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Português

A poesia trovadoresca:
 Em que séculos foi produzida a poesia trovadoresca desde os finais do século XII até
meados do século XIV, época do nascimento das nacionalidades ibéricas e da
reconquista cristã.
 Em que reinos da Península ibérica foi produzida poesia trovadoresca  reinos de
Galiza e leão, reino de Portugal, reino de Castela.
 Quem foram os principais agentes da poesia trovadoresca o trovador (é um nobre que
compõe os seus textos e que apenas os executa por um prazer pessoal ou por um ato de
galanteria para com as damas); o jogral (é executante, difusor de textos alheios e
próprios); a jogralesa (trabalha ao lado do jogral, dançando e cantando, ao som de
instrumentos por ele tangidos, ou tocando ela própria)
Transmissão da poesia trovadoresca:
Transmissão oral: agentes (trovadores, jograis, soldadeiras/dançarinas); modalidade
(cantiga/poesia cantada)
Transmissão escrita: cancioneiros: cancioneiro de ajuda, cancioneiro da biblioteca nacional;
cancioneiro da vaticana

 Em que língua foi produzida a poesia trovadoresca galego-português

NOTA: não se pode dizer que a língua dos trovadores fosse diferente da língua dos
notários, mas a especificidade da produção poética permite uma diferente utilização da
língua: a língua dos trovadores consubstancia uma estilização da língua falada nos dois
lados do rio Minho e perpetua arcaísmos e convencionalismo literários.
Géneros da poesia trovadoresca:
Cantigas de amigo: género autóctone, cujas origens parecem remontar a uma vasta e
arcaica traição da canção em voz feminina.
Cantigas de amor: género de matriz provençal, de registo aristocrático; canção em voz
masculina
Cantigas de escárnio e maldizer: género de carácter satírico, em que se faz uma crítica
direta e ostensiva, identificando-se o alvo visado (cantigas de maldizer); ou subtil, sem
explicitar a identidade de quem se critica (cantiga de escárnio); canção em voz
masculina.
Cantigas de amigo
Sujeito poético: em geral, voz feminina (donzela), que se refere ao “amigo” (namorado)
Objeto: o amigo, ausente, muitas vezes traidor, mentiroso
Relacionamento amoroso: sentimento espontâneo, plano de igualdade.
Caracterização temática:
Representação de afetos e emoções:
 Variedade do sentimento amoroso: amor, alegria/orgulho de amar e ser amada,
ansiedade, saudade, tristeza, raiva, etc.
 Confidência amorosa á natureza, á mãe, ás amigas
 Relação com a natureza:
- Natureza humanizada/personificada, com o papel de confidente
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- Elementos naturais com valor simbólico

Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)


 Ambiente doméstico e familiar, marcado pela presença feminina (ausência do chefe de
família; autoridade materna)
- Tarefas domésticas – ida á fonte
- Vida coletiva – baile, romaria

Caracterização formal:
Paralelismo: (princípio da repetição e da simetria)
 Repetição de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos
 Leixa-prem- processo de encadeamento de estrofes que consiste na retoma de versos
Refrão:
 Repetição de um ou mais versos no final das estrofes
Cantigas de amor:
Sujeito poético: voz masculina (trovador), que se dirige à mulher amada (“senhor”),
elogiando-a e/ou expressando a sua “coita de amor” (o trovador que sofre de amor)
Objeto: a dona; a «senhor» - mulher estereotipada com qualidades físicas (bela, formosa,
com o corpo delgado); qualidades morais (bondosa, leal, «comprida de bem»); qualidades
sociais (bom sem, mui comunal, falar mui bem), para além de ser cheia de «prez», «loor»,
«grão valor», enfim a melhor de todas. É a mulher ideal.
Caracterização temática:
Representação de afetos e emoções:
 “coita de amor”: sofrimento amoroso provocado pela não correspondência amorosa e
que conduz à “morte de amor”
 Elogio cortês: panegírico do “senhor”, modelo de beleza e de virtude
Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias):
 Espaço aristocrático/ambiente palaciano (corte)
 Vassalagem amorosa; obediência ao código da mesura (não revelação da identidade do
“senhor”).

Cantigas de escárnio e maldizer:


Características:
Cantigas de escarnio: ambíguas (crítica encoberta); irónicas, humorísticas
Cantigas de maldizer: não ambíguas (crítica descoberta, explicita); insultuosas, cómicas
Objetivo destas composições:
A sátira: pessoal, social (moral e religiosa), política.
Sujeito poético: voz masculina (trovador), que faz uma crítica, de forma direta ou velada.
1ª ou 3ª pessoas identificadas ou não.
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Objeto: pessoa não identificada no caso das cantigas de escárnio; pessoa identificada no
caso das cantigas de maldizer.
Relacionamento entre sujeito e objeto: relacionamento critico, tento em vista denunciar
defeitos.
Caracterização temática:
Representação de afetos e emoções:
 Dimensão satírica:
- Paródia do amor cortês (critica das regras do amor cortês de matriz provençal)
- Crítica de costumes (deserção; cobardia de vassalos nobres em campo de batalha);
(falta de dotes poéticos dos jograis)
As cantigas de amigo retratam a sociedade rural dos séculos XII-XIV
As cantigas de amor retratam a sociedade cortesã dos séculos XII-XIV
As cantigas de escárnio e maldizer retratam toda a sociedade dos séculos XII-XIV

A crónica de D. João I
Capítulo 11 – “Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavam o Mestre, e como alo [=
lá] foi Álvoro Pais e muitas gentes com ele.”
“Conta-se neste cap. como o povo de Lisboa foi ajudar D. João, Mestre de Avis, quando se
soube que a sua vida corria perigo, no Paço em que estavam a rainha D. Leonor Teles e João
Fernandes Andeiro, fidalgo galego que, com escândalo público, era amante da rainha. Chegada
ao Paço, a multidão verificou que o Mestre de Avis estava vivo, tendo Andeiro sido morto por
ele. Resultaram daí grandes manifestações de alegria coletiva, expressão do apoio popular que
era dado a D. João enquanto adversário da rainha, regente do reino por morte de D. Fernando.”
Capítulo 115 –“Per que guisa [= de que modo] estava a cidade corregida [= preparada] pera se
defender, quando el-rei de Castela pôs cerco sobrela.”
“Conta-se neste cap. como se fez a preparação da cidade de Lisboa para resistir ao cerco dos
castelhanos. Comandando a defesa da cidade, o Mestre de Avis manda guardar alimentos, por
forma a que eles não faltem, uma vez que o cerco impediria o reabastecimento da cidade.
Descreve-se também o trabalho de organização dos defensores e dos equipamentos: a reparação
e o fortalecimento das muralhas, a verificação das armas, a distribuição de tarefas de defesa e a
regulação da ordem na cidade. Salienta-se, ao mesmo tempo, que se trata de um esforço de
guerra coletivo, que chega a causar a admiração de quem relata.”
Capítulos 148 – “Das tribulações [= dificuldades] que Lisboa padecia per mingua de
mantimentos.”
“Este cap. ocupa-se dos tempos de sofrimento da população de Lisboa, sujeita ao cerco
castelhano. As privações que ele provoca são descritas de forma pormenorizada, salientando-se
os vários aspetos do sacrifício a que o referido cerco obriga: a escassez de alimentos e o seu
preço elevado, a falta de esmolas, o recurso a produtos de baixa qualidade, etc. E, contudo,
sempre que o inimigo ameaçava era visível o esforço coletivo para superar as dificuldades.”

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