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TEMA

Soneto petrarquista, em que o sujeito descreve os sentimentos contraditórios provocados pela


contemplação da amada.

ESTRUTURA INTERNA

O soneto divide-se em duas partes lógicas:


1ª parte – duas quadras e 1º terceto – descreve o estado de alma do sujeito, caracterizado pelo
“desconcerto”.
2ª parte – 2º terceto – “suspeita-se” que a causa desse estado de espírito deve estar na visão
da “senhora”.

De notar o facto do sujeito proceder primeiramente a uma enumeração dos efeitos da


contemplação da amada, para, só no final, nos revelar a causa. Deste modo, explora o efeito
de surpresa e encarece a beleza da amada, sobretudo dando-nos conta da multiplicidade dos
efeitos em contraste com a simplicidade da causa.

UNIDADE FORMA / CONTEÚDO

A profundidade, o carácter contraditório e desconcertante dos efeitos da contemplação da


amada e, implicitamente, as suas qualidades resultam da utilização dos seguintes recursos de
estilo:

a) Antíteses – sobretudo na 1ª parte, de forma a realçar o carácter contraditório dos


sentimentos
desencadeados pela visão da amada:
“em vivo ardor tremendo estou de frio”
“choro e rio”
“o mundo todo abarco e nada aperto”
“agora espero, agora desconfio”
“agora desvario, agora acerto”
b) Anáfora – forma de intensificação expressiva dos sentimentos:
“agora espero, agora desconfio”
“agora desvario, agora acerto”
c) Hipérbole – hipertrofiando os efeitos, valoriza a causa:
“da alma um fogo me sai, da vista um rio”
“o mundo todo abarco e nada aperto”
d) Apóstrofe – vocativo final revelador da causa de todo o seu sofrimento:
“minha Senhora”
e) Metáfora - “em vivo ardor”
“da alma um fogo me sai”

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