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Introdução
Este trabalho é da cadeira de Literatura Africana da Língua Portuguesa, 3º ano do
curso de Licenciatura em ensino da Língua Portuguesa, cujo tema é A Revista Certeza
Neo-realismo Cabo-Verdiano. Neste de sentido o trabalho tem como objectivo geral
Conhecer a Revista Certeza.

E objectivo específicos Explicar a contribuição do movimento neo-realismo na literatura


Cabo-verdiano assim como na Literatura Africana, Identificar a ideologia dos homens
da geração de certeza e por último Identificar os principais factores que motivaram a
publicação desta revista;

Para a facilitação da sua leitura O presente trabalho obedece a seguinte estrutura:


introdução, desenvolvimento, conclusão e sua respectiva bibliografia.
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A CERTEZA E O NEO-REALISMO CABO-VERDEANO


Quase uma década depois do lançamento de Claridade, os ideais da negritude se
espalham pelo mundo, assim como as ideias marxistas e o romance regionalista
brasileiro da geração de 30.

Durante a II Guerra mundial, em 1941, o escritor Português Manuel Ferreira neo-


realista, chegou a cabo verde (São Vicente) como expedicionário, integrado numa forca
de protecção ao arquipélago. Tivera por mestre chamado “Novo Humanismo” uma
figura ligada ao Sol nascente. Jofre Amaral Nogueira que mais tarde viveria em Sá da
Bandeira. Influindo nas actividades culturais da cidade. Que conhecera na Cadeia da
polícia política. No Porto.

Ali viveu durante 6 anos. Assistindo a uma longa estiagem que provocou milhares de
mortos e marcou decisivamente. Casou se com Orlanda Amarilis, futura escritora, tendo
um filho mais velho no arquipélago. Manuel Ferreira acabaria por se tornar um escritor
e, entre 1974 e o momento actual. Após a sua morte em 1992 no maior especialista das
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Pires & Mata. (1995,p.214)

Colaborando com o grupo de jovens estudantes da academia Cultivar. Manuel ferreira


divulgou escritores como Manuel da Fonseca, Joaquina Namorado, Fernando Namora,
Carlos de Oliveira, Alves Redol, Virgílio ferreira e revista como a Seara Nova e
principalmente a Vértice.

O surgimento da Revista Certeza e o e Neo- Realismo Cabo- Verdiano

A Geração da Certeza surge, como vinha sendo hábito, à volta de uma revista com o
mesmo nome - revista Certeza - em 1944. Desde cedo, passou a destacar-se pela
profunda preocupação com a perspectiva social.

Os homens que constituem esta Geração da Certeza marcam uma diferença no modo de
fazer literatura em Cabo Verde pelas problemáticas que decidem vincar e dar voz:
interessava focar o grande problema do isolamento das ilhas, do próprio arquipélago
entre si, que, pela falta de comunicação fácil e rápida, impedia que a informação e o
conhecimento passassem de ilha para ilha, e das ilhas para o resto do mundo.

O isolamento total constrange e atrofia a alma daquele povo. No seguimento desta


grande temática que envolve a vida em Cabo Verde, desencadeia-se a denúncia e o
lamento de outras situações que, consequentemente, abatem a imagem global daquela
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terra: a falta de trabalho, a sequente prostituição (que, dadas as circunstâncias, é de certa


forma acarinhada e compreendida), a resignação de uma opressão colonial, por falta de
gente e forças para lutar, o mar circundante, que monotonamente persiste em rodeá-
los.Covane (2016)

O grupo fundou a Revista Certeza em 1944. Que saíram dois números chegando um
terceiro a ser impresso mas logo proibido pela censura. Para além de Manuel Ferreira
integravam o grupo em Cabo Verde como: Arnaldo Franca, Guilherme, Orlanda
Amarilis, entre outros. Pires & Mata (1995:214)

António Nunes publicou na capa no 2 da Certeza o “primeiro poema neo-realista de


temática cabo-verdiana”. Segundo Manuel ferreira “ali recebido com Alvoroço”.
Intitulado “poema de amanha”. De que se transcrevemos um trecho.

Mamãe!

Sonho que. Um dia estas leiras de terra se estendem.

Quer sejam Mato Engenho, Dacabalaio ou Santana.

Filhas do nosso esforço. Frutos do nosso suor.

Serão nossas.

Logo no ano seguinte da publicação da revista. Jaime Figueiredo. Que estivera ligado ao
impulso inicial da Claridade.Escreveria um texto radiofónico de apreciação não
inteiramente favorável ao livro de poemas de longe. A revista abria com um poema de
Nuno Miranda efectivamente menos significados do que o de António Nunes.

Segundo Ferreira (1985,p.269) considera que a Certeza não se preocupou com as raízes
crioulas do arquipélago (língua e cultura Crioulas) sintonizando antes com a ideologia
subjacente ao Neo-realismo e, portanto, como que preocupando-se com o genérico
homem dominado. Ora foi precisamente o poeta António Nunes que no texto de
apreciação ao seu livro se fixou no “tipismo da temática Crioula”, decerto por se
encontrar longe da terra e esse fundo cultural popular se ajustar a necessidade de criar
uma atmosfera insular. O que estava fora incidia o olhar sobre o íntimo cultural; os que
estavam dentro porque eram demasiados jovens, alheavam-se por desconhecimento da
realidade etno-cultural visando a universalização da denúncia sem todavia chegarem a
um estádio de desenvolvimento capaz de operar uma síntese radicalmente inovadora.
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Ferreira diz ainda que a Certeza “ não formou um grande poeta da literatura Cabo -
Verdiana”.

Neste caso os continuadores da Cabo-verdianidade, os neo-realistas Cabo-Verdeianos


passaram ao lado da crioulidde e da negritude, acabando por desintegrarem um esboço
de movimento que nunca chegou a ser. Cortada cerce. A experiencia neo-realista não
deixaria, porem de frutificar a longo prazo.

Na obra Extemporânea (em relação ao neo-realismo português, mas não ao contexto


insular) de Manuel Ferreira. Luís Romano e Teixeira de Sousa como parte da realização
literária desta geração. Do mesmo modo pode se afirmar que que a revista Raízes
(1977-1984) dirigida por Arnaldo Franca. Representa uma certa sobrevivência do
espírito de Certeza.

Luís Romano e Teixeira de Sousa: a Herança neo-realista


O neo-realista do criouloo Luís Romano nasceu na Ilha de Santo Antão (Cabo-Verde) a
06 de Outubro. Destacou-se no estudo da Literatura Cabo-Verdiano em 1966 (revista do
Ocidente), as histórias e poemas de Negrume Lzimparim em 1973.

O romance Faminto 1962 escrito nos anos 40 enquadra-se nos pressupostos do Neo-
realismo tal como de certo modo na denúncia de situações e nas revindicações de uma
identidade. O livro de poemas Clima 1963, saídosambos no Brasil. Este ultimocontem
evocações da pertença ao mundo negro e do apelo crioulista, o que torna um texto
híbrido, no cruzamento de múltiplas vias: Neo-realismo, Negritude, Crioulidade.

Faminto é o exemplo acabado da concepção de literatura de compromisso com o povo


do seu País e mais restritivamente com os miseráveis, os colonizados destruídos de
meios e esperanças numa “mistura de naturalismo cru” e alegria extravagante. Romano
opôs ao títuloesta explicação “ romance do povo cabo-verdiano sob domínio
colonialista”. O livro composto por trecho relativamente destacados, que podem
funcionar como contos inclui abrir um poema dirigido ao “irmão branco” e termina com
um “ Epílogo” ambos assinados pelo “africano”. A seguir ao poema inicial há uma
“carta” para o leitor que menor importante é a seguinte indicação “ este livro não tem
unidade. Seu equilíbrio esta ma desunião natural dos seus quadros. A obra de Romano
tem essa característica forma que a distingue das demais: a fragmentação.
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Ferreira citado por Pire &Mata (1995:215) aponta como pecha maior do Romance o
verbalismo nas falas das personagens que interfere com o equilíbrio da estrutura e a
“autenticidade”. Todavia taxando-se de “documento generoso e libelo acusatório”. De
facto escrito numa linguagem perceptível a qualquer leitor, sem preciosismo
barroquizantes ou nefelibatas, é assumido pelo autor (que viu proibido pela Censura
Brasileira) como testemunho Ficcional a partir de muitos casos vividos por ele próprio
ou de que tomou conhecimento através dos protagonistas.

A sua força e simultânea fraqueza, reside, pois, no desejo de se constituir como um


testemunho nu e cru, alheio as existências de evolução literária que o próprio romance
neo-realista português cuidou de seguir. Famintos é assim pelas razões apontadas um
dos mais legítimos textos do neo-realismo africano de língua portuguesa.

Uma Saga de fogo


Teixeira de Sousa nascido na ilha de fogo a 6 de Setembro de 1919. Publicou uma boa
parte da sua Obra depois da vigência histórica do Neo-realismo. A sua função não se
pode considerar uma adaptação automática do cânone neo-realista português ao mundo
Cabo-verdiano inspira-se também noutras tradições efabulatório (romance nordestino)
norte-americano, italiano, Cabo-verdiano entre outros. Numa linha de continuidade neo-
realista análise de percursos humanos através da história de uma vida ou de parte dela
temos xaguatede Teixeira, exemplo de romance de retorno a terra-mãe e costumes de
inquérito social, pedagógico. A linguagem dos seus romances possibilita-lhe uma
apreensão e compreensão universais pondo-o em sintonia com uma cabo-verdiana do
seu universo. Pires & Mata (1995).

A VIRAGEM NEGRITUDINISTA INTERROMPIDA


Atitude Preparatórias

Segundo Pire &Mata (1995,p.216). Afirma que o Aguinaldo Fonseca, ao publicar


alguns poemas negritudinistas no livro “linha horizonte em 1951, tornava-se o primeiro
poeta cabo-verdiano a usar a África e o negro como temas propícios a uma leitura de
compromisso rácico. Num arquipélago e numa cultura que tem passado por intocada
pela herança negritudinista. Os poemas da negritude incluídos no livro eram os
seguintes: “Mãe negra”, “Magia Negra”, “Revolta” e o “Choro na noite” tais textos
não mereceram a selecção de Mário de Andrade e de Francisco José, no caderno da
Negritude de 1953.
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Mário Andrade em 1953 defendera com Tenreiro, a não inclusão de Cabo-verdiano


numa escolha de Negritude por achar que o arquipélago era imune a estética importada
dos negros residentes em Franca.

Abriu, então, as páginas antológicas aos cabo-verdianos, mas obliterando os textos em


que a raça negra detinha a predilecção temática e ideológica do predicador, quem sabe
se para não contradizer a ideia estabelecida (até a actualidade) de que em cabo-verde
nunca a Negritude teve qualquer repercussão.

Lentamente esboça-se uma aproximação aos valores culturais herdados da colonização


negra do arquipélago. O artigo “Caboverdenidade e africanicidade”, de Manuel Duarte
aprofundam o interesse pela etnicidade encetada pela claridade com finaçomde 1ª
página (batuque de Santiago) mas agora entrando decisivamente pela via do realce dos
elementos étnicos negro-africanos da cultura cabo-verdiana. Em Maio de 1956 Gabriel
Mariano publica um curto artigo de duas páginas sobre “negritude e
caboverdinidade”, em que ratifica as ideias do seu conterrâneo Duarte dando conta do
dilema que, em Lisboa e Coimbra, se coloca aos estudantes insulares “ acerca do
carácter regional do povo crioulo: português ou africano?” Depois de defender a “
oportunidade de expressões culturais mestiças”. Conclui pela necessidade de “apurar o
valor e o destino das culturas negras introduzidas no arquipélago”. Em nota final o
Mariano escrevia “ preferi no título o termo Negritude ao de Africanidade. E isto por me
parecer que a negritude é um dos vários modos por que se exprime a Africanidade e
porque de entre esses vários modos, nacionais ou sub-nacionais, por que se manifesta a
civilização africana, o que mais de perto interessa ao estudioso cabo-verdiano são as
culturas afro-negras”.

A Reivindicação Afro-cabo-verdiano: Critica aos Claridosos e “ Literatura de


resistência”.
Estava dado o mote para uma viragem decisiva, a negritude ser adoptada nessa década
de 50, a par da herança neo-realista, não com a extensão e as consequências
experimentadas por outros colonizados (angolano e moçambicano) mas o suficiente
para se poder destacar um novo grupo em torno do Suplemento Cultural (do Boletim
Cabo Verde) surgido em Outubro de 1958 e, tal como noutros momentos e espaços,
logo proibido pela censura. Pire &Mata (1995).
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Todos os responsáveis deste “programa Indicador” como lhe chamou Ferreira, saíram
cedo de Arquipélago, tal como Romano Teixeira nos textos acabam por não realizar as
intenções de revalorização da cultura afro-cabo-verdiana, senão pontualmente, mas sem
grande expressão.

Na sequência do neo-realismo, aprofundam a denúncia social, explicitando situações


concretas de exploração e miséria, elegendo como tema central de uma quantidade
significativa de texto a emigração dos Cabo-verdianos para as rocas de São Tome.

Onésimo Silveira, com Hora Grande de 1962 publicado no Huambo (Angola) procura
representar o drama da migração do povo Cabor-verdiano, dos contratados (em poema)
do retornado da América que alimenta a fome real dos filhos com história “ de sereias e
farturas”.

O poema que do título ao livro “hora grande” retoma a recusa da obsessão do mar como
motivo de lirismo e maravilhoso, pregando o retorno ao telurismo e o abandono do
talassoricismo:

“O mar sairá/Das nossas Ilhas, o mar ira para o mar/E limpos finalmente do lodo das
algas/ e libertos do sal do nosso sorriso de enteados/seremos frutos de Nos
mesmo/Nascendo da barriga negra da terra”.

Num dos três poemas “Redenção” do 1º livro incluía uma narrativa “ toda agente fala
sim Senhor! De 1960 escrito em São Tome e publicado por Imbondeiro (de Sá da
Bandeira), já estavam acoplados os motivos do povo, da dança de origem africana, da
chuva e da cor de pele, além da escrita em crioulo:

Vento fotci na Bilasoplafe…

E noite e chove no fundão!

Tudo funca-funcadi vila

Tudo nigué Santana

Tudo nigué Guadalupe

Tudo niguépláGamboá

Canta e dança o socopé…

Ao rompe da manha
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Mesmo ao pe duma jaqueira

Cada par negro sorrira ao sol

Com as mãos fartas de ginguba!

O empenho da revalorização da cultura afro-cabo-verdiano não se traduziu na poesia de


Onésimo como na dos outros já se disse, senão muito episodicamente.

Em 1963 o Onésimo Silveira Publicou Consciencialização na Literatura Cabo –verdiana


, que se transformou numa espécie de manifesto contra o lirismo Claridoso de pendor
nostalgio , passivo e insulado .

O ensaio escrito em Angola, dividia-se em duas partes: “inviabilidade do


prosseguimento em cabo-Verde do movimento Claridoso” e “ aparecimento de uma
literatura de reivindicação afra africana” e terminava com uma frase programática em
letra maiúscula:

 A literatura cabo-verdiana tivera o seu ponto de partida com o movimento


claridoso produzindo uma literatura de exportação, a qual se encontrava em
estado de inautenticidade, sem traduzir nem produzir uma mentalidade
consciencializada.
 Tanto na poesia como na novelística. Vigorava o evasionismo, isto, é, a
expressão de (uma dada situação de existência do povo cabo-verdiano,
decorrente do condicionamento geográfico e telúrico do arquipélago. drama da
evasão do ilhéu (…) tradução intelectual do problema da emigração do ilhéu.
 Os claridosos simplificaram a questão, criando uma imagem estereotipada do
homem cabo-verdiano, através de uma poetização individualista e subjectiva,
transferindo para a poesia a frustração de não poderem conhecer ou viver em
meios mais ocidentalizados, descurando as causas históricas, económicas,
sociais e politicas dessa emigração do ilhéu.
 O pontífice sacrossanto, do evasionismo era Jorge Barbosa, Fautor de um
“enganoso e romântico estereótipo”.
 A literatura Claridosa podia caracterizar – se como “ realismo paisagístico”
 Os romances Chiquinho e Os flagelados do Vente lesteeram criticáveis,
respectivamente, o 1º por rer “escassas páginas” sobre as crises originadas pela
morte de milhares de pessoas, devido a seca e o 2º por se enquadrar num “
realismo puramente descritivo, de que esta ausente uma intenção social
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reformista; era criticável também a narrativa de António Gonçalves. Pires &


Mata (1995,p.121)

(Esta é a geração que não vai para pasárgada)

Dois poemas, no entanto, exprimem em simultâneo, retomada intertextual dos laicos


com Claridade, ao citar os seus textos e uma crítica acertada ao chamado evasionismo,
que tenta polemica levantaria.

O poema “flagelados do vento-leste” todos os títulos dos poemas livro de Ouvídio


levam letra maiúscula. Motivado pela publicação do Manuel Lopes. Os flagelados do
Vento-leste (1960). E o celebrado “ anti- evasão”, que estabelece relações intertextuais
com o celebre poema de Manuel Bandeira “vou-me embora para pasargáda” e toma
posição explícita contra esse evasionismoclaridoso. Vejamos o poema “anti-evasao”:

Pedirei

Suplicarei

Chorarei

Não vou para pasargáda

Atirar-me-ei ao chão

E prenderei nas mãos convulsas

Ervas e pedras de sangue

Não vou para pasargáda

Gritarei

Berrarei

Matarei

Não vou para pasargáda

Acrescente-se que Arménio Vieira, intertextualmente dialogando com seus conterrâneos


ligeiramente mais velho, neste tempo escreve também o seu (Ante evasão) não /Evasão
não quero/ castelos de espuma/ são mentiras de água e sabão.

No livro Gritarei Berrarei Matarei- Não vou para pasargádalançada em 1973. A segunda
parte intitulada (caminho da perdição) é composta por dez poemas dedicados ao tema
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do trabalhador (serviçal cabo-verdiano e em São tome. os títulos dos textos são


concludentes (Caminho Longe), (Serviçal), “Voltaras Serviçal, noite de S.Tomé ou
emigração”.
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Conclusão
Surge a revista Certeza (1944) e, a partir daí, os poetas bradam "o ficar para resistir. A
Geração da Certeza surge, como vinha sendo hábito, à volta de uma revista com o
mesmo nome - revista Certeza - em 1944. Desde cedo, passou a destacar-se pela pr O
isolamento total constrange e atrofia a alma daquele povo. No seguimento desta grande
temática que envolve a vida em Cabo Verde, desencadeia-se a denúncia e o lamento de
outras situações que, consequentemente, abatem a imagem global daquela terra: a falta
de trabalho, a sequente prostituição (que, dadas as circunstâncias, é de profunda
preocupação com a perspectiva social.

Todavia havia que dar voz a uma outra característica do povo cabo-verdiano e que
jamais esmoreceria, por pior que fosse a sua situação.

Agarrando essa fé incomensurável, havia que fazer a apologia da terra, da terra-mãe, no


chão cabo-verdiano. Agarrar essa fé, vincar bem forte os pés na terra (na raiz) e lutar,
física e psicologicamente, contra as adversidades existentes, de forma a consciencializar
todo o povo, levando-os a optar por ficar e não partir. Havia que mudar a tendência
natural (e até compreendida) da saída como única forma de corrida pela sobrevivência,
acusar de "perdidos" aqueles que optaram (e optam) pela saída e apontar um novo
caminho que mostrasse outras possibilidades para além dessa saída: apostar, definitiva e
colectivamente, no esforço humano em prol de uma visível melhoria.
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Bibliografia
COVANE.L.A (2016). Literaturas Africanas em Língua Portuguesa I. Beira.

FERREIRA.M. (1985). A aventura Crioula. Lisboa Portugal.

LARANJEIRA.P. & MATA.I. (1995). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa.


Lisboa. Portugal.
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Índice
Introdução......................................................................................................................3

A CERTEZA E O NEO-REALISMO CABO-VERDEANO........................................4

Luís Romano e Teixeira de Sousa: a Herança neo-realista...........................................6

Uma Saga de fogo..........................................................................................................7

A VIRAGEM NEGRITUDINISTA INTERROMPIDA...............................................7

A Reivindicação Afro-cabo-verdiano: Critica aos Claridosos e “ Literatura de


resistência”.....................................................................................................................8

Conclusão.....................................................................................................................13

Bibliografia..................................................................................................................14

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