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1. Esta cantiga de amor transmite uma intensidade sentimental que vai evoluindo ao longo da
mesma.
Com efeito, o sujeito poético, na primeira estrofe, roga a Deus para ver a sua dona, se tal for do
seu agrado. Em seguida, insistindo no mesmo pedido, justifica que ela é a luz dos seus olhos e a causa
do seu sofrimento. Na terceira estrofe, reforça o seu rogo a Deus para ver a sua amada porque ela é a
mulher mais perfeita que Deus criou. Por último, o trovador não só pede para ver mas também para falar
com a mulher que ele ama mais do que a si mesmo.
Concluindo, dominado por tais atributos da sua dona, ausente, distante e inatingível, o sujeito
poético, saudosamente desesperado, pede insistentemente a Deus para a ver e falar com ela.
2. O pedido formulado no refrão contraste com o pedido que o sujeito poético faz a Deus ao longo
desta cantiga.
De facto, o trovador, nos dísticos que compõem o corpo das estrofes, apela à boa vontade de
Deus para ver e falar com a dona que ama. No entanto, no refrão, a palavra inicial “senon” remete-nos
para a possibilidade de a sua prece não ser atendida por Deus. Então, neste caso, pede-Lhe a morte, ou
seja, se não puder ver e falar com a sua amada e “senhor”, o trovador não encontra razões para viver.
4. Esta cantiga de amor é uma cantiga de refrão (“senon, dade-mi a morte”). É constituída por
quatro estrofes, em que cada estrofe é formada por um dístico, seguido de refrão monóstico.
Quanto à rima, esta é emparelhada, conforme consta no seguinte esquema rimático:
aaR/bbR/ccR/ddR.
Por outro lado, os dísticos têm versos alexandrinos (doze sílabas métricas) e o refrão apresenta
um verso hexassílabo (seis sílabas métricas).