Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Exercício A
Exercício B
1. Antigamente, escrevia sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me
fizessem festas,...
2. Não chora por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que o têm feito chorar.
Lembra-se, como do que está vendo, da noite em que, ainda criança, leu pela primeira vez numa
selecta o passo célebre de Vieira sobre o Rei Salomão. (...) E, disse, chorou; hoje, relembrando,
ainda chora. Não é – não – a saudade da infância, de que não tem saudades: é a saudade da
emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza
sinfónica.
Exercício C
1. “ó Vento”
4. “Torna a dar-nos, ó Silêncio, (...), a nossa ama e o nosso berço e a nossa canção com que nós
dormíamos.”
Deixis e elementos deícticos
Lembro essas manhãs e o brilho fresco da água pelas noites sufocantes de Julho, e o frémito da
terra na hora do recomeço. Meu pai, quando parti, disse-me:
– Volta.
Minha mãe olhava-me em silêncio, dorida, e todavia serena como se detivesse o fio do meu
destino, ou soubesse, da sua carne, que tudo estava certo como a vida: o nascer, o partir, o morrer.
– Volta – repetiu ainda o meu pai.
Eis que volto, enfim, nesta tarde de Inverno, e o ciclo se fechou. Abro as portas da casa deserta,
abro as janelas e a varanda. (...)
Pensei, sofri, lutei. Mas de tudo o que aconteceu é como se nada me tivesse acontecido. Alguém
me incumbiu do que fiz, muito antes de eu nascer, quando outros homens, outra gente, acabavam a
tarefa que eu havia de começar. Essa tarefa deixo-a aos que vierem depois.
Vergílio Ferreira, “A Carta”, in Contos
1.1. Sublinhe as expressões que marcam a presença do sujeito que fala e as que localizam o tempo
e o espaço do enunciado, relativamente ao momento da enunciação – os deícticos pessoais,
temporais e espaciais.
1.2. Refira os casos em que uma só palavra exprime simultaneamente referências diversas (Ex.:
volto – deíctico pessoal, temporal e espacial).
1.1.
Lembro essas manhãs e o brilho fresco da água pelas noites sufocantes de Julho, e o frémito da
terra na hora do recomeço. Meu pai, quando parti, disse-me:
– Volta.
Minha mãe olhava-me em silêncio, dorida, e todavia serena como se detivesse o fio do meu
destino, ou soubesse, da sua carne, que tudo estava certo como a vida: o nascer, o partir, o morrer.
– Volta – repetiu ainda o meu pai.
Eis que volto, enfim, nesta tarde de Inverno, e o ciclo se fechou. Abro as portas da casa deserta,
abro as janelas e a varanda. (...)
Pensei, sofri, lutei. Mas de tudo o que aconteceu é como se nada me tivesse acontecido. Alguém
me incumbiu do que fiz, muito antes de eu nascer, quando outros homens, outra gente, acabavam a
tarefa que eu havia de começar. Essa tarefa deixo-a aos que vierem depois.
Vergílio Ferreira, “A Carta”, in Contos
1.2.