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CONTEXTUALIZANDO
Você ouve rádio? Com que frequência? Ouve rádio para estar informado
ou por entretenimento? Você escuta em casa no aparelho de rádio, no
computador ou no celular? Ou indo para o trabalho ou para a faculdade, no
carro? Ou um pouco de tudo isso? Você conhece alguém que ouve rádio? A
maioria de nós responderá positivamente a tais questões. Isso porque o rádio
está presente em 88% dos lares, de acordo com a Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), em notícia da Agência Brasil (CRAIDE,
2013).
O rádio, em sua plataforma digital, já é usado por 9% da população
brasileira, se somados computador e celular (BRASIL, 2015, p. 41). Mas como
tudo isso começou? Como aconteceu aqui, no Brasil? O que é mesmo o rádio?
E como o rádio passou a ser utilizado pela publicidade? É o que veremos a
seguir.
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TEMA 1 – HISTÓRIA DO RÁDIO
Atenção!
Alguns dizem que é do padre-cientista brasileiro Roberto Landell de Moura a
primeira transmissão de voz em rádio. Retornaremos a isso posteriormente,
quando falarmos da história do rádio no Brasil.
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Fessenden iniciou as primeiras transmissões com o processo de
Modulação de Amplitude (AM) e, com isso, introduziu o conceito de radiação de
ondas eletromagnéticas, de onde surge o termo rádio. Novas evoluções
continuaram a ocorrer, como a evolução dos geradores para as válvulas,
tornando o rádio mais prático. Em 1916, David Sarnoff, executivo das empresas
Marconi, enviou uma carta ao presidente da empresa com suas ideias para o
futuro do rádio. Defendia Sarnoff as possibilidades comerciais do rádio e sua
presença nas casas das famílias (Maravilhas Modernas, 1997).
Mas ainda havia certa disputa judicial por conta das patentes. Com a
entrada dos Estados Unidos na I Guerra Mundial, o governo unificou as patentes
e permitiu que as empresas as utilizassem. Assim, o mercado focou na produção
e comercialização destes equipamentos. As inovações não terminaram por aí.
Edwin Howard Armstrong, com sua invenção chamada super-heteródino,
melhorou o sinal. Estes direitos foram comprados pela empresa Westinghouse,
que, após o final da I Guerra Mundial, diante do prejuízo iminente com os vários
equipamentos de rádio sem utilização, construiu uma estação na própria fábrica
e iniciou transmissões regulares locais, fazendo grande sucesso com a
transmissão das eleições americanas e, depois, introduzindo serviços religiosos
e transmissões de lutas de boxe (Maravilhas Modernas, 1997).
Daí para frente, e após a “abertura de mercado” diante da acusação de
monopólio, as estações de rádio começaram a se popularizar, e o rádio passou
a compor um papel central das famílias, afetando diretamente a vida das
pessoas. O impacto era tanto que uma transmissão de novela na época, Guerra
dos Mundos, do escritor inglês Herbert George Wells, virou comoção nacional,
pois as pessoas acreditaram realmente que a Terra estava sendo invadida por
extraterrestres (Maravilhas Modernas, 1997).
Franklin Roosevelt, 32º presidente dos Estados Unidos, soube usar bem
o rádio para unificar a nação no período de depressão (período em que a
economia estava ruim). Na II Guerra Mundial, o rádio mostrou todo seu potencial
de noticiar e de ser usado como máquina de propaganda em favor da guerra.
Artistas também mandavam mensagens de suporte aos soldados. Em 1933,
Edwin Armstrong inovou outra vez com a frequência FM, que livrava o rádio da
estática. Isso trouxe vantagens ao exército americano diante do alemão.
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Estamos na chamada Era de ouro do rádio. Com a profusão de redes,
aparelhos nos lares, shows, artistas famosos como Frank Sinatra, John
Barrymore, Alida Valli e Elvis Presley.
Após o fim da II Guerra Mundial, a TV emerge fortemente e põe em
cheque o rádio e sua centralidade na vida das pessoas. Os shows, bem como
os artistas famosos, migram para a TV, e o rádio perde a preferência noturna na
programação das famílias.
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Tabela 1 – Exemplos de rádios online, web rádios e podcasts.
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A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil foi o discurso do
Presidente da República Epitácio Pessoa, em 1922, sobre o centenário da
Independência, seguida da transmissão da ópera O Guarani, de Carlos Gomes.
A transmissão contou com o suporte da empresa Westinghouse (aquela mesma
que montou a estação de rádio em sua fábrica, como vimos no tema anterior),
que trouxe 80 receptores de rádio para o país para o evento (UFPR, 2016).
A reação de Edgard Roquette-Pinto ao rádio está bem sintetizada em sua
frase: “Eis uma máquina importante para educar nosso povo”. Roquette-Pinto,
então, insistiu com o governo brasileiro para investir nesta tecnologia. Sem
sucesso, tentou convencer a Academia Brasileira de Ciências a comprar
equipamentos. Foi então em 20 de abril de 1923 que Edgard Roquette-Pinto e
Henry Morize fundaram a primeira estação de rádio do Brasil, a Rádio
Sociedade, que posteriormente seria doada ao governo, permanecendo ativa até
hoje como a Rádio MEC. Roquette-Pinto é reconhecido como o “pai do rádio
brasileiro” (Massaro, 2015).
Em 1923 é fundada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que se manteve
na liderança da audiência por vinte anos. Foi também a responsável pela
primeira radionovela brasileira, em 1941, “Em Busca da Felicidade”, que ficou no
ar por três anos. Pela Rádio Record foi ao ar neste mesmo ano o programa “O
Repórter Esso”. Começava, então, a “Era do rádio no Brasil”. Entre as
celebridades, destacam-se Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto, Ângela Maria,
Aracy de Almeida, Emilinha Borba e Carmem Miranda (que já havia estourado
no rádio em 1930 com a música “Taí”). Em 1948 surge a Revista do Rádio,
focada não somente em revelar o rosto das celebridades, mas o que faziam, com
quem namoravam, os carros que tinham. Em 1953 Emilinha Borba foi eleita a
“Rainha do Rádio”, pela Rádio Nacional (UFPR, 2016).
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Figura 1 – Emilinha Borba, a “Rainha do Rádio”.
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TEMA 3 – SEGMENTAÇÃO EM RÁDIO
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específicas, agrupando ouvintes por suas particularidades na
conformação da audiência pretendida, vai se definindo uma
abordagem inicial e mais genérica do conteúdo. O segmento, portanto,
é o resultado desse processo, ao qual falta ainda estabelecer um
tratamento mais definido: em realidade, o fator central a diferenciar a
programação ou o programa de outras produções que lhe fazem
concorrência na faixa de atuação escolhida. (Ferrareto, 2013, p. 54)
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CURIOSIDADE
Foto: Divulgação/Facebook
Nos Estados Unidos já era permitido, desde 1920, anunciar nas rádios.
No Brasil, entretanto, foi somente em 1932 que Getúlio Vargas autorizou a
publicidade no rádio (UFPR, 2016). Newton Cesar lembra a importância deste
evento para a própria história do rádio:
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muito. O Sr. Albino não queria fazer o anúncio, então Casé lhe disse que faria o
anúncio de graça e ele o pagaria somente se gostasse. Casé então falou com
Antônio Gabriel Nássara, que trabalhava com ele na Rádio Philips, e este criou
o jingle da Padaria Bragança, o primeiro jingle brasileiro (O rádio, 2014).
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tenha sempre na
lembrança.
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emissoras de transmissão FM no rádio com programação exclusivamente
musical, influenciando na segmentação da audiência e impactando
positivamente o rádio em sua “recuperação”. Segundo Ortriwano (1985,
p. 66, citado por Reis, 2004, p. 10), o rádio terminou os anos 70 com 8%
de participação dos investimentos publicitários.
4. E a partir de 1980, a transição para um novo modelo de mercado.
Nesta época o rádio tentou se fortalecer com a Central do Rádio, que era
encarregada de promover o rádio para as agências de publicidade.
Mesmo assim, a queda de investimentos de publicidade manteve-se, e o
rádio entrou na década de 90 com uma participação de apenas 4,8%.
“Nenhum outro meio sofreu uma queda com a mesma intensidade”,
lembra Reis (2004). Neste momento ainda surgiram a televisão por
assinatura, a internet, o marketing esportivo. Tudo isso põe ao rádio
novamente a questão de como frear este declínio publicitário. A resposta
do mercado foi abrir capital para a participação de investimentos
estrangeiros (Reis, 2004, p. 10-12).
Fonte: Relatório Retrospectiva & Perspectiva 2015. Kantar Ibope Media (2016).
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anúncio. É este público híbrido, que busca informação e/ou entretenimento no
período da manhã, enquanto realiza alguma atividade doméstica ou se alimenta,
que buscamos atingir em massa com um baixo orçamento? Caso positivo, o
rádio é um excelente meio a ser considerado, especialmente porque a TV não
atinge com intensidade esta faixa de horário. Acrescente a isto a segmentação
de interesses e comportamentos, isto é, se pretende atingir quem busca mais
informação e/ou entretenimento relacionado aos esportes, educação ou religião.
O rádio, sem dúvida, permite uma proximidade maior do público-alvo do seu
produto/serviço.
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Um dos primeiros spots, pelo menos um dos primeiros de que se tem
registro, é o do sabonete Lifebuoy. No spot podemos observar bem aquela
linguagem publicitária da época e o foco nas qualidades do produto.
Como diz Ricardo John, da JWT diz: “Quando se trabalha na agência que
inventou o jingle publicitário, o rádio é tudo, menos um coadjuvante nas
estratégias de comunicação de nossos clientes. E falando em rádio como
vedete na comunicação, o clássico jingle de Pernambucanas ‘Não adianta
bater, que eu não deixo você entrar. Na Pernambucanas, eu nem vou sentir
o inverno passar’ está aí até hoje. Seja na TV, seja no rádio, seja na
memória afetiva da grande maioria dos brasileiros” (URSINI, 2013).
Criado pela Colucci para o Banco Bamerindus (adquirido pelo HSBC nos
anos 1990), o jingle da Poupança Bamerindus conquistou o prêmio Grand-
Prix do “Profissionais do Ano” em 1992-1993. Inicialmente o jingle havia sido
criado para o Banco em 1970 e foi recuperado 20 anos depois na
interpretação do grupo “3 do Rio” na versão musical que todos nós
conhecemos (CADENA, 2011).
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campanha foi reeditada e ganhou prêmios, entre eles, o “Lâmpada de Ouro",
do Festival Brasileiro do Filme Publicitário. Foi ainda considerado um dos “7
mais” da publicidade em uma pesquisa com formadores de opinião da
publicidade brasileira (WIKIPEDIA, 2016).
TROCANDO IDEIAS
Lembre-se das perguntas do início desta aula: você ouve rádio? No carro,
no aparelho tradicional, no celular ou na internet? Busca informação ou
entretenimento?
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Considerando o conteúdo da aula e o comentário da radialista, posicione-
se: você concorda com a radialista? Caso positivo, pelos mesmos motivos que
ela? Ou você discorda do comentário da radialista? Explique!
NA PRÁTICA
Vamos praticar...
Uma marca nacional de café procurou a agência de publicidade que você
trabalha para fazer anúncios do seu novo sabor intenso. O objetivo da marca é
atingir o público no período da manhã, enquanto preparam e tomam o café da
manhã ou quando se dirigem para o trabalho ou para a faculdade. As mensagens
serão personalizadas para, pelo menos, três públicos distintos com ampla
simpatia (por exemplo: futebol, sertanejo, novela). Tendo estas principais
informações do cliente, você se reuniu com a equipe e decidiram propor uma
série de campanhas no rádio. Chegou a hora de justificar para o cliente esta
proposta. Os passos a seguir são fatores relevantes para elaborar esta
justificativa:
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Lembre-se de que estamos neste momento apenas levantando os pontos
do meio rádio que permitem uma maior segmentação para os anúncios
publicitários. Na próxima aula iremos ver elementos da linguagem radiofônica
que também colaboram para isto.
FINALIZANDO
Esperamos que até aqui você tenha compreendido o seguinte: o rádio,
como o conhecemos hoje, é fruto de uma série de mudanças e inovações
tecnológicas que, inclusive, foram influenciadas e influenciaram a comunicação
e a publicidade. Desde os primeiros experimentos, o rádio se mantém presente
e atual. A segmentação, acessibilidade e presença do rádio são pontos positivos
para qualquer anunciante. Some a isso o baixo custo de produção e veiculação
de anúncios. É sucesso, não é!?
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REFERÊNCIAS
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FERRARETTO, L. A. O de lá e o de cá: apontamentos para uma categorização
do conteúdo das emissoras comerciais brasileiras com base na influência do
rádio dos Estados Unidos. Revista Significação, ano 40, n. 39, p. 44-70, 2013.
Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/significacao/article/viewFile/59950/63056>. Acesso
em: 24 ago. 2017.
LEITE, M. L. Rádio, uma voz que vai de um fim a outro fim do mundo. In:
CASTELO BRANCO, R.; MARTENSEN, R. L.; REIS, F. (Org.). História da
propaganda no Brasil. São Paulo: Queiroz, 1990.
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O RÁDIO FAZ HISTÓRIA. Todas as Vozes. Rio de Janeiro: Rádio MEC AM
800kHz, 15 setembro 2014. Programa de rádio. Disponível em:
<http://radios.ebc.com.br/todas-vozes/edicao/2014-07/primeira-propaganda-
em-forma-de-musica-no-radio-brasileiro>. Acesso em: 24 ago. 2017.
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