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Universidade Federal de Goiás

Ciências Sociais ABI

Ana Cristina Alves Oliveira

Trabalho final de Antropologia 2

Goiânia- GO
2021

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Como o conceito de cultura emerge nas diferentes vertentes teóricas abordadas na disciplina?
Trace o seu uso, relação teórica e qual seus desdobramentos na prática da pesquisa dos autores
analisados.

Ana Cristina Alves Oliveira

É de fundamental importância entendermos que o estudo da cultura no decorrer do


semestre foi ilustrado por diversos autores, épocas, ideias, e a própria evolução de cultura para
o debate acadêmico.
Primeiramente vamos entender a cultura para a vertente francesa ou a falta dela, as
principais ideias dessa “escola francesa de sociologia” estão interligadas pela falta de cultura,
o social seria a forte influência para esse fato, o estudo nos leva acreditar que para os autores
dessa vertente, o social explica o indivíduo sem levar em consideração de tempo, localidade
que esses indivíduos se encontram, utilizando do método comparativo. Fica perceptível nos
estudos de Emile Durkheim, que nos traz os fatos sociais que explicam que o indivíduo
pratica certos costumes, crenças, hábitos, moral, que está presente na sociedade onde ele se
encontra, porque estava antes deles, permanecerá depois deles, e não depende da vontade do
indivíduo, o mesmo só sentirá a força de um fato social quando tentar sair dele.
Então o fato social, e geral, exerce uma coesão social no indivíduo, ficando claro que
os indivíduos são moldados pela sociedade que estão inseridos, Em Durkheim vamos
encontrar o seguinte esclarecimento;

Por isso, quando tentamos mesmo em nosso foro interior, libertar-nos


dessas noções fundamentais, sentimos que não somos completamente
livres, que algo resiste a nos; dentro e fora de nós. Fora de "nós, há a
opinião que nos julga; mas, além disso, como a sociedade é também
representada em nós, ela se opõe 'desde dentro de nós a essas
veleidades revolucionárias; temos a impressão de não· podermos nos
entregar a elas sem que nosso pensamento deixe de ser um
pensamento verdadeiramente humano (DURKHEIM, 1989, p, 25)

Então podemos observar que o estudo da antropologia na vertente francesa está muito
ligada ao social, que se distancia de uma ideia de cultura, como ocorre em outras vertentes,
Além do Durkheim vamos constatar o mesmo fato no seu sucessor, Mauss em uma linha de
raciocínio similar nos apresentara os fatos social totais, que será o estudo de trocas não

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somente de presente, o ato de dar e receber presente seria uma imposição social, a troca do
casamento que se torna um sistema de troca, a formação de alianças que se obtém através da
troca, que esse sistema de troca seria uma interligação de toda a sociedade, fazendo a
construção de suas estruturas sociais, vamos encontrar vários fatores em sua obra como
caracteriza;
De todos esses temas muito complexos e dessa multiplicidade de coisas
sociais em movimento, queremos considerar aqui apenas um dos traços,
profundo, mas isolado: o caráter voluntário, por assim dizer, aparentemente
livre e gratuito, e no entanto obrigatório e interessado, dessas prestações.
Elas assumiram quase sempre a forma do regalo, do presente oferecido
generosamente, mesmo quando, nesse gesto que acompanha a transação, há
somente ficção, formalismo e mentira social, e quando há, no fundo,
obrigação e interesse econômico. ( MAUSS, 2003, p. 188)

Em síntese não houve uma total ruptura da sociologia para conceber a antropologia,
são considerados entre outros autores que fica perceptível esses pensamentos sociais,
resumindo o método abordado por essa linha de raciocínio intelectualista, seria o método
comparativo, que não considera o tempo, nem mesmo a localidade que se encontra indivíduo,
mesmo assim quebra uma linha evolucionista, que se afastava cada vez mais da psicologia e
de outras áreas, e não traz a ideia de cultura.
Ao refletir sobre a “escola norte americana de antropologia” vamos constatar de fato a
ruptura de ideias de cultura com a vertente evolucionista, comparativa, entre outras alusões
anteriores, introduzindo o conceito de culturas, colocando cultura como eixo principal destes
autores, o percursor desse ideal foi Boas.
Quando pensamos a importância de Boas para a antropologia como um todo, podemos
enumerar diversas contribuições deste brilhante autor, entre elas estão o método de trabalho
de campo, antes praticado como forma indireta por meio de coletas de dados, e comparativa,
Boas introduz o trabalho de coletas de campo, colher as informações do cotidiano de uma
forma minuciosa, de forma participativa, não mais de terceiros, o método de observação
participante, um marco para entendemos de fato o que seria a cultura para antropologia,
trazendo em forma de culturas de diferentes povos, de uma forma complexa e de impossíveis
comparações ou evoluções entre sociedades, culturas e suas normas são intrínsecas de cada
povo, as culturas muitas vezes produzem o mesmo objeto em diferentes circunstâncias, e não
pelo fato de evolução, ou comparação, existem fatores complexos dentro de todas as culturas,
além do trabalho de campo, ele trabalhou arduamente para classificações corretas de objetos
em museu, e para o rompimento das ideias centrais do seu tempo. Além dos trabalhos de

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campo, sua formação em geografia o deixa mais suscetível ao fato dos indivíduos se
influenciarem e adaptarem pelo meio em que vivem. Em sua obra vamos encontrar o seguinte
esclarecimento;

Nossa ciência pretender compreender os fenômenos chamados etnológico e


antropológicos, no sentido mais amplos dessas palavras, em seu
desenvolvimento histórico e em sua distribuição geográfica, bem como em
seus fundamentos fisiológicos, e psicológicos
(BOAS, 1883, p. 88).

É de fundamental importância citar que através dessas novas visões e métodos, vamos
abordar o relativismo cultural, o estudo do antropólogo a partir dessas rupturas, o estudo de
um todo que gera visão comparativa, evolutiva , passa a ser perceptível como algo único,
particular daquele povo, de suas histórias, sem fazer julgamentos preconceituosos, ou com
base em visões através da minha sociedade, os métodos de pesquisa na prática e na academia,
começa a tomar um rumo de mesmo julgamento, abrangendo um olhar de alteridade, e uma
maior compressão de cultura. Em suma Boas inicia como percursor dessa nova vertente de
métodos, visões, quebra de paradigmas, alcançando feitos históricos, contribuindo para os
novos antropólogos que ele ensinou, o trabalho árduo para conseguir se perpetuar nas novas
gerações de antropólogos, para romper com as alusões antecessoras a ele.
No decorrer da vertente Americana vamos estudar outras contribuições e
aperfeiçoamentos das ideias e legado de Boas, sobre culturas, padrões de costumes, crenças,
de hábitos, o quão forte pode ser uma cultura perpetuada, algumas autoras nos trazem essas
dimensões, que nos mostram os padrões culturais de poder, o favorecimento cultural em
determinados espaços e gêneros que é reproduzido através do tempo e da cultura, fazendo um
padrão cultural, que se reflete através do tempo, hábitos, linguagem, e dos costumes, são
contribuições importantes de Margaret Mead e Ruth Benedict, que falo brevemente, que não
deixam de ser menos importante.
Dessa forma vamos elencar sobre a importância do trabalho de campo na antropologia
Britânica, baseados nos estudos de Malinowski, que se afasta da história, tempo, e não se
afasta da cultura, suas contribuições nos traz a etnografia, a observação participante, a
importância da linguagem para trabalho de campo, e a ideia de funcionalismo, uma ideia mais
próxima da escola francesa. Com riqueza de detalhes ele narra a importância de não depender
de outras pessoas para fazer o trabalho de campo, a viver como os nativos, defende a longa
estadia para o trabalho de campo, é fundamental entender a linguagem, as dificuldades que o
antropólogo encontra, e enfrenta em estudo de campo desde a chegada até sua permanência. A
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base científica, aplicações de métodos e anotações, entender toda sua estrutura social, suas
crenças, as funções que certas tradições possuem nessas sociedades.
Diante disso ficou fixada na última unidade a importância da linguagem para o
trabalho de campo, não somente a fala, o ato de acreditar nas crenças, ou no mínimo não
julgar, tentando entender como aquela crença possui uma lógica, um padrão, uma função
dentro daquela comunidade, estabelece uma melhor comunicação entre o antropólogo e os
nativos, a compreensão que o antropólogo se possível estudar mais de uma sociedade, quanto
é difícil romper as próprias crenças sociais, as culturas são intrínsecas de cada povo, e cada
povo possui suas estruturas sócias, econômicas, religiosas.
Conclui-se a importância que o trabalho de campo exerce sobre o pensar
antropológico, os rompimentos necessários, construção histórica da cultura, a formação da
antropologia como disciplina, as dificuldades e benefícios da observação participante,
métodos de trabalho de campo, a particularidade de cada povo, as inúmeras contribuições
desses autores, que se perpetuam até os dias atuais, aprender antropologia e aprender olhar
outras culturas e costumes com olhar de alteridade.

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Referência bibliográfica

DURKHEIM, E, as formas elementares da vida religiosa, Livraria Martins Fontes


Editora Ltda, v.1 p. 1- 499, 1996.

MAUSS, M, Sociologia e antropologia, Osac Naify ,v.3, p. 1- 535, 2008

BOAS, F, A formação da antropologia americana, Editora UFRJ, v1, p 9- 423, 2003


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OLIVEIRA, C, R. Tempo e Tradição: Interpretando a Antropologia,

MALINOWSKI, B, Os Pensadores - Argonautas do Pacífico Ocidental, 1976

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