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ANÁLISE COMPARATIVA

LITERATURAS EM LÍNGUA PORTUGUESA I

Docente: Jacob dos Santos Biziak


Discentes: Alana Natieli Santana dos Santos, Júlia Duarte Jacob, Maria Eduarda da
Silva Ramos, Marta Ribeiro Pereira e Victor Hugo Ramiro Belelli
1. TEXTOS ANALISADOS:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Às vezes no silêncio da noite


Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

2. ANÁLISE “AMOR É UM FOGO QUE ARDE SEM SE VER” (LUÍS DE


CAMÕES)

A primeira estrofe dessa cantiga de amor apresenta uma descrição paradoxal do


amor. O poeta afirma que o amor é um fogo que arde sem se ver, destacando sua
natureza intangível e invisível. Essa imagem sugere que o amor pode ser sentido
intensamente, mesmo que não haja uma manifestação física evidente. O poeta
também descreve o amor como uma ferida que dói sem que a dor seja perceptível.
Isso destaca a ideia de que o amor pode causar sofrimento, mesmo que não haja
uma causa aparente.
Na segunda estrofe, o poeta continua explorando os paradoxos do amor. Ele
descreve o amor como um contentamento descontente, revelando que, mesmo
quando se está amando, pode-se sentir uma insatisfação constante. O amor é
caracterizado como uma dor que desatina sem doer, o que sugere que o amor pode
levar à loucura ou ao desequilíbrio emocional. O poeta também destaca a
contradição entre o desejo de estar com o amado e a solidão que se sente mesmo
no meio das pessoas.
Na terceira estrofe, o poeta enfatiza a insatisfação constante do amante. O amor é
descrito como um estado de nunca estar satisfeito, mesmo quando tudo parece
estar bem. O poeta ressalta a noção de que se ganha ao se perder, sugerindo que o
amor envolve abrir mão de certezas e de si mesmo em prol do amado. O poeta
também menciona o desejo de estar preso por vontade, indicando que o amante
está disposto a se submeter ao amado e servir a ele, mesmo que isso signifique
uma posição de submissão.
Na última estrofe, o poeta aborda a contradição final do amor. Ele questiona como o
amor pode causar amizade nos corações humanos, quando o próprio amor é tão
contraditório em sua natureza. O poeta sugere que o amor é algo complexo, muitas
vezes oposto a si mesmo, mas mesmo assim, ele exige lealdade e fidelidade.
Essa cantiga de amor de Luís de Camões apresenta uma série de paradoxos e
contrastes para expressar a natureza contraditória e complexa do amor. O poeta
descreve o amor como uma experiência intensa e multifacetada, que envolve prazer
e dor, satisfação e insatisfação, desejo e solidão. Através dessas imagens
paradoxais, Camões retrata o amor como uma força poderosa e indomável que
afeta profundamente aqueles que se encontram sob seu domínio.

3. CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO CLÁSSICO (CLASSICISMO) NO


SONETO
 Uso da forma fixa: O soneto é uma forma poética fixa, composta por 14
versos estruturados em dois quartetos (estrofes de quatro versos) seguidos
de dois tercetos (estrofes de três versos). Essa estrutura rígida era típica do
Classicismo.
 Temática amorosa: O Classicismo valorizava a expressão dos sentimentos
amorosos, e esse soneto aborda o tema do amor de forma intensa e
apaixonada. O eu lírico reflete sobre a natureza do amor e sua capacidade de
causar sofrimento e prazer.
 Uso de paradoxos: O soneto apresenta uma série de paradoxos, que são
figuras de linguagem típicas do Classicismo. Um exemplo é a afirmação de
que “Amor é fogo que arde sem se ver". O paradoxo consiste em unir
elementos aparentemente contraditórios, criando uma imagem forte e
impactante.
 Linguagem culta e rebuscada: O Classicismo valorizava a linguagem
elaborada e o uso de recursos estilísticos. No poema de Camões, podemos
observar o uso de metáforas, antíteses e outras figuras de linguagem. Bem
como um vocabulário rico e formal.

4. ANÁLISE DA MÚSICA “SOZINHO” (CAETANO VELOSO)

"Sozinho" é uma das canções mais emblemáticas de Caetano Veloso, lançada em


1984. A música, composta por Peninha, ganhou uma nova roupagem e
interpretação única nas mãos de Caetano Veloso, tornando-se um grande sucesso
e uma das mais conhecidas de sua carreira.
Sua letra é introspectiva e melancólica, criando uma atmosfera de solidão e
reflexão. A música aborda o sentimento de estar sozinho, uma solidão que é mais
do que apenas a ausência física de alguém, mas uma solidão emocional e
existencial.
Logo no início da canção, Caetano canta: "Às vezes no silêncio da noite, eu fico
imaginando nós dois", estabelecendo a atmosfera melancólica da música e a
reflexão sobre um relacionamento que já não existe mais. A letra evoca a saudade e
a nostalgia de momentos passados, quando havia a presença do amado(a) ao seu
lado.
A música segue com versos como "Sem você, meu riso é tão triste", revelando a
tristeza e a falta de alegria na ausência do outro. Essa frase expressa a dor
emocional profunda de estar sozinho após o término de um relacionamento,
ressaltando o impacto que o amor pode ter em nossa felicidade.
A letra também menciona a dificuldade em aceitar a solidão, como no verso "A paz
que eu não quero mais". Isso mostra que, apesar de sentir falta da presença do
amado(a), há também um desejo de encontrar uma paz interior e superar a dor da
solidão.
A interpretação de Caetano Veloso em "Sozinho" é intensamente emocional,
transmitindo uma sensação de vulnerabilidade e honestidade. Sua voz suave e
expressiva dá vida às palavras, tornando a música ainda mais impactante.
A melodia e a instrumentação complementam a letra, com arranjos minimalistas que
valorizam a voz de Caetano e a mensagem da música. A harmonia sutil e os
acordes bem colocados contribuem para a atmosfera de introspecção e reflexão.
Portanto é uma canção que ressoa profundamente com muitas pessoas, pois
aborda emoções universais de solidão e saudade.

5. COMPARAÇÃO ENTRE AMBOS.

Podemos fazer uma comparação entre Luís de Camões e a música "Sozinho" de


Caetano Veloso, um dos grandes compositores e cantores brasileiros
contemporâneos. Embora pertençam a épocas e estilos diferentes, ambos são
conhecidos por sua habilidade em expressar emoções profundas por meio de suas
respectivas formas artísticas.
Luís de Camões escreveu em uma época em que a poesia lírica trovadoresca era
popular, abordando temas como o amor, a saudade e a condição humana. Camões
usava uma linguagem poética rica, imagens vívidas e uma estrutura formal
complexa para expressar suas emoções e reflexões.
Por outro lado, Caetano Veloso é um cantor e compositor brasileiro aclamado,
conhecido por sua musicalidade inovadora e letras profundas. Nessa canção,
Caetano expressa a solidão e a saudade de uma forma melancólica e poética. Ele
transmite emoções intensas por meio de sua voz suave e melódica, combinada com
arranjos delicados.
Apesar das diferenças de forma e contexto, podemos encontrar pontos de
convergência entre Camões e "Sozinho". Ambos abordam temas universais, como a
solidão e a saudade, explorando a complexidade das emoções humanas.
Tanto Camões quanto Caetano Veloso demonstram uma habilidade notável em
utilizar a linguagem poética para transmitir sentimentos profundos e despertar uma
conexão emocional com o público. Eles são capazes de evocar imagens vívidas e
criar uma atmosfera poética que ressoa com o público, tocando em questões
essenciais da experiência humana.
Embora Luís de Camões tenha utilizado a poesia escrita e Caetano Veloso a música
como meio de expressão, ambos compartilham a capacidade de criar obras
artísticas que tocam as pessoas e que são apreciadas por sua riqueza lírica e
emocional. Eles representam vozes distintas em diferentes períodos históricos, mas
ambos contribuíram significativamente para a expressão artística e literária em suas
respectivas culturas.
6. CONCLUSÃO.

Fazendo a comparação entre o poema "Amor é fogo que arde sem se ver", de Luís
de Camões, e a música "Sozinho", de Caetano Veloso, concluímos que:

 "Amor é fogo que arde sem se ver" é um soneto clássico de Luís de Camões,
enquanto "Sozinho" é uma música contemporânea de Caetano Veloso.
Ambos expressam a temática do amor, embora de maneiras diferentes.
 Tanto o poema de Camões quanto a música de Caetano Veloso abordam a
complexidade e as contradições do amor. "Amor é fogo que arde sem se ver"
descreve o amor como uma chama que queima interiormente, mas que não
pode ser vista externamente. "Sozinho" fala sobre a solidão resultante de um
relacionamento que terminou, onde o amor agora é sentido como uma
ausência dolorosa.
 Ambas as obras exploram a solidão e a falta do ser amado. O poema de
Camões destaca a dor de amar em segredo, sem que a outra pessoa esteja
ciente disso, enquanto a música de Caetano Veloso expressa a tristeza e a
saudade causadas pela ausência do amado(a).
 Tanto Camões quanto Caetano Veloso usam uma linguagem poética e
imagética para transmitir suas emoções. O soneto de Camões apresenta
metáforas e paradoxos para expressar a natureza invisível e ardente do
amor. A música de Caetano Veloso utiliza uma melodia suave e letras
poéticas para evocar uma sensação de introspecção e melancolia.
 Ambas as obras destacam a intensidade emocional do amor. O poema de
Camões sugere que o amor é uma força poderosa e ardente, que consome e
transforma aquele que o sente. A música de Caetano Veloso transmite a
tristeza profunda causada pela solidão, mostrando que o amor tem o poder
de afetar profundamente nossas emoções e bem-estar.
 O poema de Camões é uma reflexão mais abstrata sobre o amor, enquanto a
música de Caetano Veloso é uma expressão mais pessoal e intimista das
emoções. Enquanto Camões usa a linguagem escrita para transmitir suas
ideias, Caetano Veloso utiliza a melodia, a voz e os arranjos musicais para
criar uma experiência emocional.
 Mesmo sendo obras de épocas e estilos diferentes, tanto o poema "Amor é
fogo que arde sem se ver" de Luís de Camões quanto a música "Sozinho" de
Caetano Veloso exploram a complexidade, as contradições e a intensidade
do amor. Ambas as obras oferecem reflexões sobre a experiência humana do
amor e das emoções relacionadas a ele.
REFERÊNCIAS
Camões, L. V. Amor é fogo que arde sem se ver. Em Cultura Genial. Acesso em
19 de junho de 2023, de https://www.culturagenial.com/poema-amor-e-chama-que-
arde-sem-se-ver-de-luis-vaz-de-camoes/

Gregório de Matos. Amor fiel. Em Como Fazer um Poema. Recuperado em 19 de


junho de 2023, de https://comofazerumpoema.com/poema-amor-fiel-gregorio-de-
matos-poesia/

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