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Unidade 1 · Teste de avaliação

GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Educação Literária
PARTE A

Leia o texto.

Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
5 Dentro do meu coração!

Que angústia desesperada!


Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
E o cego caiu na estrada —
10 Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,


Nenhum momento de meu
Onde for que a alma emprego —
Na estrada morreu o cego
15
A nau desapareceu.

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas (1919-1930), Lisboa, Ática, p. 57

1. Refira o efeito expressivo resultante das repetições que se verificam nos versos 2 e 11.
M

2. Explique o valor simbólico das palavras “cego” (versos 9 e 14) e “nau” (versos 8 e 15), tendo em conta a sua
relação com o sujeito poético.

3. Selecione a opção de resposta adequada para completar a afirmação.


Ao longo do poema, o sujeito poético refere-se à sua alma: na primeira estrofe, esta dimensão do “eu”
é caracterizada através de adjetivos de teor ; na última estrofe, surge associada à
ideia de .
(A) edificante … complementaridade
(B) depreciativo … improficuidade
(C) exortativo … plenitude
(D) moralizador … concretização
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PARTE B

Leia o texto e as notas.

Com grandes esperanças já cantei


Com que os deuses no Olimpo conquistara;
Depois vim a chorar porque cantara,
E agora choro já, porque chorei.

5 Se cuido1 nas passadas que já dei,


Custa-me esta lembrança só tão cara2
Que a dor de ver as mágoas que passara,
Tenho pela mor mágoa que passei.

Pois logo, se está claro que um tormento


10 Dá causa que outro na alma se acrescente,
Já nunca posso ter contentamento.

Mas esta fantasia se me mente?


Oh! ocioso e cego pensamento!
Ainda eu imagino em ser contente.
Luís de Camões, Lírica (antologia), RBA Editores, 1996, pp. 67-68

Notas
1
cuido – penso.
2
cara – estimada; prezada.

4. Considerando as quadras, identifique dois momentos temporais distintos, associando cada um deles a diferentes
estados de espírito do sujeito poético.

5. Clarifique o sentido do primeiro terceto.

6. Complete as afirmações seguintes, selecionando a opção adequada a cada espaço.


Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o número que
corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
M

No último terceto, o carácter a) do poema surge evidenciado, entre outros aspetos, pelo uso da
b) , tal como se constata no verso 12. Nesta última estrofe, o sujeito poético manifesta uma atitude de
c) .

a) b) c)

1. reflexivo 1. apóstrofe 1. relativa esperança

2. crítico 2. interrogação retórica 2. desistência em relação ao que o


rodeia
3. onírico 3. antítese
3. revolta em relação ao mundo
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PARTE C
Escrita

7. Escreva uma breve exposição sobre a dimensão patriótica e a sua expressão simbólica em Frei Luís de Sousa,
de Almeida Garrett.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento, em que aborde a dimensão patriótica e a forma simbólica como esta se concretiza na
obra, explorando, pelo menos, dois aspetos;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II
Leitura e Gramática
Leia o texto e as notas.

Fernando Pessoa é hoje conhecido entre o povo e as escolas como um poeta que tinha heterónimos.
Almada Negreiros provou-o pelo menos em relação ao primeiro destes grupos quando gravou as imagens
daqueles à porta da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Datada do dia 13 de janeiro de 1935,
menos de um ano antes de morrer, Pessoa escreveu uma carta a Adolfo Casais Monteiro. Críticos e público
5 chamam a essa carta “Carta sobre a génese dos heterónimos”. Nela, Pessoa responde a três perguntas de
Casais Monteiro que dizem respeito respetivamente ao plano de publicação das suas obras inéditas, à
génese dos seus heterónimos e ao ocultismo. O primeiro e o terceiro aspetos, que aliás ocupam menos de
um terço da carta, causam hoje menos comoção que o segundo. O primeiro, porque as obras inéditas que
entretanto se conheceram não podiam possivelmente caber nos planos de publicação que o seu autor tinha.
10 O terceiro, porque, sendo embora exótico, podia ser deixado por conta do segundo.
Está assim explicada a designação que a carta passou a ter e, também, que a carta tenha sido usada
muitas vezes como evidência de que Pessoa é um poeta diferente dos outros poetas. Está também explicado
que as reações céticas1 à carta tenham sido reações ao segundo aspeto da carta, isto é, à explicação da
génese dos heterónimos de Fernando Pessoa feita pelo próprio.
15
Há porém duas maneiras de se ser cético a respeito da carta que, embora possam ser combinadas, não é
certo que sejam compatíveis. A primeira é a de demonstrar que a carta de Pessoa não diz a verdade porque
existem evidências independentes que apontam para o contrário. Foi por exemplo brilhantemente tentada a MPAG12DP©
propósito da alegação2 que Pessoa faz na carta de que no dia 8 de março de 1914 escreveu “trinta e tantos
poemas a fio” de O Guardador de Rebanhos. A segunda maneira de se ser cético é a de sugerir que não é
20 certo que a carta diga qualquer coisa, ou pelo menos só qualquer coisa. Enquanto o primeiro tipo de céticos
tende a não duvidar daquilo que a carta diz para que possa duvidar da verdade daquilo que a carta diz, o
segundo tende a duvidar da ideia de que a carta diga alguma coisa. Por isso, o primeiro tipo de céticos
pertence ainda ao grupo dos crentes na carta. Como os crentes não céticos, não tem dúvidas acerca daquilo
que a carta diz. Mas, ao contrário destes, acha que a carta diz algumas coisas que não são verdade. O
25 segundo grupo de céticos distingue-se do primeiro e dos crentes em geral porque duvida daquilo que a carta
diz e, portanto, não faz recomendações acerca da sua veracidade ou falsidade. Uma outra diferença, prática,
existe entre estes dois grupos. O primeiro não se interessa pela maneira como a carta está escrita porque
percebe aquilo que ela quer dizer. O segundo, porque não percebe bem aquilo que a carta quer dizer, só se
interessa pela maneira como a carta está escrita. Que eu pertenço desgraçadamente ao segundo grupo é
30 sugerido pelo facto de todas as expressões entre aspas deste artigo citarem o texto da carta, para mim
intrigantemente obscuro.
Miguel Tamen, “Pessoa's Alberto Caeiro”, in Portuguese Literary & Cultural Studies, 1999, pp. 19-20

Notas
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1
céticas – (reações) de dúvida.
2
alegação – referência.

1. Fernando Pessoa redige a “Carta sobre a génese dos heterónimos”


(A) respondendo, inequivocamente, às dúvidas dos seus leitores.
(B) com o intuito de apresentar o plano de publicação da sua produção heteronímica.
(C) com o intuito exclusivo de desmitificar o seu processo de criação heteronímica.
(D) respondendo a questões que lhe haviam sido apresentadas.

2. A expressão “Está assim explicada a designação que a carta passou a ter” (linha 11) revela que
(A) o nome atribuído à carta foi da responsabilidade do seu destinatário.
(B) o nome surgiu num momento posterior ao da conceção da carta.
(C) foi o emissor da carta a decidir a sua designação.
(D) foi necessário clarificar a designação atribuída pelo seu emissor.

3. A complexidade associada à carta está patente


(A) nas reações e interpretações diversificadas que suscita.
(B) na sua designação pouco consensual.
(C) na sua estrutura formal.
(D) na opacidade da linguagem do seu emissor.

4. Para Miguel Tamen, a carta de Fernando Pessoa


(A) constitui um enigma.
(B) suscita dúvidas quanto à sua origem.
(C) reflete a personalidade hermética do autor.
(D) suscita consenso em relação à sua pretensão. MPAG12

5. Os vocábulos destacados em “O primeiro, porque as obras inéditas que entretanto se conheceram não podiam
possivelmente caber nos planos de publicação que o seu autor tinha.” (linhas 8 e 9) contribuem para
(A) a coesão gramatical interfrásica, em ambos os casos.
(B) a coesão lexical por reiteração, no primeiro caso, e coesão gramatical referencial, no segundo caso.
(C) a coesão gramatical referencial, em ambos os casos.
(D) a coesão gramatical referencial, no primeiro caso, e coesão gramatical interfrásica, no segundo caso.

6. O pronome pessoal presente em “provou-o” (linha 2) retoma o segmento


(A) “conhecido entre o povo e as escolas” (linha 1).
(B) “um poeta que tinha heterónimos” (linha 1).
(C) “Fernando Pessoa” (linha 1).
(D) “Fernando Pessoa é hoje conhecido entre o povo e as escolas como um poeta que tinha heterónimos.”
(linha 1).

7. Classifique a oração “que as reações céticas à carta tenham sido reações ao segundo aspeto da carta” (linhas
12 e 13) e identifique a sua função sintática.
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GRUPO III

Escrita

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, faça
a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Agim Sulaj.

Cry for attention, Agim Sulaj/Cartoon Movement, 2017

O seu texto deve incluir: MPAG12DP©

• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;


• um comentário crítico, fundamentando devidamente a sua apreciação e utilizando um discurso valorativo;
• uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.

FIM

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