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Análise do poema “Adeus”, de Eugénio de Andrade SLIDE 1

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Quando nos debruçamos sobre todas estas imagens percebemos que todas têm pelo
menos uma coisa em comum, um amor que por algum motivo fechou ao fim, de forma
mais ó menos trágica nenhum sobreviveu às mais diversas diversidades da vida.
O poema que vamos apresentar hoje retrata isso mesmo, um amor desgastado pelo
tempo que vai dar origem a um sentimento de melancolia e vazio.
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Antes de iniciarmos a apresentação do poema e a sua respetiva análise, vamos fazer
uma breve apresentação do autor.
Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de janeiro de 1923 no
Fundão. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários
movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de cinquenta anos de
atividade poética.

Revelou-se em 1948, com “As Mãos e os Frutos”, a que se seguiria, em 1950, “Os Amantes sem
Dinheiro”. Os seus livros foram traduzidos em muitos países e ao longo da sua vida foi
distinguido com inúmeros prémios, entre eles o Prémio Camões, em 2001. Morreu a 13 de
junho de 2005 no Porto, cidade que o acolheu mais de metade da sua vida.

(PP: Informações sintetizadas e imagens do poeta)

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O poema de Eugénio Andrade que vamos analisar chama-se “Adeus”, e vamos começar por
mostrar um vídeo da RTP Ensina que nos dá uma leitura expressiva do poema.

(PP: Mostrar o vídeo; tentar mostrar ao mesmo tempo o poema escrito inteiro sem palavras
destacadas - https://ensina.rtp.pt/artigo/adeus-de-eugenio-de-andrade/)

Partindo para a análise deste poema, após a leitura do mesmo torna-se fácil perceber que se
trata do fim de uma relação amorosa. O sujeito poético faz uma retrospetiva dessa relação,
realçando o desgaste da relação ao longo do tempo, que leva à destruição do amor, daí
resultando um sentimento de vazio para o qual já não há solução.

O verso «O que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes» e o verso«Meto as
mãos na algibeira e não encontro nada», que estão destacados nas duas primeiras estrofes,
denunciam o vazio deixado pelo fim do amor e revelam que desse amor já nada se pode
esperar, pois o vazio anunciado apenas nos remete para a impossibilidade de continuação da
relação amorosa.A repetição da palavra «Gastámos» constitui uma anáfora e é usada para
acentuar esse desgaste da relação.

No passado remoto, representado pelo pretérito imperfeito, o sujeito poético vivia feliz e em
plenitude amorosa: não haviam barreiras, nem impossíveis. Com a passagem do tempo, o
desgaste do amor e, consecutivamente, da relação, vai-se tornando cada vez mais evidente,
acabando por atingir o seu ponto de saturação no presente com um vazio amoroso que dá
lugar à rutura.

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Nos versos «o teu corpo era um aquário» e «os meus olhos / eram realmente peixes verdes»,
que estão destacados a negrito, estão presentes duas metáforas. Ambas as metáforas
pertencem ao campo semântico da água, muito presente na poesia de Eugénio de Andrade.
Aqui, a água está associada ao desejo, à vitalidade do amor. Por isso se compreende que,
acabando o amor, o sujeito poético afirme nos versos 35 e 36 da última estrofe «Dentro de ti /
não há nada que me peça água».

 O passado é algo que ficou para trás, que já não se consegue recuperar, que já nada
poderá acrescentar à vida dos amantes. Talvez por terem abusado tanto das palavras
ao ponto de as gastarem ou, simplesmente, porque quase tudo tem um fim. Dá-nos a
sensação de que o amor é ingrato e que tem um tempo limitado quando, no nosso
íntimo, queremos e desejamos intensamente que ele seja eterno. Ficamos com a ideia
de que o amor, os afetos, as relações são fugazes e que passam por nós sem darmos
conta, quase num sussurro e que vão ainda mais depressa do que chegam.Neste
contexto, surge o verso «O passado é inútil como um trapo» que nos remete também
para a inutilidade da recordação desse passado, pois o que se pretende é seguir em
frente. Daí que o poema termine de forma definitiva com o verso «Adeus».

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Para a ilustração deste poema escolhemos esta pintura feita num mural pelo artista de rua
Bansksy, onde podemos ler: “ there is always hope”. Consideramos que esta imagem retrata
de forma bem elucidativa este poema visto que encontramos uma rapariga a largar um balão,
que pode simbolizar um amor perdido, um “Adeus”.O contraste das cores, o preto da rapariga
com o vermelho do balão dá intensidade à pintura, que nos remete ao poema de Eugénio de
Andrade.

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Associado a esta imagem podemos complementar uma canção onde Simone de Oliveira
interpreta de forma ilustre o poema “Adeus”.Ambos os elementos transportam-nos aos
mesmos sentimentos que o poema nos transmite. Um clima de nostalgia, e tristeza.

(PP: mostrar apenas um minuto do vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=8zvSjbrfpus)

(ver se há tempo para colocar esta animação com cerca de um minuto -


https://www.youtube.com/watch?v=fuFj_X5J6uM)

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Relativamente a referências culturais e intertextualidade, este poema não faz nenhuma


referência a outros textos, no entanto, com base neste poema decidimos fazer referência a
conhecidas histórias de amor trágicas que retratam uma separação forçada. Um dos exemplos
é história de amor de Jack e Rose, no filme Titanic, onde, após o navio afundar, o Jack acaba
por morrer de hipotermia nas águas geladas do oceano, e a Rose acaba por sobreviver.
Também Romeu e Julieta representam a separação forçada de uma relação, onde Romeu toma
um veneno e Julieta ao acordar e perceber que Romeu tomou o veneno, suicida-se.

SLIDE 11:

Para terminar a análise deste poema de Eugénio de Andrade, queremos reforçar que a poesia
deste poeta revela a existência de uma aliança forte e acesa com os ambientes naturais,
confecionando permanentemente uma menção aos quatro elementos míticos: o fogo, a água,
o ar, a terra.

A importância dada à palavra é tão grandiosa, que está continuamente palpável, quer no seu
valor imaginativo, quer rítmico, sendo a musicalidade um dos aspetos mais marcantes.

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