Você está na página 1de 30

A Poesia Feminina

Cearense em Jarid
Arraes, Giselda
Medeiros e Auritha
Tabajara
por Wendel Oliveira
Aula 2 - Giselda Medeiros
Introdução

Giselda de Medeiros Albuquerque: uma figura


proeminente na literatura brasileira.
Membro da Academia Cearense de Letras,
detentora de vários prêmios literários.
Vasta contribuição nas áreas da poesia, do conto e
da trova.
Obras

"Alma Liberta" (1986)


"Transparências" (1989)
"Cantos Circunstanciais" (1996)
"Tempo das Esperas" (2000)
"Sob Eros e Thanatos" (2002)
"Crítica Reunida" (2007)
"Ânfora de Sol" (2010)
"Caminho de Sol" (2015)
Reflexões sobre a crítica reunida de
Giselda Medeiros (1999-2005)

Contexto literário e teórico presente nos textos.


Abordagem estética e filosófica.
Método de análise literária e perspectiva ontológica.
Leitura de "Ânfora de Sol"
Temas 01 Tempo

centrais
02 Solidão

03 Amor

04 Transcendência
Temas 01
Análise poética e
centrais imagética

02
Maturidade lírica e
aprofundamento temático
Poética Imagética
Refere-se ao uso da Refere-se ao uso de imagens
linguagem de forma artística vívidas e sensoriais para criar
e expressiva. uma representação visual na
mente do leitor.
Envolve o uso de recursos
literários, como figuras de Envolve a descrição detalhada
linguagem, ritmo, métrica, e de elementos visuais, sonoros,
escolha de palavras. táteis, gustativos ou olfativos
para criar uma experiência
sensorial para o leitor.
Exploração poética

Sensibilidade e Intimidade com a Linguagem

utilizando-a como uma ferramenta para expressar suas emoções


mais profundas. Seus versos são carregados de sensibilidade,
mergulhando nas nuances do amor, da solidão e da busca pela
identidade
Exploração poética

Metáforas e Simbolismo

elementos naturais como o sol, a ânfora e o tempo não são apenas


objetos literais, mas simbólicos de emoções, experiências e
reflexões sobre a vida humana
Exploração poética

Expressão do Sentimento Amoroso

retrata o amor como uma força que transcende o tempo e o


espaço, ao mesmo tempo em que explora as dores da separação e
da solidão
Exploração poética

Evasão e Sublimação

mergulha nas profundezas da alma, buscando entender e


transcender as limitações da existência humana
Exploração poética

Técnica

versos fluem suavemente, com uma cadência melódica que cativa


o leitor e o transporta para os universos emocionais explorados
em suas composições
Ânfora de Sol
O Azul Silencioso dos Espinhos
em Três Movimentos

Movimento 1
(para Lúcia Helena Pereira)

Quando a noite amanhece em tuas que refletem ferrugem, desespero,


heras, e onde uma andorinha fia esperas.
e o tempo reverdece-me a saudade, Assusta-me esse azul silencioso
sou sílaba suspensa sobre o medo,
cartilha ancestral de meus degredos. posto sobre o fantasma de mim mesma,
artéria em que rumina uma saudade
Reinvento-me vogal, faço-me rima com seu hálito de espinhos suicidas.
para acender-te um verso em arco-íris,
sob os cílios de um céu feito de ânsias.
O caminho das águas são espelhos
Figuras de linguagem
Metáfora: "Quando a noite amanhece em tuas heras" - aqui a noite é
personificada como algo que "amanhece" em "tuas heras", sugerindo
uma ligação entre a noite e a pessoa mencionada.
Metonímia: "sob os cílios de um céu feito de ânsias" - os "cílios" são
usados para representar o céu, uma parte pelo todo, sugerindo uma
atmosfera de ansiedade.
Personificação: "O caminho das águas são espelhos / que refletem
ferrugem, desespero" - atribui características humanas às águas,
como a capacidade de refletir emoções como desespero.
Métrica, Ritmo e Cadência
A poesia não segue uma métrica fixa de estrofes ou versos regulares. É
escrita em versos livres, sem uma métrica específica.

O ritmo da poesia é marcado pela fluidez das palavras e pela alternância


entre momentos mais líricos e outros mais densos.

A cadência é suave, mas com momentos de intensidade emocional,


especialmente nas descrições mais carregadas de sentimento.
O Azul Silencioso dos Espinhos
em Três Movimentos

Movimento o 2
(para Gisele Bueno Pinto)

Entre o silêncio e a festa da paisagem, Fio a dor do silêncio... A dor é tudo


há um pássaro bicando meus que minha arte sente, que extravasa
fantasmas, nos sombrios espelhos da memória.
sob a silhueta da canção das pálpebras,
porcelana azul de minhas inquietudes. Ah, deixem-me cantar minha canção
na dor silenciosa dos espinhos,
O silêncio rendilha as esperanças porquanto a aurora ainda é paisagem em
que minha alma tricotou na infância. mim!
A festa da paisagem célere avança
com seus silentes olhos de crepúsculo
Figuras de linguagem
Metáfora: "há um pássaro bicando meus fantasmas" - o pássaro
representa os pensamentos intrusivos ou preocupações do eu lírico,
personificados como "fantasmas".
Metonímia: "sob a silhueta da canção das pálpebras" - as "pálpebras"
são usadas para representar os olhos, sugerindo uma ligação entre a
visão e a capacidade de perceber a música da paisagem.
Personificação: "O silêncio rendilha as esperanças" - o silêncio é
dotado da capacidade de "rendilhar", atribuindo-lhe características
humanas.
Métrica, Ritmo e Cadência
Assim como no "Movimento 1", este poema também adota uma métrica
livre, sem uma estrutura fixa de estrofes ou versos regulares.

O ritmo do poema é marcado pela alternância entre momentos de


contemplação tranquila e outros de intensidade emocional.

A cadência é suave, mas carregada de emoção, refletindo os altos e baixos


das reflexões do eu lírico.
O Azul Silencioso dos Espinhos
em Três Movimentos

Movimento 3
(para Sylvia Helena Tocantins)

Sob o olhar sombroso dos alpendres, O pálido relógio marca a sombra das
refaço-me em letras e apascento horas líquidas que ontem deixaram
o azul silencioso dos espinhos seus rastros de procela nas alfombras.
que o medo me enxertou com seus
ancinhos. A cortina dos medos se descerra...
E vejo dedos, céleres, que aram
Na parede da sala, insone espelho novo jardim de amores sobre a terra.
aprisiona o meu olhar vermelho
e tinge de ocre meu lábio calado,
há muito pelo tempo embalsamado.
Figuras de linguagem
Metáfora: "o azul silencioso dos espinhos que o medo me enxertou com
seus ancinhos" - os espinhos representam as adversidades ou angústias,
enquanto o "azul silencioso" pode simbolizar a tristeza ou a solidão.
Metonímia: "O pálido relógio marca a sombra das horas líquidas" - o relógio
é usado para representar o tempo, enquanto as "horas líquidas" sugerem
uma sensação de fluidez temporal.
Personificação: "A cortina dos medos se descerra... E vejo dedos, céleres,
que aram novo jardim de amores sobre a terra" - os medos são
personificados como algo capaz de "descerrar" cortinas, enquanto os
"dedos, céleres" que "aram novo jardim de amores" sugerem uma ação
transformadora ou criativa.
Métrica, Ritmo e Cadência
Assim como nos movimentos anteriores, este poema adota uma métrica
livre, sem uma estrutura fixa de estrofes ou versos regulares.

O ritmo do poema é marcado por uma cadência melancólica, refletindo a


introspecção e as reflexões do eu lírico.
Os três movimentos representam
Movimento 1:
Este movimento parece centrar-se na ideia de saudade e
nostalgia, evocando imagens de amor e perda.
O eu lírico expressa uma profunda ligação emocional com
alguém (possivelmente a pessoa mencionada no título) e reflete
sobre sentimentos de solidão, medo e desejo de conexão.
Há uma busca por recriação e renovação através da poesia,
como uma forma de superar as adversidades emocionais.
Os três movimentos representam
Movimento 2:
Neste movimento, a dor e a melancolia são exploradas de forma
mais intensa.
O eu lírico parece estar imerso em um conflito interno entre o
silêncio e a expressão, entre a festa da paisagem exterior e a
turbulência de seus próprios pensamentos e emoções.
Há uma busca por significado na dor e na introspecção, com
uma ênfase na expressão emocional e na busca por
compreensão.
Os três movimentos representam
Movimento 3:
Este movimento apresenta uma reflexão sobre o tempo, o medo
e a transformação pessoal.
O eu lírico parece estar confrontando seus próprios medos e
inseguranças, enquanto reflete sobre a passagem do tempo e as
mudanças que ocorrem na vida.
Há uma sensação de esperança e renovação, representada pela
imagem simbólica do novo jardim de amores sobre a terra,
sugerindo um renascimento ou uma nova fase na vida do eu
lírico.
MENSAGEM

para Cybele e seu inesquecível Osmundo Quero palavras... elas são a arma
Pontes) com que disparo minhas emoções
e sinto o teu calor em minha pele.
Quero palavras... quero-as, amado,
para reconstruir-me o coração, Quero palavras... ei-las, meu amado,
para alfabetizar minha esperança, com estas três enfrento batalhões
para ensinar-lhe a soletrar Amor. e sofro mil pressões... pois eu te amo!

Quero palavras... quero-as,


simplesmente,
feito o luar a derramar mil sonhos
em fios prateados sobre as praças,
onde a retreta torna a noite lírica
Lições de solidão - Motivos - XV

Meu Deus, somos a chama ou o sopro?


O verso ou o inverso da distância?
Real ou irreal pensamento não pensado?
Gruta ou apenas a pedra informe?
Ídolo ou irreverente iconoclasta?
O drama ou a personagem sem papel?

Oh, Deus! para que decifrar tantos


enigmas, dúvidas ancestrais e
indefiníveis com que lidam sábios e
filósofos nos seus tratados metafísicos?
De mim... apenas sei que sou o verso do
inverso que não fui.
Quem é GIselda
Medeiros?

Você também pode gostar