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Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - DCS


CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

Disciplina: Teorias da Comunicação


2º semestre/ 2022
Professora: Ângela Cristina Salgueiro Marques
Alunos: Lucas Melo Pousas e João Pedro Rocha

Atividade 3 (valor: 30 pts)


Reflexões sobre o pensamento de Stuart Hall

Para ser entregue via moodle no dia 05/12/22


Pode ser feita individualmente, em dupla ou grupo

Responda às seguintes questões:

1) Segundo Stuart Hall, elaboramos não uma identidade única, mas vivemos um
conjunto de posições de identidade, que podem inclusive ser contraditórias. As
identidades e as posições de identidade são construídas relacionalmente quando
as diferenças e os tensionamentos de poder se fazem presentes. Sob esse aspecto,
como as interseccionalidades entre gênero, raça e classe afetam a construção de
identidades?

RESPOSTA:

Para Stuart Hall o conceito de identidade poderia ser representado por um


constante mosaico de gostos e perfis que está sempre se modificando e
crescendo. Desse modo, as interseccionalidades afetam a construção de
identidade completando ela gradativamente e gerando a todo momento um novo
indivíduo com interesses e afinidades diferentes. Um exemplo dessa relação
entre identidade e interseccionalidade é uma família que ao ter o seu poder
econômico aumentado passa a poder disfrutar de objetos e experiências
diferentes, como filmes, comida e aparelhos, e têm, portanto, gostos diferentes
do que havia antes.

2) Os Estudos Culturais britânicos rompem com uma concepção de receptores


passivos e indiferenciados e apostam no exame detalhado da variedade de
formas de apropriações dos meios e das mensagens. Por que era tão importante
para os autores dessa vertente localizar os receptores em seus contextos sociais,
históricos, culturais, identitários, cotidianos, nos quais insurgências e
resistências aconteciam?

RESPOSTA:

Segundo os Estudos Culturais Britânicos, o receptor de qualquer mensagem tem


um poder crítico e analítico dessa. Desse modo, os estudiosos dessa corrente
acreditavam que um indivíduo é composto por uma série de contextos sociais,
históricos, culturais, identitários e cotidianos que formam o próprio e interferem
de maneira indireta na identidade do sujeito, mas de maneira direta em sua
tomada de decisões. Um exemplo concreto que foi utilizado pelos estudiosos
para explicar esse fenômeno é o modo como as experiências midiáticas
interferem na personalidade das pessoas. Ao contrário do que fora proposto por
algumas correntes, na qual a cultura é feita em formato massivo e o receptor
absorve e age da maneira que se espera, o pensamento desse estudo era de que
ao consumir um produto cultural o indivíduo irá absorve-lo e trazer de maneira
crítica para as suas ações, de modo que cada sujeito terá uma resposta diferente,
já que cada um desses se encontra em uma realidade diferente.

3) Vimos que a proposta de Stuart Hall, assim como dos demais autores que
integravam a vertente dos Estudos Culturais Britânicos (Edward Thompson;
Richard Hoggart e Raymond Williams), era questionar a separação entre alta
cultura e baixa cultura, feita pelos autores da teoria crítica (Adorno e
Horkheimer). Hall comenta como as pesquisas de recepção foram importantes
para mostar que a cultura não se restringia ao que era produzido por uma elite
para o consumo de poucos ou para a exibição em museus e espaços privados. O
conceito de cultura passou a incorporar outras dimensões da experiência e do
modo de vida de uma coletividade. Explique como a noção de cultura era
definida por essa vertente teórica.

RESPOSTA:

A cultura em Hall se baseia no que pensavam também três autores antecessores


(Hoggart, Williams e Palmert Thompson) sobre como a cultura não é só algo a
ser exposto, artefatos e etc., é algo que se constrói gradualmente, recebendo
inúmeras influências e com o poder de mudar eras. A partir da análise cultural de
uma sociedade, é possível identificar o que as pessoas que a compõe pensam e
como são suas noções em diversos aspectos sociais. Diferente do pensamento
anterior de alta e baixa cultura, Stuart Hall, assim como esses autores, mostram
que ela se constrói em toda sociedade e não pertence a classes, não veio para
segregar e sim para tornar universal.

4) Uma das principais preocupações de Stuart Hall era produzir uma reflexão
acerca das identidades que tematizasse criticamente o processo de construção do
que ele chama de um regime racializado de representações. Leia o trecho abaixo
e, em seguida, comente o ponto de vista do autor indicando uma via possível
para contestar os processos de produção e circulação de imagens
preconceituosas.

Uma estratégia para contestar o regime racializado de representação é a tentativa de substituir


as imagens “negativas”, que continuam a dominar a representação popular, por várias
imagens “positivas” de pessoas negras, de sua vida e cultura.Esta abordagem tem o mérito de
corrigir o equilíbrio e é sustentada pela aceitação da diferença – de fato, por sua celebração.
Ela inverte a oposição binária, privilegiando o termo subordinado, às vezes lendo o negativo de
forma positiva: Black is beautiful. Tenta construir uma identificação positiva do que em sido
visto como abjeto. Expande muito a gama de representações raciais e a complexidade do que
significa “ser negro”, desafiando assim o reducionismo dos estereótipos anteriores. [...] O
problema da estratégia positivo/negativo é que, embora a adição de imagens positivas ao
repertório amplamente negativo do regime dominante de representação aumente a diversidade
com que “ser negro” é representado, o aspecto negativo não é necessariamente deslocado. Já
que as oposições binárias não foram deslocados, o significado continua a ser enquadrado por
elas. Dito de outro modo, a estratégia desafia essas oposições, mas isso não as prejudica.

HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Apicuri, 2016, p.216-218

RESPOSTA:

Assim como citado por Hall no trecho, as oposições (mensagens racistas e negativas) podem ser
desafiadas com a divulgação de mensagens anti-preconceituosas porém não é como se fossem
ameaçadas, portanto, para combater o "negativo" e o preconceito é preciso se comunicar falando
como é errado tê-lo e procurar tornar comum o conceito de igualdade, do positivo. Ou seja,
gradualmente moldar e mudar a identidade que mensagens preconceituosas têm. Ela só será
mudada se as circunstâncias em que está inserida mudarem também, assim, a abominação do
preconceito seria a mudança de circunstância.

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