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PORTUGUÊS

CEC SEMANAL

pREPARADO POR ANA lUIZA sECCHES


relembrando...
trovadorismo
Início
Características

Cantigas líricas Cantigas satíricas


AMOR ESCÁRNIO

AMIGO MALDIZER
relembrando...
trovadorismo
Início 1198-1434, folhetins, "Cantiga da Ribeirinha", Idade Média
Características: acompanhada de instrumentos musicais, galaico-português

Cantigas líricas Cantigas satíricas


AMOR ESCÁRNIO
Eu lírico masculino, vassalagem amorosa. Mulher Indireto, ironia e ambiguidade.
"senhor"; influência provençal (Sul da França)
AMIGO MALDIZER
Eu lírico feminino. Cotidiano familiar e rural. Direto, uso termos chulos de baixo
Influência Península Ibérica; queixa. calão
Humanismo
Início:

Os principais gêneros

a) Poesia palaciana do cancioneiro geral de Garcia Resende (1516)

b)Teatro: Gil Vicente


Humanismo
Início: 1434-1527 (Idade média, Renascimento); período de transição do teocentrismo
medieval para Antropocentrismo renascentistas)
Os principais gêneros
a) Poesia palaciana do cancioneiro geral de Garcia Resende (1516)
Separa-se da música, não é mais galaico português
"Medida Velha" (redondilha menor e maior)

b)Teatro: Gil Vicente


Escrito versos; intenção moralizante; caráter crítico e humorístico
("ridendo castigat moris"), alegoria, autos e farsas.
Valorizações das emoções humanas, valorização de debates e
opiniões divergentes, afastamento de dogmas
classicismo
Início: 1527-1580 (Grandes Navegações, Antropocentrismo, Ledonismo- busca pelo prazer,
mimese- prinípio da imitação, presença da mitologia). Também chamado de Quinhentismo, não
é o período literário do Brasil (Pero Vaz Caminha, sobre o Brasil).
Classicismo em Portugal: 1527
Quando Sá de Miranda retorna da Itália e traz Descobrimento do Brasil, literatura descritiva
para Portugal a "medida nova"- decassílabo, e informativa (Pero Vaz de Caminha)
soneto, oitava rima ABABABCC Literatura catequética (preocupação estética,
redondilhas), destaque à Padre José Anchhieta
A lírica de Camões (rimas)
Medida velha: redondilhas
Medida Nova: decassílabos (sonetos)
Renascimento: recupera cultura greco-romana (antropocentrismo e racionalismo)
Elementos clássicos: estrutura, equilíbrio na experiência dos sentimentos (linguagem; o contrário
do barroco), referências mitológicas
classicismo
Principais temas:
Desconcerto do mundo (conflito)
Oposição: amor carnal x amor platônico (predominância do amor platônico, graças à Petrarca)
Contrariedades do coração, saudosismo (saudades da Dinamene)
Contradições entre renovar-se da natureza e o fatal envelhecimento humano, consciência da
transitoriedade da vida (morte e infância, estações do ano, carpe diem)
Prenuncia o Barroco (exagero), Manerismo, uso de antítese e paradoxos;
Imita o Petrarca (estrutura e sentimento), fonte de seu platonismo amoroso, saudosismo
(Dinamene)
A lírica de Camões possui elementos medievais (amor platônico), clássicos e barrocos
(antíteses e paradoxos).
Soneto a forma fixa 14 versos, Petracra criou soneto decassílabo (Shakespeare 12)
Deveria predominar amor carnal (Renascimento) mas predomina amor platônico
"Soneto", de Luís Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor
"Soneto", de Luís Vaz de Camões

A/mor/ é/ fo/go/ que ar/de/ sem/ se/ ver//; A


É/ fe/ri/da /que/ dói/ e/ não/ se/ sen//te; B
É/ um/ con/ten/ta/men/to/ des/con/ten//te; B
É /dor/ que/ de/sa/ti/na /sem/ do/er//; A

É /um/ não/ que/rer/ mais/ que/ bem/ que/rer//; A


É /so/li/tá/rio an/dar/ por/ en/tre a/ gen//te; B
É /nun/ca/ con/ten/tar/-se/ de/ con/ten//te; B
É /um /cui/dar/ que/ ga/nha em/ se/ per//der; A

É/ que/rer/ es/tar/ pre/so /por/ von/ta//de; C


É/ ser/vir/ a /quem /ven/ce, o/ ven/ce/dor//; D
É/ ter/ com/ quem/ nos/ ma/ta/ le/al/da//de. C

Mas /co/mo/ cau/sar/ po/de /seu/ fa/vor// D


Nos/ co/ra/ções/ hu/ma/nos/ a/mi/za//de, C
Se/ tão/ con/trá/rio a/ si/ é o/ mes/moA/mor//? D
classicismo
Transforma-se o amador na coisa amada,
(Unicamp)Um dos aspectos mais importantes da
lírica de Camões é a retomada renascentista de
ideias do filósofo grego Platão. Considerando o
Por virtude do muito imaginar; soneto citado, pode-se dizer que o chamado
Não tenho, logo, mais que desejar, “neoplatonismo” camoniano
Pois em mim tenho a parte desejada.

a) É afirmado nos dois primeiros quartetos, uma
Se nela está minha alma transformada, vez que a união entre amador e pessoa amada
Que mais deseja o corpo de alcançar? resulta em uma alma única e perfeita.
Em si somente pode descansar, b) É confirmado nos dois últimos tercetos, uma
Pois com ele tal alma está liada. vez que a beleza e a pureza reúnem-se

finalmente na matéria simples que deseja.
Mas esta linda e pura semideia, c) É negado nos dois primeiros quartetos, uma
Que, como o acidente em seu sujeito, vez que a consequência da união entre amador
Assim como a alma minha se conforma, e coisa amada é a ausência de desejo.

d) É contrariado nos dois últimos tercetos, uma


Está no pensamento como ideia;
vez que a pureza e a beleza mantêm-se em
E o vivo e puro amor de que sou feito,
harmonia na sua condição de ideia.
Como a matéria simples busca a forma.

(Luís de Camões, Lírica: redondilhas e sonetos, Rio de Janeiro: Ediouro / São


Paulo: Publifolha, 1997, p. 85.)
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades. Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por Camões.


a)O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas,
Continuamente vemos novidades, que o poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida.
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
b)A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas não
E do bem (se algum houve) as saudades.
afeta o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença


amorosa.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria, c)Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do poeta,
E em mim converte em choro o doce canto. que acolhem suas mágoas e saudades.

d)Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também a


E afora este mudar-se cada dia,
experiência que ele tem da própria mudança.
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía*.

(Luís Vaz de Camões)


*soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo do


verbo “soer” (costumar, ser de costume).

(Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p.91.)


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades. Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por Camões.


a)O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas,
Continuamente vemos novidades, que o poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida.
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
b)A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas não
E do bem (se algum houve) as saudades.
afeta o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença


amorosa.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria, c)Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do poeta,
E em mim converte em choro o doce canto. que acolhem suas mágoas e saudades.

d)Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também a


E afora este mudar-se cada dia,
experiência que ele tem da própria mudança.
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía*.

(Luís Vaz de Camões)



d

*soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo do


verbo “soer” (costumar, ser de costume).

(Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p.91.)


AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER Camões, adotando uma concepção racionalista e platônica da
(Soneto nº 005) bem-amada, ama a mulher não por ela própria, mas por encontrar
Luiz Vaz de Camões nela refletido o sentimento do Amor em grau absoluto; amor do
Amor, e não do ser que o inspirou.

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
Nesse soneto, o poeta procura
é dor que desatina sem doer.

a)conceituar o amor, o que só consegue realizar lançando mão de
É um não querer mais que bem querer; antíteses e paradoxos.
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente; b)entender a diferença entre o amor sagrado e o amor carnal que
é um cuidar que ganha em se perder. profana a alma.

É querer estar preso por vontade; c)provar que o amor platônico é apenas uma mera projeção do
é servir a quem vence, o vencedor; inconsciente e, portanto, deve ser abandonado.
é ter com quem nos mata, lealdade.
d)associar o sentimento amoroso ao desejo de salvação da alma

que era o ideal de vida do poeta renascentista.


Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
e)negar a possibilidade da fusão entre o amor carnal e o amor
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
platônico, pois o verdadeiro amor só existe na vida celestial.

AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER Camões, adotando uma concepção racionalista e platônica da
(Soneto nº 005) bem-amada, ama a mulher não por ela própria, mas por encontrar
Luiz Vaz de Camões nela refletido o sentimento do Amor em grau absoluto; amor do

Amor, e não do ser que o inspirou.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
Nesse soneto, o poeta procura
é dor que desatina sem doer.

a)conceituar o amor, o que só consegue realizar lançando mão de
É um não querer mais que bem querer; antíteses e paradoxos.
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente; b)entender a diferença entre o amor sagrado e o amor carnal que
é um cuidar que ganha em se perder. profana a alma.

É querer estar preso por vontade; c)provar que o amor platônico é apenas uma mera projeção do
é servir a quem vence, o vencedor; inconsciente e, portanto, deve ser abandonado.
é ter com quem nos mata, lealdade.

d)associar o sentimento amoroso ao desejo de salvação da alma
que era o ideal de vida do poeta renascentista.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
e)negar a possibilidade da fusão entre o amor carnal e o amor
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
platônico, pois o verdadeiro amor só existe na vida celestial.

(a)

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível


em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012. (Foto: Reprodução/Enem)
LXXVIII (Camões, 1525?-1580)

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas


Leda serenidade deleitosa, linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo
Que representa em terra um paraíso; contexto social e cultural de produção pelo fato de
Entre rubis e perlas doce riso; ambos
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; A) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo

unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no
Presença moderada e graciosa, poema.
B )valorizarem o excesso de enfeites na apresentação
Onde ensinando estão despejo e siso
pessoal e na variação de atitudes da mulher,
Que se pode por arte e por aviso, evidenciadas pelos adjetivos do poema.
Como por natureza, ser fermosa; C)apresentarem um retrato ideal de mulher marcado

pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura,
Fala de quem a morte e a vida pende, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; no poema.
Repouso nela alegre e comedido: D )desprezarem o conceito medieval da idealização da

mulher como base da produção artística, evidenciado
Estas as armas são com que me rende pelos adjetivos usados no poema.
E me cativa Amor; mas não que possa E)apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela
Despojar-me da glória de rendido. emotividade e o conflito interior, evidenciados pela

expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 2008.
As duas obras (poema e pintura) representam linguagens artísticas diferentes, no entanto,
fazem parte de um mesmo contexto social e cultural de produção ao apresentarem uma
imagem da mulher ideal - a mulher marcada pela sobriedade e pelo equilíbrio. No poema de
Camões temos o uso dos adjetivos, já na pintura, a postura, a expressão e vestimenta. A
opção C confirma essa ideia.
A mitologia comparada surge no século XVIII. Essa tendência influenciou o escritor cearense
José de Alencar, que, inspirado pelo estilo da epopeia homérica na Ilíada, propõe em Iracema
uma espécie de mito fundador do povo brasileiro. Assim como a Ilíada vincula a constituição
do povo helênico à Guerra de Troia, deflagrada pelo romance proibido de Helena e Páris,
Iracema vincula a formação do povo brasileiro aos conflitos entre índios e colonizadores,
atravessados pelo amor proibido entre uma índia — Iracema — e o colonizador português
Marfim Soares Moreno. DETIENNE, M. A invenção da mitologia. Rio de Janeiro: José Olympio,
1998 (adaptado).

A comparação estabelecida entre a Ilíada e Iracema demonstra que essas obras

a)combinam folclore e cultura erudita em seus estilos astéticos.

b)articulam resistência e opressão em seus gêneros literários.

c)associam história e mito em suas construções identitárias.

d)refletem pacifismo e belicismo em suas escolhas ideológicas.

e)traduzem revolta e conformismo em seus padrões alegóricos.


A mitologia comparada surge no século XVIII. Essa tendência influenciou o escritor cearense
José de Alencar, que, inspirado pelo estilo da epopeia homérica na Ilíada, propõe em Iracema
uma espécie de mito fundador do povo brasileiro. Assim como a Ilíada vincula a constituição
do povo helênico à Guerra de Troia, deflagrada pelo romance proibido de Helena e Páris,
Iracema vincula a formação do povo brasileiro aos conflitos entre índios e colonizadores,
atravessados pelo amor proibido entre uma índia — Iracema — e o colonizador português
Marfim Soares Moreno. DETIENNE, M. A invenção da mitologia. Rio de Janeiro: José Olympio,
1998 (adaptado).

A comparação estabelecida entre a Ilíada e Iracema demonstra que essas obras

a)combinam folclore e cultura erudita em seus estilos astéticos.

b)articulam resistência e opressão em seus gêneros literários.

c)associam história e mito em suas construções identitárias.

d)refletem pacifismo e belicismo em suas escolhas ideológicas.

e)traduzem revolta e conformismo em seus padrões alegóricos.

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