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Bom dia, o poema que eu vou vos apresentar é «Seus Olhos» de Almeida Garrett.

Fazendo uma breve introdução sobre o autor o seu nome era João Baptista da Silva Leitão de
Almeida Garrett, ele nasceu no dia 4 de fevereiro de 1799 no Porto e faleceu no dia 9 de
dezembro de 1854 em Lisboa, algumas das obras que ele publicou foram Frei Luís de Sousa;
Folhas Caídas; Romanceiro; etc...
Em relação ao tema deste poema é o Amor não correspondido entre o Eu poético e a amada e
o assunto abordado neste poema é relativamente aos sentimentos do eu lírico, quando este se
apaixona afirma que, no momento em que pôs os seus olhos na amada, começou a viver.
Relativamente à estrutura interna o sujeito poético na primeira estrofe começa a referir que o
tema da sua pintura era os olhos da amada, mas de acordo com os seguintes versos “Não
tinham luz de brilhar/Era chama de queimar”, isto mostra outra perspetiva do poema, onde o
sujeito poético mostra que esses sentimentos são de tal forma intensos que fazem com que
esse amor possa também ser destruidor. Já na segunda estrofe é basicamente a mesma coisa
que a estrofe de cima, mas aqui podemos ver o sentimento de desilusão do eu poético quando
descobre que o seu amor não é correspondido (últimos três versos).
Este poema tem vários recursos estilísticos como vocês podem ver, mas eu apenas só vou dizer
três deles. O primeiro é a Antítese, a antítese nestes dois versos quer dizer-nos que a «chama»
caracteriza a «luz» dos olhos da amada daí que vai provocar ao sujeito poético uma paixão
destruidora, ou seja, «queimar», «ateou», «grave», «fatal» e «cinza» desenvolvem um sentido
negativo da «chama» nos olhos da amada. Em relação à Tripla Adjetivação, o Eu poético aqui
está a adjetivar o fogo, ou seja, o fogo é algo divino sem fim e sempre vivo, ou seja, não se
extingue. Por fim, a Hipérbole neste verso representa um exagero ao poder que, os olhos da
amada, exerce sobre o Eu poético pelo uso da palavra «fatal» que representa a morte do Eu
poético.
De acordo com a estrutura externa, este poema é constituído por duas estrofes de sete versos
e é um hexassílabo, ou seja, tem seis sílabas métricas. E em relação à rima, é constituída por
rimas emparelhadas e interpoladas de acordo com o esquema rimático ABAABCC/ DDEFFEF.
A imagem que eu escolhi foi esta como vocês já tinham visto desde o início do poema, o nome
desta pintura chama-se «O Pescador e a Sereia» de Frederic Leighton , esta pintura mostra a
sedução fatal de um pescador por uma sereia, ou seja, o pescador entrelaçado com a sereia
representa o poder sedutor e destrutivo que o sexo feminino possuí sobre o sexo oposto.
Por fim, eu acredito que esta obra esteja de certa forma interligada com o poema, pois ambos
mostram o poder da beleza feminina sobre os homens, no poema quem se encarrega dessa
demonstração de poder são os olhos da mulher e na pintura é o corpo feminino.

Seus olhos - que eu sei pintar Divino, eterno! - e suave


O que os meus olhos cegou – Ao mesmo tempo: mas grave
Não tinham luz de brilhar, E de tão fatal poder,
Era chama de queimar; Que, um só momento que a vi,
E o fogo que a ateou Queimar toda a alma senti...
Vivaz, eterno, divino, Nem ficou mais de meu ser,
Como facho do Destino. Senão a cinza em que ardi.

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