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Português, 10.

º Ano
Ficha de Avaliação

1. Leia o vilancete «Se Helena apartar», de Luís de Camões. Em caso de necessidade, consulte as notas.
Depois, apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

a este mote seu:


Helena apartar (1)
do campo seus olhos,
nacerão abrolhos (2).

voltas
A verdura amena,
gados, que paceis (3),
sabei que a deveis
aos olhos d’Helena.
Os ventos serena,
faz flores d’abrolhos
o ar de seus olhos.

Faz serras floridas,


faz claras as fontes:
se isto faz nos montes,
que fará nas vidas?
Trá-las suspendidas
como ervas em molhos,
na luz de seus olhos.

Os corações prende
com graça inhumana;
de cada pestana
ũ’ alma lhe pende.
Amor se lhe rende,
e, posto em giolhos,
pasma nos seus olhos.

NOTAS:
(1) apartar: afastar, desviar, retirar.
(2) abrolhos: espinhos ou rochedos.
(3) paceis: pastais.
A. Indique os versos que constituem uma separação clara na estrutura do poema. Justifique.

B. Enumere os efeitos do olhar feminino.


C. Identifique os recursos estilísticos presentes nos versos que se seguem e refira-se à sua expressividade.

a) «Faz serras floridas, / faz claras as fontes» (versos 11-12)


b) «Trá-las suspendidas, / como ervas em molhos» (versos 15-16)
c) «de cada pestana / ũ’ alma lhe pende.» (versos 20-21)
D. Mostre que o modelo feminino descrito no poema corresponde à perspetiva petrarquista da mulher.
Justifique a sua resposta, transcrevendo os traços físicos e psicológicos que se destacam.

2. Leia o soneto «Pede o desejo, Dama, que vos veja», de Luís de Camões, que se apresenta de seguida. Em
caso de necessidade, consulte as notas. Depois, apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas
respostas aos itens que se seguem.

Pede o desejo (1), Dama, que vos veja,


não entendo o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado (2),
que quem o tem não sabe o que deseja.

Não há cousa a qual natural seja


que não queira perpétuo seu estado;
não quer logo o desejo o desejado,
porque não falte nunca onde sobeja.

Mas este puro afeito (3) em mim se dana (4),


que, como a grave pedra tem por arte
o centro desejar (5) da natureza,

assi o pensamento (6) (pola parte


que vai tomar de mim, terrestre [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.

NOTAS:
(1) desejo: vontade, aspiração, inclinação, apetite, atração, vontade de possuir algo que não se tem.
(2) delgado: delicado.
(3) afeito: afeto.
(4) dana: estraga, corrompe.
(5) centro desejar: força da gravidade.
(6) pensamento: ideia, intenção, reflexão.

A. No verso 1, o sujeito poético dirige-se a uma entidade. Identifique essa entidade e explique a informação
que o eu lhe fornece.
B. Este soneto expõe um conflito entre dois polos. Procure dividir o poema em duas partes lógicas e sintetize
o seu conteúdo.
C. Identifique o recurso estilístico desenvolvido nos versos 10 e 11 («como a grave pedra tem por arte / o
centro desejar da natureza») e refira-se à sua expressividade.

3. Leia o vilancete «De que me serve fugir», de Luís de Camões, que se apresenta de seguida. Depois,
apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

mote seu
De que me serve fugir
de morte, dor e perigo,
se me eu levo comigo?

voltas
Tenho-me persuadido,
por rezão conveniente,
que não posso ser contente,
pois que pude ser nacido.
Anda sempre tão unido
o meu tormento comigo
que eu mesmo sou meu perigo.

E se de mi me livrasse,
nenhum gosto me seria;
que, não sendo eu, não teria
mal que esse bem me tirasse.
Força é logo que assi passe:
ou com desgosto comigo,
ou sem gosto e sem perigo.
A. Procure explicar de que forma o mote desta composição apresenta a temática da angústia existencial.

B. Indique a causa da insatisfação do sujeito poético. Comprove a sua resposta com transcrições textuais.
C. Caracterize o estado de espírito do «eu» do poema, justificando com excertos do texto.

D. Comente a expressividade da rima entre os vocábulos «perigo/comigo», repetida ao longo do vilancete,


tendo em conta a conclusão apresentada pelo «eu» lírico.

4. Leia o soneto «Oh! Como se me alonga, de ano em ano», de Luís de Camões, que se apresenta de seguida.
Em caso de necessidade, consulte as notas. Depois, apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas
respostas aos itens que se seguem.

Oh! Como se me alonga, de ano em ano,


a peregrinação (1) cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão (2) discurso humano (3)!

Vai-se gastando a idade e cresce o dano (4);


perde-se-me um remédio, que inda tinha;
se por experiência se adivinha (5),
qualquer grande esperança é grande engano.

Corro após este bem (6) que não se alcança;


no meio do caminho me falece (7),
mil vezes caio, e perco a confiança.

Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,


se os olhos ergo a ver se inda parece (8),
da vista se me perde e da esperança.

NOTAS:
(1) peregrinação: viagem realizada por um devoto religioso até um local considerado sagrado; percurso
longo e fatigante.
(2) vão: inútil.
(3) discurso humano: percurso de vida.
(4) dano: prejuízo, humilhação, desgosto.
(5) se por experiência se adivinha: se a experiência de vida ensina a prever o que acontece.
(6) bem: felicidade.
(7) falece: morre, desaparece.
(8) parece: aparece.
A. Este soneto constitui uma reflexão pessimista do eu lírico acerca da sua experiência de vida.

Apresente as duas definições para a vida que são referidas pelo sujeito poético na primeira quadra,
explicando o seu significado.

B. Confirme a presença de uma antítese entre as formas verbais do verso 1 e do verso 3, tendo em conta o
tema do poema.
C. Identifique os recursos estilísticos presentes no primeiro terceto e refira-se à sua expressividade.

5. Leia o soneto «Ondados fios d'ouro reluzente», de Luís de Camões. Em caso de necessidade, consulte as
notas. Depois, apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

Ondados fios d'ouro reluzente,


que agora da mão bela recolhidos,
agora sobre as rosas (1) estendidos,
fazeis que sua beleza s'acrecente;

olhos, que vos moveis tão docemente,


em mil divinos raios encendidos,
se de cá me levais alma e sentidos,
que fôra, se de vós não fôra ausente?

Honesto riso, que entre a mor fineza


de perlas e corais (2) nasce e parece (3),
se n'alma em doces ecos não o ouvisse!

S'imaginando só tanta beleza


de si, em nova glória (4), a alma s'esquece,
que fará quando a vir? Ah! Quem a visse!
Luís de Camões. Rimas (ed. Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 2005.

NOTAS:
(1) rosas: face.
(2) perlas e corais: dentes e lábios.
(3) parece: aparece.
(4) em nova glória: alusão à glória da alma ao contemplar, no céu, as divinas essências.
A. Divida o soneto em partes lógicas, justificando a sua resposta.

B. Sintetize o conteúdo das três primeiras estrofes do poema.


C. Identifique e explique os vários recursos expressivos utilizados na descrição da mulher amada,
comentando a sua expressividade.

D. Explicite o efeito expressivo que resulta do facto de os elementos da figura feminina serem mencionados
sem o recurso a determinantes artigos definidos ou indefinidos a antecedê-los, relacionando-o com o tipo de
beleza descrito no poema.
E. Explique o sentido da interrogação retórica formulada no verso 8.

F. Identifique o recurso expressivo presente no verso 13 e comente a sua expressividade.

G. Identifique o nome da figura de estilo que dá conta da repetição dos sons [z] e [s] nos dois tercetos e
comente o seu valor expressivo.

H. No último terceto, o sujeito poético formula um desejo. Refira-o e comente os recursos que lhe conferem
expressividade.

I. Identifique o tema e o assunto do soneto.


J. Demonstre que estamos perante um poema de inspiração clássica.

6. Leia o soneto «A fermosura desta fresca serra», de Luís de Camões. Em caso de necessidade, consulte a
nota. Depois, apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

A fermosura desta fresca serra,


e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra,


o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara natureza


com tanta variedade nos ofrece
me está (se não te vejo) magoando.

Sem ti, tudo m'enoja (1) e m'avorrece;


sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís de Camões. Rimas (ed. Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 1994.

NOTA:
(1) enoja: entristece.
A. Identifique as ideias principais de cada estrofe.

B. Divida o soneto em partes lógicas, justificando a sua resposta.


C. Faça um levantamento das qualidades associadas aos diversos elementos na Natureza referidos no
poema, recorrendo a transcrições textuais.

D. Comente a forma como a Natureza é representada no poema, relacionando-a com o estado de espírito do
sujeito poético.
E. Identifique, nas duas quadras, os processos estilísticos que contribuem para valorizar e dar protagonismo
à paisagem descrita.

F. Proponha uma explicação para o facto de o verbo, na sua função plena, ser praticamente inexistente nas
duas quadras.

G. Identifique os recursos expressivos presentes no último terceto e comente a sua expressividade.


H. Identifique o tema e o assunto do poema.

I. Faça a análise formal do poema.


7. Com base na sua experiência de leitura da lírica camoniana, desenvolva uma exposição sobre os conceitos
de amor expressos nos poemas de Camões. Construa um texto bem estruturado, citando, pelo menos,
quatro exemplos de poemas. A sua exposição deve ter um mínimo de cento e vinte e um máximo de cento e
cinquenta palavras.

«Da tensão alma/corpo, entre aquilo que António José Saraiva há muito designou de “ideal de Laura” (a
amante espiritual de Petrarca) e o “ideal de Vénus” (e a realização amorosa dos corpos) deriva o
“desconcerto”, a inquietação, o desassossego […]»
Amélia Pinto Pais, História da Literatura em Portugal — Uma Perspetiva Didática, Porto, Areal, 2004.
8. Tendo em conta a afirmação abaixo apresentada e com base na sua experiência de leitura da lírica
camoniana, desenvolva uma apreciação crítica sobre os poemas camonianos que se centram na temática da
reflexão sobre a vida pessoal do sujeito poético. Construa um texto bem estruturado, com um mínimo de
cento e vinte e um máximo de cento e cinquenta palavras e cite, pelo menos, dois poemas.

«De facto, o que é muito fácil de documentar nas Rimas de Camões é […] o desejo e o terror da morte; o
antagonismo entre a experiência e a teoria, entre o conhecimento e o acontecimento, a impossibilidade de
conciliação dos contrários […] a agitação e o desequilíbrio psicológicos; o desassossego espiritual, a
inquietação e a desconfiança, o pessimismo existencial […]»
Daniela Barbosa Conceição, Pregnância da(s) Crise(s) na Obra de Camões [dissertação de mestrado],
Coimbra, FLUC, 2010, pp. 34-35.
9. Leia o texto que se apresenta de seguida, da autoria de António José Saraiva. Construa uma síntese bem
estruturada do mesmo texto, entre cento e noventa e duzentas e dez palavras.

A lírica
As composições líricas de Camões oscilam entre dois polos: o lirismo confessional, em que o autor dá
expressão à sua experiência íntima, e a poesia de pura arte, em que pretende transpor os sentimentos e os
temas a um plano formal desligado já da emoção.
Neste segundo polo, Camões revela-se um subtil ourives de composições delicadas e gráceis, discretamente
preciosas, fabricadas com o ouro dos cabelos e do sol, com o verde dos campos e dos olhos, o
resplandecimento dos olhares e das águas, tudo ordenado em antíteses e paradoxos, segundo linhas
enredadas mas geométricas.
É nas redondilhas sobretudo que Camões pratica este tipo de poesia, que marca a passagem do
escolasticismo do Cancioneiro Geral para o cultismo do barroco. No polo oposto encontramos o lirismo
confessional de composições como o soneto «O dia em que nasci morra e pereça», ou as canções «Junto de
um seco, duro, estéril monte» e «Vinde cá, meu tão certo secretário». Nestes poemas, em que parece
obedecer a uma necessidade de desabafo, Camões encontra-se muito perto da poesia romântica
confessional.
O ponto de partida do lirismo confessional de Camões são os temas petrarquianos do amor, que já vimos
tratados por Bernardim Ribeiro. O amor é uma aspiração que engrandece e apura o espírito do amante e não
pode realizar-se sob pena de se extinguir: tem de ser sempre sofrimento e desejo insatisfeito. O gozo é o
próprio tormento e o amor é um jogo de contrastes.
Até aqui, Petrarca e Camões coincidem. Mas Camões excedeu Petrarca pois não deixou de fora da poesia
outros aspetos do amor, inclusivamente o carnal. «Homem feito de carne e de sentidos», notava a
contradição entre a alta aspiração de que fala Petrarca e aquilo que «o corpo deseja de alcançar». As
evocações da beleza espiritual alternam com as de uma beleza carnal viçosa e irradiante. Camões tocava
assim num ponto nevrálgico das contradições de uma sociedade em que à sublimação do amor em certo
nível social correspondia a degradação da mulher noutro nível.
Por outro lado, ao passo que Petrarca parece perfeitamente conformado com a ordem de valores feudal,
Camões mostra-se extremamente sensível à contradição entre o mérito pessoal, os valores «espirituais » e a
situação real do indivíduo na sociedade.
No sentimento desta contradição, Camões vai muito além dos problemas do amor. Meditando sobre o seu
próprio destino, verificava como os prémios, castigos e condições estão mal repartidos e não obedecem a
qualquer norma racional. A riqueza e o mando pertencem não aos mais sábios e virtuosos, mas aos que
roubam, assassinam e possuem a mulher do próximo. O que é na realidade a hierarquia social? Um
«regimento confuso», resultante de «um antigo abuso», que dá o mando àqueles que o utilizam para
praticar injustiças. Que são os reis? Sua ambição «é fartar esta sede cobiçosa / de dominar e mandar tudo
com fama larga e pompa sumptuosa». Mas o vulgo não vale mais; em vez de se guiar pela razão, guia-se
«por uma opinião e usança antiga». Persuadindo-se de que o mundo está ordenado de maneira a favorecer
os maus, diz Camões que resolveu fazer-se mau como os outros. Mas nem esta lei geral se mostrou
verdadeira, porque foi castigado.
A esta contradição objetiva junta-se uma outra, que consiste em o homem aspirar a uma felicidade que
nunca é realizável.
É, portanto, inútil tentar encontrar no mundo uma ordenação racional. Ele é, por natureza, absurdo. E
resumindo o espírito do Elogio da Loucura, de Erasmo, Camões repete a história de um certo Trasilau, que,
tendo enlouquecido, passou a viver feliz, imaginando que lhe pertenciam as naus que via entrar no porto;
quando os médicos o restituíram à razão, lamentou-se por o terem tirado «da mais quieta vida e livre em
tudo / que nunca pode ter nenhum sisudo».
António José Saraiva, História da Literatura Portuguesa (das origens a 1970), Amadora, Livraria Bertrand,
1979 (com adaptações).
10. Partindo da sua experiência de leitura da lírica camoniana, desenvolva uma exposição em que demonstre
que Camões não foi indiferente à tradição literária dos séculos anteriores. Construa um texto bem
estruturado, com um mínimo de cento e vinte e um máximo de cento e cinquenta palavras.
11. Partindo da sua experiência de leitura da poesia trovadoresca e de textos líricos de Camões, desenvolva
uma exposição sobre a representação da mulher e da beleza feminina nas cantigas de amigo e de amor e na
lírica camoniana. Construa um texto bem estruturado, com um mínimo de cento e vinte e um máximo de
cento e cinquenta palavras.
12. Com base na sua experiência de leitura da lírica camoniana, desenvolva uma exposição em que comente
a afirmação abaixo transcrita. Construa um texto bem estruturado, com um mínimo de cento e vinte e um
máximo de cento e cinquenta palavras.

«Camões interessara-se muito pelo neoplatonismo, como aliás todo o cristão culto da sua época e todo o
poeta petrarquista. [...]
Já a conceção do amor provençal está informada de platonismo, aliás por via cristã: a Mulher aparece ali,
não como uma companheira humana, mas como um ser angélico que sublima e apura a alma dos amantes.
[...]
Camões herdou esta conceção da Mulher e do Amor. [...]
Mas a experiência vivida e cultural de Camões mal poderia cingir-se a tais convenções. E, assim, regista o
conflito (e união = entre o desejo carnal e o ideal do amor desinteressado que consiste no "fino
pensamento".
O problema radical de Camões é, portanto, o de realizar a síntese sempre procurada, por vezes entrevista,
mas nunca consumada, entre aquilo que há de infinito e de finito na sua ânsia mais consciente, a do amor; é
o da síntese entre um ansiado absoluto e as suas possibilidades viventes.»
António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, 13.ª ed., Porto, Porto Editora, 1985,
pp. 333-335.
13. Com base na sua experiência de leitura da lírica camoniana, desenvolva uma exposição em que comente
a afirmação abaixo transcrita. Construa um texto bem estruturado, com um mínimo de cento e vinte e um
máximo de cento e cinquenta palavras.

«Para além do imediato desconcerto do mundo, exemplificado por anedotas históricas e míticas ou por
alusões autobiográficas, deste mundo onde só conhecemos ânsias sem satisfação nem mesmo objeto
definido, e onde só, e às vezes, os maus e medíocres "nadam em mar de contentamentos", o poeta apenas
concebe vagas entidades que, temerosamente, maiuscula (a Mudança, sempre para pior, o Tempo, a
Fortuna, o Caso, ou Acaso, arbitrário), e sob cujo signo os homens se arrastam de esperança em esperança,
de desejo em desejo.»
António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, 13.ª ed., Porto, Porto Editora, 1985, p.
338.
14. Escreva um texto expositivo bem estruturado, com duzentas a trezentas palavras, em que apresente a
sua visão sobre as relações amorosas e a passagem do tempo.
15. Leia o texto seguinte. Depois, para cada item, selecione a opção correta.

Fala com Ela (1)


Luís Miguel Oliveira
12.02.2014
A sinopse (2) era boa, muito boa: um homem apaixonado pela voz do sistema operativo do seu computador.
Dava para imaginar um exercício de fetichismo (3) maníaco, gelado, e pensar em gente como Buñuel (4),
Ferreri (5) e outros autores de tratados sobre uma masculinidade entrada em perda. A sinopse, e a ideia
original de Spike Jonze, continua a ser boa, mas não foi esse o filme que ele fez.
Uma História de Amor (título português que, involuntariamente ou não, vai direto ao ponto do filme, muito
mais do que o Her original) é como se, a partir do momento inicial promissor, Jonze tivesse tomado as piores
opções e seguido pelos caminhos menos interessantes. Para começar, o sistema operativo não é bem um
sistema operativo como os que conhecemos, não se limita a um repertório de meia-dúzia de frases
maquinais ou às indicações das meninas do GPS. É um sistema operativo muito mais sofisticado (Uma
História de Amor é um filme no «futuro», um filme de «ficção científica»), com ilimitadas capacidades de
aprendizagem e interação. Tem uma espécie de alma, e descobre depois que também tem uma espécie de
sentimentos. Uma personagem, portanto, uma personagem de «corpo inteiro» a que só falta o corpo — mas
como tem a voz de Scarlett Johansson, que é, digamos assim, um «corpo» que toda a gente conhece,
identifica e imagina, a «batota» de Jonze é dupla.
E é «batota» porque, na verdade, exatamente o mesmo filme podia ter sido feito com o pressuposto de uma
história de amor «à distância». Ele (que é Joaquin Phoenix) num canto do mundo e ela noutro, em contacto
através do Skype ou doutra geringonça qualquer. Mas aí, claro, perder-se-iam, ou não se revelariam da
mesma maneira, as alusões ao magno tema do filme, «o papel da tecnologia na vida contemporânea». Não
que Jonze tenha algo de muito inovador a dizer ou a mostrar: apenas que a ilusão do contacto tomou o lugar
do verdadeiro contacto (os planos das ruas, toda a gente sozinha, sem ver ninguém, concentrada nos
auscultadores ou nos ecrãs dos telefones), e que tudo funciona em falsidade e substituição, entre os jogos
de realidade virtual e as cartas fictícias que são o ganha-pão do protagonista. O fundo «poético» do filme
não é mais do que isto, um lamento pesaroso, sonâmbulo e sentimental pelo avanço da solidão na
Humanidade. Já os vimos mais poderosos, mais ferozes, com menos ganga.
Dizer isto — que o filme é dececionante, independentemente das suas premissas ou conclusões — não é
dizer que seja para deitar fora. Joaquin Phoenix, por exemplo, é impecável, aguentando o filme, sempre em
modo deprimido e reprimido, a falar com ecrãs e em diálogos «imateriais». Há alguns flashes da imaginação
delirante de Spike Jonze, e sobretudo do seu sentido de humor. Mas apenas uma única cena capaz de
condensar e materializar os fantasmas que o filme timidamente convoca: aquela em que o «sistema
operativo» encontra um corpo humano para o substituir, para uma espécie de bailado de acasalamento
estranho, assombrado e «diferido», onde o movimento e a coreografia lembram algumas coisas dos
melhores telediscos (6) de Spike Jonze.
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/fala-com-ela-1658754, consultado a 13-11-2014 (com
adaptações).

NOTAS:
(1) Fala com Ela: título de um filme (realizado em 2002 por Pedro Almodóvar) cujo protagonista é um
enfermeiro que cuida de uma bailarina em coma, com quem fala e por quem desenvolve uma estranha
obsessão.
(2) sinopse: resumo, síntese.
(3) fetichismo: atração por objetos.
(4) Buñuel: Luis Buñuel (1900-1983) — realizador espanhol, ligado ao movimento surrealista; os seus filmes
centram-se em temáticas como o amor, o desejo e o combate à norma.
(5) Ferreri: Marco Ferreri (1928-1997) — realizador italiano conhecido pelos seus filmes Provocadores e
polémicos.
(6) Teledisco: curta-metragem que acompanha um tema musical ou uma canção. O realizador Spike Jonze
realizou vários telediscos no início da sua carreira.

A. O excerto selecionado constitui uma crítica ao filme «Her — Uma História de Amor» porque

____ (A) descreve o argumento do filme e caracteriza as personagens principais.

____ (B) analisa o argumento do filme com profundidade e apresenta as suas incoerências.

____ (C) descreve e analisa o filme, fornecendo exemplos concretos que justificam a visão apresentada.

____ (D) discorda das escolhas do realizador no que diz respeito às cenas mais intensas.
B. No primeiro parágrafo da crítica, o autor

____ (A) elogia a ideia estrutural do filme e compara Spike Jonze a realizadores como Buñuel e Ferreri.

____ (B) aplaude a ideia estrutural do filme e supõe que o filme seria semelhante aos filmes de Buñuel
e Ferreri.

____ (C) aprova a ideia original do filme e compara este argumento com os escritos para filmes de
Buñuel e Ferreri.

____ (D) aprova o argumento escrito por Spike Jonze, que relembra alguns filmes de Buñuel e Ferreri.

C. Na passagem «mas não foi esse o filme que ele fez» (linha 4), o vocábulo destacado

____ (A) é um marcador discursivo equivalente a «embora».

____ (B) é um marcador discursivo equivalente a «porém».

____ (C) mostra uma adição em relação à informação anterior.

____ (D) manifesta dúvida em relação ao que se afirmou anteriormente.

D. De acordo com o texto, a «batota de Jonze é dupla» (linha 14) porque

____ (A) o sistema operativo pela qual a personagem está apaixonada tem uma voz sensual.

____ (B) o sistema operativo é uma personagem complexa e a voz é de uma conhecida atriz americana.

____ (C) o sistema operativo constitui uma personagem com alma e sentimentos e o fascínio é exercido
através de uma voz sensual.

____ (D) o sistema operativo constitui uma personagem complexa e cria uma ilusão de presença
através da voz.

E. No último parágrafo, o autor conclui a sua crítica

____ (A) confirmando que não há fatores positivos no filme referenciado.

____ (B) homenageando o protagonista por ser uma personagem irrepreensível.

____ (C) mostrando aos leitores que existe apenas uma cena válida no filme.

____ (D) apontando alguns detalhes positivos sobre vários aspetos do filme.

16. Leia atentamente o texto que se segue. Depois, para cada item, selecione a opção correta.

Depressão
A perturbação depressiva
Qualquer um de nós conhece alguém (familiar ou amigo) que tem ou já teve depressão. Isto dá-nos logo à
partida uma ideia — ainda que subjetiva — da enorme prevalência desta doença. A depressão é uma doença
que afeta ao longo da vida cerca de 15 % a 20 % das mulheres e aproximadamente metade dessa
percentagem no caso dos homens (dados da APA (1), 1994). Atinge praticamente todas as idades, desde as
crianças aos idosos, e tem implicações sociais marcadas, tendo-se tornado um verdadeiro problema de
saúde pública face ao elevado número de pessoas atingidas.
A doença interfere significativamente com a forma de sentir, pensar e agir. As suas características acabam
por se refletir no relacionamento interpessoal, nomeadamente na estrutura familiar, provocando muitas
vezes situações de conflito e incompreensão. Existem também consequências económicas, quer individuais
quer ainda para a própria sociedade, uma vez que esta patologia pode causar uma grande incapacidade para
o trabalho, conduzindo a um absentismo laboral habitualmente prolongado. Mas a depressão tem as suas
maiores consequências a nível individual, visto ser causadora de um grande sofrimento psíquico que,
infelizmente, em muitos casos, leva ao desespero e ao suicídio.
Atualmente, as pessoas aceitam com maior facilidade pedir ajuda ao psiquiatra, em comparação com o que
acontecia há alguns anos. Houve, por isso, uma diminuição do estigma associado à psiquiatria, que é cada
vez mais vista como uma especialidade médica como outra qualquer. Por outro lado, admite-se com maior
facilidade que se está deprimido ou, pelo menos, as pessoas estão mais sensibilizadas para a doença, já que
ela é abordada frequentemente pelos vários meios de comunicação social. Estes dois fatores levam a que
haja um maior número de casos diagnosticados de depressão.
Nos últimos anos, tem havido uma maior atenção e sensibilização para as doenças mentais por parte dos
colegas de clínica geral, detetando-se por isso mais casos que, no passado, não eram diagnosticados e muitas
vezes se escondiam por detrás de queixas físicas. As inovações terapêuticas nesta área têm sido
significativas. O aparecimento de novos antidepressivos, mais seguros e mais bem tolerados, acabou por
generalizar o seu uso entre os médicos não especialistas. O marketing dos laboratórios na promoção dos
seus produtos e o aparecimento frequente deste tema nos meios de comunicação social poderão ter
contribuído também para um aumento da utilização destes tratamentos.
Existem várias abordagens no tratamento da depressão, desde a atuação farmacológica, à psicoterapia
individual ou em grupo, e, mais recentemente, à estimulação magnética transcraniana. Independentemente
da estratégia terapêutica escolhida, é importante referir que os tratamentos para a depressão não visam
apenas a melhoria do humor e do estado geral, procurando ainda restabelecer o indivíduo em termos de
funcionamento social e prevenir futuras recorrências da doença.
Dr. Pedro Afonso (professor auxiliar convidado de psiquiatria na Faculdade de Medicina da UL; professor
convidado no Instituto de Ciências da Saúde da UCP) http://medicopsiquiatra.pt/temas-clinicos/depressao,
consultado a 14-11-2014 (com adaptações).

NOTAS:
(1) APA: American Psychiatric Association — Associação Americana de Psiquiatria.
A. O título e o subtítulo do texto ajudam o leitor a

____ (A) prever que o assunto desenvolvido é a depressão.

____ (B) sintetizar as características da depressão.

____ (C) confirmar que a depressão é um tipo de perturbação psíquica.

____ (D) obter informação acerca da perturbação depressiva.

B. No que diz respeito à estrutura do texto, o autor hierarquizou os tópicos da seguinte forma:

____ (A) caracterização do universo da doença, consequências, argumentação e conclusão.

____ (B) definição, efeitos, aceitação social e terapêutica proposta.

____ (C) definição, apresentação de fontes, aceitação social e conclusão.

____ (D) caracterização do universo da doença, efeitos, aceitação social e terapêutica.

C. A expressão «(dados da APA, 1994)» (linha 4), remete para uma nota de rodapé que tem a função de

____ (A) explicitar que os dados se referem a uma recolha efetuada em 1994.

____ (B) adicionar informação sobre a percentagem de homens que sofre de depressão.

____ (C) explicitar o significado da sigla que foi apresentada no texto principal.

____ (D) referir que a origem dos dados é um documento da APA publicado em 1994.

D. O nível de língua e o vocabulário utilizado indicam que o público-alvo do texto

____ (A) é obrigatoriamente especializado na perturbação em torno da qual o artigo assenta.

____ (B) necessita de informações precisas sobre o desenvolvimento da perturbação depressiva.

____ (C) é alargado e fica a conhecer o essencial sobre o desenvolvimento da perturbação depressiva.

____ (D) é alargado e fica a conhecer detalhes sobre a aceitação da especialidade de psiquiatria por
médicos de clínica geral.
E. Na frase «Estes dois fatores levam a que haja um maior número de casos diagnosticados de depressão»
(linhas 18 e 19), o vocábulo «fatores» refere-se

____ (A) à consciência que os doentes têm do seu estado e à facilidade com que pedem ajuda.

____ (B) à aceitação da psiquiatria como especialidade médica e à facilidade com que os doentes
pedem ajuda.

____ (C) à aceitação da psiquiatria como especialidade médica e às campanhas dos media.

____ (D) à consciência que os doentes têm do seu estado e à sensibilização levada a cabo pelos meios
de comunicação social.

17. Leia o seguinte texto de apreciação crítica. Caso seja necessário, consulte as notas para esclarecimentos.
Depois, para cada item, selecione a opção correta.

Os vivos não percebem nada dos mortos


Vasco Câmara
Quando Georges/Jean-Louis Trintignant e Anne/Emmanuelle Riva (1) entram no seu apartamento de Paris,
depois de um concerto e espantam o medo de serem assaltados (porque descobriram marcas de esforço na
porta de casa ou porque sabem dos medos que assombram outros casais da sua entourage (2)), o que faz, já
lá dentro do apartamento, uma câmara de cinema?
Não é essa a primeira sequência de Amor, essa aconteceu minutos antes, aquele primeiro plano do filme (3)
com que se arromba, literalmente, o ecrã. Que nos diz que o cinema é sempre intruso, viola a intimidade.
Se juntarmos a esse, aquele plano fixo do concerto (enquadramento algo «oliveiriano» (4), aliás), em que a
câmara está no palco e encara os espectadores, entre os quais Georges e Anne, como se as personagens
fossem o «espetáculo», sente-se que Amor começa logo com consciência do vampirismo que por aqui se
transaciona.
É isto: o cinema não resiste à tentação de arrombar portas. Essa lucidez é vital numa era em que, aqui e ali,
paira um puritanismo que nos diz o que se deve/como se deve ou não filmar, o que faz «bem» e o que faz
«mal» — recordem-se as reações a Nana (5), de Valérie Massadian (por causa da cena da matança do porco
e da atriz-criança) ou a Michael (6), realizado por um ex-assistente de Haneke, Markus Schleinzer (por causa
do ator-criança e do ator-pedófilo) que parecem querer reservar para o cinema o espaço para experiências
de Spa emocional mais ou menos redentoras. Sim, o cinema pode fazer «mal», sim; se não fôssemos suas
vítimas não estaríamos aqui…
A câmara, em Amor, está dentro do apartamento de Georges e Anne, à espera deles, sabendo que os pode
assaltar. Mas sabendo-o, vai aprendendo a não o fazer e a estar atenta aos ritmos de um velho casal. Será
por essa aprendizagem que Amor é um dos filmes maiores do austríaco, juntamente com A Pianista (7),
outra obra em que o melodrama é a impressão digital: é que em vez de utilizar o espectador para a sua
experiência, em vez de se interessar apenas por confirmar um resultado, submete-se, testa-se num
processo. Vai aprendendo o que fazer com a proximidade, com a intimidade. E com o amor. E com a morte.
Quando Isabelle Huppert, que interpreta a filha do casal Trintignant/Riva, diz ao pai — já Riva pediu a
Trintignant que a ajudasse a acabar com o seu sofrimento — que se recorda de, em pequena, entrar em casa
e ouvir os sons dos adultos a fazerem amor, o que a sossegava porque garantia que os pais iriam ficar juntos
para sempre, isso é como uma memória que o filme aprende a construir, como uma ética, enquanto tateia,
com os enquadramentos, a intimidade e esbarra num amor inviolável. Trintignant e Riva começam por existir
em campo-contra-campo (sequência do pequeno almoço, quando se dá o «acidente»). Depois são uma
parede cúmplice face à curiosidade e ao interesse dos outros (a visita do músico: os dois juntos no plano).
Finalmente, é Trintignant, quando Riva desaparece, que se assume como guardião desse mundo, o dos
mortos, para o qual foi atraído pelos sonhos — e sobre o qual, testemunhou ele no funeral de um amigo, os
vivos têm uma aflita ignorância. Há qualquer coisa de entronização nesse desenho. E que seja Huppert a
fazer de «visita», não será um acaso: Huppert (O Tempo do Lobo, A Pianista) «é» também o aparato
cinematográfico de Haneke. No fim, somos todos «visitas» de um templo de memória.
O que é leal em Amor, filme que começa com o cinema a arrombar as portas de uma intimidade, é a
permanente negociação dessa intromissão. Não podia ser de outra maneira: os vivos não percebem nada
dos mortos.
http://cinecartaz.publico.pt/Mobile/Criticas/Criticos/312572, consultado a 13 de novembro de 2014 (com
adaptações).

A. O título do texto de crítica sobre o filme Amor de Michael Haneke

____ (A) indica que o tema do filme é a morte.

____ (B) indicia que o tema do filme é uma discussão sobre a vida para além da morte.

____ (C) indicia que o tema do filme é a problemática da ignorância que os humanos têm sobre a
morte.

____ (D) mostra que o tema do filme é uma discussão sobre a ignorância que temos sobre o que
acontece após a morte.

B. A utilização da barra vertical nas expressões «Georges/Jean-Louis Trintignant e Anne/Emmanuelle Riva»


(linha 1) tem como função

____ (A) mostrar que o nome das personagens e o nome dos atores é utilizado no filme de forma
aleatória.

____ (B) apontar a diferença entre o nome das personagens e o nome dos atores.

____ (C) mostrar que o filme funde ficção e realidade.

____ (D) explicar qual o ator que desempenha cada personagem.


C. A frase «(porque descobriram marcas de esforço na porta de casa ou porque sabem dos medos que
assombram outros casais da sua entourage…)» (linhas 2-3) está colocada entre parênteses, pois pretende

____ (A) explicar a razão pela qual o casal tenta esquecer que tem medo de ser assaltado.

____ (B) acrescentar informação sobre os possíveis motivos pelos quais o casal tenta racionalizar o
medo que tem de ser assaltado.

____ (C) enfatizar as razões pelas quais o casal tenta aligeirar a possibilidade de ter sido assaltado.

____ (D) apresentar informação sobre as razões que levam o casal a racionalizar o medo que tem de
ser assaltado.

D. O primeiro parágrafo constitui uma interrogação sobre o motivo pelo qual o realizador selecionou

____ (A) o enquadramento da cena vista do interior da casa.

____ (B) Trintignant e Riva para protagonistas do seu filme.

____ (C) o enquadramento da cena vista do exterior da casa.

____ (D) a entrada do casal em casa após um concerto musical.

E. No segundo parágrafo, alude-se

____ (A) ao facto de o realizador ter editado incorretamente as duas primeiras cenas.

____ (B) ao facto de a primeira cena do filme Amor consistir num arrombamento.

____ (C) ao facto de o realizador ter feito uma má escolha em termos de enquadramento da cena.

____ (D) ao facto de, nessa cena, se romper o ecrã quando o filme é exibido no cinema.

F. Na expressão «se arromba, <literalmente>, o ecrã» (linha 6), o advérbio destacado significa

____ (A) por paradoxo.

____ (B) rigorosamente.

____ (C) na realidade.

____ (D) intensamente.


G. A expressão «arromba […] o ecrã» (linha 6) é

____ (A) um paradoxo, pois um plano cinematográfico não pode despedaçar o ecrã do cinema.

____ (B) uma comparação, pois compara-se a cena do arrombamento da porta pelos bombeiros com o
efeito que essa cena terá nos espectadores.

____ (C) uma metáfora, pois a porta que é arrombada e separa o exterior do interior da casa é
comparada ao ecrã que separa a ficção da realidade.

____ (D) uma hipálage, há uma transposição do sentido do arrombamento da porta para o ecrã.

H. A frase «Sim, o cinema pode fazer “mal”, sim […]» (linha 16) a repetição do advérbio de afirmação
pretende

____ (A) enfatizar os efeitos que o tipo de cinema produzido pelo realizador pode apresentar.

____ (B) expressar concordância do autor do texto com o tipo de cinema produzido pelo realizador.

____ (C) confirmar a ideia transmitida entre os dois advérbios.

____ (D) explicar o contraste existente entre os vários tipos de cinema.

I. Com os enunciados «Vai aprendendo o que fazer com a proximidade, com a intimidade. E com o amor. E
com a morte.» (linha 23), o autor do texto defende que o realizador do filme está interessado em

____ (A) filmar a construção da relação amorosa dos protagonistas lentamente, por etapas.

____ (B) filmar de forma realista a relação amorosa que os protagonistas mantêm.

____ (C) inserir apenas cenas consideradas importantes para ilustrar a relação do casal.

____ (D) inserir apenas cenas íntimas, em que as personagens se amem ou morram.

J. Ao classificar a relação entre o casal através da expressão «esbarra num amor inviolável» (linha 28), o
autor conclui que

____ (A) a relação filmada por Michael Haneke é de natureza intocável.

____ (B) a relação filmada por Michael Haneke é superior ao que o próprio filme revelara.

____ (C) a relação de Georges e Anne é semelhante às descritas na lírica camoniana.

____ (D) a relação de Georges e Anne é, para ambos, de natureza sagrada.

18. Leia atentamente o texto seguinte. Depois, para cada item, selecione a opção correta.
Brincando aos Clássicos
Luís Miguel Oliveira
20.08.2015
Christophe Honoré não faz a coisa por menos: são mesmo as Metamorfoses de Ovídio que se propõe
adaptar neste filme.
Mudança de tom, dir-se-ia com benevolência, visto que o tínhamos deixado com o muito dececionante Os
Bem Amados, um melodrama falho de força e imaginação que tentava fazer a quadratura do círculo, isto é,
conciliar uma aura romanesca de apelo popular e um espírito «autorista» capaz de integrar algumas
memórias clássicas/modernas do cinema francês, nomeadamente da nouvelle vague (e sobretudo Demy,
que Honoré já glosou várias vezes).
Metamorfoses dececiona ainda mais e dá a ideia de que pouco diferencia hoje Honoré de um cineasta como
François Ozon, a saltitar entre filmes que não transportam nada de um estilo pessoal – «proteiformes»,
como lhes chamava com ainda mais benevolência um crítico francês – e têm o seu fundamento na ilustração
de um tema ou de um gesto, tomados, em qualquer caso, como o «rasgo» que justifica o filme.
Aqui, portanto, Ovídio, transposto para a França contemporânea, entre os subúrbios (de onde emerge
Europa, aqui estudante liceal) e uma ruralidade mais ou menos idílica. Como o poema, o filme de Honoré
«metamorfoseia-se» constantemente, entre as muitas histórias em que se multiplica — é curiosamente uma
operação que não deixa de ter pontos de contacto, práticos e conceptuais, com as Mil e Uma Noites de
Miguel Gomes, a estrear ainda este mês. Ou com as Mil e Uma Noites de Pasolini — que não terão deixado,
estas sim, de estar na cabeça de Honoré quando pensou o seu filme, nem esse título especificamente nem as
outras adaptações pasolinianas de textos clássicos. Mas falta-lhe tudo: nem a «selvajaria» de Pasolini, nem a
sua liberdade (o seu gozo, em todos os sentidos do termo, inclusive o mais sexual), substituídos por uma
narração que apenas as pode tentar emular ou evocar, com resultados frequentemente desconcertantes por
desembocarem num ridículo em que a única dúvida é saber se era realmente pretendido ou apenas
acidental.
Pensamos também, pelo tratamento da mitologia num contexto naturalista e pela presença da natureza
propriamente dita (bosques, rios, animais), na graça e na desfaçatez de um cineasta como Jean Renoir, o
outro polo em torno do qual o filme parece circular. Mas trazer Renoir para aqui é ainda pior; ao pé dele as
Metamorfoses de Honoré são apenas um «bricolage» plastificado, a exibição de uma autoconsciência
incapaz de se superar, uma provocação inapelavelmente murcha.
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/brincando-aos-classicos-1705312, consultado em 30 de agosto
de 2015 (com adaptações).

A. Segundo o texto, o último filme do realizador Christophe Honoré

____ (A) intitula-se «Brincando aos Clássicos».

____ (B) é «Os Bem Amados».

____ (C) constitui uma adaptação das «Metamorfoses» de Ovídio.

____ (D) constitui, com «Os Bem Amados» e as «Metamorfoses» de Ovídio, uma trilogia.
B. A expressão «a quadratura do círculo» (linha 4) é sinónima de

____ (A) redução de um círculo a um quadrado equivalente.

____ (B) algo que não é possível realizar.

____ (C) algo que não deve ser realizado.

____ (D) algo que não convém que seja realizado.

C. Este último filme de Honoré

____ (A) procura conciliar o gosto pelo popular com o espírito de autor.

____ (B) desenvolve temas já tratados pelo realizador e argumentista francês Jacques Demy.

____ (C) insere-se na linha do penúltimo filme de Honoré, «Os Bem Amados».

____ (D) constitui uma certa rutura em relação ao penúltimo filme de Honoré, «Os Bem Amados».

D. O autor do artigo critica este filme pelo facto de

____ (A) praticamente plagiar o cineasta francês François Ozon.

____ (B) pretender igualar o cineasta francês François Ozon.

____ (C) complemento direto.

____ (D) predicativo do complemento direto.

E. Para o autor, a mais recente obra de Honoré

____ (A) evoca a multiplicação de histórias de «Mil e Uma Noites» de Pasolini.

____ (B) estreou com as «Mil e Uma Noites» de Miguel Gomes.

____ (C) retoma a «selvajaria» e a liberdade de Pasolini.

____ (D) pretende suscitar a dúvida do espectador sobre o que é pretendido e o que é acidental.
F. Como afirma o autor, neste filme,

____ (A) predomina um ambiente urbano e suburbano.

____ (B) predomina uma ambiente rural.

____ (C) a representação da natureza segue o ideal clássico do «locus amoenus».

____ (D) o contexto naturalista da mitologia e a presença da natureza evocam a obra de Jean Renoir.

G. A palavra «Mas» (linha 18), relativamente ao conteúdo da frase anterior, corresponde à introdução de

____ (A) uma ideia nova, oposta à anterior.

____ (B) uma exemplificação da ideia anterior.

____ (C) um esclarecimento da ideia anterior.

____ (D) uma conclusão.

19. Proceda ao visionamento da reportagem sobre o livro póstumo de Vasco Graça Moura acerca do
verdadeiro retrato do poeta Luís de Camões, que pode encontrar aqui:
http://www.rtp.pt/noticias/cultura/livro-postumo-de-vasco-graca-moura-procura-verdadeira-face-do-poeta-
luis-de-camoes_v749246. Depois, responda sucintamente às perguntas que se seguem.

A. Indique o evento a que se refere a peça visionada.

B. Identifique o poeta acerca do qual Vasco Graça Moura escreve.


C. Que tipo de livro escreveu Vasco Graça Moura e que assunto desenvolve?

D. Indique a estação televisiva e o programa em que foi difundida a peça jornalística.

E. Repare na figura feminina que surge no canto inferior esquerdo do ecrã. Indique a sua função e o motivo
por que aparece nesse local.

F. Nas imagens, verificamos que a apresentação do livro decorreu num auditório no qual o público ouviu três
oradores discorrerem sobre o ensaio publicado. Identifique a instituição que proporcionou este evento,
justificando a sua resposta.

G. Quantas pessoas são entrevistadas pela jornalista?


H. A informação acerca do conteúdo do livro de Vasco Graça Moura é apresentada pela jornalista mas
desenvolvida pelos entrevistados. Identifique o entrevistado que explica com pormenor a tese geral
desenvolvida por Vasco Graça Moura no livro.

I. Os entrevistados na peça jornalística são identificados numa nota de rodapé. Aponte os seus nomes e
respetivas profissões.

20. Proceda ao visionamento da reportagem sobre o livro póstumo de Vasco Graça Moura acerca do
verdadeiro retrato do poeta Luís de Camões, que pode encontrar aqui:
http://www.rtp.pt/noticias/cultura/livro-postumo-de-vasco-graca-moura-procura-verdadeira-face-do-poeta-
luis-de-camoes_v749246. Depois, responda sucintamente às perguntas que se seguem.
A. O primeiro entrevistado não é identificado. De que forma é que esta lacuna prejudica a transmissão da
mensagem da peça?

B. No início, somos confrontados com um excerto do filme Camões, de Leitão de Barros. Aponte uma razão
para a escolha deste excerto e explique a possível relação estabelecida com o livro apresentado.
C. O segundo excerto do filme faz referência a um outro aspeto físico do épico português. Identifique-o e
explique a razão por que a frase pronunciada pela personagem está relacionada com a ideia apresentada
nesse momento.

D. Identifique a autoria do retrato de Camões produzido ainda durante a sua vida e que não corresponderia
à sua personalidade amargurada.

E. De acordo com as afirmações do primeiro entrevistado, qual é a tese central de Vasco Graça Moura no
ensaio que produziu?
F. Explique o que levou José de Guimarães a dar o seu testemunho nesta peça jornalística.

G. Eduardo Lourenço refere-se no fim da peça à cegueira de Homero e à cegueira de Camões, concluindo
que Vasco Graça Moura poderia ter construído um poema sobre esta questão mas não ele, porque não é
poeta. Aponte uma possível pergunta que pudesse originar este tipo de resposta por parte do ensaísta.

H. Explique a razão pela qual a peça faz uso da estratégia de folhear o livro em questão.

I. Explique que tipo de peça jornalística visionou e apresente o seu objetivo central.

21. Proceda ao visionamento da reportagem «Aprender a trabalhar», de Luís Soares, na Antena 1, sobre o
ensino dual na Alemanha, que pode encontrar aqui: http://www.rtp.pt/play/p309/e199147/reportagem-
antena-1. Depois, responda às perguntas que se seguem.
A. Indique a ordem pela qual os assuntos e informações seguintes são apresentados na reportagem,
numerando-os de 1 a 11.

_______ — Cerca de 60 % dos formandos continuam a trabalhar nas respetivas empresas após o final da
formação.
_______ — O repórter apresenta a mãe e as duas filhas, que chegam a uma padaria no centro de Berlim.
_______ — Na Alemanha, a taxa de desemprego jovem é inferior a 8%.
_______ — A padaria faz formação de funcionários que frequentam o ensino dual alemão.
_______ — Segundo um dos formandos, muitos ainda olham para a formação dual com algum preconceito.
_______ — Na empresa alemã que constrói vagões, o aluno entrevistado produz trabalho para a empresa e
ganha setecentos euros líquidos.
_______ — Segundo Elísio Silva, da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, que se dedica à formação
profissional em Portugal, apesar da taxa de desemprego altíssima, ainda não é possível transferir a estrutura
do ensino dual alemão para Portugal.
_______ — Na Alemanha, por razões demográficas, o número de formandos no ensino dual tem vindo a
diminuir.
_______ — Na Lei Federal de Formação Profissional da Alemanha, estão regulamentadas 330 profissões.
_______ — Apenas uma rapariga frequenta a formação para técnica de operações de eletrónica.
_______ — No ensino dual, em regra, um terço da formação é de carácter teórico; o restante é prático e
ocorre nas empresas.

B. Indique duas características que demostrem que documento que ouviu é uma reportagem.

22. Considere o texto seguinte e responda aos itens apresentados.

Fala com Ela (1)


Luís Miguel Oliveira
12.02.2014
A sinopse (2) era boa, muito boa: um homem apaixonado pela voz do sistema operativo do seu computador.
Dava para imaginar um exercício de fetichismo (3) maníaco, gelado, e pensar em gente como Buñuel (4),
Ferreri (5) e outros autores de tratados sobre uma masculinidade entrada em perda. A sinopse, e a ideia
original de Spike Jonze, continua a ser boa, mas não foi esse o filme que ele fez.
Uma História de Amor (título português que, involuntariamente ou não, vai direto ao ponto do filme, muito
mais do que o Her original) é como se, a partir do momento inicial promissor, Jonze tivesse tomado as piores
opções e seguido pelos caminhos menos interessantes. Para começar, o sistema operativo não é bem um
sistema operativo como os que conhecemos, não se limita a um repertório de meia-dúzia de frases
maquinais ou às indicações das meninas do GPS. É um sistema operativo muito mais sofisticado (Uma
História de Amor é um filme no «futuro», um filme de «ficção científica»), com ilimitadas capacidades de
aprendizagem e interação. Tem uma espécie de alma, e descobre depois que também tem uma espécie de
sentimentos. Uma personagem, portanto, uma personagem de «corpo inteiro» a que só falta o corpo — mas
como tem a voz de Scarlett Johansson, que é, digamos assim, um «corpo» que toda a gente conhece,
identifica e imagina, a «batota» de Jonze é dupla.
E é «batota» porque, na verdade, exatamente o mesmo filme podia ter sido feito com o pressuposto de uma
história de amor «à distância». Ele (que é Joaquin Phoenix) num canto do mundo e ela noutro, em contacto
através do Skype ou doutra geringonça qualquer. Mas aí, claro, perder-se-iam, ou não se revelariam da
mesma maneira, as alusões ao magno tema do filme, «o papel da tecnologia na vida contemporânea». Não
que Jonze tenha algo de muito inovador a dizer ou a mostrar: apenas que a ilusão do contacto tomou o lugar
do verdadeiro contacto (os planos das ruas, toda a gente sozinha, sem ver ninguém, concentrada nos
auscultadores ou nos ecrãs dos telefones), e que tudo funciona em falsidade e substituição, entre os jogos
de realidade virtual e as cartas fictícias que são o ganha-pão do protagonista. O fundo «poético» do filme
não é mais do que isto, um lamento pesaroso, sonâmbulo e sentimental pelo avanço da solidão na
Humanidade. Já os vimos mais poderosos, mais ferozes, com menos ganga.
Dizer isto — que o filme é dececionante, independentemente das suas premissas ou conclusões — não é
dizer que seja para deitar fora. Joaquin Phoenix, por exemplo, é impecável, aguentando o filme, sempre em
modo deprimido e reprimido, a falar com ecrãs e em diálogos «imateriais». Há alguns flashes da imaginação
delirante de Spike Jonze, e sobretudo do seu sentido de humor. Mas apenas uma única cena capaz de
condensar e materializar os fantasmas que o filme timidamente convoca: aquela em que o «sistema
operativo» encontra um corpo humano para o substituir, para uma espécie de bailado de acasalamento
estranho, assombrado e «diferido», onde o movimento e a coreografia lembram algumas coisas dos
melhores telediscos (6) de Spike Jonze.
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/fala-com-ela-1658754, consultado a 13-11-2014 (com
adaptações).

NOTAS:
(1) Fala com Ela: título de um filme (realizado em 2002 por Pedro Almodóvar) cujo protagonista é um
enfermeiro que cuida de uma bailarina em coma, com quem fala e por quem desenvolve uma estranha
obsessão.
(2) sinopse: resumo, síntese.
(3) fetichismo: atração por objetos.
(4) Buñuel: Luis Buñuel (1900-1983) — realizador espanhol, ligado ao movimento surrealista; os seus filmes
centram-se em temáticas como o amor, o desejo e o combate à norma.
(5) Ferreri: Marco Ferreri (1928-1997) — realizador italiano conhecido pelos seus filmes Provocadores e
polémicos.
(6) Teledisco: curta-metragem que acompanha um tema musical ou uma canção. O realizador Spike Jonze
realizou vários telediscos no início da sua carreira.
A. Releia as linhas 12 a 14 e repare no vocábulo «corpo», repetido várias vezes. Indique os significados que a
palavra «corpo» tem no contexto apresentado.

B. Relembre o campo semântico do vocábulo referenciado na questão A. e crie duas frases em que «corpo»
tenha aceções diferentes.

C. Classifique as funções sintáticas presentes na seguinte frase:

«Já os vimos mais poderosos, mais ferozes, com menos ganga.» (linha 24)
D. Classifique as orações subordinadas presentes nas frases que se seguem.

a) «[…] descobre depois que também tem uma espécie de sentimentos.» (linhas 11-12)
b) «Ele (que é Joaquin Phoenix) num canto do mundo» (linha 16)

23. Considere o texto seguinte. Depois, responda aos itens apresentados.

Depressão
A perturbação depressiva
Qualquer um de nós conhece alguém (familiar ou amigo) que tem ou já teve depressão. Isto dá-nos logo à
partida uma ideia — ainda que subjetiva — da enorme prevalência desta doença. A depressão é uma doença
que afeta ao longo da vida cerca de 15 % a 20 % das mulheres e aproximadamente metade dessa
percentagem no caso dos homens (dados da APA (1), 1994). Atinge praticamente todas as idades, desde as
crianças aos idosos, e tem implicações sociais marcadas, tendo-se tornado um verdadeiro problema de
saúde pública face ao elevado número de pessoas atingidas.
A doença interfere significativamente com a forma de sentir, pensar e agir. As suas características acabam
por se refletir no relacionamento interpessoal, nomeadamente na estrutura familiar, provocando muitas
vezes situações de conflito e incompreensão. Existem também consequências económicas, quer individuais
quer ainda para a própria sociedade, uma vez que esta patologia pode causar uma grande incapacidade para
o trabalho, conduzindo a um absentismo laboral habitualmente prolongado. Mas a depressão tem as suas
maiores consequências a nível individual, visto ser causadora de um grande sofrimento psíquico que,
infelizmente, em muitos casos, leva ao desespero e ao suicídio.
Atualmente, as pessoas aceitam com maior facilidade pedir ajuda ao psiquiatra, em comparação com o que
acontecia há alguns anos. Houve, por isso, uma diminuição do estigma associado à psiquiatria, que é cada
vez mais vista como uma especialidade médica como outra qualquer. Por outro lado, admite-se com maior
facilidade que se está deprimido ou, pelo menos, as pessoas estão mais sensibilizadas para a doença, já que
ela é abordada frequentemente pelos vários meios de comunicação social. Estes dois fatores levam a que
haja um maior número de casos diagnosticados de depressão.
Nos últimos anos, tem havido uma maior atenção e sensibilização para as doenças mentais por parte dos
colegas de clínica geral, detetando-se por isso mais casos que, no passado, não eram diagnosticados e muitas
vezes se escondiam por detrás de queixas físicas. As inovações terapêuticas nesta área têm sido
significativas. O aparecimento de novos antidepressivos, mais seguros e mais bem tolerados, acabou por
generalizar o seu uso entre os médicos não especialistas. O marketing dos laboratórios na promoção dos
seus produtos e o aparecimento frequente deste tema nos meios de comunicação social poderão ter
contribuído também para um aumento da utilização destes tratamentos.
Existem várias abordagens no tratamento da depressão, desde a atuação farmacológica, à psicoterapia
individual ou em grupo, e, mais recentemente, à estimulação magnética transcraniana. Independentemente
da estratégia terapêutica escolhida, é importante referir que os tratamentos para a depressão não visam
apenas a melhoria do humor e do estado geral, procurando ainda restabelecer o indivíduo em termos de
funcionamento social e prevenir futuras recorrências da doença.
Dr. Pedro Afonso (professor auxiliar convidado de psiquiatria na Faculdade de Medicina da UL; professor
convidado no Instituto de Ciências da Saúde da UCP) http://medicopsiquiatra.pt/temas-clinicos/depressao,
consultado a 14-11-2014 (com adaptações).

NOTAS:
(1) APA: American Psychiatric Association — Associação Americana de Psiquiatria.

A. Classifique as funções sintáticas presentes na seguinte expressão:

«O aparecimento de novos antidepressivos, mais seguros e mais bem tolerados, acabou por generalizar o
seu uso entre os médicos não especialistas.»

B. Releia as frases que se seguem e classifique o tipo de orações subordinadas que contêm.

a) «uma vez que esta patologia pode causar uma grande incapacidade para o trabalho» (linhas 10-11)
b) «que, infelizmente, em muitos casos, leva ao desespero e ao suicídio» (linha 13)
c) «que é cada vez mais vista como uma especialidade médica» (linha 16)
24. Considere o soneto de Camões que se apresenta de seguida.

Ondados fios d'ouro reluzente,


que agora da mão bela recolhidos,
agora sobre as rosas (1) estendidos,
fazeis que sua beleza s'acrecente;

olhos, que vos moveis tão docemente,


em mil divinos raios encendidos,
se de cá me levais alma e sentidos,
que fôra, se de vós não fôra ausente?

Honesto riso, que entre a mor fineza


de perlas e corais (2) nasce e parece (3),
se n'alma em doces ecos não o ouvisse!

S'imaginando só tanta beleza


de si, em nova glória (4), a alma s'esquece,
que fará quando a vir? Ah! Quem a visse!
Luís de Camões. Rimas (ed. Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 2005.

NOTAS:
(1) rosas: face.
(2) perlas e corais: dentes e lábios.
(3) parece: aparece.
(4) em nova glória: alusão à glória da alma ao contemplar, no céu, as divinas essências.

A. Identifique a função sintática dos constituintes seguintes:

a) «d'ouro» (v. 1);


b) «bela» (v. 2);
c) «que vos moveis tão docemente» (v. 5).
B. Classifique as orações seguintes:

a) «que vos moveis tão docemente» (v. 5);


b) «S'imaginando só tanta beleza / de si, em nova glória, a alma s'esquece» (vv. 12-13).

25. Considere o soneto de Camões que se apresenta de seguida.

A fermosura desta fresca serra,


e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra,


o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara natureza


com tanta variedade nos ofrece
me está (se não te vejo) magoando.

Sem ti, tudo m'enoja (1) e m'avorrece;


sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís de Camões. Rimas (ed. Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 1994.

NOTA:
(1) enoja: entristece.

A. Identifique o campo lexical dominante no poema e cite palavras que lhes sejam associadas.
B. Identifique a função sintática das palavras destacadas no constituinte seguinte:

«tudo m'enoja e m'avorrece» (v. 12).

C. Classifique a oração «se não te vejo» (v. 11).

26. Considere o texto seguinte. Depois, para cada item, selecione a opção correta.

Brincando aos Clássicos


Luís Miguel Oliveira
20.08.2015
Christophe Honoré não faz a coisa por menos: são mesmo as Metamorfoses de Ovídio que se propõe
adaptar neste filme.
Mudança de tom, dir-se-ia com benevolência, visto que o tínhamos deixado com o muito dececionante Os
Bem Amados, um melodrama falho de força e imaginação que tentava fazer a quadratura do círculo, isto é,
conciliar uma aura romanesca de apelo popular e um espírito «autorista» capaz de integrar algumas
memórias clássicas/modernas do cinema francês, nomeadamente da nouvelle vague (e sobretudo Demy,
que Honoré já glosou várias vezes).
Metamorfoses dececiona ainda mais e dá a ideia de que pouco diferencia hoje Honoré de um cineasta como
François Ozon, a saltitar entre filmes que não transportam nada de um estilo pessoal – «proteiformes»,
como lhes chamava com ainda mais benevolência um crítico francês – e têm o seu fundamento na ilustração
de um tema ou de um gesto, tomados, em qualquer caso, como o «rasgo» que justifica o filme.
Aqui, portanto, Ovídio, transposto para a França contemporânea, entre os subúrbios (de onde emerge
Europa, aqui estudante liceal) e uma ruralidade mais ou menos idílica. Como o poema, o filme de Honoré
«metamorfoseia-se» constantemente, entre as muitas histórias em que se multiplica — é curiosamente uma
operação que não deixa de ter pontos de contacto, práticos e conceptuais, com as Mil e Uma Noites de
Miguel Gomes, a estrear ainda este mês. Ou com as Mil e Uma Noites de Pasolini — que não terão deixado,
estas sim, de estar na cabeça de Honoré quando pensou o seu filme, nem esse título especificamente nem as
outras adaptações pasolinianas de textos clássicos. Mas falta-lhe tudo: nem a «selvajaria» de Pasolini, nem a
sua liberdade (o seu gozo, em todos os sentidos do termo, inclusive o mais sexual), substituídos por uma
narração que apenas as pode tentar emular ou evocar, com resultados frequentemente desconcertantes por
desembocarem num ridículo em que a única dúvida é saber se era realmente pretendido ou apenas
acidental.
Pensamos também, pelo tratamento da mitologia num contexto naturalista e pela presença da natureza
propriamente dita (bosques, rios, animais), na graça e na desfaçatez de um cineasta como Jean Renoir, o
outro polo em torno do qual o filme parece circular. Mas trazer Renoir para aqui é ainda pior; ao pé dele as
Metamorfoses de Honoré são apenas um «bricolage» plastificado, a exibição de uma autoconsciência
incapaz de se superar, uma provocação inapelavelmente murcha.
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/brincando-aos-classicos-1705312, consultado em 30-08-2015
(com adaptações).

A. O constituinte «de Ovídio» (linha 1) desempenha a função sintática de

____ (A) modificador restritivo do nome.

____ (B) modificador apositivo do nome.

____ (C) complemento do nome.

____ (D) predicativo do complemento direto.

B. A palavra «romanesca» (linha 5) desempenha a função sintática de

____ (A) modificador restritivo do nome.

____ (B) modificador apositivo do nome.

____ (C) complemento do nome.

____ (D) predicativo do sujeito.

C. A palavra «constantemente» (linha 14) desempenha a função sintática de

____ (A) modificador da frase.

____ (B) modificador do grupo verbal.

____ (C) modificador apositivo do nome.

____ (D) modificador restritivo do nome.

D. O constituinte «trazer Renoir para aqui» (linha 25) desempenha a função sintática de

____ A) sujeito.

____ (B) predicativo do sujeito.

____ (C) complemento direto.

____ (D) predicativo do complemento direto.


E. O segmento «quando pensou o seu filme» (linha 17) é uma oração

____ (A) subordinada adverbial temporal.

____ (B) subordinada adverbial final.

____ (C) coordenada conclusiva.

____ (D) coordenada disjuntiva.

F. O segmento «se era realmente pretendido ou apenas acidental» (linhas 21-22) é uma oração subordinada

____ (A) adjetiva relativa restritiva.

____ (B) adjetiva relativa explicativa.

____ (C) substantiva relativa.

____ (D) substantiva completiva.

G. Nas linhas 9-10, o travessão duplo é utilizado para

____ (A) assinalar a mudança de interlocutor.

____ (B) explicitar o sentido de uma palavra.

____ (C) introduzir um aparte.

____ (D) introduzir uma oposição.

27. Considere o texto seguinte. Depois, para cada item, selecione a opção correta.

Temperatura pode subir onze graus até meados do século


Clara Barata
Público, 27-01-2005
O clima da Terra pode ser mais sensível do que se pensa ao aumento dos gases com efeito de estufa na
atmosfera, concluem os cientistas que lançaram um projeto para testar modelos de evolução climática,
através da colaboração de 90 000 mil pessoas de 140 países. Dentro de cerca de cinquenta anos, a
temperatura média do Planeta pode aumentar até 11 graus Celsius, dizem os investigadores hoje na revista
Nature, em que apresentam os primeiros resultados do projeto Climateprediction.net.
Este projeto inspirou-se no sucesso do SETI@home, em que mais de um milhão de pessoas descarregou da
Internet para o seu computador um programa que permitia analisar dados captados pelo radiotelescópio de
Arecibo, em busca de sinais de vida inteligente no espaço. Descarregando um programa da página de
Internet http://www.climateprediction.net, qualquer pessoa pode pôr a correr no computador uma versão
do modelo climático desenvolvido pelo Met Office britânico (o equivalente ao Instituto de Meteorologia).
Cada versão tem diferentes parâmetros, que o farão evoluir de forma diferente durante o equivalente a
quarenta e cinco anos. Os resultados são enviados para a Universidade de Oxford.
Distribuindo estas operações de computação, os cientistas puderam testar o equivalente a quatro milhões
de anos de evolução climática. Para isso, desde que o projeto foi lançado, em 2003, foi usado o equivalente a
8000 anos de um computador a fazer o processamento dos dados em permanência — algo que ultrapassa a
capacidade dos mais poderosos supercomputadores.
Baseando-se nos resultados dos primeiros 2000 modelos analisados graças à colaboração dos voluntários, os
cientistas concluíram que, sem cortes significativos nas emissões de gases com efeito de estufa, a
temperatura da Terra e o nível do mar vão subir, explicou David Stainforth, da Universidade de Oxford e líder
do projeto, citado pela agência Reuters.
As estimativas do Painel Internacional das Alterações Climáticas das Nações Unidas apontam para que a
temperatura média aumente entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até 2100. O Climateprediction.net prevê
alterações na temperatura média da Terra entre dois e 11 graus, quando as emissões de gases de estufa
forem o dobro das que existiam antes da Revolução Industrial. Esse momento deve ser atingido em meados
do século XXI.
http://www.cienciaviva.pt/imprensa/index.asp?accao=showartigo&id_media_artigo=335, consultado em 30-
08-2015 (com adaptações).

A. O constituinte «mais sensível do que se pensa ao aumento dos gases com efeito de estufa na atmosfera»
(linhas 1-2) desempenha a função sintática de

____ (A) predicado.

____ (B) modificador apositivo do nome.

____ (C) predicativo do sujeito.

____ (D) complemento direto.

B. O constituinte «que lançaram um projeto para testar modelos de evolução climática» (linha 2)
desempenha a função sintática de

____ (A) modificador restritivo do nome.

____ (B) modificador apositivo do nome.

____ (C) predicativo do complemento direto.

____ (D) predicativo do sujeito.


C. O constituinte «diferentes parâmetros» (linha 11) desempenha a função sintática de

____ (A) complemento direto.

____ (B) predicativo do complemento direto.

____ (C) complemento do nome.

____ (D) sujeito.

D. O constituinte «o equivalente a 8000 anos de um computador a fazer o processamento dos dados em


permanência» (linhas 14-15) desempenha a função sintática de

____ A) sujeito.

____ (B) predicativo do sujeito.

____ (C) complemento direto.

____ (D) predicativo do complemento direto.

E. O constituinte «dos mais poderosos supercomputadores» (linha 15) desempenha a função sintática de

____ (A) modificador restritivo do nome.

____ (B) modificador apositivo do nome.

____ (C) complemento do nome.

____ (D) predicativo do complemento direto.

F. O constituinte «em que apresentam os primeiros resultados do projeto Climateprediction.net» (linha 5) é


uma oração subordinada

____ (A) adjetiva relativa restritiva.

____ (B) adjetiva relativa explicativa.

____ (C) substantiva relativa.

____ (D) substantiva completiva.


G. O constituinte «desde que o projeto foi lançado» (linha 14) é uma oração subordinada

____ (A) adverbial final.

____ (B) adverbial temporal.

____ (C) substantiva relativa.

____ (D) substantiva completiva.

28. Leia o texto seguinte. Depois, para cada item, selecione a opção correta.

Temperatura pode subir onze graus até meados do século


Clara Barata
Público, 27-01-2005
O clima da Terra pode ser mais sensível do que se pensa ao aumento dos gases com efeito de estufa na
atmosfera, concluem os cientistas que lançaram um projeto para testar modelos de evolução climática,
através da colaboração de 90 000 mil pessoas de 140 países. Dentro de cerca de cinquenta anos, a
temperatura média do Planeta pode aumentar até 11 graus Celsius, dizem os investigadores hoje na revista
Nature, em que apresentam os primeiros resultados do projeto Climateprediction.net.
Este projeto inspirou-se no sucesso do SETI@home, em que mais de um milhão de pessoas descarregou da
Internet para o seu computador um programa que permitia analisar dados captados pelo radiotelescópio de
Arecibo, em busca de sinais de vida inteligente no espaço. Descarregando um programa da página de
Internet http://www.climateprediction.net, qualquer pessoa pode pôr a correr no computador uma versão
do modelo climático desenvolvido pelo Met Office britânico (o equivalente ao Instituto de Meteorologia).
Cada versão tem diferentes parâmetros, que o farão evoluir de forma diferente durante o equivalente a
quarenta e cinco anos. Os resultados são enviados para a Universidade de Oxford.
Distribuindo estas operações de computação, os cientistas puderam testar o equivalente a quatro milhões
de anos de evolução climática. Para isso, desde que o projeto foi lançado, em 2003, foi usado o equivalente a
8000 anos de um computador a fazer o processamento dos dados em permanência — algo que ultrapassa a
capacidade dos mais poderosos supercomputadores.
Baseando-se nos resultados dos primeiros 2000 modelos analisados graças à colaboração dos voluntários, os
cientistas concluíram que, sem cortes significativos nas emissões de gases com efeito de estufa, a
temperatura da Terra e o nível do mar vão subir, explicou David Stainforth, da Universidade de Oxford e líder
do projeto, citado pela agência Reuters.
As estimativas do Painel Internacional das Alterações Climáticas das Nações Unidas apontam para que a
temperatura média aumente entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até 2100. O Climateprediction.net prevê
alterações na temperatura média da Terra entre dois e 11 graus, quando as emissões de gases de estufa
forem o dobro das que existiam antes da Revolução Industrial. Esse momento deve ser atingido em meados
do século XXI.
http://www.cienciaviva.pt/imprensa/index.asp?accao=showartigo&id_media_artigo=335, consultado em 30-
08-2015 (com adaptações).
A. Segundo o texto, a conclusão de que a temperatura média do Planeta pode subir 11 graus Celsius até
meados do século

____ (A) parte das observações das modificações na Natureza decorrentes do aumento do buraco de
ozono.

____ (B) resulta de um projeto para testar modelos de evolução climática.

____ (C) tem por base um inquérito feito a 90 000 pessoas de 140 países.

____ (C) tem por base um inquérito feito a 90 000 pessoas de 140 países.

B. O projeto Climateprediction.net

____ (A) é completamente inovador.

____ (B) terá resultados concretos daqui a cinquenta anos.

____ (C) vem na linha do projeto SETI@home.

____ (D) exige conhecimentos informáticos especializados.

C. A utilização, em cada computador, de uma versão do modelo climático desenvolvido pelo Met Office
britânico

____ (A) implica o contacto com a Universidade de Oxford.

____ (B) pressupõe a utilização da mesma durante quarenta e cinco anos.

____ (C) permite testar o equivalente a quatro milhões de anos de evolução climática.

____ (D) possibilita analisar os resultados de 2000 modelos.

D. As ideias apresentadas no penúltimo parágrafo do texto, relativamente às do parágrafo anterior,


constituem

____ (A) uma condição.

____ (A) uma condição.

____ (C) uma explicação.

____ (D) uma conclusão.


E. A ideia de que, «sem cortes significativos nas emissões de gases com efeito de estufa, a temperatura da
Terra e o nível do mar vão subir» (linha 18) é apresentada, no texto,

____ (A) pelo autor do artigo.

____ (B) por vários cientistas da Universidade de Oxford.

____ (C) por David Stainforth, da Universidade de Oxford e líder do projeto.

____ (D) pela Agência Reuters.

F. As previsões do Climateprediction.net

____ (A) são idênticas às do Painel Internacional das Alterações Climáticas das Nações Unidas.

____ (B) são mais preocupantes do que as do Painel Internacional das Alterações Climáticas das Nações
Unidas.

____ (C) vão ser apresentadas num relatório do Painel Internacional das Alterações Climáticas das
Nações Unidas.

____ (D) são válidas até meados do século XXI.

29. Considere o texto abaixo apresentado. Depois, responda ao item que se segue.

Oh! Como se me alonga, de ano em ano,


a peregrinação (1) cansada minha!
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão (2) discurso humano (3)!

Vai-se gastando a idade e cresce o dano (4);


perde-se-me um remédio, que inda tinha;
se por experiência se adivinha (5),
qualquer grande esperança é grande engano.

Corro após este bem (6) que não se alcança;


no meio do caminho me falece (7),
mil vezes caio, e perco a confiança.

Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,


se os olhos ergo a ver se inda parece (8),
da vista se me perde e da esperança.

NOTAS:
(1) peregrinação: viagem realizada por um devoto religioso até um local considerado sagrado; percurso
longo e fatigante.
(2) vão: inútil.
(3) discurso humano: percurso de vida.
(4) dano: prejuízo, humilhação, desgosto.
(5) se por experiência se adivinha: se a experiência de vida ensina a prever o que acontece.
(6) bem: felicidade.
(7) falece: morre, desaparece.
(8) parece: aparece.

A. No soneto «Oh! Como se alonga, de ano em ano», o vocábulo «discurso» tem o significado de percurso,
caminho. Escreva duas frases em que este vocábulo tenha outras aceções.

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