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Encontros | Português, 12.

º ano Retoma | Gramática

Ficha 18 Coesão referencial e temporal

Informação

1. Dá-se o nome de coesão aos processos que permitem retomar e articular informação num texto.

2. A coesão textual é garantida por meio da coesão gramatical e da coesão lexical.


A coesão referencial e temporal são exemplos de coesão gramatical.

3. A coesão referencial é assegurada pelo uso anafórico de pronomes, isto é, por pronomes que retomam um
referente (entidade anteriormente referida no texto). Este mecanismo designa-se anáfora.
Ex.: A Rita estava ansiosa. Alguma coisa a preocupava.
Ao falar com uma amiga, a Rita confidenciou-lhe os seus medos.

3.1. A coesão referencial também pode ser assegurada por catáforas (neste caso, o pronome antecede o
referente) e por elipses (omissões).
Ex.: Ambas ficaram apreensivas – nem a Rita, nem a amiga sabiam como reagir. (catáfora)
A Rita sentou-se no banco e [-] fechou os olhos. (elipse do pronome “ela”)

3.2. Quando duas ou mais expressões têm o mesmo referente, mas não dependem uma da outra para que
o referente seja identificado, diz-se que são correferentes (correferência não anafórica).
Ex.: A Rita lembrou-se de Fernando Pessoa. Como compreendia o autor do poema “Ela canta,
pobre ceifeira”…

Nota: Algumas regras de colocação do pronome pessoal


1. Nos casos em que desempenha a função sintática de complemento direto ou de complemento indireto, em geral o pronome
pessoal coloca-se depois da forma verbal, ligando-se a ela por meio de um hífen.
2. Nos tempos compostos, o pronome coloca-se depois do verbo auxiliar, ligando-se a ele por meio de um hífen.
3. No entanto, há algumas situações em que o pronome pessoal se coloca antes da forma verbal:
- em frases negativas ou que contêm uma palavra negativa (ninguém, nenhum, sem, nunca, jamais, nada):
- em frases iniciadas por pronomes interrogativos (que?, quem?) , determinantes interrogativos (que) ou
advérbios interrogativos (como?, onde?, quando?);
- em frases em que o verbo é antecedido por certos advérbios (bem, mal, ainda, também, já, sempre, só, talvez);
- em frases em que o sujeito inclua as palavras ambos, todo, tudo, alguém, outro, qualquer;
- em orações coordenadas que sejam introduzidas por não só… mas / como também, nem… nem, ou…ou, quer… quer, ora…
ora, seja…seja;
- em orações subordinadas.

4. A coesão temporal é assegurada por:


• utilização de expressões adverbiais ou preposicionais com valor temporal;
Ex.: Ao cair da noite, a Rita voltou a casa.
Primeiro despiu o casaco, depois calçou os chinelos.
• conexões temporais (orações subordinadas temporais);
Ex.: Quando a Rita chegou a casa, o seu gato foi ter com ela.
• ordenação correlativa de tempos verbais.
Ex.: Quando o gato chegou à sala, já a Rita tinha saído.
(pretérito perfeito simples / pretérito mais-que-perfeito composto)
Sempre que pensava no seu problema, a Rita ficava transtornada.
(pretérito imperfeito / pretérito imperfeito)

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Aplicação

1. Lê o texto

O milagre da escrita

Rios inteiros de tinta e, mais modernamente, milhões de gigabytes


têm sido consumidos para escrever sobre José Maria de Eça de Queirós.
Não vamos tentar, sequer, resumir tudo isso. O que importa, muito
além de todos os estudos e ensaios académicos, é relembrá-lo aos por-
5 tugueses e mostrar, a quem não o lê, um pouco do muito que está a
perder por vias de tal inércia.
Antes de mais, um breve resumo da sua vida: nasceu em 1845, na
Póvoa de Varzim, e foi batizado em Vila do Conde – o que é já, de certo
modo, uma primeira ironia (ainda involuntária, embora) da parte de
10 alguém que viria a usar o humor como brilhante arma de arremesso: a
Póvoa e Vila do Conde são vizinhas muito próximas, porém rivais acir
radas. Ao nascer numa e ser batizado na outra, fez com que cada uma
solenemente o declarasse como património seu.

“Um milagre da escrita” [Em linha], Super Interessante, n.º 220, agosto de 2016
[Consult. em 19-01-2017]

1.1. Identifica os antecedentes dos pronomes e determinantes sublinhados.


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1.2. Explicita, exemplificando, os mecanismos que conferem coesão temporal ao segundo parágrafo.
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2. Lê mais um excerto do mesmo texto.

O seu maior contributo, repete-se, terá sido lavar, arejar a prosa. As suas personagens não fazem
tiradas oratórias – falam com naturalidade e vivacidade. Em vez de procurar vocábulos rebuscados e
eruditos, constrói a escrita com palavras correntes, mas usa-os com infinita arte.

Op. cit. [Em linha, consult. em 19-01-2017].

2.1. Reescreve-o, pronominalizando os constituintes sublinhados.


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SOLUÇÕES

18. Coesão referencial e temporal

1.1. “tudo isso” – “Rios inteiros de tinta e, mais modernamente, milhões de gigabytes têm sido consumidos para
escrever sobre José Maria de Eça de Queirós”; “lo” – “José Maria de Eça de Queirós”; “o” – “José Maria de Eça
de Queirós”; “sua” – “José Maria de Eça de Queirós”; “alguém” – “José Maria de Eça de Queirós”; “que” –
“alguém”, “o” – “José Maria de Eça de Queirós”; “seu” – “cada uma”.

1.2. Utilização de uma expressão adverbial com valor temporal (“em 1845”); ordenação correlativa dos tempos
verbais: pretérito perfeito simples para localizar os acontecimentos no passado (“nasceu”, “foi batizado”);
condicional/futuro do passado (“viria”) para localizar os acontecimentos num passado posterior aos
acontecimentos expressos através do pretérito perfeito simples).

2.1. O seu maior contributo, repete-se, terá sido lavar, arejá-la. As suas personagens não as fazem […]. Em
vez de os procurar, constrói-a com palavras correntes […].

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