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IDENTIDADE X ALTERIDADE X DIVERSIDADE

Introdução

Os conceitos de identidade, alteridade e diversidade são conceitos utilizados tanto no


campo da sociologia quanto no da antropologia.
Os três conceitos subdividem-se em algumas categorias como cultura e sociedade. O
uso dos conceitos de alteridade e identidade são mais utilizados na área da
antropologia e filosofia, mas servem também como apoio para entender as relações
sociais.

Identidade

Identidade é o conceito que atravessa as áreas da sociologia e da antropologia e está


ligado às características do grupo social no qual o indivíduo está inserido. Alguns
fatores tal como a cultura, a história, o local e o idioma são importantes para que um
grupo compartilhe elementos identitários.
A identidade cultural é uma das divisões que o conceito de identidade. É definida a
partir da cultura que o indivíduo entende como sendo sua, bem como
das manifestações culturais que compartilha ao longo da vida com indivíduos.
No mundo são várias as identidades culturais existentes e elas variam de acordo com
a história local, as construções sociais estabelecidas e as práticas religiosas. A
identidade social e a identidade cultural são desenvolvidas e construídas ao longo do
tempo e fazem parte da construção de identidade nacional que acompanham, em
geral, os cidadãos de um mesmo país.
Uma das identidades culturais do brasileiro é a telenovela, produto que encanta, que o
prende, que o fascina, que o entretém e que o envolve naquele universo.

Dança cigana
Alteridade

A alteridade expressa e determina a qualidade, estado ou características do outro, ou


seja, aquilo que é diferente daquilo que vivemos. A relação entre o eu e o outro é
definida então pelo conceito de alteridade. No conceito antropológico o eu só pode ser
entendido a partir da interação com o outro.
A noção do outro, assim como os hábitos e a dinâmica social adotados pelo grupo
social colaboram para o entendimento e assimilação dos mesmos conceitos no eu. 
Por isso, o processo de diferenciação estabelecido entre o eu e o outro é importante
para a definição do entendimento do que eu sou, do que o outro é e portanto, do que
não sou. Com isso, a partir do entendimento dessas noções é que se firmam as
diferenças entre o eu e o outro.
É importante ressaltar que o conceito de alteridade não tem intenção de
destruir ou diminuir a cultura do outro, apenas observá-la para estabelecer diferenças
entre a nossa cultura e construções sociais em relação aos mesmos elementos da
cultura do outro.
A alteridade pode ser utilizada tanto com culturas e grupos sociais antigos, como no
caso de tribos, muitas vezes já extintas quanto com relação a grupos sociais atuais,
detentores de identidades culturais próprias.
Alteridade do latim alteritas ('outro') é a concepção que parte do pressuposto básico
de que todo o ser humano social interage e é interdepende do outro. Assim, como
muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é
permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o
Outro, ou seja, a própria sociedade diferente do indivíduo). Assim, pode também se
dizer que a alteridade é a capacidade de se colocar no lugar do outro na relação
interpessoal (relação com grupos, família, trabalho, lazer e a relação que temos com os
outros etc.), com consideração, identificação e dialogar com o outro. Por fim,
alteridade não significa que tenha de haver uma concordância, mas sim uma
aceitação de ambas as partes.
A importância da alteridade numa perspectiva antropológica, quando qualquer pessoa
entra em contado com outra de cultura diferente, ela deve entender, e compreender
esta cultura sem fazer o juízo de valor ou com preconceitos, assim é possível
entender, não só a cultura do outro, como também a nossa de forma mais ampla, a
antropologia é conhecida como a ciência da alteridade, porque tem como objetivo o
estudo do Homem na sua plenitude e dos fenômenos que o envolvem. Com um objeto
de estudo tão vasto e complexo, é imperativo poder estudar as diferenças entre várias
culturas e etnias. Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do outro, ela
assume um papel essencial na antropologia. a alteridade é importante nas relações
sociais e no combate ao racismo etc.
Tal tema foi estudado ainda por Tzvetan Todorov em seu livro A conquista da América
- a questão do outro, onde é estudado no contexto do descobrimento e a conquista da
América no primeiro centenário após a primeira viagem de Colombo, basicamente no
século XVI.

Diversidade
A diversidade cultural é definida como os diversos e diferentes aspectos da cultura,
como a linguagem, a religião, a culinária, as tradições, os costumes e as maneiras de
organização política, familiar e institucional e outros elementos que possam explicar as
características próprias de um determinado grupo social.
A diversidade cultural ajuda a entender as diversas manifestações culturais existentes
ao redor do mundo. A diversidade cultural marca, portanto, a pluralidade,
a diferença e a especificidade das diferentes manifestações culturais ao redor do
mundo.
No Brasil, graças à grande extensão territorial podem ser observados diferentes
conjuntos culturais. Inclusive, nas diferentes regiões do país elementos estrangeiros
são observados nas práticas culturais regionais, de regiões da Europa, Ásia e Oriente
Médio.

Culinária indiana

Durkheim e algumas implicações importantes

Preocupações e inquietações

- Como a sociedade poderia manter sua coerência e integridade na modernidade?


- Falar em modernidade é falar na transição para o capitalismo
- A modernidade sólida se esgota (conjunto estável de valores) e dá lugar a algo mais
líquido e volátil (mais flexível, capaz de ser suscetível e influenciável) perdendo
consistência (BAUMAN).
- Projeto de modernidade se aprofunda na Escola de Frankfurt

Método hipotético-dedutivo é reafirmado por Durkheim e se baseia na construção de


conjecturas porém por estarem ligadas as hipóteses deveriam passar por discussão
crítica.
- Durkheim entendia que as ciências sociais eram necessárias as instituições com
propósito de descobrir fatos sociais estruturais. Para ele sociologia é mais que um
estudo do indivíduo e sim do amplo corpo da sociedade em geral.
- A sociedade é a fonte de todo sentimento moral, intelectual, espiritual que
transcende o indivíduo e o extrapola.
- Para Durkheim a sociedade não é um grupo de pessoas que vive na mesma
localização geográficaː é "essencialmente um conjunto de ideias, crenças, sentimentos
de todos os tipos, que são realizados por indivíduos.

A modernidade para Bauman impediu que existisse uma coletividade o que prejudica
inclusive as relações afetivas pois existe um duelo de interesses.

Maurice Halbwachs foi o pioneiro nos estudos de memória no campo da sociologia e


ao identificar o fenômeno “memória coletiva” destacou que essa não tem como ser
estudada sem se levar em conta os contextos sociais que levaram a sua construção.

A memória não é de um sujeito isolado e sim de uma coletividade uma vez que o
indivíduo coexistiu com alguém (alteridade) para construir a memória.

a memória na concepção de Halbwachs é um processo de reconstrução, devendo ser


analisada levando-se em consideração dois aspectos: o primeiro refere-se ao fato de
que não se trata de uma repetição linear dos acontecimentos e vivências no contexto
de interesses atuais; por outro lado, se diferencia dos acontecimentos e vivências que
podem ser evocados e localizados em um determinado tempo e espaço envoltos num
conjunto de relações sociais.

Para Halbwachs, uma lembrança requer uma comunidade afetiva que necessita de um
convívio afetivo onde as pessoas estabeleçam relações umas com as outras, baseando-
se nas lembranças de onde estavam inseridos.

O indivíduo participa da constituição tanto da memória individual quanto coletiva,


sendo que a memória individual é um ponto-de-vista sobre a memória coletiva.

A lembrança é resultado de um processo coletivo estando inserida num contexto social


aplicado e ainda que se trate de memória coletiva, são coisas muito particulares que
apenas nós vimos e vivenciamos.

A união de memórias de uma ou mais pessoas pode reconstituir uma memória mais
efetiva e descritiva dos fatos, já que é impossível lembrarmos individualmente de tudo.

No processo de rememoração é preciso que os dados sejam comuns entre os


integrantes de um grupo

Existem 2 categorias de memórias: a autobiográfica e a histórica, sendo que a primeira


recebe reflexos da segunda, já que a memória individual está contida na histórica por
fazer parte dela.
Nossa memória se apega mais a fatos vividos do que fatos lidos nos livros. Isto posto,
para Halbwachs a história não é simplesmente o que está narrado cronologicamente
nos livros e sim o que faz com que um período se distinga de outro. Mas a memória
histórica tem sua importância por registrar os ocorridos.

Um indivíduo isolado de um grupo social não é capaz de construir qualquer tipo de


experiência e nem consegue manter registro do seu passado.

A lembrança é pensada como “uma reconstrução do passado com a ajuda de dados


tomados de empréstimo ao presente e preparados por outras reconstruções feitas em
épocas anteriores”, da qual “a imagem de outrora já saiu bastante alterada”

A alteridade é algo essencial para a memória!

A memória coletiva possui como diferencial transformar fatos do passado em imagens


e narrativas sem rupturas buscando uma continuidade com o presente e preza por
aquilo que é vivo, o que a afasta da condição de artificial.

Por essa razão, Halbwachs lança duas categorias: a memória coletiva e a histórica. A
histórica busca produzir imagens unitárias do processo histórico, busca respostas para
o presente no passado e não preza pela continuidade, o que pode coloca-la a prova de
que tal fato não aconteceu.

A diferença entre uma e outra reside na ideia de que a memória coletiva é uma
corrente de pensamento contínuo que não ultrapassa os limites do grupo já que na
história parece que tudo se renova e também que existem muitas memórias coletivas
ao passo que só existe uma história.

Existe uma forte relação entre memória e espaço pois um grupo social pode moldar
um espaço onde está inserido de acordo com sua imagem e seus valores.

Para Halbwachs, ainda que a memória coletiva permita ao indivíduo a rememoração


não apenas a partir do que ele se lembra, a sua memória individual é capaz de ser
pensada como memória ressignificada, pois existe sua interferência direta no processo
de rememoração.

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