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Teste formativo

(alunos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro)

Grupo I (100
PONTOS)

A
Lê o poema.

Leve, breve, suave


Leve, breve, suave,
Um canto de ave
Sobe no ar com que principia
O dia.
5 Escuto, e passou...
Parece que foi só porque escutei
Que parou.

Nunca, nunca, em nada,


Raie a madrugada,
10 Ou ‘splenda o dia ou doire no declive,
Tive
Prazer a durar
Mais do que o nada, a perda, antes de eu o ir
Gozar.

PESSOA, Fernando (2015). Poesia 1918-1930 (ed. M. P. da Silva, A. M. Freitas, M. Dine).


Lisboa: Assírio & Alvim, p. 224

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens seguintes.

1. Sintetiza o assunto do poema, completando a tabela. (20


pontos)

2. Explicita o valor da tripla adjetivação “Leve, breve, suave” e da aliteração


presentes no verso 1. (20 pontos)

3. Interpreta o sentido do verso “Escuto, e passou” (v.5).


(20 pontos)
B

Lê o soneto “Oh! Como se me alonga de ano em ano”, de Luís de Camões.

Oh! como se me alonga, de ano em ano,


a peregrinação cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão discurso humano!

5 Vai-se gastando a idade e cresce o dano;


perde-se-me um remédio, que inda tinha;
se por experiência se adivinha,
qualquer grande esperança é grande engano.

Corro após este bem que não se alcança;


10 no meio do caminho me falece,
mil vezes caio, e perco a confiança.

Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,


se os olhos ergo a ver se inda parece,
da vista se me perde e da esperança.
CAMÕES, Luís de (2005). Rimas. Coimbra, Almedina, p. 129.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens seguintes.


4. Nas duas quadras, o sujeito poético reflete sobre os efeitos da passagem do
tempo na sua vida.
4.1. Refere dois dos aspetos que integram essa reflexão. (20 pontos)

5. Explicita o sentido do verso “qualquer grande esperança é grande engano” (v.


8). (10 pontos)

5.1. Relaciona o verso anterior com os dois tercetos. (10 pontos)

Grupo II (50 PONTOS)

Nas respostas de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Lê o texto.

Linguagem animal

O canto de um pássaro, o bramido do veado ou a cintilação do pirilampo são


apenas mensagens destinadas a atrair as fêmeas para o acasalamento ou potenciais
presas, para poder caçá-las. A ciência estuda essas formas de linguagem animal
para averiguar até que ponto poderão conter alguma semelhança com a fala
humana. […]
Um setor da comunidade científica considera que a comunicação é como uma
escala que vai do mais simples ao mais complexo e em que a linguagem humana
ocupa o escalão mais elevado. No entender dos defensores desta tese, os testes
com grandes símios que aprenderam a comunicar com pessoas mostram que as
diferenças entre a linguagem animal e humana decorrem mais de uma questão de
grau do que de classe. […]
Outros especialistas, pelo contrário, entendem que a linguagem é o único fator que
diferencia a nossa espécie dos restantes seres vivos. Em sua opinião, a fala é
sagrada; trata-se do derradeiro obstáculo que se interpõe entre o Homem e a besta,
e não tem nada a ver com a comunicação animal. Por exemplo, um estudo de 2005
de Charles Snowdon, psicólogo da Universidade do Wisconsin em Madison, conclui
que “embora existam muitas semelhanças entre os centros de controlo do idioma na
região subcortical do cérebro de seres humanos e de macacos, não existem
paralelismos nas áreas de Broca e Wernicke”. No mesmo sentido, numerosos
linguistas definem a linguagem com base em características humanas como a
criatividade, as regras sintáticas ou a aptidão para utilizar símbolos abstratos e
atribuir-lhes significado no passado, no presente e no futuro. Contudo, são cada vez
mais os investigadores que questionam essa perspetiva antropomórfica.
Na última reunião interdisciplinar Evolang, organizada pela Universidade de
Utrecht (Países Baixos), debateu-se a tese do linguista Noam Chomsky, segundo a
qual a fala emergiu de forma autónoma na nossa espécie, ignorando as
protolinguagens que poderiam ter sido desenvolvidas pelos primatas que nos
antecederam na linha evolutiva.

Linguagem animal [Em linha].


Super Interessante, setembro de 2010 [Consult. em 07-09-2016]

1. Este texto classifica-se como (5


pontos)
(A) artigo de opinião.
(B) artigo de divulgação científica.
(C) exposição sobre um tema.
(D) apreciação crítica.

2. Uma das marcas de género presentes no texto é (5 pontos)


(A) a prevalência da 2.ª pessoa. (C) a prevalência da 1.ª pessoa.
(B) o comentário crítico. (D) a explicitação das fontes.

3. A informação apresentada nos vários parágrafos do texto (5 pontos)


(A) é sucessivamente mais complexa.
(B) é progressivamente mais simples.
(C) mantém o grau de complexidade.
(D) parte da teoria para os exemplos.

4. Entre os cientistas, a existência de linguagem animal é uma teoria (5 pontos)


(A) unanimemente aceite.
(B) totalmente refutada.
(C) desprovida de interesse.
(D) aceite sem consensualidade.

5. Entre o segundo e o terceiro parágrafos estabelece-se uma relação de (5 pontos)


(A) comparação.
(B) oposição.
(C) parte-todo.
(D) causa-efeito.

6. A oração introduzida por “que” nas linhas 9-10 é subordinada (5 pontos)


(A) substantiva completiva.
(B) adverbial consecutiva.
(C) adverbial final.
(D) adjetiva relativa explicativa

7. O advérbio “Contudo” (l. 22) contribui para a coesão gramatical (5 pontos)


(A) referencial.
(B) temporal.
(C) frásica.
(D) interfrásica.

8. Identifica e exemplifica as formas de expressão temporal presentes no último


parágrafo do texto. (10 pontos)

9. Indica o valor temporal transmitido pela forma verbal “debateu-se” (l. 25). (5 pontos)

Grupo III (50


PONTOS)

1. Redige uma síntese do texto “Linguagem animal”, utilizando entre 80 e 110


palavras. O primeiro parágrafo já está elaborado.

No artigo de divulgação científica “Linguagem animal”, publicado na Super


Interessante, aborda-se o tema da complexidade da comunicação, incidindo-
se nas eventuais semelhanças entre a linguagem animal e a fala humana.
Teste formativo
(alunos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro)

Grupo I
A
1. O sujeito poético constata que a fruição da natureza (audição do canto matinal de uma ave) é destruída pela
sua razão e pela sua capacidade de raciocínio.
2. O uso expressivo da tripla adjetivação e a aliteração em “v” sugerem a leveza, a harmonia e a doçura
do canto da ave ouvido pelo sujeito poético.
3. O sujeito poético sente a brevidade do momento experienciado, reconhecendo que o ato de pensar
(razão) perturba a prazer do canto.

B.

4. Exemplo:
O sujeito poético entende a vida como uma experiência longa e cada vez mais penosa; toma consciência
da aproximação do termo da sua vida.

5. O verso “qualquer grande esperança é grande engano” (v. 8) sugere que, para o sujeito poético, toda a
esperança acaba por se revelar ilusória.
5.1. A ideia transmitida pelo verso concretiza-se nos dois tercetos. O bem desejado é representado como
um objetivo que se persegue, num caminho em que o sujeito cai e se levanta e encontra tantos
obstáculos que o bem desejado se perde de vista e o desânimo vence.

GRUPO II

1. (B) 4. (D) 7. (D)

2. (D) 5. (B)

3. (A) 6. (A)

8. Expressão com valor temporal (“Na última reunião”); tempos verbais (“debateu-se”, “emergiu”.
“antecederam”). (Nota: O condicional neste contexto não tem valor temporal, mas sim modal, marcando
uma atitude epistémica de dúvida).

9. Localização de uma situação no passado.

Grupo III

1. Exemplo:

No artigo de divulgação científica “Linguagem animal”, publicado na Super Interessante, aborda-se o


tema da complexidade da comunicação, incidindo-se nas eventuais semelhanças entre a linguagem
animal e a fala humana.

De acordo com o artigo, há duas teses sobre esta questão: a primeira é a de que a comunicação é uma
escala com diferentes graus de complexidade, ocupando a linguagem humana a posição cimeira; a
segunda é a de que a linguagem é uma característica exclusivamente humana.

A segunda tese tem sido alvo de questionamento. Nesse sentido, a teoria do linguista Chomsky, que
advoga que a linguagem emergiu de forma autónoma na espécie humana, foi recentemente debatida.

(107 palavras)

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