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Gêneros
Teoria dos

Literários
Henrique Landim
Teoria dos Gêneros Literários | Henrique Landim

TEORIA DOS GÊNEROS LITERÁRIOS


Os gêneros literários, que são categorias que organizam os diferentes tipos de
textos literários com base em suas semelhanças formais, estruturais e temáticas.
Existem quatro gêneros literários:

a) Gênero lírico: palavra cantada

b) Gênero dramático: palavra representada

c) Gênero épico: palavra narrada

d) Gênero narrativo: palavra narrada

Assim, vamos estudar, detalhadamente, cada um dos gêneros literários.

A) GÊNERO LÍRICO
O Poeta que Desafiou a Morte

Na mitologia grega, Orfeu emerge como uma figura singular, um poeta e músico
cuja arte transcendeu os limites da mortalidade. Sua história é repleta de paixão,
tragédia e uma busca incansável pela eternidade. Desde cedo, sua habilidade musi-
cal era notável. Ele tocava a lira com uma destreza que encantava deuses e mortais.
Suas melodias eram como fios de prata que teciam emoções e sonhos. O gênero
lírico encontrou em Orfeu seu mais ardente defensor. Ele não apenas cantava, mas
também sentia cada nota, cada verso. Sua voz poética era uma extensão de sua
própria alma.

Quando Orfeu entoava suas


canções, o mundo se curvava à
sua melodia. As árvores dança-
vam, os rios silenciavam e até
mesmo as feras se aquietavam.
Mas foi o amor que definiu a tra-
jetória de Orfeu. Ele se apaixo-
nou perdidamente por Eurídice,
uma ninfa de beleza incompa-
rável. Seu amor era tão intenso
que ecoava nas cavernas mais
profundas e nas alturas celes-
tiais. Porém, o destino lhes re-
servava uma provação cruel.
Eurídice morreu tragicamente,
picada por uma serpente. Orfeu,
desesperado, decidiu desafiar a
própria morte. Com sua lira, ele
desceu aos abismos do Hades, o
reino dos mortos. Lá, sua músi- Figura 1 Orfeu e Eurídice

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ca comoveu até mesmo o carrasco das almas, Caronte, que o conduziu através do
rio Estige. Perante Hades e Perséfone, Orfeu suplicou pela vida de Eurídice. Sua voz
lírica tocou os corações dos deuses. Eles concordaram em devolver Eurídice, mas
com uma condição: ele não deveria olhar para trás enquanto a conduzia de volta ao
mundo dos vivos. Orfeu, tomado pela ansiedade, não resistiu. No último instante,
olhou para trás. Eurídice desapareceu, tragada de volta às sombras.

Orfeu perdeu sua amada duas vezes: uma vez pela morte e outra por sua própria
fraqueza. Desolado, ele vagou pelas florestas, cantando canções de tristeza. Os ani-
mais o cercavam, as árvores se inclinavam. Sua lira chorava em harmonia com sua
alma dilacerada. Até que, finalmente, ele encontrou seu próprio fim. As Mênades,
seguidoras de Dionísio, o desmembraram em um frenesi.

Orfeu, o poeta que desafiou a morte, tornou-se uma constelação no céu. Sua
lira brilha como uma estrela solitária, lembrando-nos da beleza e da fragilidade da
vida. Seus versos ecoam ainda hoje, sussurrando sobre amor, perda e a busca pela
eternidade.

Beleza e alma no texto

Na vastidão da literatura, há um gênero que se assemelha a uma dança íntima


entre a alma e as palavras: o gênero lírico. Ele não é apenas uma forma de expres-
são; é uma janela para o mundo interior humano, onde sentimentos, pensamentos e
emoções se entrelaçam em versos.

O lírico tem suas raízes na Grécia Antiga, quando os poetas acompanhavam


suas canções com a lira, um instrumento de cordas. Essa ligação com a música é
essencial, pois o gênero lírico é como uma melodia que ressoa no coração do leitor.

O que é o Gênero Lírico?

Imagine um poeta solitário, sentado à beira de um rio, observando o reflexo da


lua na água. Ele não apenas vê a lua; ele a sente. Cada brilho prateado é uma nota
em sua partitura interior. Essa é a essência do gênero lírico. Texto marcado, essen-
cialmente, para a expressão da alma interior humana.

O eu lírico é a voz ficcional que se manifesta nos poemas. Essa voz não relata
fatos objetivos, ela compartilha emoções, reflexões e intimidades. Há uma tendência
natural, do gênero lírico, à representação do mundo interior do sujeito poético por
meio de emoção e beleza estética.

A função emotiva é uma das características centrais do gênero lírico. Quando


exploramos a poesia lírica, estamos imersos em um mundo de emoções, sentimentos
e reflexões pessoais. Essa função da linguagem tem como objetivo expressar subje-
tividade e emocionar o leitor ou ouvinte através das palavras. Na função emotiva, o
foco está no emissor.

A função poética também é muito associada ao gênero lírico. É o momento em que


a linguagem transcende sua utilidade comum e se torna arte. Na poesia, as palavras

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não são apenas veículos de comunicação; elas se tornam cores, sons, texturas. Cada
verso se apresenta como um verdadeiro potencial estético. Assim, o poeta escolhe
cada palavra com precisão. Ele busca a harmonia entre os sons, criando uma me-
lodia que ressoa na mente do leitor. - A rima, a aliteração e o ritmo são ferramentas
desse ofício. O poeta é um artesão da linguagem.

A função poética nos permite ver com os olhos da mente. O poeta pinta paisagens,
rostos, sentimentos:

– “O sol beija o horizonte dourado.”

– “Seus olhos são estrelas no céu da noite.”

Em resumo, a função poética é a alma da poesia. Ela nos leva além das palavras,
nos faz dançar com os versos e nos conecta com a essência da existência.

Um exemplo de texto lírico é o “Soneto da Fidelidade”, de Vinicius de Moraes:

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Vinicius de Moraes)

Se liga no texto
O poema começa afirmando a devoção total do eu lírico ao seu amor. Ele promete
ser atento e dedicado em todos os aspectos do relacionamento, independentemente
das circunstâncias. O eu lírico expressa o desejo de viver intensamente cada momento
ao lado de seu amor, dedicando-se a ele em todas as situações, sejam elas de alegria
ou tristeza. No último verso, o eu lírico aceita a natureza efêmera do amor humano,
reconhecendo que o amor pode não ser eterno, mas ainda assim é infinito enquanto
exista. Essa é uma das características mais marcantes do poema, que contrasta a fi-

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nitude da vida com a eternidade


do sentimento amoroso.

“Soneto de Fidelidade” é um
poema poderoso que captura a
intensidade e a beleza do amor
humano, ao mesmo tempo em
que reconhece sua fragilidade e
transitoriedade. Essa dualidade
entre a efemeridade da vida e a
eternidade do amor é uma das
razões pelas quais o poema con-
tinua a ressoar com os leitores
ao longo do tempo.

Vinícius de Moraes emprega


recursos poéticos, como métri-
ca, ritmo, rima e imagens figu-
rativas, para criar uma atmosfe-
ra lírica e evocativa. A estrutura
do soneto, com seus versos de-
cassilábicos e esquema de rima
ABBA ABBA CDC DCD, contri- Figura 2 A emoção lírica
bui para a expressão poética do
tema. O poema aborda temas universais, como amor, fidelidade, mortalidade e efe-
meridade, que são comuns na poesia lírica. Ele busca capturar a essência das expe-
riências humanas e provocar uma resposta emocional no leitor.

Portanto, “Soneto de Fidelidade” pode ser considerado um exemplo clássico do


gênero lírico, pois encapsula muitas das características fundamentais desse tipo de
expressão poética.

TIPOS DE POESIA
1) Soneto: Um poema de forma fixa com catorze versos, geralmente divididos em
dois quartetos e dois tercetos. O soneto é conhecido por sua estrutura rígida e
expressão lírica intensa.
2) Ode: Uma composição poética que exalta algo ou alguém. As odes podem ser
dedicadas a temas como o amor, a natureza ou a arte.
3) Balada: Um poema narrativo que conta uma história. Muitas vezes, as baladas
líricas têm um tom melancólico ou trágico.
4) Haicai: Um tipo de poema breve de origem japonesa, geralmente com três
versos. O haicai foca na observação da natureza e na captura de momentos
fugazes.
5) Canção: Poema lírico destinado a ser cantado. As canções muitas vezes têm
ritmo e melodia.
6) Elegia: Um poema lírico que expressa luto ou tristeza pela perda de alguém ou
algo.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
01| Qual é a principal diferença entre o gênero lírico e o épico?

A) O gênero lírico é mais objetivo, enquanto o épico é subjetivo.

B) O gênero lírico é narrativo, enquanto o épico é lírico.

C) O gênero lírico aborda temas mitológicos, enquanto o épico trata de emo-


ções humanas.

D) O gênero lírico é curto, enquanto o épico é longo.

E) O gênero lírico é escrito em prosa, enquanto o épico é em verso.

02| Na poesia lírica, a expressão do eu lírico muitas vezes envolve a utilização de


recursos literários como metáforas, símbolos e imagens poéticas para trans-
mitir emoções e sensações de maneira vívida e evocativa. Qual dos seguintes
exemplos de metáfora, retirado de um poema lírico, ilustra de forma eficaz a
transitoriedade da vida e a fragilidade dos momentos de felicidade?

A) “O amor é um rio que flui eternamente, alimentando os campos da alma


com suas águas puras e revigorantes.”

B) “A felicidade é uma borboleta que pousa suavemente na palma da mão, mas


que voa rapidamente quando tentamos segurá-la com força.”

C) “O tempo é um relógio implacável, que marca os segundos da existência


com suas batidas incessantes, nunca olhando para trás.”

D) “A vida é uma estrada sinuosa, cheia de curvas e desvios, onde o destino é


incerto e o final é sempre uma surpresa.”

E) “A esperança é uma chama frágil, que brilha suavemente no coração huma-


no, iluminando os cantos mais escuros da alma.”

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Leia o texto a seguir para fazer o que se pede:


Asas da Poesia
Nas asas da poesia, voamos para terras distantes, onde os sonhos se encon-
tram com a realidade e as palavras dançam ao ritmo do coração. A poesia é a
linguagem da alma, um refúgio seguro para os que buscam abrigo nas tempes-
tades da vida. Em seus versos, encontramos conforto, inspiração e a promessa
de um mundo onde a beleza e a verdade reinam soberanas. Que a magia da
poesia nos guie em nossa jornada pela vida, iluminando nossos caminhos com
sua luz eterna (HSL).

03| Com base no texto motivador, qual das seguintes afirmações melhor descreve
o papel da poesia na vida humana?

A) A poesia é uma forma de entretenimento superficial, desprovida de signifi-


cado ou valor emocional.

B) A poesia é uma ferramenta educacional usada exclusivamente para ensinar


conceitos gramaticais e literários.

C) A poesia é uma fonte de inspiração e conforto, oferecendo refúgio e consolo


nas dificuldades da vida.

D) A poesia é uma forma de comunicação objetiva, usada para transmitir in-


formações práticas e diretas.

E) A poesia é uma arte elitista, destinada apenas aos intelectuais e acadêmicos.

04| Com base no texto motivador, qual metáfora é usada para descrever a poesia?

A) “A poesia é uma bússola que nos orienta nos mares revoltos da existência.”

B) “A poesia é um espelho que reflete a verdade interior do ser humano.”

C) “A poesia é uma lanterna que ilumina os recantos mais sombrios da mente


humana.”

D) “A poesia é uma janela que nos permite vislumbrar o infinito mistério do


universo.”

E) “A poesia é um escudo que nos protege dos perigos e desafios da vida.”

05| Explique como o gênero lírico difere dos gêneros narrativo e dramático na litera-
tura. Forneça exemplos de obras de cada gênero para ilustrar suas explicações.

06| O texto “Soneto de fidelidade”, de Vinicius de Moraes, é uma produção do gê-


nero lírico? Disserte.

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B) GÊNERO DRAMÁTICO
O palco humano

O gênero dramático, também conhecido como gênero teatral, é um dos três


grandes pilares da literatura, ao lado do gênero lírico, narrativo e épico. Sua essên-
cia reside na representação cênica, na encenação de histórias que ganham vida no
palco, diante dos olhos do público. Vamos adentrar esse mundo fascinante, onde as
palavras se transformam em ação e os personagens ganham voz e corpo.

O drama tem raízes profundas na Grécia Antiga, berço do teatro ocidental. Naque-
la época, as celebrações em honra ao deus Dionísio (ou Baco) incluíam competições
teatrais, onde dramaturgos apresentavam suas peças. Essas festividades, chamadas
de Dionísias, marcavam o início do gênero dramático. A palavra “drama” em grego
significa “ação”, e é exatamente isso que o teatro proporciona: ação, movimento, vida.

No gênero dramático, os personagens ganham vida através das palavras que pro-
ferem, isto é, o discurso direto é o elemento essencial do gênero dramático. A comu-
nicação é essencial, e essa interação verbal é um dos elementos mais marcantes do
teatro. No palco, os personagens se comunicam uns com os outros por meio de falas.
Os diálogos são trocas de palavras entre duas ou mais personagens. Essa interação
verbal cria tensão, revela conflitos e avança a trama. Por isso, podemos dizer que o
teatro é uma narração sem narrador.

No teatro, a linguagem é concisa, objetiva e impactante. As palavras são escolhi-


das cuidadosamente para transmitir emoções e intenções. Além das falas, os atores
usam gestos, expressões faciais e entonação vocal para transmitir significado. Com
isso, o que não é dito explicitamente também é importante. O gênero dramático, tam-
bém conhecido como gênero teatral, é composto por textos literários criados especifi-
camente para serem encenados. Diferentemente de outros gêneros, como o lírico e o
épico, o dramático é concebido com o propósito de ser representado no palco, viven-
ciado pelos atores e compartilhado com o público.

Outro elemento muito importante de uma peça de teatro são as rubricas, instru-
ções detalhadas inseridas nos textos dramáticos para orientar os atores e diretores
durante a representação no palco. O termo “didascália”, outro nome dado às rubri-
cas, deriva do grego e significa “ensinar” ou “instruir”. As rubricas podem indicar
as descrições do espaço, posicionamento dos personagens e movimentos, sugestões
sobre tom de voz, expressões faciais, entonação e gestos. Enfim, esse elemento cênico
pode indicar uma enorme gama de elementos presentes num texto dramático.

Os atos em uma peça de teatro são divisões ou unidades que compõem a estrutu-
ra da obra teatral. Esses atos são igualmente importantes para o desenvolvimento da
trama e podem variar em quantidade, geralmente de um a diversos. Os atos são como
marcos estratégicos que dividem a peça em partes. Cada ato tem certa autonomia em
relação à ação, tempo, espaço e estrutura da intriga.

Uma das peças de teatro mais conhecidas do mundo é Édipo Rei, de Sófocles.
Esse livro é uma das grandes tragédias gregas da Antiguidade Clássica, foi escrita
por volta de 427 a.C. A peça narra a trágica vida de Édipo, um homem que, sem sa-

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ber, mata o próprio pai e casa-se


com sua mãe. A história dessa
família é determinada por uma
profecia que afirma que Édipo
irá realizar esses atos terríveis.
A ação da peça se concentra na
descoberta da realização dessa
profecia, levando a consequên-
cias devastadoras. Aristóteles
considerou Édipo Rei como o
mais perfeito exemplo de tragé-
dia grega.

Édipo, filho do rei Laio e da


rainha Jocasta, nasce com uma
terrível profecia: ele matará o
pai e se casará com a mãe. Para
evitar o destino, Laio ordena que
Édipo seja abandonado na mon-
tanha. No entanto, um pastor
o resgata e o entrega ao rei de
Corinto, que o cria como filho.
Adulto, Édipo consulta o orácu- Figura 3 Máscara cênica
lo de Delfos para descobrir sua
verdadeira origem. O oráculo lhe diz que ele matará o pai e se casará com a mãe. As-
sustado, Édipo foge de Corinto para evitar a profecia. No caminho, encontra Laio e o
mata em um conflito. Chegando a Tebas, Édipo resolve o enigma da esfinge, libertan-
do a cidade. Como recompensa, torna-se rei e casa-se com a rainha viúva, Jocasta. A
tragédia se desenrola quando uma peste assola Tebas. Édipo descobre que a praga é
um castigo dos deuses pela morte de Laio, seu pai biológico. Investigando o assassi-
nato, Édipo descobre a verdade chocante: ele é o assassino do próprio e Jocasta é sua
mãe. Desesperado, arranca os próprios olhos. Jocasta se suicida, e Édipo é expulso
de Tebas. Ele vagueia cego e amaldiçoado, cumprindo a profecia de forma trágica.

A peça Édipo Rei explora temas como destino, livre-arbítrio, cegueira metafórica
e a inevitabilidade do sofrimento humano. A busca pela verdade leva à destruição, e
Édipo enfrenta as consequências de suas ações de forma devastadora.

No Brasil, Nelson Rodrigues foi um dos mais importantes dramaturgos e escrito-


res brasileiros do século XX. Nasceu em 1912, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1980.
Sua obra é marcada por uma profunda investigação da alma humana, explorando
temas como o desejo, a moralidade, a hipocrisia e a complexidade das relações fami-
liares e sociais.

Rodrigues é conhecido por seu estilo provocativo e por suas tramas intensas
e carregadas de conflitos emocionais. Suas peças frequentemente apresentam per-
sonagens em situações extremas, confrontando tabus e expondo as camadas mais
sombrias da psique humana.

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Uma das características distintivas de sua obra é o uso do teatro de tragédia


carioca, que mistura elementos de tragédia clássica com uma abordagem mais con-
temporânea e urbana. Ele tinha uma habilidade única para transformar situações
aparentemente banais em dramas de grande impacto emocional.

Entre suas obras mais famosas estão peças como Vestido de Noiva, considerada
uma das mais importantes do teatro brasileiro, Álbum de Família, Perdoa-me por me
Traíres e Toda Nudez Será Castigada. Nelson Rodrigues deixou um legado duradouro
na literatura e no teatro brasileiros, sendo reconhecido como um dos grandes mes-
tres da dramaturgia nacional.

Se liga no texto
ÉDIPO
Que pais? Espera um momento!... Dize: quem me deu a vida?

TIRÉSIAS
Este dia mesmo far-te-á sabedor de teu nascimento, e de tua morte!

ÉDIPO
Como é obscuro e enigmático tudo o que dizes!

TIRÉSIAS
Não tens sido hábil na decifração de enigmas?

ÉDIPO
Podes insultar-me... Hás de me engrandecer ainda.

TIRÉSIAS
Essa grandeza é que causa tua infelicidade!

ÉDIPO
Se eu já salvei a cidade... O mais, que importa?

TIRÉSIAS
Eu me retiro. Ó menino! Vem guiar-me!

ÉDIPO
Sim... é prudente que ele te leve! Tua presença me importuna; longe daqui não me
molestarás. TIRÉSIAS Vou-me embora, sim; mas antes quero dizer o que me trouxe
aqui, sem temer tua cólera, porque não me podes fazer mal. Afirmo-te, pois: o homem
que procuras há tanto tempo por meio de ameaçadoras proclamações, sobre a morte
de Laio, ESTÁ AQUI! Passa por estrangeiro domiciliado, mas logo se verá que é teba-
no de nascimento, e ele não se alegrará com essa descoberta. Ele vê, mas tomar-se-á
cego; é rico, e acabará mendigando; seus passos o levarão à terra do exílio, onde ta-

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teará o solo com seu bordão. Ver-se-á, também, que ele é, ao mesmo tempo, irmão
e pai de seus filhos, e filho e esposo da mulher que lhe deu a vida; e que profanou o
leito de seu pai, a quem matara. Vai, Édipo! Pensa sobre tudo isso em teu palácio; se
me convenceres de que minto, podes, então, declarar que não tenho nenhuma inspi-
ração profética.
(Sai TIRÉSIAS)

ÉDIPO entra no palácio


(Édipo Rei, de Sófocles)

TIPOS DE TEATRO
1) Tragédia: Um tipo de drama que apresenta um conflito sério e muitas vezes fa-
tal entre personagens principais. As tragédias frequentemente exploram temas
como destino, honra, poder e conflitos morais. Exemplos famosos incluem
Hamlet, de William Shakespeare, e Édipo Rei, de Sófocles.
2) Comédia: Ao contrário da tragédia, a comédia busca provocar risos e entre-
tenimento no público. Ela geralmente lida com situações cotidianas, persona-
gens excêntricos e humor. Exemplos incluem A Comédia dos Erros de William
Shakespeare.
3) Tragicomédia: Uma forma de drama que mescla elementos de tragédia e co-
média. Essas peças podem apresentar situações tanto trágicas quanto cômi-
cas, refletindo a complexidade da vida e das relações humanas. Exemplos
incluem O Mercador de Veneza de William Shakespeare.

4) Auto: Tipo específico de texto dramático que tem suas raízes na tradição tea-
tral medieval e renascentista. Essas peças eram frequentemente encenadas em
festivais religiosos e representavam eventos religiosos ou morais. Um exemplo
famoso de auto é O Auto da Compadecida, uma peça escrita por Ariano Suas-
suna, que incorpora elementos da cultura popular brasileira e da tradição tea-
tral medieval em uma história que mistura comédia, sátira e temas religiosos.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
01| Analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se
que:

A) A criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem


individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva.
B) O cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo
cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho
interpretativo dos atores.
C) O texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como
contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmen-
tos textuais, entre outros.
D) O corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral,
visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cê-
nica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
E) A iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo
de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens
artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.

02| Qual dos seguintes elementos NÃO faz parte da estrutura de uma peça teatral?

A) Personagens.
B) Ação dramática.
C) Cenário.
D) Tema.
E) Público.

03| Qual é a principal diferença entre o gênero dramático e o gênero lírico?

A) O gênero dramático é caracterizado por textos curtos e líricos, enquanto o


gênero lírico envolve peças longas e dramáticas.
B) O gênero dramático é focado na representação teatral, com diálogos entre
personagens, enquanto o gênero lírico é mais introspectivo e subjetivo.
C) O gênero dramático utiliza principalmente a poesia, enquanto o gênero líri-
co se baseia em prosa.
D) O gênero dramático é exclusivamente utilizado em tragédias, enquanto o
gênero lírico está presente em comédias.
E) O gênero dramático é mais antigo que o gênero lírico na história da litera-
tura.

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04| Leia o seguinte trecho da peça teatral Álbum de Família, escrito por Nelson Ro-
drigues:
Cena 1 (Palco menor: cena mostra ângulo de um dormitório de colégio. Glória e
Teresa entram rindo muito, como se brincassem de esconde-esconde)

Qual é a principal característica do gênero dramático?

A) Ação cênica e presença de diálogos entre personagens.


B) Monólogo introspectivo e subjetivo.
C) Linguagem poética e lírica.
D) Ausência de personagens e foco no cenário.
E) Estrutura épica com narrador em terceira pessoa.

05| Explique a importância do cenário em uma peça teatral. Como ele contribui
para a compreensão da história e a imersão do público?

06| O que diferencia o gênero dramático dos demais gêneros literários?

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C) GÊNERO ÉPICO

O texto épico, também co-


nhecido como poema épico, é
um dos gêneros mais antigos da
literatura e tem suas raízes na
tradição oral, onde os poetas re-
citavam longos poemas que ce-
lebravam feitos heroicos e even-
tos significativos da história de
um povo. O gênero épico surgiu
na Antiguidade, por volta do sé-
culo VII a.C.

O épico é uma forma de


narrativa longa, em verso, que
conta a história de um herói ou
de um grupo de heróis que re-
alizam feitos extraordinários e
enfrentam desafios grandiosos.
Geralmente, os textos épicos
apresentam elementos sobre-
naturais, como a intervenção Figura 4 Batalha épica
de deuses ou seres míticos, além de batalh as grandiosas e jornadas heroicas. Os
textos épicos costumam refletir os valores, crenças e ideais da sociedade que os pro-
duziu, servindo como uma forma de preservar e transmitir a cultura e a identidade
de um povo.

Os textos épicos têm uma longa história que remonta às antigas tradições poéti-
cas de muitas culturas ao redor do mundo. Um dos exemplos mais antigos de épico
é a Epopeia de Gilgamesh, da antiga Mesopotâmia, que data do terceiro milênio a.C.
e narra as aventuras do herói Gilgamesh em sua busca pela imortalidade. Outros
exemplos famosos incluem a Ilíada e a Odisseia, atribuídas ao poeta grego Homero,
que contam os eventos da Guerra de Troia e as aventuras do herói Odisseu em sua
viagem de volta para casa.

As produções épicas frequentemente seguem uma estrutura narrativa ampla


que inclui uma introdução ao tema, o desenvolvimento da trama principal e uma
conclusão que geralmente ressalta a grandeza do herói ou o significado dos eventos
narrados. Os textos épicos podem incluir elementos como invocações aos deuses,
descrições detalhadas de batalhas, diálogos entre personagens e episódios de via-
gens e aventuras. As produções épicas, muitas vezes, apresentam uma narrativa
linear, embora possam incluir digressões e histórias secundárias que enriquecem o
contexto da história principal.

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O perfil do herói épico é uma figura ar quetípica que aparece em muitos épicos ao
longo da história da literatura. Embora as características específicas possam variar
de uma obra para outra, há certos traços comuns que definem o herói épico. Aqui
estão algumas características do perfil do herói épico. O herói épico é conhecido por
sua coragem e valentia diante de
desafios e perigos. Ele enfrenta
adversidades com determinação
e bravura, muitas vezes arris-
cando sua própria vida em prol
de um objetivo maior. O herói
épico geralmente possui uma
força física excepcional e habili-
dades sobrenaturais ou extraor-
dinárias. Ele é capaz de realizar
feitos heroicos, como derrotar
monstros, enfrentar exércitos
inimigos ou superar obstáculos
aparentemente impossíveis. O
herói épico é motivado por um
senso de dever e honra, muitas
vezes colocando os interesses de
seu povo ou de sua causa aci-
ma dos seus próprios. Ele é um
símbolo de virtude e nobreza,
agindo com integridade e respei-
to pelos outros. O herói épico é
caracterizado por sua determi- Figura 5 Lutas humanas
nação e persistência em alcan-
çar seus objetivos, mesmo diante de dificuldades e desafios aparentemente insupe-
ráveis. Ele não desiste facilmente e está disposto a enfrentar qualquer obstáculo em
seu caminho. Além de sua força física, o herói épico muitas vezes demonstra astúcia
e inteligência em suas ações. Ele é capaz de elaborar estratégias elaboradas, superar
armadilhas e resolver enigmas complexos para alcançar seus objetivos.

É recorrente, no texto épico, uso de elementos mitológicos, maneira poderosa de


enriquecer a narrativa, fornecendo profundidade cultural, simbolismo e conexões
com as tradições antigas. Esses elementos adicionam camadas de significado e com-
plexidade à história, tornando-a mais rica e envolvente para o público.

A Odisseia é uma das obras mais conhecidas da literatura ocidental, atribuída


ao poeta grego Homero. É uma narrativa em verso que narra as aventuras do herói
Odisseu (ou Ulisses, como é conhecido em latim) em sua jornada de volta para
casa após a Guerra de Troia.

Após a queda de Troia, Odisseu e seus companheiros enfrentam inúmeras dificul-


dades em sua viagem de volta para Ítaca, sua terra natal. Odisseu é impedido de re-
tornar imediatamente devido à ira do deus Posseidon, que o faz vagar por anos pelos
mares. Enquanto isso, em Ítaca, a esposa de Odisseu, Penélope, enfrenta a pressão
dos pretendentes que desejam se casar com ela e assumir o trono de Ítaca. Ela, no

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entanto, permanece fiel a Odisseu e espera pelo seu retorno. Durante sua jornada,
Odisseu enfrenta muitos desafios e perigos, incluindo a resistência dos ciclopes, a
sedução das sereias, a ira de Posseidon e as armadilhas dos deuses. Ele também vi-
sita a ilha da feiticeira Circe e o reino dos mortos, onde consulta o profeta Tirésias.
Enquanto isso, em Ítaca, Telêmaco, filho de Odisseu, parte em busca de notícias de
seu pai e para escapar dos pretendentes que ameaçam sua família e sua herança.

Depois de dez anos de viagem, Odisseu finalmente retorna a Ítaca, disfarçado de


mendigo, e com a ajuda de Telêmaco e de seus aliados, planeja e executa sua vingan-
ça contra os pretendentes que assolaram seu lar.

Figura 6 Mercantilismo

Por fim, Odisseu é reconhecido por Penélope, e juntos, eles retomam o controle de
Ítaca. A história termina com a restauração da ordem e da paz na terra de Odisseu,
após anos de luta e sofrimento.

A Odisseia é uma obra-prima da literatura épica que explora temas como a cora-
gem, a astúcia, a lealdade, a vingança e a busca pela identidade. É uma história rica
em aventuras, mitos e símbolos que continua a cativar leitores ao redor do mundo
até os dias de hoje.

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Se liga no texto
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas


Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano


As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
(Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões)

Na estrofe primeira estrofe, o narrador inicia o texto invocando as “armas” e os


“barões assinalados”, referindo-se aos navegadores portugueses e seus líderes. Ele
descreve sua jornada da “Ocidental praia Lusitana” (Portugal) para além dos
mares nunca antes navegados, até a mítica ilha de Taprobana (hoje Sri Lanka). O
narrador destaca a coragem e a determinação dos navegadores, que enfrentaram
perigos e guerras além dos limites da força humana, e ainda assim conseguiram
estabelecer um “Novo Reino” em terras distantes. Essa estrofe estabelece os temas
centrais do poema: as aventuras dos navegadores portugueses, sua busca por terras
desconhecidas e a construção do império português.

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Na segunda estrofe, o narrador continua sua invocação, prometendo cantar tam-


bém sobre os gloriosos feitos dos reis portugueses que expandiram a fé cristã, o impé-
rio português e conquistaram terras na África e Ásia. Ele elogia os heróis que, através
de feitos valorosos, conseguiram transcender a mortalidade e alcançar a imortalidade
através de suas ações. O texto expressa sua determinação em disseminar as histó-
rias desses heróis por toda parte, contando com a ajuda de seu talento e habilidade
artística para realizar essa tarefa. Essa estrofe amplia o escopo do poema, incluindo
não apenas as aventuras dos navegadores, mas também as conquistas dos reis por-
tugueses e seus feitos em nome da fé e do império.

Na última estrofe destacada, o narrador rompe com a tradição épica clássica ao


declarar sua intenção de deixar de lado as histórias dos sábios gregos (como Ulis-
ses) e dos troianos (como Eneias). Ele também pede que se calem as histórias de
heróis famosos como Alexandre, o Grande, e Trajano, que tiveram suas próprias
grandes navegações e vitórias. Em vez disso, o narrador enfatiza sua decisão de can-
tar sobre o “peito ilustre Lusitano”, ou seja, os feitos gloriosos dos portugueses, que
foram obedecidos pelos deuses Neptuno (deus do mar) e Marte (deus da guer-
ra). O narrador sugere que os feitos dos portugueses superam em grandiosidade e
importância as histórias antigas cantadas pela “Musa antiga”, indicando a superiori-
dade do assunto escolhido para seu poema.

A grandiosidade do livro Os lusíadas é tamanha que se acredita que Camões, na


construção do poema, levou quinze anos. Vale dizer que o livro possui 1102 estrofes
todas em versos decassílabos.

TIPO DE TEXTO ÉPICO

01| Epopeia: é um gênero literário que se caracteriza por narrar grandes feitos
heroicos e aventuras extraordinárias de personagens geralmente lendários ou
históricos. Essas narrativas, frequentemente compostas em versos, são marca-
das por sua extensão e complexidade, abordando temas épicos, mitológicos e
históricos. O termo “epopeia” deriva do grego “epos”, que significa “palavra” ou
“discurso”, e “poiein”, que significa “fazer” ou “criar”. As epopeias muitas vezes
retratam a jornada de um herói em busca de glória, vingança, conhecimento
ou redenção, enfrentando desafios, perigos e inimigos formidáveis ao longo do
caminho. Essas narrativas podem envolver batalhas grandiosas, viagens ma-
rítimas, encontros com deuses e seres sobrenaturais, além de reflexões sobre
questões profundas da condição humana. Um dos exemplos mais famosos de
epopeia é a Ilíada e a Odisseia, atribuídas ao poeta grego Homero. A Ilíada
narra os eventos da Guerra de Troia, enquanto a Odisseia conta as aventuras
do herói Odisseu em sua jornada de volta para casa após a guerra. Outros
exemplos incluem Eneida, de Virgílio, A Divina Comédia, de Dante Alighieri, e
Os Lusíadas, de Luís de Camões.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
01| Em relação ao gênero épico, é podemos dizer que:

A) Apresenta narrativas curtas e de conteúdo predominantemente afetivo, fo-


cando nas emoções e sentimentos dos personagens.
B) Destaca-se pela linguagem simples e direta, sem o uso de figuras de lingua-
gem ou elementos poéticos.
C) Enfatiza a exaltação de feitos heroicos e grandiosos, geralmente envolvendo
aventuras, batalhas e ações extraordinárias.
D) Caracteriza-se pela ausência de personagens principais e pela narração de
eventos cotidianos e mundanos.
E) Limita-se a abordar temas religiosos e mitológicos, excluindo qualquer as-
pecto histórico ou político.

02| Em relação à estrutura de uma epopeia, é possível dizer:

A) Geralmente é organizada em prosa, com narrativas lineares e sem divisão


em partes ou cantos.
B) Apresenta uma estrutura rígida e uniforme, sem variação na extensão dos
versos ou na métrica utilizada.
C) Os personagens secundários têm importância equivalente aos personagens
principais na condução da narrativa.
D) Pode incluir elementos de diferentes gêneros literários, como o épico-lírico,
que combina elementos narrativos épicos e líricos.
E) A linguagem é simples e direta, sem o uso de figuras de linguagem ou recur-
sos poéticos, para facilitar a compreensão do público.

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Leia a lira a seguir retirada da obra Marília de Dirceu, de Tomas Antônio Gon-
zaga, para responder ao que se pede:

LIRA XI

Não toques, minha Musa, não, não toques


Na sonorosa Lira,
Que às almas, como a minha, namoradas
Doces canções inspira:
Assopra no clarim, que apenas soa,
Enche de assombro a terra!
Naquele, a cujo som cantou Homero,
Cantou Virgílio a Guerra.

Busquemos, ó Musa,
Empresa maior;
Deixemos as ternas
Fadigas do Amor.

Eu já não vejo as graças, de que forma


Cupido o seu tesouro;
Vivos olhos, e faces cor-de-rosa,
Com crespos fios de ouro:
Meus olhos só vêem graças, e loureiros;
Vêem carvalhos, e palmas;
Vêem os ramos honrosos, que disinguem
As vencedoras almas.

Busquemos, ó Musa,
Empresa maior;
Deixemos as ternas
Fadigas do Amor.
(...)
(Tomas Antônio Gonzaga)

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03| No trecho “Ouve-se a Lira, e o som do claro Clarim, / Correr nos campos o veloz
cavallo,” a comparação é estabelecida entre a lira e o clarim. Qual é o propósito
dessa comparação?

a) Salientar a harmonia musical da lira em contraste com o som estridente do


clarim.
b) Destacar a importância do clarim na comunicação de mensagens.
c) Mostrar que a lira e o clarim têm funções diferentes pela perspectiva poética
em diferentes contextos.
d) Evidenciar que a lira é preferível ao clarim em termos de musicalidade.
e) Ilustrar que a lira e o clarim são instrumentos musicais tradicionais.

04| No trecho “Busquemos, ó Musa, / Empresa maior; / Deixemos as ternas / Fa-


digas do Amor,” a expressão “Empresa maior” pode ser interpretada como:

a) Uma referência a uma tarefa difícil a respeito da escrita poética.


b) Um pedido para que a Musa se afaste do poeta.
c) Uma descrição das emoções do poeta em relação ao Amor.
d) Um convite à Musa para focar nos temas amorosos.
e) Uma expressão de desânimo em relação à criação literária.

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Leia o fragmento a seguir para fazer o que se pede:

As armas e os barões assinalados


Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas


Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
(Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões)

05| Explique o significado da expressão “As armas e os barões assinalados” no


contexto do trecho apresentado de Os Lusíadas. Como essa expressão introduz
os temas e personagens principais da obra?

06| Analise o papel da expressão “Por mares nunca de antes navegados” no de-
senvolvimento do tema de exploração e descoberta no trecho de Os Lusíadas.
Como essa frase contribui para estabelecer a grandiosidade das conquistas
dos navegadores portugueses?

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D) GÊNERO NARRATIVO
O texto narrativo em prosa pode ser considerado derivado do texto épico em ter-
mos de sua transformação histórica e influências literárias. O texto épico é uma das
formas mais antigas de narrativa, caracterizada pela narração de eventos heroicos e
grandiosos, frequentemente centrados em figuras lendárias ou mitológicas.

Com o passar do tempo e o desenvolvimento da literatura, o texto épico influen-


ciou a criação de outras formas narrativas, incluindo o texto narrativo em prosa.
Enquanto o texto épico muitas vezes era recitado oralmente e marcado por uma
estrutura poética e ritmada, o texto narrativo em prosa surgiu como uma forma de
expressão mais acessível e versátil.

O texto narrativo em prosa permitiu aos autores contar histórias de maneira mais
detalhada e complexa, explorando uma variedade de temas e estilos literários. Ele se
tornou o principal veículo para a criação de romances, contos, novelas e outras for-
mas de narrativa em prosa que são populares até os dias de hoje.

Os elementos fundamentais
de uma obra narrativa são os
componentes básicos que con-
tribuem para a construção e de-
senvolvimento da história. Eles
fornecem a estrutura essencial
para a narrativa e ajudam a
criar uma experiência significa-
tiva para o leitor.

Numa produção narrativa


em prosa o enredo é a sequência
de eventos que compõem a his-
tória. Ele inclui a introdução dos
personagens, o desenvolvimen-
to dos conflitos e a resolução
dos problemas apresentados ao
longo da narrativa. O enredo é
frequentemente organizado em
uma estrutura de início, meio e
fim. Os personagens são os in-
divíduos fictícios que habitam a
história e desempenham papéis
Figura 5 Lutas humanas
específicos dentro do enredo.
Eles podem ser protagonistas (personagens principais), antagonistas (personagens
que representam um conflito para o protagonista) ou personagens secundários
(que desempenham papéis menores na trama).

O ambiente, numa obra narrativa, refere-se ao cenário físico ou contexto em que


a história se desenrola. Isso inclui não apenas a localização geográfica, mas também
o período de tempo, o ambiente cultural e social, e quaisquer outros elementos que
contribuam para o contexto da narrativa.

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Numa obra narrativa, tempo na narrativa refere-se à sequência cronológica dos


eventos. Isso pode ser apresentado de forma linear, com eventos ocorrendo em ordem
sequencial, ou de forma não linear, com “flashbacks”, “flashforwards” ou outros dis-
positivos temporais.

O ponto de vista é a perspectiva a partir da qual a história é contada. Pode ser


em primeira pessoa (narrador interno, que é um personagem na história), em terceira
pessoa (narrador externo, que observa a história de fora) ou em uma variedade de
outras formas, como múltiplos pontos de vista.

Esses são os elementos fundamentais de uma obra narrativa. Eles trabalham em


conjunto para criar uma narrativa coesa e significativa, proporcionando uma experi-
ência envolvente para o leitor.

Se liga no texto
Ao acordar, disse para a mulher:

— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o


sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da
cidade, estou a nenhum.

— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.

— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente


as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz
barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã
eu pago.

Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um ba-
nho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um
café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como esti-
vesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de ar-
riscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore
do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos,
porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo
vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera,


olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro inter-
romper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era
o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:

— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.

Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.

Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro


subir lentamente os andares… Desta vez, era o homem da televisão! (“O homem nu”,
de Fernando Sabino).

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“O Homem nu”, de Fernando Sabino, é uma crônica que combina humor e re-
flexão de maneira habilidosa, oferecendo uma visão humorística de um momento
constrangedor na vida do personagem central. A crônica começa com uma situação
trivial, a dívida do conserto de uma televisão, para desencadeia em inúmeras situa-
ções inusitadas.

TIPOS DE TEXTOS NARRATIVOS


1) Romance: Os romances são narrativas longas e complexas que exploram
múltiplos personagens, tramas secundárias e temas variados ao longo de
um período estendido de tempo. Eles oferecem uma exploração mais pro-
funda da condição humana e podem abranger uma ampla gama de gêneros,
incluindo romance, aventura, mistério, ficção científica, entre outros.
2) Novela: As novelas estão entre os contos e os romances em termos de com-
primento e complexidade. Elas são mais longas do que os contos, mas mais
curtas e menos elaboradas do que os romances. As novelas muitas vezes se
concentram em um conjunto limitado de personagens e tramas, oferecendo
uma exploração mais aprofundada do que um conto, mas menos extensa
do que um romance.
3) Conto: Os contos são narrativas
curtas que geralmente se concen-
tram em um único incidente, even-
to ou personagem. Essa forma nar-
rativa é marcada pela economia de
meios narrativos, poucos persona-
gens, reduzido o número de conflito,
por isso, Júlio Cortázar afirma que o
conto é “como uma bolha de sabão”.
3) Fábula: As fábulas são narrativas
curtas, geralmente envolvendo ani-
mais antropomórficos, que transmi-
tem uma lição moral ou uma men-
sagem didática. Elas são conhecidas
por sua simplicidade e clareza, e fre-
quentemente apresentam uma mo- Figura 8 Narrativas da vida
ralidade direta ao final da história.
4) Crônica: As crônicas são narrativas baseadas em fatos reais ou eventos
históricos, muitas vezes contadas de forma cronológica. As duas grandes
marcas de uma crônica são a tematização do cotidiano por meio do humor.

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
01| Quais são os elementos fundamentais de uma obra narrativa em prosa?

A) Personagens, narrador, tema, enredo e tempo.


B) Estrofes, métrica, rima, verso e estilística.
C) Figuras de linguagem, cenário, símbolos, tema e estrutura.
D) Ritmo, cadência, tom, imagens e metáforas.
E) Personagens, métrica, tom, enredo e estilo.

02| Qual é o objetivo principal de um texto narrativo?

A) Expressar emoções através de metáforas e imagens poéticas.


B) Proporcionar entretenimento e uma experiência significativa ao leitor.
C) Oferecer uma análise detalhada de temas filosóficos e existenciais.
D) Educar o leitor sobre fatos históricos e eventos culturais.
E) Promover discussões políticas e sociais por meio de enredos complexos.

03| Qual é o termo literário que descreve um tipo de narrador que conhece os pen-
samentos e sentimentos de todos os personagens na história?

A) Narrador interno, um personagem que participa ativamente da trama e tem


acesso apenas às suas próprias experiências.
B) Narrador onisciente, uma voz narrativa que tem acesso privilegiado aos
pensamentos, emoções e motivos de todos os personagens.
C) Narrador em primeira pessoa, que relata a história a partir de sua própria
perspectiva, usando pronomes como “eu” e “meu”.
D) Narrador testemunhal, que conta a história com base em suas próprias ob-
servações e experiências pessoais.
E) Narrador limitado, que tem acesso apenas aos pensamentos e sentimentos
de um ou alguns personagens específicos na história.

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04| Qual é o termo literário que descreve uma técnica na qual uma história é con-
tada fora da ordem cronológica tradicional, com eventos sendo apresentados
fora da sequência temporal natural?

A) Fluxo de consciência, uma técnica narrativa na qual os pensamentos e


emoções de um personagem são apresentados em uma corrente contínua e
não filtrada.
B) Flashback, uma interrupção na narrativa para revelar eventos que ocorre-
ram antes do tempo presente da história.
C) Jornada do herói, um padrão narrativo comum em mitologia e literatura
em que um herói embarca em uma jornada e enfrenta desafios ao longo do
caminho.
D) Suspense, uma técnica narrativa que mantém o leitor ansioso e intrigado
sobre o que vai acontecer em seguida na história.
E) Estrutura não linear, uma abordagem narrativa na qual os eventos são
organizados de maneira não sequencial, desafiando a ordem temporal con-
vencional.

05| Compare e contraste o gênero narrativo em prosa com o gênero épico em ter-
mos de estrutura, estilo e propósito. Analise como esses dois gêneros literários
diferem em sua abordagem da narrativa e discuta como cada um deles influen-
cia a percepção do leitor sobre os eventos e personagens da história.

06| Compare e contraste o gênero narrativo com o gênero dramático em termos de


forma, apresentação e propósito. Analise como esses dois gêneros literários di-
ferem em sua abordagem da narrativa e discuta como cada um deles influencia
a interação do público/leitor com a obra.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01| Associe os gêneros literários às suas respectivas características.

1 – Gênero lírico ( ) Exteriorização dos valores e sentimentos coletivos


2 – Gênero épico ( ) Representação de fatos com presença física de atores
3 – Gênero dramático ( ) Manifestação de sentimentos pessoais predominando,
assim, a função emotiva

A sequência correta, de cima para baixo, é


A) 3 – 2 – 1
B) 2 – 3 – 1
C) 2 – 1 – 3
D) 1 – 3 – 2
E) 1 – 2 – 3

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02| Leia o trecho abaixo, retirado de I-Juca Pirama, obra de Gonçalves Dias.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
sou filho do norte,
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Trata-se de um:
A) poema lírico
B) poema épico
C) cantiga de amigo
D) novela de cavalaria
E) auto de fundo religioso

03| Leia os versos a seguir e responda.

“Catar Feijão
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e o oco, palha eco,”

Alguidar: recipiente de barro, metal ou material plástico, usado para tarefas domésticas

Em Catar feijão, João Cabral de Melo Neto revela

A) o princípio de que a poesia é fruto de inspiração poética, pois resulta de um


trabalho emocional.
B) influência do Dadaísmo ao escolher palavras, ao acaso, que nada significam
para a construção da poesia.
C) preocupação com a construção de uma poesia racional contrária ao senti-
mentalismo choroso.
D) valorização do eu lírico, ao extravasar o estado de alma e o sentimento po-
ético.
E) valorização do pormenor mediante jogos de palavras, sobrecarregando a
poesia de figura e de linguagem rebuscada.

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04| Quando Bauer, o de pés ligeiros, se apoderou da cobiçada esfera, logo o sus-
peitoso Naranjo lhe partiu ao encalço, mas já Brandãozinho, semelhante à
chama, lhe cortou a avançada. A tarde de olhos radiosos se fez mais clara para
contemplar aquele combate, enquanto os agudos gritos e imprecações em re-
dor animavam os contendores. A uma investida de Cárdenas, o de fera catadu-
ra, o couro inquieto quase se foi depositar no arco de Castilho, que com torva
face o repeliu. Eis que Djalma, de aladas plantas, rompe entre os adversários
atônitos, e conduz sua presa até o solerte Julinho, que a transfere ao valoroso
Didi, e este por sua vez a comunica ao belicoso Pinga. (...) Assim gostaria eu de
ouvir a descrição do jogo entre brasileiros e mexicanos, e a de todos os jogos:
à maneira de Homero. Mas o estilo atual é outro, e o sentimento dramático se
orna de termos técnicos.
Carlos Drummond de Andrade, Quando é dia de futebol. Rio: Record, 2002.

Ao narrar o jogo entre brasileiros e mexicanos “à maneira de Homero”, o autor


adota o estilo

A) épico.
B) lírico.
C) satírico.
D) técnico.
E) teatral.

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05| Leia o trecho abaixo, de “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto.
“— Severino retirante,
deixa agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
(…)

E não há melhor resposta


que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,”

Quanto ao gênero literário, podemos afirmar que o fragmento lido é

A) narrativo, que conta em prosa histórias do sertão nordestino.


B) uma peça teatral, desprovido de lirismo e com linguagem rústica.
C) bastante poético e marcado por rimas, sem metrificação.
D) uma epopeia, que traduz o desencanto pela vida dura do sertão.
E) dramático, que encena conflitos internos do ser humano.

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06| Os gêneros literários são empregados com finalidade estética. Leia os textos a
seguir.
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

(Camões, L. V. de. Sonetos. Lisboa: Livraria Clássica Editora. 1961. Fragmento.)

Porém já cinco sóis eram passados


Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca doutrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.

(Camões, L. V. Os Lusíadas. Abril Cultural, 1979. São Paulo. Fragmento.)

Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a classificação dos textos.

A) Épico e lírico.
B) Lírico e épico.
C) Lírico e dramático.
D) Dramático e épico.
E) Lírico e narrativo

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07| Leia o texto a seguir:

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era
doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão
e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação taba-
jara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia
a terra com as primeiras águas.
(ALENCAR, José de. Iracema: lenda do Ceará. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 15.)

Em termos de genealogia literária, o fragmento apresentado pertence a uma


obra do gênero narrativo. Não obstante, sua linguagem se utiliza de elementos
do gênero

A) dramático
B) cômico
C) lírico
D) épico
E) trágico

08| Analise o fragmento a seguir e faça o que se pede:


Quem sabe se nesta terra / não plantarei minha sina?
Não tenho medo da terra / cavei pedra toda a vida
e para quem lutou a braço / conta a piçarra da caatinga
fácil será amansar / esta aqui, tão feminina
(MELO NETO, J. C. Morte e Vida Severina – auto de natal pernambucano)

Quanto ao gênero literário, podemos afirmar sobre o fragmento do texto lido:

A) Não há lirismo, pois é feito para ser representado.


B) É narrativo, pelo cunho regionalista e social.
C) É dramático, com uma linguagem fortemente poética.
D) É uma peça teatral, sem qualquer lirismo, pela rudeza da linguagem.
E) É mais épico que lírico ou dramático.

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09| Analise o texto a seguir:

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

(Fernando Pessoa)

A partir da análise da palavra título, “Autopsicografia”, podemos afirmar que:

A) O texto mostra uma visão irônica do eu-lírico sobre as pessoas com as quais
convive.
B) A palavra autopsicografia exclui qualquer possibilidade de envolvimento do
autor como o poema.
C) O foco do eu-lírico é mostrar para o leitor suas desventuras amorosas.
D) A principal intenção do autor é estabelecer um diálogo como os leitores.
E) É possível observar, através da análise dos elementos, que o poema apre-
senta um contraponto entre o autor e o eu-lírico.

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10| Leia o texto a seguir:

Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e


o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer di-
zer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresen-
tação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramá-
tico é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui
uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que
devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática
(trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir
das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem com-
posta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação
ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em
que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo)
deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação
(COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973).

Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetácu-


lo teatral, conclui-se que:

A) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem


individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva.
B) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo ce-
nógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho
interpretativo dos atores.
C) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como
contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmen-
tos textuais, entre outros.
D) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, vis-
to que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica
em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
E) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de
produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens ar-
tísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.

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RESOLUÇÕES E RESPOSTAS
A) GÊNERO LÍRICO
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

01| Resposta D: O gênero lírico geralmente apresenta textos mais curtos, enquanto
o épico é caracterizado por narrativas extensas.

02| Resposta B. Esta metáfora utiliza a imagem da borboleta para transmitir a


ideia da fugacidade da felicidade e a dificuldade de segurá-la ou prolongá-la.
Essa imagem poética evoca uma sensação de efemeridade e vulnerabilidade,
características frequentes na poesia lírica.

03| Resposta C. O texto motivador ressalta a importância da poesia como uma fon-
te de inspiração e consolo, sugerindo que ela oferece abrigo nas tempestades
da vida e nos guia em nossa jornada.

04| Resposta A. Nesta metáfora, a poesia é comparada a uma bússola, sugerindo


que ela nos guia e nos orienta em meio às dificuldades e desafios da vida, ofe-
recendo direção e segurança em nossas jornadas pessoais.

05| O gênero lírico difere dos gêneros narrativo e dramático principalmente em sua
abordagem e foco. Enquanto o gênero lírico se concentra na expressão subje-
tiva de sentimentos e emoções do eu lírico, os gêneros narrativo e dramático
tendem a priorizar a narração de histórias e a representação de ações e confli-
tos, respectivamente. No gênero lírico, o autor ou o eu lírico compartilha seus
pensamentos, emoções e reflexões pessoais de maneira emotiva e subjetiva.
Um exemplo claro é o poema “Soneto de Fidelidade”, de Vinicius de Moraes,
que explora o tema do amor e da fidelidade de forma intensamente pessoal e
emotiva. Por outro lado, no gênero narrativo, como o romance Dom Quixote,
de Miguel de Cervantes, a ênfase está na narração de uma história, com per-
sonagens, enredo e ambientação desenvolvidos ao longo do texto. Neste caso,
acompanhamos as aventuras e desventuras do cavaleiro andante Dom Quixote
e seu fiel escudeiro Sancho Pança. Já no gênero dramático, exemplificado pela
peça teatral Romeu e Julieta, de William Shakespeare, a ação e o conflito são
os elementos-chave. Através do diálogo entre personagens e da representação
de eventos dramáticos, a peça aborda temas como amor proibido, rivalidade
familiar e destino trágico. Em resumo, enquanto o gênero lírico é marcado pela
expressão emocional e subjetiva, os gêneros narrativo e dramático priorizam,
respectivamente, a narrativa de histórias e a representação de ações e conflitos.

06| O “Soneto de Fidelidade”, de Vinicius de Moraes, é uma obra do gênero lírico


porque expressa subjetivamente os sentimentos e as emoções do eu lírico,
utilizando recursos poéticos para criar uma experiência poética e explorando
temas universais de maneira profundamente pessoal e emotiva.

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B) GÊNERO DRAMÁTICO
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

01| Resposta C. A construção de um texto teatral pode desenvolver-se a partir das


mais variadas fontes, pois o gênero dramático consiste na forma utilizada para
se contar uma história.

02| Resposta E. O público não faz parte da estrutura interna da peça teatral, mas
é fundamental para sua realização.

03| Reposta B. O gênero dramático é focado na representação teatral, com diálogos


entre personagens, enquanto o gênero lírico é mais introspectivo e subjetivo.

04| Resposta A. O trecho apresenta uma ação cênica, indicando a entrada das
personagens Glória e Teresa em um dormitório de colégio. Além disso, a men-
ção a diálogos entre as personagens também reforça a característica do gênero
dramático.

05| O cenário é fundamental no teatro, pois cria o ambiente onde a ação se desen-
rola. Ele não apenas fornece informações sobre o local e a época da história,
mas também influencia o estado de espírito dos personagens e do público.
Por exemplo, um cenário sombrio pode sugerir tragédia, enquanto um cenário
colorido e alegre pode indicar comédia. Além disso, detalhes como móveis, ob-
jetos e adereços no cenário podem revelar aspectos da vida dos personagens.
Assim, o cenário contribui para a compreensão da trama e a imersão emocio-
nal do público.

06| O gênero dramático se destaca por ser especificamente criado para ser encena-
do. Diferentemente do gênero lírico (que expressa emoções subjetivas) e do
épico (que narra eventos), o dramático envolve diálogos entre personagens.
Esses diálogos não apenas avançam a trama, mas também revelam conflitos,
motivações e características dos personagens. Além disso, a representação cê-
nica é essencial no gênero dramático, pois é no palco que os atores dão vida
aos personagens, utilizando gestos, expressões e movimentos para comunicar
com o público.

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C) GÊNERO ÉPICO
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

01| Resposta C. Enfatiza a exaltação de feitos heroicos e grandiosos, geralmen-


te envolvendo aventuras, batalhas e ações extraordinárias. O gênero épico é
caracterizado pela narrativa de eventos grandiosos e heroicos, muitas vezes
envolvendo ações extraordinárias e aventuras épicas, como as encontradas na
Ilíada, de Homero, ou em Os Lusíadas, de Luís de Camões.

02| Resposta D. Pode incluir elementos de diferentes gêneros literários, como o


épico-lírico, que combina elementos narrativos épicos e líricos. As epopeias
podem apresentar uma variedade de elementos e técnicas literárias, incluindo
elementos épicos e líricos. Além disso, elas podem incorporar diferentes gêne-
ros, como a poesia lírica, para criar uma narrativa mais rica e complexa.

03| Resposta C. A comparação entre a lira e o clarim tem o propósito de ilus-


trar que ambos os instrumentos têm funções metafóricas distintas, mas
cada um em um contexto diferente. Assim, a lira metaforicamente re-
presenta o canto amoroso (função emotiva), isto é, uma poesia amorosa.
De outro lado, o clarim está vinculado às epopeias, narrativas histórias
sobre os feitos guerreiros de um povo.

04| Resposta A. A expressão “Empresa maior” indica a busca por um desafio ou


tarefa mais complexa e significativa, o que está em consonância com a ideia de
mudar o foco das “ternas Fadigas do Amor” para algo mais grandioso e impac-
tante como uma narrativa épica. Contudo, ao final do poema, percebemos que
o texto não passou de uma estratégia para cantar o amor pela musa Marília.

05| A expressão “As armas e os barões assinalados” é uma referência aos feitos he-
roicos e aos líderes destacados que serão exaltados ao longo do poema épico Os
Lusíadas. “As armas” sugerem as batalhas e conquistas militares, enquanto
“os barões assinalados” se refere aos nobres, líderes e heróis que desempenha-
ram papéis significativos na história de Portugal. Essa expressão introduz os
temas principais do poema, destacando a importância dos feitos heroicos e da
liderança dos navegadores portugueses durante a Era dos Descobrimentos.

06| A expressão “Por mares nunca de antes navegados” enfatiza a coragem e o


espírito pioneiro dos navegadores portugueses que se aventuraram em águas
desconhecidas durante a Era dos Descobrimentos. Essa frase destaca a im-
portância das viagens de exploração e descoberta realizadas pelos portugue-
ses, demonstrando sua determinação em alcançar terras além das conhecidas
até então. Isso contribui para estabelecer a grandiosidade das conquistas dos
portugueses, ressaltando a magnitude das jornadas empreendidas e as novas
terras descobertas, como a mítica Taprobana (hoje Sri Lanka).

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D) GÊNERO NARRATIVO
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

01| Resposta A. Os elementos fundamentais de uma obra narrativa incluem per-


sonagens (indivíduos fictícios que desempenham papéis na história), narrador
(quem conta a história), tema (a mensagem central ou o significado subjacente
da obra), enredo (a sequência de eventos que compõem a história) e tempo (a
sequência cronológica dos eventos). Esses elementos são essenciais para a
construção e desenvolvimento de uma narrativa significativa.

02| Resposta B. O objetivo principal de um texto narrativo é proporcionar entre-


tenimento e uma experiência significativa ao leitor, envolvendo-o na trama,
nos personagens e nas questões levantadas pela narrativa. Embora os textos
narrativos possam também abordar outros objetivos, como educação, reflexão
sobre temas complexos e expressão artística, o entretenimento é a finalidade
primordial que os mantém cativantes e envolventes para o público em geral.

03| Resposta B. O narrador onisciente é aquele que tem conhecimento total dos
pensamentos, emoções e motivações de todos os personagens na história. Ele
pode revelar informações sobre qualquer personagem e fornecer uma visão
ampla e detalhada dos acontecimentos, tornando-se uma fonte confiável de
conhecimento para o leitor.

04| Resposta E. A estrutura não linear é uma técnica narrativa em que os eventos
são apresentados fora da ordem cronológica tradicional. Isso pode envolver
flashbacks, flashforwards ou uma mistura de diferentes períodos de tempo
para criar uma narrativa mais complexa e intrigante, desafiando as expectati-
vas do leitor e fornecendo uma nova perspectiva sobre a história.

05| O gênero narrativo em prosa e o gênero épico são duas formas de narrativa que
diferem significativamente em termos de estrutura, estilo e propósito. Enquan-
to o gênero narrativo em prosa se caracteriza pela apresentação de eventos e
personagens em uma prosa contínua e acessível, o gênero épico é marcado por
uma narrativa poética que descreve feitos heróicos e grandiosos. Em termos de
estrutura, o gênero narrativo em prosa geralmente segue uma sequência linear
de eventos, com foco no desenvolvimento de personagens e enredo. Por outro
lado, o gênero épico muitas vezes apresenta uma estrutura mais fragmentada,
com episódios distintos que destacam as realizações do herói central em dife-
rentes contextos e cenários. Em relação ao estilo, o gênero narrativo em prosa
tende a ser mais direto e objetivo, com uma linguagem acessível e próxima da
linguagem cotidiana. Em contraste, o gênero épico emprega uma linguagem
poética e ornamentada, repleta de metáforas, imagens vívidas e elementos épi-
cos como epítetos e fórmulas repetitivas. Quanto ao propósito, o gênero nar-
rativo em prosa muitas vezes busca explorar temas e questões humanas de
forma mais intimista e contemporânea, enquanto o gênero épico visa celebrar
valores heroicos e mitológicos, transmitindo um sentido de identidade cultural
e coletiva.

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06| O gênero narrativo e o gênero dramático são duas formas de expressão literá-
ria que divergem em termos de forma, apresentação e propósito. Enquanto o
gênero narrativo se caracteriza pela narração de eventos e ações em uma prosa
contínua, o gênero dramático é marcado pela representação de conflitos e di-
álogos em forma de peça teatral. Em termos de forma, o gênero narrativo fre-
quentemente apresenta uma estrutura linear, com uma sequência de eventos
organizados de maneira cronológica, enquanto o gênero dramático adota uma
estrutura mais fragmentada, com diálogos que podem ocorrer simultaneamen-
te em diferentes partes do palco. Quanto à apresentação, o gênero narrativo
é geralmente lido individualmente pelo leitor, permitindo uma experiência de
imersão mais íntima e pessoal com a obra. Por outro lado, o gênero dramático
é projetado para ser encenado em um palco, com atores interpretando os per-
sonagens e dialogando diante de uma plateia.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

01| Resposta B. O gênero lírico privilegia a manifestação de sentimentos pessoais,


o dramático representa fatos com presença de atores e o épico busca a exterio-
rização de valores e sentimentos coletivos. “Lira dos Vinte Anos” de Álvares de
Azevedo, “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente e “Os Lusíadas” de Luís de
Camões ilustram, respectivamente, essas caracterizações.

02| Resposta B. O trecho apresentado é característico de um poema épico, espe-


cialmente por seu conteúdo guerreiro e heroico. Neste excerto de “I-Juca Pira-
ma” de Gonçalves Dias, o narrador se apresenta como um guerreiro valente e
destemido, exaltando suas origens e sua bravura em meio às batalhas. O poe-
ma épico é um gênero que narra feitos heroicos e grandiosos, frequentemente
associados a um contexto histórico ou mitológico, e este trecho reflete essa
característica, enaltecendo as virtudes do protagonista como um guerreiro do
norte. Portanto, a resposta correta é o item.

03| Resposta C. O eu lírico aborda, metalinguisticamente, sua concepção do ato


criador, tomando como referência o ato do cotidiano de escolher feijão. “Jo-
gar” as palavras sugerem a inspiração necessária para só depois selecionar os
melhores grãos, ou seja, as palavras adequadas. O objetivo é construir uma
poesia que iniba o excesso, desfazendo-se de tudo o que for “leve e oco, palha
eco”, como o “pieguismo” sentimental.

04| Resposta A. Carlos Drummond de Andrade adota características da epopeia,


gênero narrativo originalmente em verso, com estilo elevado e linguagem hiper-
bólica, que visa à celebração de feitos grandiosos por heróis fora do comum,
reais ou lendários.

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05| Resposta E. As opções [A], [B], [c] e [D] são incorretas, pois o fragmento
[A] transcreve a fala em forma de verso;
[B] transmite os sentimentos do personagem, por isso apresenta forte carga
lírica, além de ser elaborado em linguagem culta;
[C] os versos apresentam métrica regular: redondilhas maiores;
[D] a epopeia é um poema extenso, cuja narração descreve e relata os feitos
de um herói histórico, representante de um povo.

Assim, é correta apenas [E], pois o fragmento pertence ao gênero dramático,


que encena conflitos internos do ser humano.

06| Resposta B. Lírico é o gênero de poesia em que o poeta expõe suas emoções e
sentimentos. Exemplo desse gênero é o primeiro texto, cujo tema é o amor.
O épico pode ser definido como um gênero constituído de longo poema acer-
ca de assunto grandioso e heroico. Os Lusíadas, de Camões, é considerado o
grande épico da Língua Portuguesa e canta os atos heroicos dos portugueses,
durante as grandes navegações marítimas no século XV.

07| Resposta C. O romance Iracema, de José de Alencar, embora seja uma pro-
dução narrativa, apresenta alguns aspectos típicos do gênero lírico como, por
exemplo, a musicalidade, polissemia e refinamento estético. Por isso, a obra é
nomeada de prosa-poética.

08| Resposta C. O fragmento selecionado pertence ao livro de João Cabral de Melo


Neto, Morte e Vida Severina, que possui o subtítulo de “auto de natal pernam-
bucano”. Como se vê, o texto é nomeado pelo próprio autor como um auto,
peça com traços religiosos com fim celebrativo, tudo isso, permite dizer que o
livro é uma produção dramática.

09| Resposta E. Existem alguns elementos no poema, como a própria palavra au-
topsicografia, que denotam o diálogo entre o autor do poema e o eu-lírico, as-
sim como a reflexão sobre o próprio fazer literário. O texto é uma inteligente
reflexão literária sobre o exercício da escrita e, portanto, não apresenta uma
visão irônica sobre as pessoas aos quais ele convive com afirma erroneamente
o item A. O item B equivoca-se ao dizer que o título do poema exclui qualquer
relação do texto com o autor. O enunciado C está errado, pois o poema não
discute questões de ordem afetiva. Como dizemos anteriormente, o poema de
Pessoa lança-mão de importantes reflexões metapoéticas, condição que permi-
te afirmar que o item D está errado.

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10| Alternativa C é o item correto. Os textos dramáticos são sequências narrativas


produzidas para serem representadas, não importando o gênero. Podem ser
sequências narrativas desenvolvidas em versos – poesia —, como podem ser
textos em prosa. O item A está errado, pois uma ação cênica não é necessaria-
mente uma ação individual. O cenário, em sua maioria das vezes, deve apre-
sentar uma relação direta com o tema da peça, portanto, o item B está errado,
pois afirma o contrário. O enunciado C está errado, visto que o texto dramático
não necessita ser derivado de nenhuma outra forma literária, pois apresenta
a sua autonomia no processo criativo. Limitar o texto dramático à expressão
verbal não faz parte de um originário texto cênico, por isso, o item D está erra-
do. A iluminação e o som de um espetáculo cênico dependem do processo de
produção/recepção do espetáculo teatral, por isso, podemos dizer que o item E
está errado.

@profhenriquelandim
Henrique Landim

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