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Trabalho de português- “Tormento do ideal” Antero de Quental

(projeta-se o poema)

Boa tarde a todos! No âmbito da disciplina de português foi-nos solicitada a análise e


interpretação de um dos poemas mais reconhecidos de Antero de Quental, “Tormento do
ideal”.

De forma a vos enquadrar no tema desta pequena apresentação nós iremos proceder à
audição de uma declamação deste poema. Quem quiser acompanhar poderá então abrir o
manual da disciplina na página 294. (https://www.youtube.com/watch?v=oHgl8oPhSPg ).

À priori, a audição deste poema poderá suscitar algumas dúvidas relativamente ao tema que
este aborda. Contudo, após alguns momentos de reflexão poderemos então concluir que este
desenvolve o tema da configuração do ideal.

Quanto ao assunto, o poema retrata, nas primeiras estrofes, o reconhecimento por parte do
sujeito poético de dois mundos distintos, o mundo real e o mundo sensível. O sujeito lírico
deseja, assim, atingir a Beleza eterna ou a perfeição, sentindo uma grande tristeza na medida
em que, tal como está presente nos dois tercetos, é imperfeito e de “formas incompletas”.
Para além disso, no último terceto o sujeito poético transparece a missão/destino de todos os
poetas: a perceção do mundo de uma forma diferente dos outros, isto é, os poetas
compreendem o mundo de uma forma mais melancólica e têm a capacidade de conhecer a
perfeição.

Em seguida, iremos proceder ao levantamento dos recursos expressivos contidos neste


poema, bem como dos tempos verbais e tipos de frase predominantes neste.

A expressão “Tormento do Ideal” é um paradoxo, na medida em que o ideal transmite um


conceito necessariamente bom, no entanto, o sujeito poético considera-o um tormento, visto
que este encontra limitações na sua poesia, sendo que a sua obra nunca será perfeita dado
que o sujeito poético habita num mundo imperfeito, considerando que nunca será possível
alcançar a beleza ideal.

O segmento “Conheci a Beleza que não morre / e fiquei triste” é uma antítese, uma vez que a
beleza eterna normalmente traz emoções positivas e não negativas. Nesta expressão, a palavra
beleza encontra-se escrita com letra maiúscula para destacar o carácter inatingível dessa
beleza a que o sujeito poético tanto desejava ascender. Assim, consciente do grande
distanciamento entre a conceção de beleza ideal e a imperfeição do mundo, o sujeito lírico fica
triste.

A frase “Como quem da serra/Mais alta que haja, olhando aos pés a terra/ E o mar, vê tudo, a
maior nau ou torre,/ Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;” é uma comparação, visto que o
sujeito poético compara-se a alguém que, a partir de um ponto alto observa a terra lá em
baixo e vê tudo pequeno sem brilho ou beleza.

A expressão “Assim eu vi o mundo e o que ele encerra/ Perder a cor, bem como a nuvem que
erra” é uma comparação, uma vez que o sujeito lírico perceciona a beleza de uma forma mais
melancólica, podendo ser, assim, comparada com a perda de cor do mundo.

Os versos “a nuvem que erra/ Ao por do sol” constitui uma metáfora, pois alude ao ser
humano e à sua própria existência.
Para além disso, Antero de Quental recorre a processos de sinestesia de forma a apelar aos
sentidos do leitor, tal como está presente nos seguintes excertos “Luz que jorre” e “ perder a
cor”.

O verso “Recebi o batismo dos poetas” é uma metáfora, pois esta expressão aborda a missão
do sujeito poético, já que este era poeta, tinha como destino percecionar o mundo de uma
forma distinta, isto é, de um modo mais melancólico e tinha a capacidade de reconhecer a
perfeição.

Finalmente, os elementos “Pálido e triste” constitui uma dupla adjetivação, uma vez que está a
caracterizar o estado de espírito do sujeito lírico quando perceciona o mundo como um
verdadeiro poeta.

Quanto aos tempos verbais utilizados por Antero de Quental neste poema, salienta-se a
alternância dos tempos Pretérito Perfeito do Indicativo e Presente do Indicativo, como forma
de contraste entre a visão do mundo por parte do sujeito lírico antes do reconhecimento da
“Beleza que não morre” (v. 1), recorrendo-se ao Pretérito Perfeito do Indicativo e depois do
seu reconhecimento, socorrendo-se do Presente do Indicativo.

Neste soneto predominam as frases declarativas, apesar de a maior parte dos versos
terminarem com uma vírgula, transmitindo, desta forma, a ideia de um pensamento
encadeado do sujeito poético.

Posto isto, iremos dar início à análise formal desta obra de Antero de Quental.

Este poema trata-se de um soneto, uma vez que apresenta duas quadras e dois tercetos, o
que, por sua vez, ajuda no desenvolvimento progressivo da ideia central do poema, que tem
como objetivo destacar a unidade final do último terceto. O soneto de Antero de Quental
surge assim como o molde ideal para a reflexão e expressão de sentimentos. Também como
característica deste género de texto lírico, o último terceto é denominado por chave de ouro,
uma vez que contém os versos do soneto que traduzem o mais essencial presente no poema.
Nesta, o sujeito lírico afirma-se poeta e explica a mágoa que sente por ter de fazer poesia com
elementos imperfeitos, isto é, as formas incompletas presentes no nosso mundo.
Seguidamente, de forma a exemplificar a sua escansão métrica iremos então dividir o primeiro
verso nas suas sílabas métricas.

Se procedêssemos à análise de todos os versos concluiríamos que todos seguem o mesmo


padrão de 10 sílabas métricas, sendo por isso denominados de decassílabos. Relativamente às
suas rimas, este soneto apresenta como esquema rimático: abba abba ccd eed (pões as letras
no quadro tipo isto)
Contudo, como sabemos as rimas também podem ser avaliadas como tonante ou consoante,
sendo que neste caso são todas consoantes porque a conformidade dos sons é completa em
todas as rimas.

Em suma, tendo em conta que já respondemos a todos os tópicos que nos foram sugeridos da
forma mais completa possível, podemos então concluir que este poema não só apresenta uma
estrutura complexa como também é recheado de inúmeros recursos expressivos e
pormenores que revelam e enfatizam a complexidade do tema configuração do ideal.

Damos assim por encerrada a nossa apresentação!

Esperamos que tenham gostado!

Obrigada pela vossa atenção.

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