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TESTE DE PORTUGUÊS 12ºANO –FERNANDO PESSOA ORTÓNIMO

GRUPO I

O que me dói não é


O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

São as formas sem forma


Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.

São como se a tristeza


Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

Fernando Pessoa

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário que se


segue.

Identifica os acontecimentos que motivam a reflexão poética.

Aponta o estado de espírito do poeta ao longo do poema.

Comenta, tendo em conta as características da poesia pessoana, a primeira estrofe do poema,


relacionando-a com a ideia transmitida na última estrofe.

Analisa formalmente o poema e refere um recurso expressivo que te pareça significativo,


justificando a tua opção.

GRUPO II

1. Explica o valor da utilização do Modo Conjuntivo em “Caíssem suas folhas/ Entre o vestígio e
a bruma”.

2. Identifica a cadeia de referência presente na segunda estrofe.

3. Faz derivar a palavra conhecer, de modo a produzires dois lexemas de diferentes categorias
morfológicas.

4. Faz corresponder aos cinco elementos da coluna A cinco elementos da coluna B,


de modo a obteres afirmações verdadeiras.
A B
a. é semanticamente vazia e actualiza o seu significado
contextualmente.
b. é o Sujeito simples.
1. Na oração “Mas essas coisas lindas c. apresenta um Sujeito pronominal e um verbo Intransitivo.
que nunca existirão...” (V. 3-4)
2. A palavra “coisas” (V. 3) d. está presente um verbo Intransitivo e um Sujeito Simples.
3. Em “Ou as sonhar o amor” a e. é o Complemento Directo.
expressão nominal o amor (V. 8)
4. A estrutura “como se a tristeza fosse f. verifica-se uma relação semântica de oposição assinalada
árvore” (V. 9-10) lexicalmente pelo conector.
5. Em “Caíssem suas folhas g. indica um conjunto indeterminado de entidades concretas.
Entre o vestígio e a bruma” (V 11-12)
h. contém um verbo copulativo.

GRUPO III

Considera apenas uma das propostas abaixo apresentadas (A ou B).

O binómio cidade/campo e a questão social são dois temas da poesia de Cesário Verde.
Fazendo apelo à tua experiência de leitura, apresenta, de entre os temas referidos,
aquele que para ti se revelou mais significativo na obra poética do autor. Desenvolve a tua
opinião num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de 150 a 250 palavras.

Picasso
Comenta o quadro de Picasso acima reproduzido, estabelecendo uma ligação entre ele e o
Modernismo.
Redige um texto bem estruturado com 150 a 250 palavras.

Observações:
Para efeitos de contagem, considera-se uma palavras qualquer sequência delimitada
por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen.
Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituem.
Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma penalização até 5 (cinco)
pontos.
RESOLUÇÃO DO TESTE

GRUPO I

1. A reflexão do poeta tem origem na dor que sente: “O que me dói não é/ O que há no
coração”, que, para ele, não parece ter origem naquilo que efectivamente sente, isto é,
naquilo que “há no coração”. É este aparente enigma que o leva a reflectir sobre aquilo
que sente.
2. Ao longo do poema, o poeta manifesta-se triste e desencantado: “o que me dói”. Esta
tristeza deve-se essencialmente à indefinição que o caracteriza, uma vez que aquilo que
lhe causa dor são “essas coisas lindas/ Que nunca existirão”, “São as formas sem forma/
Que passam sem que a dor/ As possa conhecer”. O jogo de palavras – “formas sem
forma” – é o modo pelo qual o poeta apresenta a indefinição do sentimento que o
domina. Este é perspectivado como objecto de análise e a mágoa do poeta projecta-se
sob a forma de uma imagem, da tristeza como árvore cujas folhas se perdem lentamente
e de forma também imprecisa, (“São como se a tristeza/ Fosse árvore e, uma a uma,/
Caíssem suas folhas/ Entre o vestígio e a bruma”).
3. A primeira e última estrofe do poema relacionam-se entre si e surgem como paradigmas
de uma determinada tendência da poesia de Fernando Pessoa ortónimo: a dor de
pensar. Ambas as estrofes aludem à dor e à tristeza, sendo que, em ambas, este
sentimento de mágoa surge indefinido e fruto de uma capacidade de experimentar
sentimentos genuínos. Na primeira estrofe, a dor não é aquilo que existe, é aquilo que
nunca existirá: “O que me dói não é/ O que há no coração/ Mas essas coisas lindas/ Que
nunca existirão”. Interpretar estes versos no âmbito da poesia de Pessoa ortónimo leva a
entender o sofrimento do poeta como radicado na incapacidade de experimentar
emoções verdadeiras, i. e., aquilo que “há no coração” e a consciência lúcida da
manutenção desse estado no futuro. Nesta medida, a última estrofe apresenta
referências à tristeza como algo alheio ao poeta, mais precisamente pela imagem de
uma árvore-tristeza que deixa cair as folhas lentamente (“São como se a tristeza/ Fosse
árvore e, uma a uma,/ Caíssem suas folhas/ Entre o vestígio e a bruma”) sendo a perda
associada ao “vestígio e a bruma”. Estes dois termos remetem para a indefinição de
uma dor inicial, que se perdeu, ficando apenas o vestígio que é cada vez mais
impreciso, tal como a bruma que inibe a possibilidade de ver o real com precisão. Assim,
no quadro da poesia do ortónimo, esta estrofe remete, tal como acontecia na primeira,
para a ideia de uma emoção inicial que se perdeu, ficando apenas um vestígio dela, não
tendo, por conseguinte, o poeta acesso à emoção.
4. . O poema é constituído por três quadras isométricas, em verso hexassilábico, com o
esquema rimático abcb/defe/ghih, o que significa que o poema tem rima cruzada em b,
e, e h, e verso solto nos restantes. Significativa é a imagem da tristeza como árvore, que
percorre a última estrofe, (“São como se a tristeza/ Fosse árvore e, uma a uma,/
Caíssem suas folhas/ Entre o vestígio e a bruma”) uma vez que é através dela que o
poeta reitera a indefinição e o afastamento que experimenta em relação às emoções que
sente e sobre as quais se debruça, transformando-as em meros vestígios impreciso
daquilo que forma inicialmente.

GRUPO II

1. O Modo Conjuntivo presente em “Caíssem suas folhas/ Entre o vestígio e a bruma” é


utilizado para referir um contexto que não tem correspondência no mundo real, uma vez
que a oração transcrita está ligada uma ideia que a antecede e que consiste na criação
de uma realidade possível: “São como se a tristeza fosse árvore”.
2. Na segunda estrofe existe uma cadeia de referência que se estabelece entre a
expressão referencial “formas” e a sua cadeia anafórica “que passam”, “as possa
conhecer”, “as sonhar”. Todas as expressões pronominais referem o mesmo referente:
“formas”.
3. A palavra “conhecer” pode ser derivada para “conhecedor” e “conhecimento” pela
aposição de sufixos derivacionais: “-ecedor” e “-imento”, respectivamente.
4. 1. d/f; 2. a; 3. b; 4. h; 5. d.
5.

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