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Explica, com base nas duas últimas estrofes, por que razão o sujeito poético pode ser
considerado um profeta.
A figura do herói está presente em muitas obras estudadas ao longo do ensino secundário,
embora a sua construção possa depender de diversos fatores.
Escreve uma breve exposição na qual distingas o herói em Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões,
do herói em Mensagem, de Fernando Pessoa.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites, para cada uma das obras, uma característica que
permita distinguir o herói em Os Lusíadas do herói em Mensagem, fundamentando as
características apresentadas em, pelo menos, um exemplo significativo de cada uma das obras;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema
Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo
Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2008,
pp. 314-315.
Nas três primeiras estrofes, o sujeito poético descreve um lugar idealizado.
Apresenta duas características desse espaço e exemplifica cada uma delas com uma
transcrição pertinente.
Explicita dois sentidos das anáforas e das suas variantes (versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19), tendo em
conta o desenvolvimento temático do poema.
Do diálogo de José Saramago com o «passado» emerge, em romances como Memorial do
Convento e O Ano da Morte de Ricardo Reis, uma visão crítica sobre o tempo histórico
representado e sobre a sociedade desse tempo.
Escreve uma breve exposição na qual comproves a afirmação anterior, baseando-te na tua
experiência de leitura de um dos romances mencionados.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos que são objeto de crítica pelo narrador,
fundamentando cada um desses aspetos em, pelo menos, um exemplo pertinente;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Começa por indicar o título da obra por ti selecionada.
Meu coração.
Sem renovar
No anoitecer.
Ricardo Reis, Poesia, edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, p. 181.
Apesar da referência a «Meu coração» (v. 4), que remete para o campo das emoções, Ricardo
Reis assume uma atitude racional.
Tendo em conta os seis primeiros versos do poema, explicite em que consiste essa atitude
racional, bem como o motivo que leva o sujeito poético a assumi-la.
Transcreva a comparação presente no final do poema e interprete o seu sentido.
Do étimo latino ARENA derivaram as palavras portuguesas arena e areia. Do mesmo étimo
derivaram também as palavras ____a)____ . Na evolução de ARENA para areia, ocorreu, entre
outros processos fonológicos, a ____b)_____ . Por seu lado, na evolução de STELLA para
estrela ocorreu, entre outros processos fonológicos, a ____c)____.
Se eu interrogasse e me espantasse
Nem mudaria qualquer cousa no sol de modo a ele ficar mais belo.
Alberto Caeiro, Poesia, edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, 3.ª ed., Lisboa,
Assírio & Alvim, 2009, p. 57.
Relacione as comparações presentes nos dois primeiros versos com o sentido do quarto verso.
Logo no primeiro verso, – "Screvo meu livro à beira-mágoa" – o "eu" lírico descreve que o seu estado de
alma é marcado pela dor, mágoa e tristeza. É, por isso, à "beira-mágoa" que ele exterioriza a sua
desilusão face à frustração de, no presente, ver a sua pátria moribunda. Contudo, embora através do
verso "Meu coração não tem que ter." (v.2) notemos vazio interior do sujeito poético, acredita que
o "Senhor" virá – "Só te sentir e te pensar / Meus dias vácuos enche e doura."(vv. 5-6) – ressuscitar a
O sujeito poético apela à vinda do "Encoberto", ainda que, nas duas últimas estrofes, esse pedido se
exprima de forma profética, como podemos notar pela forma mais íntima como o questiona, presente,
sobretudo, em marcas textuais como "Tornar-me" (v. 15) ou "Fazer minha esperança amor" (v. 18) que
anunciam a vinda do "Messias".
Percebemos, ainda, que o sujeito poético não só deseja a realização do "Sonho das eras português" (v.
14), como se apresenta como mensageiro desse desejo de todo o povo – a conquista do Quinto Império.
Ao longo da composição poética, notamos a presença da primeira pessoa do singular não só nas formas
verbais, como "Screvo" (v. 1), "Tenho" (v. 3), mas também em determinantes possessivos – "meu" (vv. 1 e
2) – ou pronomes pessoais – "me" (v. 4).
Para além desta marca, destaca-se a expressão da subjetividade do sujeito poético, a revelação do seu
estado de alma e dos seus sentimentos de tristeza e amargura em relação à pátria que vê no momento, o
que lhe provoca desânimo – "Meu coração não tem que ter." (v. 2).
A figura do herói é fundamental nas duas obras, ainda que com diferenças significativas.
Camões, em Os Lusíadas, canta os navegadores, os reis e todos os que se distinguiram pelas suas
ações, ou seja, destaca a vertente humana e histórica, os heróis corajosos que exploraram "mares nunca
dantes navegados", conduzindo-os ao estatuto de divinos.
Já a Mensagem apresenta heróis com uma dimensão mítica e simbólica, sem que possam incluir-se num
espaço ou tempo definidos. D. Sebastião não é o "ser que houve", mas sim "o ser que há", símbolo da
esperança de renovação da glória espiritual da pátria.
Assim, ainda que ambas as obras louvem a pátria, os heróis assumem valores diferentes.
O espaço descrito pelo sujeito poético caracteriza-se como um espaço de sonho e da imaginação –
«Onde há paisagens que não pode haver» (v. 2)/«Sei, sim, é belo, é longe, é impossível» (v. 13)/«E,
ainda que não haja» (v. 15); esse espaço é ainda perspetivado como promessa de felicidade – «tudo o
que é a vida / Tornado amor e luz» (vv. 6-7).
Nos versos 3 e 4, o sujeito poético estabelece uma comparação entre a beleza das ilhas e o «veludo»,
para sugerir a suavidade/a felicidade que o mundo pode proporcionar, se a composição dos seus
elementos for harmoniosa. O poema enquadra-se na temática do sonho e da realidade, na medida em
que as ilhas imaginadas permitem ao sujeito poético vislumbrar um mundo de plenitude a que, no entanto,
só pode aceder através do sonho.
As anáforas assumem um papel fundamental na estruturação do poema, introduzindo cada estrofe. Por
um lado, a repetição de "Bem sei" reforça a afirmação da consciência de que o espaço descrito existe
apenas no sonho, sendo por isso inacessível. Por outro lado, as anáforas mostram como o sonho é
inerente à essência do sujeito poético, como o afirma no verso 16, "Que é uma parte natural de mim.".
Em Memorial do Convento, é evidente o olhar crítico do narrador sobre:
‒ a prepotência do rei D. João V, patente, por exemplo, no recrutamento compulsivo de homens de todo o
país, escravizados e vivendo em condições miseráveis;
‒ a ostentação/megalomania do monarca português, patente, por exemplo, na sucessiva ampliação do
Convento de Mafra e na importação de materiais e objetos diversos;
‒ a violência/a opressão exercida pela Inquisição, patente, por exemplo, nos autos de fé;
‒ o contraste entre a miséria do povo e a riqueza/a opulência do rei D. João V e da Igreja, patente, por
exemplo, no facto de Baltasar e Blimunda dormirem no chão, enquanto o rei encomenda uma cama
luxuosa/dispendiosa para a rainha.
Nos versos 1 e 2, o sujeito poético associa o seu “olhar azul” aos elementos naturais, nomeadamente ao
“céu” e à “água ao sol”, o que sugere a ideia de tranquilidade.
Assim, estas comparações simples com a Natureza revelam um olhar calmo e sereno, sendo a
justificação dada no verso 4 – “porque”, na observação do mundo, o “eu” lírico não se “interroga” nem se
“espanta”.
Deste modo, as comparações confirmam a ausência de pensamento abstrato, metafísico, por parte do
sujeito lírico, e reforçam a importância da sensação visual na “compreensão” do mundo, isto é, na mera
aceitação do que vê.
b.
No verso 12, com o recurso à oração subordinada adverbial causal, o sujeito poético apresenta a sua
justificação para o facto de recusar o pensamento abstrato, já que aceita a objetividade do mundo sem
questionação. Despindo-se de pensamentos e de emoções, o sujeito lírico
expressa a ideia de que a Natureza é constituída apenas por aquilo que os sentidos captam.
Contudo, ao referir, nos versos 13 e 14, que aceita sem agradecer essa bênção, há uma aparente
contradição, já que evidencia que essa visão é fruto de uma opção consciente, ou seja, pensada,
admitindo, então, que pretende fingir que não pensa.
Nos seis versos iniciais, o sujeito poético apresenta uma atitude racional, visto que assumidamente rejeita
qualquer tipo de mudança que se possa operar no seu ser, o que comprova que a razão suplanta a
emoção.
Dirigindo-se a Lídia, a sua confidente silenciosa, o “eu” lírico revela o seu sentimento de terror face à
mudança, que lhe provoca sofrimento. Assim, estando ciente de que o único modo de evitar esse
sofrimento e conquistar a serenidade possível é a aceitação voluntária do Fado, o sujeito poético
intelectualiza as emoções, assumindo uma atitude de apatia perante a inevitabilidade do momento fatal.
Através da comparação – “indo / Para a velhice como um dia entra / No anoitecer” –, o sujeito poético
recorre a um fenómeno natural para se referir à sua morte. Neste sentido, é estabelecida uma analogia
entre o fim de um dia, que de forma natural dá lugar à noite, e a passagem inexorável do tempo na vida
humana, para realçar o desejo do “eu” lírico de que o tempo passe por ele de forma impercetível,
aceitando a sua “noite”, isto é, o seu fim – a entrada na “velhice”, que conduzirá a uma morte tranquila.