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QUESTÕES SOBRE “ANTÍFONA”, de Cruz e Sousa

1. Antífona, vocábulo da esfera litúrgica, é um versículo que se anuncia antes da leitura de um salmo
a) Estabeleça uma relação entre o título e as sensações evocadas.
R.: O título refere-se à música sacra, remetendo às sensações espirituais e místicas evocadas pela
música; (liturgia) versículo que se diz ou se entoa antes de um salmo ou de um cântico religioso
e depois se canta inteiro ou se repete alternadamente em coro.
b) Que palavras se referem à música?
R.: Antífona, réquiem, salmos, cânticos, surdinas, órgãos.
2. Repare que o poema “Antífona” tem por tema o próprio processo de criação poética e utiliza uma
linguagem pouco convencional, com fortes traços simbolistas. Para reconhecer esses traços, identifique:
a) O verso da primeira estrofe que apresenta elementos litúrgicos, religiosos;
R.: “Incensos dos turíbulos das aras...” [turíbulo: vaso suspenso por pequenas correntes, usado
nas igrejas para nele queimar-se o incenso; incensório. / aras: altar cristão]
b) Os adjetivos dessa estrofe que caracterizam as “Formas” invocadas pelo sujeito lírico, mostrando que
se trata de realidades impalpáveis, transcendentais.
R.: Os adjetivos são: alvas, brancas, claras, vagas, fluidas, cristalinas.
3. Além de impalpáveis, transcendentais, as “Formas” da poesia simbolista são sensoriais, isto é, apresentam
elementos que pertencem ao universo dos sentidos – muitas vezes por meio de sinestesia.
a) Identifique os versos da terceira estrofe em que ocorre sinestesia;
R.: Os versos são “indefiníveis músicas supremas,/ Harmonias da Cor e do Perfume...”
b) Que sentidos são evocados nesses versos?
R.: Audição, visão e olfato.
4. As assonâncias (repetição de sons vocálicos) e as aliterações (repetição de sons consonantais) são alguns
dos recursos que contribuem para uma das principais características simbolistas: a musicalidade. Por meio
dela, reforça-se o tom misterioso e metafísico dessa poesia, que sugere em vez de descrever e simboliza
em vez de nomear.
a) Que estrofe evidencia mais claramente o parentesco entre a poesia simbolista e as realidades ocultas,
misteriosas, metafísicas, por meio da referência à poesia como mistério, e da invocação dos espíritos
como modo de realizá-la?
R.: Quinta estrofe.
b) Dê um exemplo de assonância e um exemplo de aliteração presentes nessa estrofe.
R.: Assonância: repetição das vogais “i” e “e”; aliteração: repetição da consoante “s”.
5. Discuta com seus colegas e registre os seguintes aspectos:
a) Qual é a função linguística das reticências nas quatro estrofes iniciais do poema?
R.: O uso de reticências parece sugerir ao leitor que complete o sentido dos versos.
b) Como o seu uso indica o caráter simbolista do texto?
R.: Trata-se de um recurso que indica o caráter simbolista do texto por mantê-lo vago, etéreo,
incompleto, como queriam os poetas desse estilo.

Glossário:
Antífona: versículo que se anuncia antes de um Mádido: umedecido;
salmo; Dolência: mágoa, sofrimento;
Turíbulo: vaso em que se queima incenso nos Réquiem: missa fúnebre;
templos; Flébil: lacrimoso, choroso;
Ara: altar dos sacrifícios nos templos; Edênico: paradisíaco.

QUESTÕES SOBRE “CRIANÇAS NEGRAS”, de Cruz e Sousa

1. O eu lírico sugere que, para cantar a angústia das crianças negras, suas estrofes são “quentes como uma
forja em labaredas acesa”. De acordo com os versos iniciais do poema, que sentimentos tais estrofes
expressam? Justifique sua resposta com elementos do texto.
R.: Sentimentos de amor (“choram lágrimas de amor por tudo”) e de dor (“num sentimento
doloroso e mudo”).
2. Em seus versos, o eu lírico sugere a angústia das crianças negras por meio de elementos sensoriais
(imagens, sons, sabores etc.).
a) Que diferença de tratamento social há entre as crianças negras e as crianças brancas? Justifique sua
resposta com elementos do texto.
R.: O eu lírico sugere que, diferentemente do que ocorre com as crianças brancas (“Não das
crianças cor de oiro e rosa”), não há esperanças para as crianças negras (“mas dessas que o
vergel das esperanças / viram secar, na idade luminosa”).
b) Além da desigualdade, o poema evoca outras circunstâncias ameaçadoras para a criança negra. Quais
são elas? Justifique sua resposta com elementos do texto.
R.: A morte (“o carrilhão da morte que regela”) e o desamparo (“das crianças vergônteas dos
escravos, desamparadas, sobre o caos à toa”).
c) Os elementos sensoriais presentes nos versos confirmam o sentimento de dor experimentado pelo
poeta diante do sofrimento das crianças negras. Na quinta e sexta estrofes, identifique elementos
sensoriais que comprovam essa afirmação.
R.: “dum leite de venenos e de treva”; “dentre os dantescos círculos do açoite”; “o carrilhão da
morte que regela”; “a ironia das aves rindo à aurora”; “e a boca aberta em uivos de procela”.
3. A partir da oitava estrofe, o eu lírico evoca o coração, o “bronze feito carne e nervos”.
a) Para descrevê-lo, ele emprega metáforas e comparações. Explique o sentido que essas figuras de
linguagem sugerem no texto, utilizando exemplos de tais recursos estilísticos.
R.: As metáforas e comparações sugerem que o coração é o centro das mais intensas emoções
do ser humano (“como um clarim as gargalhadas vibras”, “és o supremo centro das avalanches
das paixões humanas”).
b) O eu lírico sugere que o coração lhe desperta determinados sentimentos e desejos. Quais são eles?
Justifique sua resposta com elementos do texto.
R.: O coração lhe desperta a piedade (“És tu que à piedade vens descendo”) e o desejo de
amparar e proteger as crianças negras (“e todo te abres em maternos braços/ Te abres em largos
braços protetores,/ em braços de carinho que as amparam”).
c) Em meio a tais sentimentos despertados pelo coração, o eu lírico se volta para o mundo social, para
as dores das crianças negras, afastando-se do mundo cósmico, etéreo, sideral. Que trecho do poema
expressa esse movimento do eu lírico?
R.: O trecho “És tu que a piedade vens descendo,/ como quem desce do alto das estrelas/ e a
púrpura do amor vais estendendo/ sobre as crianças, para protegê-las”.
4. Compare as duas últimas estrofes de “Crianças negras” com a última estrofe de “O navio negreiro”, de
Castro Alves:
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!...
... Mas é infâmia de mais... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...
Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
Colombo! Fecha a porte de teus mares!

a) Que semelhanças há entre as estrofes de Cruz e Sousa e a de Castro Alves quanto ao tema?
R.: Apresentam o tema da escravidão e do sofrimento dos negros.
b) Lendo-se as poesias em voz alta, de forma enfática, que semelhança se observa entre a de um e a do
outro poeta quanto ao tom da linguagem?
R.: Ambas têm tom vibrante, grandiloquente.
c) Considerando o contexto sociopolítico em que os dois poetas se situam, responda: os poemas
“Crianças negras” e “Navio negreiro” cumprem a finalidade prevista por seus autores? Se sim, de que
modo?
R.: Sim, despertando a sensibilidade e a emoção no leitor.
QUESTÕES SOBRE “O EMPAREDADO”, de Cruz e Sousa
1. Cruz e Sousa revela uma postura crítica em relação à sociedade de seu tempo.
a) O poeta expõe o ponto de vista que a sociedade tinha sobre os artistas negros. Qual é esse ponto de
vista? Como ele se posiciona em relação a tal ponto de vista? Justifique sua resposta com elementos
do texto.
R.: O ponto de vista de que era impensável, descabido, um negro ser artista, pois vinha da
África, uma região “tórrida e bárbara”, incivilizada. O poeta revela uma postura crítica em
relação a esse ponto de vista, que estabelecia vínculo entre a cor da pele e a produção de cultura.
b) No sétimo parágrafo, há uma crítica implícita do poeta às civilizações europeias, que ele chama
“despóticas”. Qual é essa crítica? Justifique com elementos do texto.
R.: A crítica de que essas civilizações, ao invadir a África e escravizar os povos que ali viviam,
causaram a morte e a degradação nesse continente (“arrastada sangrando no lodo das
civilizações despóticas”; “arrebatada nos ciclones... das Impiedades supremas”; “sua
formidável Dilaceração humana”).
2. Cruz e Sousa, a julgar pela própria experiência, considera a questão do artista negro como “emparedado”.
a) Quais são as paredes que ele sente à sua volta?
R.: Os “Egoísmos e Preconceitos”, as “Ciências e Críticas”, os “Despeitos e Impotências” e
“Imbecilidade a Ignorância”.
b) Tendo em vista que o poeta viveu no período de circulação de teorias positivistas, evolucionistas e
deterministas, o que significa ser emparedado pelas “Ciências e Críticas”?
R.: Significa estar impossibilitado de ser um poeta reconhecido por seu trabalho, já que as ideias
cientificistas da época desvalorizavam a “raça negra”, considerada “bárbara”; portanto, nesse
contexto, o vínculo entre “raça” e produção cultural impossibilitava o reconhecimento da arte
do poeta.
c) Considerando todas as paredes que circundam o poeta, conclua: por que ele se sente emparedado
dentro do seu próprio sonho? Justifique com elementos do texto.
R.: Porque todas as barreiras que o circundam são vistas por ele como pedras que vão se
acumulando à sua volta, transformando-se em paredes intransponíveis; assim, ele se sente
emparedado, fechado dentro de seu próprio sonho.
QUESTÕES SOBRE “HÃO DE CHORAR POR ELA OS CINAMOMOS”, de Alphonsus de Guimaraens
1. Ao tematizar a morte da amada e expressar seus sentimentos, o eu lírico emprega prosopopeias (figura de
linguagem que consiste em atribuir ações, pensamentos e sentimentos a seres inanimados ou irracionais).
a) Identifique no poema exemplos de prosopopeia.
R.: Hão de chorar por ela os cinamomos... Lembrando-se daquela que os colhia; As estrelas
dirão: Ai! Nada somos... Hão de chorar a irmã que lhes sorria; A lua... há de envolvê-la/ Entre
os lírios e pétalas de rosa.
b) Que efeito de sentido o emprego dessa figura de linguagem provoca no texto?
R.: A prosopopeia confere maior intensidade à atmosfera de luto, de tristeza e de melancolia do
poema, pois dá ideia de que a natureza – os cinamomos, as estrelas e a lua – sofre com o eu lírico
a morte da mulher amada.
2. A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcada pela espiritualidade.
a) Que elementos do texto evocam religiosidade?
R.: Arcanjos e a presença da amada no céu.
b) O que a morte da mulher amada representa para o eu lírico? Qual é o desejo dele na circunstância em
que se encontra?
R.: Representa a transcendência, pois ele imagina a amada em meio a “arcanjos... no azul”. Na
circunstância em que está, o eu lírico tem o desejo de morrer para juntar-se a ela (Por que não
vieram juntos?)
QUESTÕES SOBRE “A CATEDRAL”, de Alphonsus de Guimaraens
1. Poeta ligado à temática religiosa, Alphonsus de Guimaraens organiza a mudança da paisagem entre
sextilhas e refrão. Que modificações ocorrem na paisagem e quais são as repetições?
R.: No amanhecer, o sino canta, ao meio-dia, clama, à tarde, chora e, à noite, geme, intensificando
a solidão do eu poético com o passar das horas. O refrão acompanha as badaladas repetidas do sino.
Observar as mudanças de tempo atmosférico: do dia ensolarado ao temporal. Essas mudanças são
decorrentes do estado emocional do poeta.
2. Ao repetir “Pobre Alphonsus!”, o que sugerem as badaladas?
R.: O sino repete o sofrimento do eu poético.
3. Que relações se estabelecem entre a paisagem e o eu poético?
R.: A paisagem representa a cidade isolada, sozinha desde o amanhecer; quanto ao eu poético,
representa sua solidão.

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