O poema "Pobre Velha Música" é uma obra do poeta português Fernando

Pessoa, que é conhecido por sua habilidade em explorar diferentes vozes e

perspetivas poéticas. Neste poema específico, Pessoa usa uma voz lírica para
expressar sentimentos de nostalgia e melancolia em relação à música.

Aqui está uma análise do poema "Pobre Velha Música" de Fernando Pessoa:

Estrofe 1: "Pobre velha música! Símbolo, de nós dois, Vincado na pauta Do

mesmo pano a dois fios, Tu és a diferença, Tu és a circunstância De ter sido ou
não Para nós a vida."

Nesta estrofe inicial, o eu lírico chama a música de "pobre" e a personifica,

sugerindo que a música é um símbolo da relação entre duas pessoas. A música
é vista como algo que marca a diferença e a circunstância da vida dessas duas
pessoas, indicando que ela desempenhou um papel importante em sua história.

Estrofe 2: "Mas hoje é noite, e ouço O que na noite é tudo. No silêncio canta
Uma voz longa e aérea, E o que ouço é tão longe E o que ouço é tão triste Que
é como se o não ouvisse, E como se não existisse."

Nesta estrofe, o eu lírico descreve a experiência de ouvir música à noite. A

música é descrita como "longa e aérea", criando uma sensação de distância e
tristeza. A música parece estar tão distante e triste que o eu lírico sente como se
não estivesse realmente ouvindo-a, como se ela não existisse.

Estrofe 3: "Porque tudo é tão triste E o teu olhar, que eu sinto Como se o visse,
É o teu olhar que eu não sinto, Porque é meu o meu ouvido E a música que
ouço É pobre porque é só música."

O eu lírico explora a tristeza que permeia tudo ao seu redor. O olhar da pessoa
amada é mencionado, mas o eu lírico não consegue senti-lo verdadeiramente.
Em vez disso, ele está concentrado na música que ouve, mas a música é descrita
como "pobre" porque é apenas música, incapaz de preencher o vazio causado
pela ausência do olhar amado.

Resumindo, "Pobre Velha Música" é um poema que explora a relação entre

música e emoção, sugerindo que, em determinados momentos, a música pode
não ser capaz de preencher o vazio deixado pela ausência de algo ou alguém
importante. O poema transmite uma sensação de melancolia e nostalgia através
de sua linguagem lírica e imagens evocativas.
1. Personificação: O poema personifica a música, tratando-a como um ser
humano ("Pobre velha música!"), o que cria uma conexão emocional mais
profunda entre o eu lírico e a música.
2. Metáfora: O uso da música como metáfora para a relação entre duas
pessoas ("Símbolo, de nós dois") ajuda a transmitir a complexidade e a
importância da relação.
3. Repetição: A repetição da palavra "pobre" ao longo do poema reforça a
sensação de melancolia e tristeza. A palavra é usada para descrever tanto a
música quanto a ausência do olhar amado, criando um paralelismo entre os
dois elementos.
4. Imagética: O poema cria imagens vívidas, como "O que ouço é tão longe" e
"É como se o não ouvisse", que ajudam a transmitir a sensação de distância
e desconexão emocional.
5. Ironia: A ironia está presente na frase "E como se não existisse", pois,
embora o eu lírico afirme que a música parece não existir, ela está
claramente afetando suas emoções profundamente.
6. Contraste: O poema faz uso de contrastes, como a diferença entre a música
e o olhar da pessoa amada, para enfatizar a tristeza e a ausência de algo
importante na vida do eu lírico.
7. Aliteração: A repetição de sons consonantais, como o "s" em "só música,"
ajuda a criar uma qualidade sonora que complementa o tema melancólico
do poema.