eles queriam excluir a interpretação de que sua crítica era contra a cultura que surgia
espontaneamente das massas, ou seja, a arte popular. X
b) Ambos acreditavam que o termo “indústria cultural” descreveria melhor a cultura que é
produzida pelo povo e para o povo.
c) Adorno e Horkheimer tinham plena convicção de que o termo “cultura de massa” expressava
o conjunto de produtos produzidos para o consumo das massas.
d) A cultura que é produzida pela mídia e que é apenas imposta ao povo caracteriza a “cultura
de massa”, uma produção de baixa qualidade que impõe seu consumo e massifica a audiência.
e) Na verdade, o conceito de “Indústria Cultural” não se diferencia muito de “cultura de massa”,
mas os autores optaram pelo primeiro por acreditarem que o segundo não revelava a verdadeira
face da cultura feita para o povo.

Questão 3

O conceito de indústria cultural, tal como cunhado por Adorno e Horkheimer, está relacionado
a todas as afirmativas abaixo, EXCETO:
a) A padronização caracteriza os produtos da indústria cultural.
b) Existe uma contradição entre padronização e individualização nos produtos construídos pela
indústria cultural. X
c) O interesse pelo lucro é central na organização da produção.
d) O processo de produção da indústria cultural segue a lógica industrial.
e) O público da indústria cultural é caracterizado pelo conformismo e pela indiferenciação.
Questão 4

Para os teóricos da Escola de Frankfurt, o estereótipo e a padronização possuem um papel


fundamental no que diz respeito à fabricação de modelos para a satisfação de demandas e
perpetuação dos valores dominantes. Assinale a alternativa INCORRETA:

a) O estereótipo auxilia os produtos da Indústria Cultural a oferecerem o “velho” sempre com


nova roupagem.
b) A padronização dos produtos e o uso de clichês faz com que seja possível saber como
terminará uma história desde o seu início.
c) O alimento que a Indústria Cultural oferece aos homens é feito a partir do fermento da
estereotipia.
d) A mudança encobre um esqueleto no qual há sempre pouquíssimas alterações.
e) O estereótipo auxilia a percepção crítica dos produtos da Indústria Cultural, pois sua
previsibilidade alerta os indivíduos para os esquemas de dominação. X

Questão 5

Leia a frase a baixo e assinale a alternativa que contém a interpretação CORRETA:

“A cultura que, de acordo com o seu próprio sentido, não somente obedecia aos homens, mas
também sempre protestava contra a condição esclerosada na qual eles vivem, e nisso lhes fazia
honra; essa cultura, por sua assimilação total aos homens, torna-se integrada a essa condição
esclerosada; assim, ela avilta os homens ainda uma vez.”

Fonte: ADORNO, Theodor. A Indústria Cultural. In: COHN, Gabriel (Org.) Comunicação e
Indústria Cultural. São Paulo: Edusp, 1971. p.288.

a) A cultura produzida pela Indústria Cultural liberta a massa de um cotidiano esclerosado.


b) A cultura obedece ao homem e, por isso, torna sua condição de vida esclerosada.
c) A cultura, que deveria libertar o homem, reproduz as condições de dominação que tornam sua
vida esclerosada. X
d) A cultura ofende aos homens porque protesta contra as condições opressores em que vivem.
e) A cultura produzida pela Indústria Cultural é assimilada à realidade dos homens e, por isso,
pode melhor criticá-la.

Questão 6

Várias são as críticas que podem ser feitas aos argumentos sustentados pela teoria crítica. Entre
as críticas expostas abaixo, assinale aquela que pode ser considerada INCORRETA:
a) A teoria crítica tinha dificuldade de passar do plano das descrições para o plano da análise
dos processos comunicativos que operam na prática.
b) A teoria crítica nunca desenvolveu uma dimensão operativa e aplicativa que visava mostrar a
relação entre os produtos culturais e a sociedade. X
c) Os autores da Escola de Frankfurt promovem uma divisão muito nítida entre o “bem” e o
“mal”: não há saída para o homem a não ser entregar-se à dominação.
d) Adorno e Horkheimer elaboraram uma visão radical e pessimista a respeito do processo de
comunicação: ela repete o esquema da Agulha Hipodérmica e afirma a incapacidade dos
indivíduos de reagir aos meios de comunicação.
e) A divisão estrita entre “alta cultura” e “baixa cultura” impediu a teoria crítica de considerar a
possibilidade de diálogo e de influências entre ambas, pois só uma delas era boa e a outra
absolutamente ruim.

Questão 7
Entre as críticas que Adorno fez ao cinema, escritas numa fase de sua vida em que esteve muito
exposto ao cinema industrial americano, exilado que estava nos Estados Unidos (onde viveu de
1938 a 1948), podemos apontar as seguintes:

i) “De cada ida ao cinema, apesar de todo cuidado e atenção, saio mais estúpido e pior.”
ii) “O cinema conseguiu transformar os sujeitos, de uma forma tão indiferenciada, em funções
sociais, que as vítimas, não se lembrando mais de nenhum conflito, se comprazem com sua
própria desumanização como algo humano, uma felicidade aconchegante.”
iii) “O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade de que não
passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que
propositalmente produzem”.
iv) “O filme adestra o espectador, atrofia sua imaginação e espontaneidade”.

a) i,ii e iii
b) ii e iii
c) iii e iv
d) i, iii, iv
e) i,ii, iii e iv X

Questões abertas

1) Para Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural utiliza os meios de comunicação para


difundir a mensagem de que, por um lado, as pessoas podem criticar as instituições de seu
tempo (o governo, a empresa, os serviçoes públicos), mas, de outro lado, as mensagens da mídia
continuam sendo usadas para que as pessoas não identifiquem os fundamentos de sua
dominação. Explique essa capacidade da Indústria Cultural de “esconder” os mecanismos de
opressão social. Para auxiliar na resposta, você pode utilizar as idéias presentes nas frases a
seguir.

“O Pato Donald mostra nos desenhos animados como os infelizes são espancados na
realidade, para que os espectadores se habituem com o procedimento”(p.33).
“A cultura industrializada ensina e infunde a condição de que a vida desumana pode ser
tolerada”(p.53).
“Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor, mesmo onde ela
se mostra. Na base do divertimento planta-se a impotência” (p.41).

(Fonte: ADORNO. Indústria Cultural e Sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002).

RESPOSTA:

Segundo a teoria crítica de Adorno e Horkheimer, embora o período vivido por eles fosse
destacado por uma maior liberdade em criticar as instituições e as pessoas, o produto cultural
que estava sendo distribuído não correspondia com esses valores, sendo usado muitas vezes
para manipulação e articulação de massas. Esse processo manipulatório se dava por meio de
filmes, músicas e propagandas principalmente. Trabalhado de uma maneira que não fosse
perceptível aos olhos do público, as peças tinham o intuito de criar padrões de comportamento
de modo implícito. Essas estratégias visavam principalmente retirar o pensamento crítico dos
indivíduos e moldar o seu comportamento com os valores que eram construídos ao longo dos
produtos criados. Desse modo é criado uma população que além de obediente não tem o hábito
de questionar as decisões feitas por aqueles que tem poder político e/ou econômico. Um
exemplo dessa abordagem é o trecho do livro “Indústria Cultural e Sociedade”: “O Pato Donald
mostra nos desenhos animados como os infelizes são espancados na realidade, para que os
espectadores se habituem com o procedimento”, que aborda os filmes lançados pela “Disney” e
a maneira que os personagens presentes nas histórias são passíveis a opressão dos demais, para
que aqueles que estejam assistindo o desenho se acostumem caso isso ocorra na realidade e que
não se rebelem.

2) Entre as críticas endereçadas ao Habermas de 1962 está a seguinte:

“Os princípios que regulam processos de justificação recíproca nas esferas públicas
habermasianas são culturalmente específicos e frequentemente operam como formas de poder
que silenciam ou desvalorizam o discurso de alguns.(...) Pede-se aos menos privilegiados que
deixem de lado a expressão de suas experiências, o que pode demandar um idioma diferente, ou
suas reivindicações por direitos e interesses são afastadas em consideração a um bem público
cuja definição contém um viés contra eles” (YOUNG, Iris. Comunicação e o outro: além da
democracia deliberativa”. In: Souza, J. Democracia hoje: novos desafios para a teoria
democrática contemporânea, Brasília, Editora da UnB, 2001, p.370 e 376).

Explique por que essa crítica opõe a abordagem normativa que Habermas faz das esferas
públicas às lutas de pessoas mais vulneráveis que outras.

RESPOSTA:

Segundo a teoria crítica de Habermans da esfera pública haveriam alguns princípios básicos da
ética do discurso, sendo eles: racionalidade, paridade, transparência e publicidade,
inclusividade, reciprocidade e reflexividade. Esses ideais seriam referentes a um modelo
discursivo da esfera pública que teria um funcionamento perfeito, sem haver perturbação da
ordem. Embora a análise de Habermans tenha sido adotada e aprovada por diversos acadêmicos,
em 1989 a filósofa norte-americana Nancy Fraser publicou um texto que viria a desmantelar a
teoria habermasiana. Segundo ela, o sociólogo realizou sua teoria baseada apenas em um
modelo de esfera pública burguesa e desconsiderou completamente as formas de sociedade não
burguesas e não liberais. Além disso, a professora criticou a idealização que Habermans teria
feito dessa sociedade e afirmou que para uma possível existência de paridade seria necessário o
fim da desigualdade social, o que não se encontraria como uma realidade.

3) A figura do flâneur, para Benjamin, representa um dos eixos de crítica à modernidade, pois o
flâneur não se rende ao apelo da mercadoria: ele reescreve a cidade com suas perambulações,
ele observa, descreve, investiga e se mantém distanciado e alerta. Longe de ser um passante
desatento e deslumbrado, o flâneur desfaz caminhos traçados de antemão e, com isso, depara-se
com o inesperado. Ele não se entrega a uma distração passiva e manipulada, mas configura uma
tática de desobediência, uma invenção de rotas de fuga. Em que medida o flâneur desafia a
representação do consumidor passivo elaborada por Adorno e Horkheimer?

RESPOSTA:
Os chamados flâneurs desafiavam principalmente os conceitos de alienação e consumo dos
sociólogos Adorno e Horkheimer. Esses eram alienados, porém de maneira distinta da proposta
pelos autores. Perambulando pelos grandes centros, eles já conheciam como o sistema agia e
não tinham empatia pela mercadoria.

4) No texto A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, Walter Benjamin afirma
que, com a perda da aura, se destrói a unicidade e a singularidade da obra de arte, mas ao perder
o seu valor de culto (contemplação), seu valor de exposição se intensifica. Para ele, a obra de
arte adquire uma nova qualidade: torna-se acessível a todos e permite outras experimentações
sociais e políticas. A partir dessas afirmações, explique por que a perda da aura pode ser
entendida como algo que beneficia nossa relação com as obras de arte.

RESPOSTA:

A perda da aura de um material ou uma arte retira sua autenticidade e unicidade, perdendo a
principal forma de se diferenciar a obra original de uma cópia, mesmo que essa se aproxime da
perfeição. Porém, a perda da aura de algo o torna mais acessível, já que não há mais a “magia”
por trás e também não é mais tratado pelo público como algo precioso e raro, como um quadro
da Monalisa ou uma pintura rupestre, tornando ele mais comum e portanto menos difícil de se
acessar. Assim, a perda da aura é algo benéfico para aqueles que buscam conhecer a arte, pois
perdendo o seu valor, ou aura, essas se tornam mais facilmente acessadas.

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