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Marcilene Forechi
As funções no
telejornalismo I: funções
técnicas e operacionais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
De modo bem genérico, podemos dizer que o telejornalismo é a prática
profissional do jornalismo aplicada à televisão. O jornalismo na televisão
alia imediatismo, agilidade e instantaneidade da imagem a vários formatos
possíveis para a apresentação das reportagens ou matérias. Um dos
principais desafios do telejornalismo é conciliar imagem com produção
de texto informativo.
Neste capítulo, você vai estudar como ocorre a produção do telejorna-
lismo, considerando a estrutura técnica e operacional da equipe externa
de reportagem. Você vai verificar que, até se chegar no formato exibido
no telejornal, há todo um processo que inclui as rotinas de edição. Por
fim, você vai analisar como funciona um programa de telejornalismo
quanto à sua estrutura operacional.
2 As funções no telejornalismo I: funções técnicas e operacionais
1. Nota simples ou nota pelada — informação que não foi alvo de uma
reportagem externa. Essa nota é lida pelo apresentador. Geralmente, é
uma nota curta e bem pontual sobre um assunto específico.
2. Nota coberta — a informação é lida pelo apresentador, mas, ao contrário
da nota simples, esta contém imagens que são transmitidas enquanto
a nota é lida. Também não há, nesse caso, cobertura de uma equipe
externa, sendo exibidas apenas imagens do acontecimento.
3. Reportagem completa — envolve a cobertura externa por uma equipe
de reportagem, que captura imagens, produz textos, faz entrevistas e
apresenta, ao final, um relatório técnico de reportagem, instrumento
que será usado para o processo de edição do material.
4. Notícia (matéria) — relato de um fato em um texto curto, porém um
pouco mais completo do que a nota. Contém apresentação e off do
repórter e pode ter de 30 a 45 segundos. É maior do que a nota e menor
do que a reportagem. Refere-se a algo factual.
5. Stand up — possui características semelhantes às do flash ou boletim.
Pode ser feito ao vivo ou gravado e exige a participação de — pelo
menos — um entrevistado envolvido diretamente ou indiretamente
no fato. Além do repórter dando as informações, o stand up conta,
ainda, com um entrevistado, que vai repassar ao telespectador outras
informações sobre o acontecimento.
As funções no telejornalismo I: funções técnicas e operacionais 3
É importante que você saiba que essa divisão de formatos e gêneros no telejornalismo
é bem tradicional e ocorre, muitas vezes, por questões práticas, operacionais e didáticas,
como é o nosso caso. Atualmente, com as mudanças que ocorrem na sociedade e a
sofisticação dos novos equipamentos de captura e tratamento de imagem, bem como
as diversas opções de transmissão por canais muito variados, há uma multiplicidade
de novas possibilidades para a produção audiovisual. Ocorre que essa multiplicidade
não se encontra livre de resistências e interdições, afinal, ainda se considera que
telejornalismo é aquela produção jornalística de caráter profissional e veiculada em
emissoras de televisão, sejam de canal aberto ou fechado.
colhido pela equipe externa de reportagem. É ele que organiza esse material
para compor a reportagem que será exibida no telejornal.
A responsabilidade da edição no telejornalismo é muito grande. O editor
de texto é o profissional que faz a última avaliação da matéria, fazendo uma
revisão ortográfica no texto, uma revisão nas sonoras escolhidas e nos sons
que o repórter sugeriu. Também é ele que corrige possíveis erros e monta a
matéria. É o editor que libera a matéria para ir ao ar.
Junto com o editor de texto e tendo como guia o relatório técnico de
reportagem, elaborado pelo repórter, o editor de vídeo faz o recorte das ima-
gens, insere efeitos de transição e sugere o tipo de montagem para o material
disponível. É no processo de edição que o material que chega por meio da
equipe de externa apresentará uma sequência objetiva, clara e organizada,
com começo, meio e fim.
É importante destacar que a prática de edição de imagens não ocorre da
mesma maneira em todas as situações. Ela pode variar dependendo da linha
jornalística, do tipo de programa, do tempo de exibição e das características da
emissora ou canal. Depois de editada, uma reportagem será colocada em uma
sequência de apresentação do telejornal e será apresentada como um roteiro
dos fatos noticiosos da cidade, da região, do país e do mundo.
No artigo “A edição em TV na fase digital”, Souza e Piveta (2011) tratam
do modo como a tecnologia e o modo de produzir provocam mudanças no
discurso que se constrói no texto jornalístico televisivo. Não é nossa intenção
abordar as questões discursivas do telejornalismo, então, vamos nos deter em
um trecho do artigo no qual as autoras apresentam diferenças entre o modo
de edição antes e depois do processo digital nos veículos de comunicação.
Em primeiro lugar, precisamos lembrar que o processo de edição de vídeo
no telejornalismo passou por mudanças profundas com a entrada em operação
dos canais digitais e, antes disso, com o uso de equipamentos digitais em
substituição aos antigos, no padrão analógico, como as fitas magnéticas de
gravação. Essa mudança na tecnologia afetou, naturalmente, o modo como o
trabalho passou a ser executado.
Uma das primeiras mudanças apontadas por Souza e Piveta (2011) foi
física. O equipamento usado na edição no formato analógico era constituído
por duas máquinas de reprodução interligadas que ocupavam uma sala de
cerca de dois metros quadrados. Para realizar esse trabalho, havia aquela dupla
mencionada anteriormente: o editor de vídeo e o editor de texto. As autoras
explicam como o trabalho era feito:
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Fita bruta: era a fita magnética trazida pela equipe de reportagem com toda a produção
gravada. Era dessa fita que as melhores imagens e os trechos mais adequados das
entrevistas eram selecionados para a edição da reportagem que iria ao ar.
Gerador de caracteres (GC): é usado para identificar quem aparece na tela e, também,
para reforçar uma informação do off ou da imagem.
TP (teleprompter): aparelho usado para passar o texto que os apresentadores vão usar.
Link/flash: é quando se faz uma entrada ao vivo do repórter. Essa entrada pode ser
rápida ou pode ser um pouco mais longa, com uma entrevista, por exemplo.
Cromakey ou cromaqui: é um recurso que permite inserir a imagem sobre um fundo
verde ou azul.
Espelho: é o esboço do telejornal, um roteiro montado de acordo com o bloco. Geral-
mente, as matérias são apresentadas da mais importante para a de menor importância,
mas isso pode variar de um programa para outro. É função do editor produzir o espelho.
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Referência
SOUZA, F.; PIVETA, P. A edição em TV na fase digital. In: ENCONTRO NACIONAL DE HIS-
TÓRIA DA MÍDIA, 8., 2011, Guarapuapava. Anais…, Guarapuava: UNICENTRO, 2011. Dis-
ponível em: <http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/8o-
-encontro-2011-1/artigos>. Acesso em: 11 dez. 2018.
Leituras recomendadas
BARBEIRO, H.; LIMA, P. R. de. Manual de telejornalismo: os segredos da notícia na TV. Rio
de Janeiro: Campus Elsevier, 2005.
CASA dos Focas. Site voltado para estudantes de jornalismo. Disponível em: <http://
www.casadosfocas.com.br/>. Acesso em: 11 dez. 2018.
MOTOMURA, M. Como funciona a redação de um telejornal?: como fazer um telejornal,
em 9 passos. Revista Superinteressante, 4 jul. 2018. Disponível em: <https://super.abril.
com.br/mundo-estranho/como-funciona-a-redacao-de-um-telejornal/>. Acesso em:
11 dez. 2018.
NICOLAU, P. Telejornalismo na prática. São Paulo: Limiar, 2016.
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