Você está na página 1de 39

Literatura na

Idade Média
Profa. Suellen Anselmo
Contexto histórico
A Idade Média, período que durou do século V
ao século XV, em grande parte do tempo, tinha
sua sociedade estratificada da seguinte forma:

● Clero: a igreja católica formava a parte da


sociedade mais poderosa e influente;

● Nobreza: rei, rainha, cavaleiros e membros


da alta corte.

● Servos: camponeses, vilões e escravos


Os Senhores Feudais
• Um cavaleiro (vassalo), em um ato de
lealdade, ocorrido em uma cerimônia
(homenagem), jurava a um nobre
(suserano), “ser seu homem”.

• O vassalo jurava prestar ajuda militar


sempre que requisitado, realizar cavalgadas
e dar ajuda financeira a seu suserano.
Estepacto era chamado de vassalagem.

• Os senhores feudais tinham suas “milícias”,


já que, tinham o poder de julgar e punir a
população que vivia em suas terras.
Religião e cultura
• A igreja medieval tinha controle quase absoluto
da produção cultural;

• A escrita estava quase toda restrita aos mosteiros


e abadias;

• A circulação dos textos dependia da sua


reprodução manuscrita;

• Os textos eram escritos em latim, o que


dificultava o acesso aos textos;

Poder
• Os monges vagavam pelos feudos, a fim de
divulgar seus poemas que tratavam de temas
religiosos. da
Igreja
Mosteiros
ç õ es
Fun os
• Os mosteiros feudais foram responsáveis d ros
pela conservação de manuscritos sobre o stei
M
literatura, filosofia e ciência;

• Eram uma rede de apoio para os


peregrinos, guerreiros;

• Também acolhiam doentes.


Trovadorismo
Trovadorismo:
poesia e cortesia
• No final do século XII, o período das
grandes invasões na Europa havia
passado;
• Os cavaleiros já não tinham mais uma
função social;
• Compõe-se o código de comportamento
amoroso, o amor cortês.
• Os praticantes do amor cortês teria chance
de demonstrar diante da corte a nobreza
de comportamento presentes na cortesia.
• Princípio do código: subordinação a Deus Co
e às damas. rte
sia
• Nas cortes, se exibiam os jograis: Am
Co or
recitadores, catores e músicos ambulantes rtê
que eram contratados para divertir a corte; s
• As cantigas eram escritas por nobres que se
denominavam trovadores, por que
praticavam a trova, ou seja, poemas.
• Era função da dama reconhecer e
recompensar o trovador que cumprisse
todas as regras do amor cortês.
• Se ela não o recompensasse, o trovador
poderia denunciá-la através das cantigas
satíricas.
• As coletâneas nas quais ficavam reunidas
as cantigas escritas pelos trovadores,
chamavam-se cancioneiros.
Registros da produção artística
cultural da Idade Média

As iluminuras eram pinturas


que recebiam folhas de ouro
que “iluminavam” a imagem.
As cores eram obtidas através
de plantas, minerais, sangue
e insetos.

Os vitrais eram estruturas que Os Cancioneiros são coletâneas de


faziam parte da arquitetura manuscritos das cantigas
medieval, principalmente da trovadorescas que foram produzidas
Baixa Idade Média. Eles serviam em galego-português na primeira
para a iluminação das igrejas e época medieval (a partir do século
para reafirmação do poder do XI). Os principais cancioneiros são o
clero, bem como, para disseminar “da Ajuda”, “da Vaticana” e “da
as narrativas bíblicas. Biblioteca Nacional”.
Cancioneiro da Vaticana
Cantigas
Líricas
Cantiga de amor
• O sofrimento provocado pelo amor
não correspondido era tema das
cantigas de amor, o nome dado a
este sofrimento era coita de amor.
• O trovador deveria expressar seus
elogios e súplicas a uma mulher da
nobreza, casada, que tivesse uma
posição social reconhecida.
• O servilismo amoroso é
simbolizado nas cantigas.
Estrutura das Cantigas de amor
• O eu-lírico é sempre masculino e representa o trovador que dirige os
elogios a uma dama.
• São exaltadas qualidades físicas (delgada, formosa, de boa aparência)
e morais (bondade, lealdade, sincera) da dama.
• A dama é uma mulher inalcançada e o relacionamento não foi
concretizado.
• O cenário é quase sempre a corte;
• Muitas cantigas apresentam refrão.
Cantiga d’amor de refran Cantiga de amor de refrão
Quantos o amor faz sofrer
Quantos han gran coita d'amor pena que tenho sofrido,
eno mundo, qual hoj'eu hei, querem morrer, e eu não duvido,
querrían morrer, eu o sei, que alegremente queiram morrer.
e haverían én sabor. Porém, enquanto eu puder ver, minha senhora,
Mais mentr'eu vos vir, mia senhor, vivendo assim eu quero estar,
sempre m'eu querría viver, e esperar e esperar!
e atender e atender!
Sei que a sofrer estou condenado
Pero ja non posso guarir, e por vós cegam os olhos meus.
ca ja cegan os olhos meus Não me acudis; nem vós, nem Deus
por vós, e non me val i Deus Mas, se sabendo-me abandonado,
nen vós; mais por vós non mentir, ver-vos, senhora, me for dado.
enquant'eu vós, mia senhor, vir, vivendo assim eu quero estar
sempre m'eu querría viver, e esperar, e esperar.
e atender e atender!

E tenho que fazen mal sén Esses que veem tristemente


quantos d'amor coitados son desamparada sua paixão
de querer sa morte se non querendo morrer, loucos estão.
houveron nunca d'amor ben, Minha fortuna não é diferente;
com'eu faç'. E, senhor, por én porém eu digo constantemente, senhora:
sempre m'eu querría viver, vivendo assim eu quero estar
e atender e atender! e esperar e esperar.”
Características das cantigas de Amor
em músicas contemporâneas
LINDA DEMAIS

Compositores: Luiz Octavio Paes De Oliveira /


Serginho _ Nando

Linda, só você me fascina


Te desejo muito além do prazer
Vista meu futuro em teu corpo
E me ama como eu amo você
Vem fazer diferente
O que mais ninguém faz
Faz parte de mim
Me inventa outra vez
Vem conquistar meu mundo
Dividir o que é seu
Mil beijos de amor em muitos lençóis
Só eu e você
Linda, conte a mim teu segredo
Pro meu sonho, diga quem é você
Livre, nunca mais tenha medo
Pois quem ama, tudo pode vencer
Cantiga de amigo
• As cantigas de amigo falam de
uma relação amorosa concreta
que acontece entre pessoas
simples, que vivem no campo.
O tema central dessas cantigas
é a saudade.
• Há a presença do eu-lírico
feminino, do namorado ou
amante, às vezes, a mãe ou as
irmãs.
Estrutura das Cantigas de amigo
• O eu-lírico é sempre feminino e representa a
voz de uma mulher (amiga) que manifesta a
saudade pela ausência do amigo (namorado
ou amante).
• O tom é mais positivo e otimista.
• O amor é real e ocorre entre pessoas de
condição social semelhante.
• O cenário é quase sempre a natureza
(bucolismo);
• As cantigas sempre apresentam refrão.
Ondas do Mar Vigo

Ondas do mar de Vigo,


se vistes meu amigo
e ai Deus, se verrá cedo?

Ondas do mar levado,


se vistes meu amado?
e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amigo,


o por que eu sospiro?
e ai Deus, se verrá cedo?

Se vistes meu amado,


o por que terei muito cuidado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Características das cantigas de
Amigo em músicas contemporâneas
FLOR E O BEIJA-FLOR

Compositores: Juliano Soares / Marilia


Mendonça

E a flor conhece o beija-flor


E ele lhe apresenta o amor
E diz que o frio é uma fase ruim
Que ela era a flor mais linda do jardim
E a única que suportou
Merece conhecer o amor
E todo seu calor
Ai que saudade de um beija flor
Que me beijou depois voou
Pra longe demais
Pra longe de nós
Cantigas
Satíricas
Cantiga de escárnio
• O trovador critica alguém por meio
de palavras de duplo sentido,
para que sejam facilmente
compreendidas.

• As cantigas ridicularizam o
comportamento de nobres ou
denunciam as mulheres que não
seguem o código do amor cortês.
Ai dona feia! Fostes vos queixar
Ai dona feia! Fostes vos queixar
Porque nunca vos louv'em em meu cantar
Mais ora quero fazar um cantar
Em que vos louvarei de todas as
maneiras;
E vedes como vos quero louvar:
Dona feia, velha e sandia.

Ai dona feia! Se com tanto ardor


Quereis que vos louve, como
trovador,
Trovas farei e e tal teor
Em que louvada de toda a maneira
Sereis, tal é o meu louvor:
Dona feia, velha e sandia.

Ai dona feia! nunca vos louvei


Em meu louvar eu que tanto trovei
E eis que umas trovas vos dedicarei
Em que louvada de toda maneira
Sereis e assim vos louvarei.
Dona feia, velha e sandia.
Características das cantigas de
Escárnio em músicas
contemporâneas
APESAR DE VOCÊ

Compositores: Chico Buarque


Hoje você é quem manda
Falou, 'tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Cantiga de maldizer
• O trovador faz suas críticas de
modo direto, explícito,
identificando a pessoa satirizada.

• Costumam utilizar uma linguagem


ofensiva e palavras de baixo
calão.

• Geralmente falam de indiscrições


amorosas ou críticas ao clero.
Ai, Dona Inês, mal me
pagastes
Ai, Dona Inês, mal me pagastes
O amor que vos eu servi!
E se Deus mo perdõe, pois mi' o negastes,
A vingança tomar-vos-ei.

Mal me pagastes o meu amor


Com o qual vos servi já muitos anos;
Deste-me vida, eu vos dei amor,
E vos trouxe as noites e os dias maus.

Dissestes-me vós, Dona Inês,


Que eu não vos era mester,
De tal que dissestes, mal fizestes,
Ai Deus, que mal me fizestes!

E pois me negastes o vosso amor,


E trocastes-me por outro galant,
Quero tomar vingança de vós, senhor,
Ai, que mal me pagastes, ai de mim!

Dona Inês, por vós me vejo perdido,


Não tenho quem me ajude, nem meu amigo,
De que vos sirva ou me tire daqui,
Ai, que mal me pagastes, ai de mim!
Características das cantigas de
Maldizer em músicas
contemporâneas
RENATA

Compositores: Roberto Souza Rocha / Dalmo


Soares Beloti
Num golpe de olhar
Ganhou meu coração
Mas eu não imaginava a decepção
Por ela fui fiel, tão cego eu fiquei
Ir no night-futebol, amigos eu deixei
Foi irracional o que ela fez
Mas vou deletar
Ah, ah
Sua insentatez
Renata ingrata, trocou meu amor por uma
ilusão
Renata ingrata, quem planta sacanagem, colhe
solidão
Novelas
de
Cavalaria
• As novelas de cavalaria são os primeiros romances, ou seja, longas narrativas em verso, surgidas
no século XII.

Elas contam histórias vividas por cavaleiros andantes e tiveram origem com a perda de força da
poesia dos trovadores.

As novelas de cavalaria estão organizadas em 3 ciclos:

1 – Ciclo 2 – Ciclo 3 – Ciclo


Clássico Arturiano Carolíngio

• Guerra de Troia • O rei Arthur e os cavaleiros • O rei Carlos Magno e


• Aventuras de Alexandre, o grande da Távola Redonda os 12 pares da França
PRATICANDO
PARA
O
ENEM
1. Assinale a alternativa incorreta a
respeito do Trovadorismo em
Portugal. 2. Assinale a alternativa incorreta a
respeito das cantigas de amor.
a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a
separação entre poesia e a música. a) O ambiente é rural ou familiar.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram b) O trovador assume o eu-lírico
reunidas em livros ou coletâneas que masculino: é o homem quem fala.
receberam o nome de cancioneiros.
c) Têm origem provençal.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do
d) Expressam a "coita" amorosa do
relacionamento entre o senhor e vassalo
trovador, por amar uma dama inacessível.
na sociedade feudal: distância e extrema
submissão. e) A mulher é um ser superior,
d) Nas cantigas de amigo, o trovador normalmente pertence a
escreve o poema do ponto de vista uma categoria social mais elevada que a
feminino. do trovador.
e) A influência dos trovadores provençais
é nítida nas cantigas de amor
portuguesas.
03. Nas cantigas de amor:
a) trovador expressa um amor à 04. Nas mais importantes novelas de cavalaria que
mulher amada, encarando-a como circularam na Europa medieval, principalmente como
um objeto acessível a seus anseios. propaganda das Cruzadas, sobressaem-se:

b) o trovador velada ou abertamente a) as namoradas sofredoras, que fazem bailar para


ironiza personagens da época. atrair o namorado ausente.
c) o “eu-lírico” é feminino,
expressando a saudade da ausência b) os cavaleiros medievais, concebidos segundo os
do amado. padrões da nobreza e da honra (por quem lutam).

d) o poeta pratica a vassalagem c) as namorada castas, fiéis, dedicadas, dispostas a


amorosa, pois, em postura platônica, qualquer sacrifício para ir ao encontro do amado.
expressa seu amor à mulher amada.
d) os namorados castos, fiéis, dedicados que,
e) existe a expressão de um entretanto, são traídos pelas namoradas sedutoras.
sentimento feminino, apesar de
serem escritas por homens. e) os cavaleiros sarracenos, eslavos e infiéis, inimigos
da fé cristã..
03. (ESPM) O amor cortês foi um gênero praticado desde os trovadores medievais europeus.
Nele a devoção masculina por uma figura feminina inacessível foi uma atitude cons­tante. A
opção cujos versos confirmam o exposto é:
a) Eras na vida a pomba predileta (…) Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, – a
inspiração, – a pátria, O porvir de teu pai! (Fagundes Varela)
b) Carnais, sejam carnais tantos desejos, Carnais sejam carnais tantos anseios, Palpitações e
frêmitos e enleios Das harpas da emoção tantos arpejos… (Cruz e Sousa)
c) Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem
por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente. (Álvares de Azevedo)

d) Em teu louvor, Senhora, estes meus versos E a minha Alma aos teus pés para cantar-te, E os
meus olhos mortais, em dor imersos, Para seguir-lhe o vulto em toda a parte. (Alphonsus de
Guimaraens)
e) Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer amar e malamar,
amar, desamar, amar? (Manuel Bandeira)
Obrigada
pela
atenção!

Você também pode gostar