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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara - SP

KÊNIA FRANCINE RODRIGUES

O TEMA MAIS POÉTICO DO MUNDO:


A representação do luto na poesia de Edgar Allan Poe

ARARAQUARA – S.P.
2018
KÊNIA FRANCINE RODRIGUES

O TEMA MAIS POÉTICO DO MUNDO:


A representação do luto na poesia de Edgar Allan Poe

Projeto apresentado para o Programa de Pós-


Graduação da Faculdade de Ciências e Letras –
Unesp/Araraquara, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Estudos
Literários.

Linha de pesquisa: Teorias e Crítica da Poesia

Orientador: Andressa Cristina de Oliveira

ARARAQUARA – S.P.
2018
1 RESUMO

A melancolia e a morte são temas frequentes nas poesias do americano Edgar Allan
Poe (1809 – 1849). Em algumas delas esses sentimentos são representados através do luto
sofrido pelo eu-lírico, o qual encontra-se em sofrimento pela morte da mulher amada. A partir
dessa premissa, ao analisar certos pontos da vida de Poe, percebe-se de onde viria uma
manifestação de luto tão profunda em seus escritos. Compreendendo as características dos
estados sentimentais citados e relacionando com determinados registros biográficos, este
estudo pretende analisar as poesias Annabel Lee, Eulalie, The Raven, The Sleeper e Ulalume
através do conceito poético de Beleza expressado pelo próprio poeta em seu ensaio The
Philosophy of Composition, ao afirmar que a morte de uma bela mulher é o tema mais poético
do mundo e demonstrar a representação do luto, sua relação com a melancolia e como o poeta
dispõe as palavras no texto para que tais dimensões sejam alcançadas, atingindo o leitor com a
manifestação dos sentimentos pretendidos.
Palavras-chave: Edgar Allan Poe; Romantismo; Poesia; Melancolia; Morte; Luto; Morte de
mulheres; The Raven; Ulalume;

2 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Conhecido como um dos precursores dos gêneros policial e suspense na literatura e


também como autor de contos de terror e horror, Edgar Allan Poe é um dos autores mais
conhecidos atualmente/mundialmente. Além de escritor de contos, Poe também foi poeta e
ensaísta. Apesar da maioria de seus poemas não serem muito conhecidos (ou reconhecidos), o
mais famoso The Raven (O Corvo), publicado em janeiro de 1845 no Evening Mirror de Nova
York, é o símbolo mais conhecido de sua poesia. Como ensaísta, Poe teve um papel
importante nos estudos literários: em seu ensaio The Philosophy of Composition (Graham’s
Magazine, abril de 1846), que trata de uma análise profunda da criação de seu poema The
Raven foi de suma importância para os estudos de crítica literária e análise poética, assim
como The Poetic Principle, que trata da criação da poesia em função de seus objetivos
(conceito de poema per se: “(...) this poem per se – this poem which is a poem and nothing
more – this poem written solely for the poem’s sake.”1 (POE, 1977, p. 504)

1
“(...) este poema per se, este poema que é um poema e nada mais, este poema escrito por ele mesmo.” Tradução
de Oscar Mendes e Milton Amado em Poemas e Ensaios. São Paulo: Globo, 1999. p. 79
Tendo The Raven sua importância para a escrita de The Philosophy of Composition, há
outros poemas de Poe que influenciaram a literatura: The Bells (publicado em abril 1849) e
Annabel Lee (publicado em 9/10/1849). The Bells é um poema voltado para a relação da
poesia com a música, com a utilização de onomatopeias, sendo o significado de cada palavra
menos importante do que seu som: “The ideas in “The Bells” are of secondary importance.
What is significant is the stressed, catching, pounding rhythm and the shifting melodious
sonorities that give the poem its remarkably dramatic auditory effect.”2 (KNAPP, 1984, p.96).
Keeping time, time, time
In a sort of Runic rhyme,
To the throbbing of the bells —
Of the bells, bells, bells —
To the sobbing of the bells: —
Keeping time, time, time
As he knells, knells, knells,
In a happy Runic rhyme,
To the rolling of the bells —
Of the bells, bells, bells: —
To the tolling of the bells —
Of the bells, bells, bells, bells,
Bells, bells, bells —
To the moaning and groaning of the bells.

De acordo com KNAPP (1984), os mecanismos técnicos utilizados por Poe no


prolongamento e encurtamento das vogais i, o, u, e a utilização de consoantes nasais como [n]
e [m] e líquidas como /l/ e /ɹ/ demonstram o ritmo e a tonalidade no poema, causando no
leito uma sensação de musicalidade.
O poema Annabel Lee também contém o recurso do ritmo e som em sua escrita através
da aliteração (recurso que utiliza a repetição de letras ou sons – aspectos fonéticos e
fonológicos – para criar o efeito de sonoridade), porém o conteúdo e significado da escolha de
cada palavra é tão importante quanto. Assim como The Bells, é perceptível a sonoridade do
poema ao ser lido em voz alta, “to be fully appreciated, for its tones and timbres, meter and
metrics, for the flow of the feelings involved.”3 (KNAPP, 1984, p.96)

It was many and many a year ago,


2
?
“As ideias em The Bells são de importância secundária. O que é significante é o acentuado, cativante, pulsante
ritmo e os sonoridades melódicas alternantes que dão ao poema seu efeito auditivo notavelmente dramático.”
Tradução nossa.
3
“para ser inteiramente apreciado, por seus tons e timbres, metro e métricas, pelo fluxo dos sentimentos
envolvidos.” Tradução nossa.
In a kingdom by the sea
That a maiden there lived whom you may know
By the name of ANNABEL LEE;
And this maiden she lived with no other thought
Than to love and be loved by me.
A repetição do som [i] em year, sea, LEE, be e me e as repetições das letras “l” e “m”
neste trecho conseguem demonstrar o ritmo e sonoridade causados pela aliteração. Nos
trechos seguintes há repetições de outros sons e consoantes, porém o som [i] predomina até o
final do poema. Como dito anteriormente, diferente de The Bells, a escolha das palavras em
Annabel Lee foi minuciosa, para manter-se a atmosfera melancólica do poema. A temática
desse poema é uma das que serão exploradas neste artigo.
Deixando um pouco de lado o valor literário de suas obras, foquemos no conteúdo.
Tanto em seus contos como na maioria de seus poemas, o tema predominante é a morte, mais
voltado ao luto e à melancolia. “The melancholy associated with loss and bereavement, which
normally dominates his poems, finds no place his poems for instance the “Mother” or “The
Bells” in which he does not explore the theme of death.”4 (SWARNAKAR, 2007, p. 34)
A morte como tema literário e a melancolia expressa na literatura não tem sua origem
nos trabalhos de Edgar Allan Poe. Um dos relatos mais antigos da melancolia na literatura
“envolve o primeiro rei de Israel, Saul, que personifica alguns dos momentos mais dramáticos
e tensos da trajetória do povo hebreu, sobretudo por sua tumultuada relação com outros
personagens bíblicos.” (SCLIAR, 2009, p. 2). O ponto de vista de que a melancolia
representada na literatura vem de ‘doenças mentais’ dos autores fazendo com que estes elejam
a melancolia como tema principal de sua obra também é relatado por Scliar: “que os antigos
conceituavam como uma tristeza mórbida, resultante, segundo os gregos do excesso da “bile
negra”, um dos humores que governavam o temperamento humano.” (SCLIAR, 2009, p. 2)
Poe deliberadamente fala sobre o processo da escolha da melancolia como parte do
poema em seu ensaio The Philosophy of Composition: Poe declara a Beleza (Beauty) como
província do poema, e ao buscar o tom para a produção do poema, o encontra na tristeza:

Regarding, then, Beauty as my province, my next question referred to the


tone of its highest manifestation – and all experience has shown that this tone is one
of sadness. Beauty of whatever kind, in its supreme development, invariably excites

4
“A melancolia associada à perda e ao luto, que normalmente domina a maioria de seus poemas, não se
encontra em, por exemplo, Mother e The Bells, nos quais ele não explora o tema da morte.” Tradução
nossa.
the sensitive soul to tears. Melancholy is thus the most legitimate of all the poetical
tones.5 (POE, XXXX, Norton p. 722)

A Beleza da qual Poe fala tanto neste ensaio quanto em The Poetic Principle se refere
mais à ideia de um efeito do que de uma qualidade. De acordo com Álvaro Cardoso Gomes
(1997, p.21-22) essa concepção de Beleza na poesia tem influências de Schlegel e Shelley, só
que para Edgar Allan Poe esse sentimento do Belo é “como uma espécie de reminiscência
platônica”. Ou seja, a Beleza é, além de tudo, intocável. “Em termos platônicos, é através da
manipulação do belo transitório nas coisas sensíveis, que se atinge a Beleza “inteligível”.”
(GOMES, 1997, p. 23). Essa concepção do transitório para o poeta é discutida por Sigmund
Freud em seu texto Sobre a transitoriedade, que também será abordado no desenvolvimento
deste projeto.
Ainda em The Philosophy of Composition, Poe também explica a designação do tema
em The Raven: “I asked myself- "Of all melancholy topics what, according to the universal
understanding of mankind, is the most melancholy?" Death, was the obvious reply.”6 (POE,
2012, p. 723)
Qual seria a origem desse tema e tom melancólico? No artigo Melancolia e
Depressão: Um Estudo Psicanalítico os autores Mendes, Viana e Bara (2014) contam
brevemente a história da melancolia a partir de registros literários. Em sua monografia sobre a
“bile negra”, Aristóteles associa a origem da bile negra a partir da melancolia que é relativa ao
que ele chama de

“homens de exceção”: Todos os que têm sido homens de exceção, os


filósofos, os poetas, os artistas, são manifestamente melancólicos. Eles têm uma
propensão a seguir a imaginação que é inseparável da memória. Desta forma, a
partir de Aristóteles a melancolia é associada à imaginação. (KLIBANSKY,
PANOFSKY & SAXL, 1964, apud MENDES, VIANA & BARA, 2014, p. 424)

5
“Encarando, então, a Beleza como a minha província, minha seguinte questão ao tom de sua mais alta
manifestação, e todas as experiências tem demonstrado que esse tom é o da tristeza. A Beleza de qualquer
espécie, em seu desenvolvimento supremo, invariavelmente provoca na alma sensitiva as lágrimas. A melancolia
é, assim, o mais legítimo de todos os tons poéticos.” Tradução de Oscar Mendes e Milton Amado em Poemas e
Ensaios. São Paulo: Globo, 1999. p. 105
6
“perguntei-me: “De todos os temas melancólicos, qual, segundo a compreensão universal da humanidade, é o
mais melancólico? A Morte – foi a resposta evidente.” Tradução de Oscar Mendes e Milton Amado em Poemas
e Ensaios. São Paulo: Globo, 1999. p. 107
Ao chegar no período do Romantismo, em que se situa Poe, os autores comentam que
“No plano filosófico e literário, a melancolia é caracterizada como tédio, como falta de
interesse pelo mundo externo, dor existencial, paralisia psíquica, tristeza profunda,
abatimento, desgosto, etc.” (MENDES, VIANA & BARA, 2014, p. 424). Ou seja, ao
contrário de Aristóteles, os Românticos associavam a melancolia à memória. Finalizando a
breve apresentação sobre a história da melancolia, Mendes, Viana e Bara (2014) utilizarão em
seu artigo o ponto de vista psicanalítico sobre melancolia, apresentado por Freud em Sobre a
transitoriedade (1916[1915]):

No texto “Sobre a transitoriedade” Freud (1916[1915]/1996f) tece


considerações sobre a dificuldade de um poeta, que ao apreciar a beleza da natureza
era invadido por um sentimento de tristeza, por constatar que tudo o que é belo é
transitório, uma vez que, está condenado a finitude. Freud conclui que o medo da
perda leva o poeta a introjetar o objeto, se identificando com ele. Neste sentido, ele
se perde com o objeto tornando-se também transitório. (MENDES, VIANA &
BARA, 2014, p. 425)

Seguindo essa linha, em Luto e melancolia Freud (1917[1915] 2013) evidencia as


diferenças entre esses sentimentos e o porquê de associarmos a melancolia e o luto:

O luto, via de regra, é a reação à perda de uma pessoa querida ou de uma


abstração que esteja no lugar dela, como pátria, liberdade, ideal etc. Sob as mesmas
influências, em muitas pessoas se observa em lugar do luto uma melancolia, o que
nos leva a suspeitar nelas uma disposição patológica. É também digno de nota que
nunca nos ocorre considerar o luto como estado patológico [...] embora ele acarrete
graves desvios da conduta normal da vida. Confiamos que será superado depois de
algum tempo e consideramos inadequado e até mesmo prejudicial perturbá-lo. A
melancolia se caracteriza por um desânimo profundamente doloroso, uma suspensão
do interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda
atividade e um rebaixamento do sentimento de autoestima, que se expressa em
autorrecriminações e autoinsultos, chegando até a expectativa delirante de punição.
[...] o luto revela os mesmos traços, exceto um: falta nele a perturbação do
sentimento de autoestima. No resto é a mesma coisa. (FREUD, 2013, p. 46)

Considerando essa elucidação e recorrendo a determinados acontecimentos na vida de


Edgar Allan Poe podemos dizer que a escolha da melancolia e da morte como aspectos de sua
denominação sobre Beleza na poesia tem relação com a morte das mulheres que amou e com
o luto sofrido durante sua vida.
Edgar Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809, em Boston, filho da atriz Elizabeth
Arnold Poe e do ator David Poe. Após serem abandonados por David, Elizabeth teve de
cuidar de Edgar, seu irmão e sua irmã. Temos o primeiro contato de Poe com a morte de uma
mulher quando sua mãe falece de tuberculose. Foi adotado por John e Frances Allan, a quem
considerou como mãe a vida toda.
Durante a adolescência, Poe apaixona-se por Jane Stanard, mãe de seu amigo. Essa
paixão inspirou seu primeiro poema de nome To Helen Poems, 1931. Jane Stanard morreu em
1824, de tuberculose e insanidade mental; a segunda mulher a morrer em sua vida, e seu
primeiro amor. Aqui podemos marcar como início do período de luto de Edgar Allan Poe. Sua
morte pode ter inspirado outro poema, The Sleeper, que pretendemos analisar.
Em 1826, Poe ingressou na University of Virginia e, nesse mesmo ano, arranjou uma
dívida por conta de álcool e apostas. John Allan recusa-se à ajuda-lo a pagar tal dívida,
gerando conflitos e expulsando Poe de sua casa. Em 1827, Poe publica seu primeiro livro:
Tamerlane and Other Poems e, neste mesmo ano, alista-se no exército sob o pseudônimo de
Edgar A. Perry. (KENNEDY 2001, apud GIAMMARCO, 2012)
Frances Allan era propensa a ter doenças crônicas e acaba por falecer em fevereiro de
1829, assolada pela tuberculose. Novamente morre uma mulher amada por Edgar Allan Poe e
pelos mesmos motivos. Nesse mesmo ano, publica seu segundo volume de poesias Al Aaraaf,
Tamerlane and Minor Poems. Quando Poe finalmente foi dispensado do exército, começou a
viver uma vida de pobreza e miséria. Alguns anos depois, John Allan vem a falecer e não
coloca o nome de Poe na herança.
Em março de 1831, Edgar Allan Poe vai morar com sua tia Maria Clemm e sua prima
Virginia. Neste mesmo ano ele publica Poems, com alguns poemas e entre eles, The Sleeper.
Por volta de 1835, Poe e Virginia casam-se: ela com 13 anos e ele com 26.
No início de 1845, Edgar Allan Poe publica The Raven no Evening Mirror de New
York, sendo seu trabalho mais popular. Em julho de 1845, o poema Eulalie é publicado na
American Review. Em abril de 1846, Poe publica o ensaio The Philosophy of Composition na
Graham’s Magazine.
Em 30 de janeiro de 1847, Virginia vem a falecer. Havia contraído tuberculose por
volta de 1842. Deprimido e cada vez mais atingido pela melancolia, o luto pela morte de sua
esposa piora o quadro psicológico do poeta. Em dezembro de 1847, o poema Ulalume é
publicado e, ao analisa-lo, veremos elementos que podem comprovar a inspiração em
Virginia.
Em 3 de outubro de 1849, Edgar Allan Poe é encontrado alcoolizado e inconsciente e é
levado a um hospital em Baltimore. Ao acordar, encontrava-se em “delirium tremens”,
falecendo quatro dias depois por motivos desconhecidos. Em 9 de dezembro do mesmo ano,
publicam postumamente seu poema Annabel Lee, já citado neste projeto.
Retomando The Philosophy of Composition, no mesmo parágrafo em que Poe
denomina melancolia e morte como Beleza na poesia, ele afirma seu ideal poético de Beleza:
“When it most closely allies itself to Beauty: the death then of a beautiful woman is
unquestionably the most poetical topic in the world, and equally is it beyond doubt that the
lips best suited for such topic are those of a bereaved lover.” 7(POE, 2012, p. 723) (grifo
nosso).
A partir desse aspecto e dentre seus poemas temáticos da morte há alguns que tem
como tema “a morte de uma bela mulher” ou da mulher amada, como veremos em seguida.
Porém observaremos que esses não são os temas principais de cada poema apresentado, mas
também o sofrimento e o luto do eu-lírico, que o leva a uma dor profunda e até à loucura.

3 OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho é apresentar o luto relacionado ao símbolo
feminino na poesia de Edgar Allan Poe através dos poemas The Raven, Ulalume, The Sleeper,
Eulalie e Annabel Lee.
Objetivos específicos:
- Analisar as obras em relação aos aspectos apresentados no ensaio The Philosophy of
Composition
- Contextualizar o símbolo feminino e a morte presentes nos poemas de Edgar Allan
Poe
- Analisar a temática da morte na poesia, especificamente os temas de melancolia e
luto
- Contribuir para os estudos do Romantismo na poesia americana

7
“Quando ele se alia, mais de perto, à Beleza; a morte, pois, de uma bela mulher é, inquestionavelmente, o tema
mais poético do mundo e, igualmente, a boca mais capaz de desenvolver tal tema é a de um amante despojado de
seu amor.” Tradução de Oscar Mendes e Milton Amado em Poemas e Ensaios. São Paulo: Globo, 1999. p. 107
A crítica biográfica do poeta em questão não está entre os focos desta pesquisa. Os
dados biográficos inseridos servem como complementos sobre a relação do poeta com a morte
feminina presente em sua vida.
As análises serão feitas nos poemas originalmente em inglês. Quaisquer traduções
serão mencionadas.

4 METODOLOGIA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A proposta apoia-se teoricamente na leitura de análises literárias de Bettina L. Knapp,


dos estudos sobre o Romantismo de Sir Cecil Maurice Bowra e Antonio Candido, do ensaísta
Álvaro Cardoso Gomes, entre outros estudiosos. Sendo assim, a metodologia prevê, portanto,
uma pesquisa que busca especificamente no óbito de mulheres da vida de Edgar Allan Poe
alguma relação com o luto e a melancolia representados em sua poesia.
As análises também serão feitas sob a perspectiva psicanalítica de Freud em Luto e
melancolia, observando estes aspectos na poesia de Poe e relacionando uma parte da biografia
do poeta com o tema da Morte presente em seus poemas.
Inicialmente será feita uma pesquisa biográfica em registros de publicações de poemas
e o falecimento de determinadas mulheres relacionadas à Edgar Allan Poe; na segunda etapa,
analisaremos as poesias selecionadas, buscando elementos do luto e da morte de um símbolo
feminino em cada uma delas, realizando uma crítica literária com base nos autores já citados e
nos ensaios do próprio poeta: The Philosophy of Composition e The Poetic Principle, obras
nas quais o poeta expõe uma análise literária minuciosa sobre criação poética, os ideais e
objetivos da poesia.
Portanto o método será o levantamento de corpus para a realização da crítica literária,
utilizando os autores citados como base.

5 CRONOGRAMA
1° semestre:

 Ingresso em disciplinas do programa de Pós-Graduação em Estudos Literários tendo


em vista a execução e cumprimento dos créditos obrigatórios;
 Leitura crítica da bibliografia;

 Reuniões com orientador para discussão dos resultados alcançados;

 Levantamento e seleção do corpus.

2° semestre

 Ingresso em disciplinas do programa de Pós-Graduação em Estudos Literários tendo


em vista a execução e cumprimento dos créditos obrigatórios;

 Leitura crítica da bibliografia;

 Análise do corpus selecionado.

 Redação de artigos e apresentação dos resultados da análise em eventos da área;

 Reuniões com orientador para discussão dos resultados alcançados;

3° semestre

 Leitura crítica da bibliografia;

 Realização das considerações finais aliadas à pesquisa bibliográfica já realizada;

 Redação da dissertação;

 Redação de artigos e apresentação dos resultados da análise em eventos da área.

 Exame de qualificação.

4° semestre

 Leitura crítica da bibliografia;

 Redação da dissertação;

 Redação de artigos e apresentação dos resultados da análise em eventos da área.

 Reuniões com orientador para a discussão dos resultados alcançados;

 Apresentação dos resultados da pesquisa em congressos.


 Defesa da dissertação de mestrado.

6 REFERÊNCIAS

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GABRIEL, Maria Alice R. Poe e “o mais legítimo de todos os tons poéticos”. Miscelânea,
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GIAMMARCO, Erica A. Edgar Allan Poe: A psychological profile. Personality and


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