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A composição poética 'Vou-m’eu senhor, e quero-vos deixar' pertence à lírica trovadoresca, sendo

considerada uma cantiga de amor. De facto, há um sujeito poético masculino que declara o seu amor
por uma mulher, a 'senhor'. Neste caso, presenciamos uma despedida do 'eu' lírico por ela,
explorando a temática da paixão eterna.

Efetivamente, no primeiro verso, o trovador menciona que irá partir, mas deixará o seu coração com
ela, pedindo para o proteger e se lembrar dele pelo menos uma vez. Através da interrogação no
último verso da cobla, ele mostra que não sabe o que fará sem ele. Mesmo assim, deixa-o com ela,
pois é incapaz de se afastar dela, enfatizando assim a paixão que tem por ela. Certamente, seu amor
é eterno, como se constata no verso 'pois ele de vós nunca se partirá'.

Além disso, destaca-se também a fidelidade da figura masculina perante a 'senhor', bem como a
excecionalidade desta, ao afirmar que seu coração nunca amou tão intensamente alguém como ela.
É com ela que seu coração deseja ficar para sempre, como se verifica no verso... Adicionalmente, os
vocábulos repetidos 'nunca' e 'sempre' reforçam esta mesma ideia.

No entanto, esta 'senhor', referida através da apóstrofe, mantém-se distante e indiferente a esse
amor expressado. Assim, a conjunção destas características (a fidelidade, a inalcançabilidade e o
distanciamento da dama) confirma que se trata, de facto, de uma cantiga de amor.

Quanto aos aspetos formais, trata-se de uma cantiga de mestria, não havendo refrão. Esta é
constituída por três coblas, cada uma com 7 versos, sendo, por isso, sétimas. Quanto ao esquema
rimático, observam-se rimas emparelhadas e interpoladas.

Em suma, nesta cantiga de amor, o sujeito lírico despede-se da mulher amada, deixando o seu
coração com ela. Na verdade, este é incapaz de se distanciar dela, porque é a única mulher que
verdadeiramente ama e deseja ficar. Assim, enfatiza-se a paixao avassaladora do «eu» poético.

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