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Esta obra apresenta três estrofes, sendo as três quintilhas, com 7 sílabas métricas cada verso, ou seja, o
poema foi escrito em redondilha maior. A nível rimático, o esquema deste é regular sendo este composto
por rima cruzada no primeiro e terceiro verso de cada estrofre, emparelhada no terceiro e quarto verso da
estrofe e interpolada no segundo e quinto verso da mesma (ABAAB).
Em conclusão, o poema é estruturado de forma regular produzindo uma sonoridade que ajuda a transmitir
a sua mensagem.
2. Refira o efeito expressivo resultante das repetições que se verificam nos versos 2 e 11.
A repetição é uma técnica estilística utilizada para dar ênfase, criar ritmo e aprofundar o impacto
emocional de um texto. No poema "Ah quanta melancolia!", as repetições nos versos 2 e 11 são
particularmente notáveis e têm implicações expressivas:
No verso 2, "Quanta, quanta solidão!", a repetição da palavra "quanta" intensifica o sentimento de solidão.
Ao repetir a palavra, o poeta não só reforça a vastidão da solidão que sente, mas também transmite uma
sensação de exasperação e desespero, sugerindo que a solidão é tão avassaladora que uma única palavra
não seria suficiente para descrevê-la adequadamente.
Já no verso 11, "Sem sossego, sem sossego", a repetição de "sem sossego" enfatiza a contínua inquietação
e turbulência emocional do “eu” lírico. Aqui, a repetição serve para transmitir uma sensação de insistência,
como se estivesse constantemente a ser assombrado por essa falta de paz e tranquilidade. A repetição
destas palavras contribui para a sensação de um ciclo interminável de desassossego, como se não houvesse
fim ou alívio à vista.
3.Explique o valor simbólico das palavras “cego” (versos 9 e 14) e “nau” (versos 8 e 15),
tendo em conta a sua relação com o sujeito poético.
No poema "Ah quanta melancolia!", as palavras "cego" e "nau" carregam significados simbólicos profundos
que se relacionam intimamente com o sujeito poético.
Em muitas culturas e textos literários, o "cego" é frequentemente usado como uma metáfora para alguém
que está desorientado, perdido, ou incapaz de ver a verdade ou a realidade. No contexto deste poema, o
"cego" pode simbolizar a própria condição do sujeito poético: uma pessoa que está perdida na sua própria
melancolia e solidão, sem direção ou propósito. Ao referir que o "cego caiu na estrada" (verso 9), o poema
sugere um momento de desespero ou desistência. Esta imagem reforça a ideia de vulnerabilidade,
desamparo e a incapacidade do sujeito poético de encontrar um caminho ou direção na vida.
Uma "nau" é um navio ou embarcação, frequentemente usada na literatura como símbolo de uma jornada
ou viagem. No poema, a "nau" pode representar a vida do sujeito poético, a sua viagem emocional ou
espiritual. A imagem da "nau" que "foi abandonada" (verso 8) evoca sentimentos de desespero, perda e
desorientação. Pode representar a sensação do sujeito poético de que sua vida (ou a própria alma) está à
deriva, sem direção ou propósito. É uma imagem de desamparo, onde a embarcação que deveria fornecer
segurança e direção está agora vazia e perdida.
Relacionando ambas as imagens ao sujeito poético, podemos interpretar que ele se sente perdido, sem
direção e sem esperança, tanto emocional quanto espiritualmente. A combinação destes símbolos — o cego
e a nau — amplifica a intensidade da melancolia e solidão expressas no poema, ilustrando vividamente o
estado de desespero e desolação do sujeito poético.
Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!