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ESCRITA

Estrutura e características dos diferentes tipos de texto

1) Exposição sobre um tema

Principais características:
• Carácter demonstratativo
• Elucidação evidente do tema (fundamentando as ideias)
• Valor expressivo das formas linguísticas (deíticos, conectores,...)
• Resposta às questões “Porquê?” e “Como?”
• Fornecimento de informações e explicações claras e exatas, concisas e objetivas, utilizando
exemplos adequados e úteis
• Construção lógica do discurso (causa/consequência; meio/fim)
• Utilização de verbos como: ser, ter, consistir, haver, pertencer
• Utilização de vocabulário simples, objetivo e corrente
• Utilização de frases declarativas
• Utilização dos tempos verbais no presente ou no pretérito perfeito
• Utilização de conectores de causa e consequência: porque, como, por consequência
• Enunciação na 3ª pessoa, uma vez que não deve transmitir qualquer opinião ou juízo de
valor (objetividade)
Estrutura:
• Organização em 3 partes (introdução, desenvolvimento e conclusão), individualizadas e
devidamente proporcionais
• Utilização adequada de conectores que estabeleçam o encadeamento lógico das ideias e a
sua interligação

2) Apreciação cítica

É um tipo de texto que implica a crítica, através de um juízo de valor, de um objeto/imagem.

Principais características:
• Descrição sucinta do objeto
• Comentário crítico
• Vocabulário objetivo, diversificado e adequado ao tema
• Enunciação na 3ª pessoa
• Linguagem clara e sem ambiguidades, apesar do possível uso da insinuação
• Linguagem valorativa – elogiosa ou depreciativa: adjetivação rica, rigorosa e expressiva,
orações relativas

Estrutura:
• Introdução: breve apresentação do obejto da apreciação e descrição do mesmo
• Desenvolvimento: formulação de juízos de valor fundamentados sobre o objeto de
apreciação, com recurso a argumentos pertinentes
• Conclusão: apreciação final sobre o objeto descrito e apreciado

Beatriz Duborjal
3) Síntese

É um tipo de texto que implica a condensação (o resumo) de um texto base, reduzindo-o às


informações mais importantes sem, no entanto, alterar o seu sentido.

Principais características:
• Deve ser redigido na 3ª pessoa, uma vez que não deve transmitir qualquer opinião ou juízo
de valor (objetividade)
• Deve destacar-se a intenção do autor e articular-se as ideias do texto de modo coerente,
ainda que não seja obrigatório seguir a mesma ordem na sua apresentação
• Deve evitar-se o discurso direto e limitar citações ou transcrições
• Para apresentar/explicitar as ideias devem ser utilizadas palavras sinónimas às do texto
original e não as mesmas; EVITAR fazer cópias
• O número de palavras deve corresponder a cerca de ¼ do texto base

Estrutura:
• Introdução: apresentação do texto, do tema e do autor
• Desenvolvimento: apresentação das ideias nucleares do texto, o que implica agregar ideias
particulares, tornando-as gerais
• Conclusão: apresentação das considerações finais do texto

Dicas:
• Ler o texto base várias vezes
• Sublinhar ideias essenciais
• Detetar o modo como essas ideias se ligam
Se o texto que te pedirem para sintetizar for o do Grupop II (o da gramática), vai ver quais
são os temas falados nas primeiras perguntas desse grupo (aquelas perguntas de escolha
múltipla sobre esse mesmo texto), assim já sabes que temas tens que mencionar na tua
síntese ;)

Beatriz Duborjal
4) Texto de opinião

Principais características:
• Enunciação na 1ª pessoa
• Vocabulário subjetivo
• Linguagem valorativa (juízos de valor explícitos ou implícitos)

Como eu escrevo os meus textos de opinião SEMPRE:


• 4 parágrafos: introdução, desenvolvimento (primeira ideia/ segunda ideia), conclusão

INTRODUÇÃO: duas frases


Na primeira frase introduzo o tema sobre o qual vou escrever. É muito fácil fazer isto, basta ir ao
enunciado do teste/exame e apresentar a ideia que é pedida para escrever (com algumas
palavras do enunciado e palavras sinónimas e por palavras tuas, nunca copiar literalmente o que
está lá).
Na segunda frase dou a minha opinião sobre esse mesmo tema introduzido/apresentado. Para
fazer isto podem começar com: “Na minha opinião, (…) / Do meu ponto de vista, (…) / A meu ver,
(…)

DESENVOLVIMENTO: dois parágrafos

Cada um dos parágrafos com uma ideia que sustente a vossa opinião e um exemplo que sustente
essa ideia. NOTA: a ideia apresentada será também uma opinião, ou seja, pode ou não concordar-
se com ela, é subjetiva: No entanto, o exemplo apresentado tem que ser factual, objetivo e não
debatível.

➢ Se tiverem uma opinião uniforme em relação ao tema apresentado no enunciado podem


fazer o seguinte:
1o parágrafo:
Primeiramente, é sabido que (…). De facto, (…). Tome-se como exemplo (…).

2o parágrafo:
Em segundo lugar, note-se que (…). Na verdade, (…). Exemplificando, (…).

➢ Se tiverem dois pontos de vista opostos ao tema apresentado fazem igual ao que está em
cima mas em vez de “Primeiramente/Em segundo lugar” (que indica uma adição de ideias),
usam o “Por um lado/Por outro lado” (que indica uma oposição de ideias).

CONCLUSÃO:
Começam com “Concluindo” OU “Em suma” e fazem um resumo do que escreveram antes,
mencionando as duas ideias, mas com palavras sinónimas e diferentes das que usaram
anteriormente.
Podem escrever uma ou duas frases.
• exemplo (se a opinião tiver dois pontos de vista):
Em suma, é inegável que a sociedade de hoje em dia evoluiu bastante em relação ao passado. No
entanto, ainda existe um longo caminho a percorrer, no que toca à interação entre os cidadãos,
para que tudo corra de forma “perfeita”.
(apenas um exemplo completamente descontextualizado para ficarem com uma ideia da estrutura)

NOTA: A introdução e a conclusão devem ser mais ou menos do mesmo tamanho e os dois
parágrafos também do mesmo tamanho (entre si).
Beatriz Duborjal
Enunciado do Grupo III (escrita) do meu exame de português:

Para muitas pessoas, o heroísmo exige percorrer um caminho árduo, que implica renúncia e sofrimento.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras,
defenda uma perspetiva pessoal sobre a conceção de heroísmo apresentada.
No seu texto:
− explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos, cada um deles
ilustrado com um exemplo significativo;
− formule uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
− utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

A composição que eu escrevi no exame de português, para este enunciado (na qual tive a
pontuação máxima - 44 pontos):

O caminho a percorrer para se possuir o título de “herói” é encarado de diferentes formas por diferentes
pessoas. Na minha opinião, este é um caminho que envolve trabalho árduo e, muitas vezes, sofrimento.
Primeiramente, toda a glória, reconhecimento e valorização é fruto de muito sacrifício, luta e
determinação. Deste modo, considero que para se ser um “herói” tem que se, de facto, batalhar pelos
objetivos pretendidos e não desistir. Tome-se como exemplo o herói descrito n’Os Lusíadas. Este herói, o
povo português, teve que ultrapassar muitas dificuldades para chegar à Índia e isto é evidenciado no Canto
I, por exemplo, através da descrição dos obstáculos que estes tiveram que superar. No entanto, é
precisamente o sacrifício feito pelos mesmos que mais tarde irá dar origem à sua enaltação e ao seu título
de “herói”.
Em segundo lugar, muitas vezes, é necessário abdicar de alguns prazeres da vida e até de um certo
conforto para se chegar ao heroísmo. Na verdade, um herói é um exemplo a seguir, é uma pessoa que se
admira. Desta forma, essa pessoa não pode ter tudo quando quer, tem que fazer por isso, isto é, tem que
lutar para alcançar o que deseja. Esta luta implica, então, que se estabeleçam prioridades e que se
renunciem, em variadas ocasiões, certas tentações que possam aparecer pelo caminho. Exemplificando,
nos filmes da Marvel todos os heróis caracterizados regem a sua vida por esta filosofia e é por isso que
posteriormente são reconhecidos pelo seu mérito.
Concluindo, considero que tem que se trabalhar arduamente e ultrapassar diversas dificuldades que
possam, eventualmente, aparecer ao longo do caminho, para se atingir o tão célebre e prestigiado título de
“herói”.
279 palavras

Repara:
O caminho a percorrer para se possuir o título de “herói” é encarado de diferentes formas por diferentes pessoas.
Na minha opinião, este é um caminho que envolve trabalho árduo e, muitas vezes, sofrimento. (INTRODUÇÃO)
Primeiramente, toda a glória, reconhecimento e valorização é fruto de muito sacrifício, luta e determinação. Deste
modo, considero que para se ser um “herói” tem que se, de facto, batalhar pelos objetivos pretendidos e não desistir.
Tome-se como exemplo o herói descrito n’Os Lusíadas. Este herói, o povo português, teve que ultrapassar muitas
dificuldades para chegar à Índia e isto é evidenciado no Canto I, por exemplo, através da descrição dos obstáculos
que estes tiveram que superar. No entanto, é precisamente o sacrifício feito pelos mesmos que mais tarde irá dar
origem à sua enaltação e ao seu título de “herói”.
Em segundo lugar, muitas vezes, é necessário abdicar de alguns prazeres da vida e até de um certo conforto para se
chegar ao heroísmo. Na verdade, um herói é um exemplo a seguir, é uma pessoa que se admira. Desta forma, essa
pessoa não pode ter tudo quando quer, tem que fazer por isso, isto é, tem que lutar para alcançar o que deseja. Esta
luta implica, então, que se estabeleçam prioridades e que se renunciem, em variadas ocasiões, certas tentações que
possam aparecer pelo caminho. Exemplificando, nos filmes da Marvel todos os heróis caracterizados regem a sua
vida por esta filosofia e é por isso que posteriormente são reconhecidos pelo seu mérito. (DESENVOLVIMENTO)
Concluindo, considero que tem que se trabalhar arduamente e ultrapassar diversas dificuldades que possam,
eventualmente, aparecer ao longo do caminho, para se atingir o tão célebre e prestigiado título de “herói”.
(CONCLUSÃO)

Deves utilizar os conectores e as expressões que estão a VERDE, tanto nas tuas composições
como nas tuas respostas na parte da interpretação.
Repara também em que situações utilizei a vírgula.
Beatriz Duborjal
Erros ortográficos
Repara nos seguintes erros ortográficos que costumam ser muito comuns e que gostava de
explicar como distinguir de forma muito fácil e simplificada:

• poder/puder
exemplos:
Quando eu puder mando-te isso.
Se eu puder, estamos juntos amanhã.
Tenho que perguntar aos meus pais, mas devo poder.

• há / à

➢ O “há” usa-se quando estamos a falar de TEMPO ou de EXISTIR ALGUMA COISA. Podem
substituir por “haver” e veem se faz sentido:
exemplos:
Há cerca de uma semana fui ao cinema. (uma semana - tempo)
Há várias pessoas que ainda não sabem essa notícia. (há - existem)

➢ O “à” é uma contração da preposição “a” com o artigo ou pronome “a”. O “à” no
masculino é “ao” (proposição “a” + pronome/artigo “o”)
Então é só pensarem: se fosse no masculino seria “ao”? Se sim, então é “à” e não “há”

exemplo 1) Era uma opinião muito semelhante à que ouvimos no outro dia.
Reparem que eu poderia dizer isto de outra forma: Era um ponto de vista muito semelhante ao
que ouvimos no outro dia.

exemplo 2) O Miguel não respondeu de forma correta à pergunta.


O Miguel deu uma resposta incorreta ao que foi perguntado.

• a regra do “crê / dê / lê / vê”


Estes quatro verbos no plural assumem dois “e”, ou seja “ee” - creem, deem, leem, veem
Todos os outros são com “ê”
exemplo: ter - têm;

NÃO CONFUNDIR O VERBO “ver” COM “ir”


ver - vê - veem
ir - vêm ; exemplo: Eles vêm agora ter comigo.

• -te ou tudo junto?


Só se separa o -te da palavra quando é um pronome.
exemplo 1) Vamos apanhar-te às 18h.
apanhar-te “a ti” - pronome
podias substituir por “apanhá-la”.

exemplo 2) Escreveste essa composição sozinha?


“Escreveste” é a conjugação do verbo “escrever” no passado. Por isso o “te” não se pode separar
da palavra!!!

exemplo 3) Inscreveste-te na faculdade ontem, não foi?


inscreveste é a conjugação do verbo “inscrever” no passado e o “-te” separado é o pronome.

Beatriz Duborjal
• Quando temos dois verbos na frase e queremos colocar um pronome é sempre no
segundo verbo.
exemplo: Vamos apanhar-te às 18h. - correto
Vamos-te apanhar às 18h. - ERRADO

Como usar a vírgula?

• Depois de todos os conectores / modificadores no início da frase.


exemplo: Por um lado, considero que (…) / Por outro lado, (…)
Primeiramente, (…) / Em segundo lugar, (…)
Na verdade, (…) / De facto, (…)
Deste modo, (…) / Desta forma, (…) / Assim, (…)
Concluindo, (…) / Em suma, (…)
No entanto, (…) / Contudo, (…) / Porém, (…) / Todavia, (…)
Atualmente, (…)
Por exemplo, (…) / Exemplificando, (…) / Tome-se como exemplo o caso de (…),
Na minha opinião, (…) / Do meu ponto de vista, (…) / A meu ver, (…)
• ,isto é, / ,ou seja, / ,por isso, -> entre vírgulas

• Antes de “mas” “porque” “pois” “visto que” “uma vez que” “dado que” “na medida em
que”
exemplo: Deve ser redigido na 3ª pessoa, uma vez que não deve transmitir qualquer opinião ou
juízo de valor.

• Antes de um verbo no gerúndio


exemplo: Faz uma breve apresentação do obejto da apreciação, descrevendo o mesmo

• Quando estamos a adicionar uma informação/ uma ideia, colocá-la entre vírgulas
exemplo: Se o texto que te pedirem para sintetizar for o do Grupop II, o da gramática, vai ver
quais são os temas falados (...)
Neste caso, a vírgula tem uma funcão parecida aos parentêses ()

• Numa enumeração (separar elementos de uma enumeração que não estejam separados
por “e”, “ou” e “nem”)
exemplo: E assim se passram minutos, horas, dias, semanas, meses, anos...

• Depois da oração subordinada, se esta estiver no início da frase.


exemplo: Quando o professor chegou, os alunos (...)

• NUNCA USAR A VÌRGULA PARA SEPARAR O SUJEITO DO PREDICADO

Conselhos
Ler muito para evitar dar erros ortográficos, quanto mais se lê, menos erros se dá.

Beatriz Duborjal

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