Você está na página 1de 5

Análise do Poema

“Amor é fogo que arde sem se ver”

Trabalho realizado por: Hugo Santos 10D


Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Análise formal:
Este poema é um soneto pois é constituído por duas quadras e dois tercetos.
Os versos são decassilábicos, isto é, são compostos por dez sílabas métricas,
de acordo com o exemplo seguinte:
É / um / com/ tem / ta/ men / to / des / cont /tem / (te)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 x
O esquema rimático presente nas quadras é : ABBA tratando-se, por isso, de
rimas interpoladas e emparelhadas. Nos tercetos a rima é interpolada de
acordo com o esquema seguinte CDC DCD,.
TEMA:
Neste soneto, o tema principal é o amor, definido como um sentimento
contraditório mas ainda assim procurado pelos homens. O poeta explora a
ideia de que o verdadeiro amor supera as aparências físicas e é uma força
poderosa que não pode ser plenamente compreendida ou percebida pelos
sentidos. O poema destaca a natureza paradoxal do amor, comparando-o
metaforicamente a um fogo ardente sem ser visto pelos olhos do homem. Ao
utilizar a imagem do fogo, ”amor é fogo que arde sem se ver”, Camões realça
a paixão e a intensidade deste sentimento que todos procuram mas que
nunca alcançam.
Este poema apresenta uma estrutura bipartida:
1º Parte(vv 1-11) O sujeito poético faz onze tentativas distintas de descrever
o amor, porém sem sucesso. Todas as tentativas de definição apontam para o
facto do amor ser um sentimento contraditório. Não é de estranhar,
portanto, a pergunta com que o sujeito poético encerra o poema. Sendo o
amor tão contraditório e impossível de definir como pode ser
sistematicamente procurado pelos “corações humanos”, isto é, como é que
as pessoas podem continuar a apaixonar-se?
2º Parte(vv 12-14) Após todas as tentativas anteriores, o sujeito poético
finaliza o poema por uma pergunta retórica que mostra como o amor é um
sentimento contraditório.

Alguns dos recursos expressivos presentes neste poema são:


● Metáfora: “amor é um fogo…” que reforça o sentimento amoroso
● Anáfora: com a forma verbal “é” presente no início dos (vv 2-11)
● Antítese: presente nos onze primeiros versos das quais irei destacar as
que me pareceram mais intensas: (dói/ não se sente;
contentamento/descontente; dor/sem doer; não querer/bem querer;
andar solitário/entre a gente; nunca contentar-se/contente;
ganhar/perder) que caracterizam a contradição deste sentimento.
● Ao lermos este poema verificamos que começa e acaba com a mesma
palavra “amor” como se fosse um círculo que se fecha salientando a
dificuldade apresentada no início relacionada com a dificuldade de
definir esta emoção.
Razão da escolha:
Li vários poemas de Camões mas, este texto foi o único que despertou a
minha atenção. Para além da sua sonoridade, achei muito interessante a sua
tentativa de definir o amor. Ao ler estes versos, senti que o sujeito poético
procurava demonstrar o quanto o amor pode desencadear um conflito
interior que associa a dor e o prazer.
Apesar deste poema ter sido escrito por volta do século XVI, acho
interessante verificar que, passados tantos anos, esta vontade de definir esta
noção de amor ainda esteja presente na sociedade do século XXI e, continua
sem estar concluída. De notar que numa época em que predomina a
comunicação e o conhecimento de fácil acesso, através da Internet,
continuamos a não saber o que é o AMOR. No final do poema o sujeito
poético mostra apenas que é um sentimento contraditório cheio de
sofrimento e desejado por cada um de nós. Um dos outros motivos que me
levou à seleção deste poema foi o facto de ouvir Luís Represas a cantar esta
obra de Camões.
Pintura relacionada com o poema

Analisando esta obra podemos ver que a presença das estrelas no céu
noturno retratado na obra pode sugerir uma conexão de superação e o
desejo de um amor eterno. As estrelas, muitas vezes, são associadas à ideia
do destino. Simbolizam uma força superior que guiam e inspiram os amantes.
A intensidade emocional e a carga subjetiva presentes na obra de van Gogh
através das cores e do sentido dos toques do seu pincel também podem estar
relacionadas com a experiência do amor. O artista era conhecido pela sua
sensibilidade e suas próprias lutas emocionais, e suas pinceladas expressivas
e cores intensas podem refletir as profundas emoções associadas ao amor.
Embora "A Noite Estrelada" não retrate explicitamente a temática do amor,
as suas qualidades estéticas e expressivas permitem que seja interpretada e
apreciada em relação a essa emoção complexa. Esta obra de van Gogh
convida o espectador a uma experiência emocional tão intensa como o amor,
o que pode ressoar com a natureza profunda e contraditória deste
sentimento.

Você também pode gostar