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Nome: Helton Sitoe

Disciplina: Português VI

Recensão crítica do poema este Inferno de amar de Almeida Garrett


“Este Inferno de Amar” é um poema escrito por Almeida Garrett, um dos mais
proeminentes escritores e poetas do romantismo português. Podendo este ser
encontrado em sua coletânea Folhas caídas, publicada em 1853. Este poema é uma
expressão intensa dos sentimentos amorosos e das complexidades emocionais
associadas ao amor. No poema, Garrett descreve o amor como um “inferno”, uma
metáfora que reflete a dor e a paixão intensa que muitas vezes acompanham o amor. Ele
descreve o amor como um sentimento que consome e atormenta a alma, tornando-o um
tema central do romantismo, que muitas vezes valoriza emoções intensas e conflitos
internos. Garrett também aborda a dualidade do amor, mostrando como ele pode ser ao
mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Ele descreve a luta entre o desejo de amar e
a angústia que o amor pode causar.

No entanto, o poema também sugere que, apesar das dificuldades, o amor é uma força
poderosa que transcende o sofrimento. Garrett expressa a ideia de que o amor é capaz de
elevar a alma e proporcionar um sentido profundo à vida. O poema é constituído por
três estrofes regulares, com dezoito versos e todos são eneassílabos.
Este texto é estruturado de modo a conter dezoito versos, divididos em três sextetos. As
estrofes deste poema de Almeida Garrett, seguem um padrão regular de rimas, em que o
primeiro e terceiro verso não rimam, o segundo rima com o quarto e o quinto rima em
parelha com o sexto. Todos os versos do poema possuem cada um deles, nove sílabas
poéticas, razão pela qual designam-se eneassílabos. É interessante observar como se
sobressaem as sílabas tônicas (3ª, 6ª e 9ª do verso) neste esquema rítmico, a ponto de
que as outras sílabas do verso, ainda que gramaticalmente acentuadas, soem como
fracas.
Este inferno de amar é um poema que, já pelo título, evidencia um tom de desabafo. O
eu lírico, pois, extravasa o sentimento que experimenta e compara-o a um inferno. Na
primeira estrofe do poema vemos, além da confissão apaixonada, a exploração das
tradicionais antíteses que envolvem o amor, comparado a uma “chama que alenta e
consome”, “que é a vida e que a vida destrói”.
Já constatamos em Camões, no poema Amor é um fogo que arde sem se ver, que pinta o
amor como o paradoxo supremo. Em Este inferno de amar, vemos esta mesma ideia já
no título, posto que amar, a princípio, parece-nos relacionar-se mais a algo agradável,
prazeroso, feliz e encantador, do que a um inferno, que é um lugar lúgubre e medonho.
O eu lírico, então, expõe-nos esta outra face do amor e pergunta, como num grito
desesperado, quando haveria de a “chama” que o consome se apagar. A partir da
segunda estrofe, vemos o eu lírico utilizar uma técnica comum no Romantismo que é a
evocação do passado. O passado, então, é pintado como doce, alegre, enquanto o
presente o mais das vezes representa o sofrimento. Poderíamos estender-nos e dizer que,
em muitos casos, a mesma técnica é utilizada transformando o passado em sonho,
enquanto o presente simboliza a realidade contrastante. É o que vemos,
simultaneamente, em Este inferno de amar: o passado, que talvez não passe de um
sonho, é pintado como o momento sublime da vida do eu lírico, que ora encontra-se
num “inferno”. Naturalmente, este passado idealizado representa o dia em que estava o
eu lírico junto de sua amada.
Por fim, o poema é finalizado com uma confissão exaltada, em que o eu lírico diz que,
embora não saiba como, “começou a viver” somente após o contato com sua amada.
O que que nos remete a ideia de que apesar de todo o sofrimento, todo o desassossego,
todo o “inferno” decorrente deste amor experimentado, parece querer o eu lírico dizer-
nos que tal amor é aquilo que lhe justifica a existência.

O poema “Este Inferno de Amar” de Almeida Garrett ainda é relevante nos dias atuais,
pois a temática do amor e as complexidades emocionais associadas a ele continuam a
ser uma parte fundamental da experiência humana. A Universalidade do amor: O amor é
um tema atemporal que transcende as épocas. As emoções e conflitos retratados no
poema são algo com que as pessoas de todas as gerações podem se identificar, já que o
amor é uma experiência comum e inerente à condição humana. A Reflexão sobre
emoções humanas: O poema explora a dualidade do amor, mostrando como ele pode ser
ao mesmo tempo uma fonte de alegria e sofrimento. Isso reflete a complexidade das
emoções humanas, que ainda são relevantes e significativas nos relacionamentos atuais.
A Compreensão das relações: O poema oferece balizas sobre a natureza das relações
amorosas, destacando as tensões e os desafios que podem surgir. Essas reflexões podem
ser úteis para as pessoas que buscam entender e lidar com questões de relacionamento
nos dias de hoje.
O poema “Este Inferno de Amar” permanece relevante porque aborda as complexidades
do amor de maneira profunda e poética, algo que continua a tocar os corações e mentes
das pessoas, independentemente da época em que vivem. O poema serve como um
lembrete de que as emoções e os desafios associados ao amor são aspectos universais e
eternos da experiência humana.

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