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º 3 – 2007/2008
Daniela Araújo, nº5, 10º B
1. A. Corresponde a um juízo de facto.
B. Corresponde a um juízo de facto.
C. Corresponde a um juízo de valor.
2. Os juízos de facto são juízos puramente descritivos, sendo a sua direcção de adequação da
realidade para o juízo, pois pretendem fornecer informações sobre o mundo. Estes juízos possuem
valor de verdade e este em nada depende da perspectiva do sujeito que os profere, ou seja a sua
verdade ou falsidade é objectiva. No texto encontramos juízos deste tipo, nomeadamente "Um
jornalista afegão foi condenado à morte" ou "Foi acusado de distribuir um artigo onde são
interpretados erradamente versículos do Corão". Estes juízos referem‐se a factos da realidade, que
não dependem em nada da perspectiva do sujeito.
Os juízos de valor são em parte normativos e a sua direcção de adequação é do juízo para a
realidade. Estes juízos podem ter ou não valor de verdade e, caso o tenham, este pode ou não
depender da perspectiva de quem os profere. No texto existem juízos deste tipo, como, por exemplo,
quando o jornalista afirma "É uma barbárie". Nesta afirmação, o jornalista sugere um valor (correcto
ou incorrecto) para algo que ocorreu e que lhe despertou a atenção.
3. Não. Porque de acordo com a teoria do subjectivismo moral, os juízos de valor dependem dos
sentimentos de aprovação ou reprovação do sujeito que os profere. Assim, não há juízos melhores
nem piores que os outros. Qualquer juízo pode ser verdadeiro, desde que o sujeito que o profere
acredite que ele é verdadeiro. Ora, deste modo, se alguém acredita que matar jornalistas que
interpretam erradamente versículos do Corão é correcto, ou pelo menos não tem nada de errado,
então é verdade que para essa pessoa essa atitude nada tem de condenável.
4. O emotivismo é uma teoria que defende, tal como o subjectivismo, que os juízos de valor
dependem dos sentimentos de aprovação ou de reprovação de cada indivíduo. No entanto, esta
teoria ainda vai mais longe que o subjectivismo moral e acredita que os juízos morais não têm valor
de verdade, pois não exprimem proposições. Para os emotivistas os juízos morais são apenas frases
que expressam as emoções e sentimentos de cada sujeito.
Desta forma, o emotivismo acaba por ter algumas vantagens sobre o subjectivismo, conseguindo
asism escapar a várias das suas objecções.
O emotivismo não implica que qualquer juízo moral seja verdadeiro, pois para os defensores desta
teoria os juízos morais não passam de frases que exprimem as emoções do sujeito que as profere e
dessa forma não podem ter valor de verdade (só as proposições podem ter valor de verdade). A
teoria emotivista propõe um modelo bastante mais aceitável de educação moral. De acordo com a
teoria subjectivista, o que é certo ou errado depende apenas dos sentimentos de cada sujeito. Ora,
se fôssemos educar as crianças de acordo com o subjectivismo, teríamos de ensinar‐lhes a seguirem
os seus sentimentos, a orientarem‐se em função do que gostam ou não e dizer‐lhes que qualquer
comportamento que viessem a ter era aceitável, desde que estivesse de acordo com os seus
sentimentos. Por exemplo, se uma criança tivesse sentimentos profundamente negativos em relação
à escola, então era aceitável que não fosse às aulas. Mas isto é completamente absurdo! O
emotivismo permite outra versão da educação moral muito mais palausível: podemos educar
moralmente as crianças, tentando influenciar os seus comportamentos, através de sentimentos de
culpa ou mérito ou de castigos ou prémios.
Outra das vantagens do emotivismo é que não implica a inexistência de desacordos morais e deste
modo não exclui a possibilidade de debates morais. Enquanto o subjectivismo implica que qualquer
tentativa de debater racionalmente qualquer questão moral é perfeitamente inútil , pois a opinião de
cada um depende dos seus sentimentos de aprovação ou reprovação e não pode por isso ser
"demostrada" através do debate, o emotivismo alega que a tentativa de debater racionalmente
essas questões, pode ser vista como a tentativa de alguma pessoa em influenciar os sentimentos dos
outros e fazê‐lo mudar de opinião.
O emotivismo é também uma teoria muito mais parcimoniosa, ou seja, explica o que tem a explicar
sem introduzir complicações desnecessárias: para compreendermos a moralidade não necessitamos
de pressupor que existem factos morais, estes podem ser apenas expressões de emoções.
Para além de tudo isto, o emotivismo considera que é bastante díficil tentar resolver desacordos
morais, pois estes só muito dificilmente serão superados. O subjectivismo não consegue explicar a
existência de desacordos morais, pois perante as suas traduções, frases inconsistentes tornam‐se
consistentes. No caso do emotivismo, este entende que sendo os desacordos morais emoções
opostas de dois sujeitos, podem ser debatidas de forma a tentarem influenciar‐se mutuamente; no
entanto, sugere que estes só muito dificilmente serão superados.
5. Na minha opinião, não. Segundo a teoria relativista, pessoas com culturas diferentes têm
convicções morais diferentes e por isso não há ninguém com convicções morais melhores ou piores
do que as de outros. Se o jornalista fosse relativista, teria de aceitar como legítimas as acções de
outras pessoas com culturas distintas, teria por isso de aceitar como legítima a condenação do
jornalista acusado de distribuir um artigo com interpretações erradas dos versículos do Corão pelos
afegãos, pois de acordo com com o relativismo todas as acções podem ser legítimas, dependendo do
seio da cultura em que foram geradas. Se os afegãos acreditam que o acto de revelar interpretações
erradas do Corão é condenável, então para a sua sociedade é mesmo condenável fazê‐lo e quem
defende a toria relativista teria de aceitar essa acção como legítima. Neste caso, o jornalista não a
aceita, pois até a intitula de ser uma barbárie ( algo que não é moralmente correcto ou aceitável).
Deste modo, nunca poderia ser um relativista cultural.
6. De acordo com o relativismo cultural, pessoas de culturas diferentes têm convicções morais
diferentes e portanto normas morais distintas. Ora, como no mundo existem imensas culturas e
como o relativista defende que as convicções morais dependem da cultura das pessoas, então não
existem normas morais universais.
Por outro lado, o relativismo defende a sua teoria argumentando que como as convicções morais de
cada cultura não são melhores nem piores do que as de outras (cada cultura tem as suas convicções
morais), devemos ser todos tolerantes com sociedades que tenham cultura diferente da nossa. Desta
forma, o relativista alega que a sua teoria promove a tolerância entre culturas, mas, se assim for,
estará também a pressupor que a tolerância é ou deveria ser um valor universal. Ora, a teoria
relativista defende que não exitem valores universais, pois estes dependem da cultura das pessoas.
Podemos assim concluir que o relativismo é incompatível com a tolerância como valor universal.
7. O dilema de Êutifron é a principal objecção à Teoria dos Mandamentos Divinos. Esta teoria
defende que os juízos morais têm valor de verdade e este em nada depende da perspectiva de quem
os profere. De acordo com os defensores desta teoria, o valor dos juízos morais depende da vontade
de Deus, pois foi este que os estabeleceu. O dilema de Êutifron interroga os defensores da Teoria dos
Mandamentos Divinos sobre o facto da Deus não permitir certas acções porque elas são erradas ou
se elas são erradas porque Deus não as permitiria?!
Perante esta questão o defensor da Teoria dos Mandamentos Divinos encontra‐se perante um
enorme dilema. Se optar pela primeira hipótese, dirá por exemplo que Deus não permite que
torturemos inocentes porque isso é errado. Mas desta forma estará a pressupor que certas acções
são erradas independentemente da vontade de Deus e a ir contra a sua própria teoria que afirma
que o valor de verdade dos juízos morais dependem da vontade de Deus. Se, por outro lado, optar
pela segunda hipótese, dirá que torturar inocentes é errado porque Deuas não o permitiria. Mas
deste modo, se Deus nos permitisse ou ordenasse que devíamos torturar pessoas inocentes,
poderíamos ou deveríamos fazê‐lo. À luz desta segunda hipótese, a vontade de Deus parece
totalmente arbitrária. E mesmo que o defensor desta teoria respondesse que Deus não permitiria tal
coisa, porque isso é errado, estaria outra vez a pressupor que existem acções que são erradas
independentemente da vontade de Deus. Logo, o defensor da Teoria dos Mandamentos Divinos
também não poderia aceitar esta hipótese.
Assim, com esta pergunta, os defensores da Teoria dos Mandamentos Divinos, encontram‐se perante
um enorme dilema ‐ o Dilema de Êutifron.
8. Não. O objectivismo moral é a teoria segundo a qual a ética é objectiva: os juízos morais têm valor
de verdade e este em nada depende da perspectiva do sujeito que os profere. De acordo com o
objectivista, devemos avaliar imparcialmente os juízos morais, de forma a descobrirmos se estão
correctos ou não. Para esse efeito, devemos utilizar critérios transubjectivos de valoração, ou seja,
critérios que possam ser aceites por qualquer indivíduo racional, sejam quais forem a sua sociedade,
os seus interesses e motivações (por exemplo o critério da promoção do bem‐estar geral).
Ora, também é óbvio que pessoas com culturas diferentes têm convicções morais distintas (mas
isso não significa que não existem verdades absolutas na moralidade).
Desta forma, para podermos avaliar correcta e imparcialmente os juízos morais, devemos tentar
perceber as razões das práticas e costumes de pessoas com culturas diferentes. Deste modo,
podemos chegar à conclusão de que a nossa sociedade está errada em alguns juízos de valor que faz
e outras sociedades com cultura diferente da nossa podem estar certas em relação a muitos juízos
que fazem. Para podermos perceber as razões de certos juízos morais de outras culturas, não há
nada melhor do que conversar com pessoas dessas culturas, pelo que o diálogo intercultural se torna
muito importante. Com este, as diferentes sociedades podem chegar a um entendimento e
evoluirem todas moralmente.
Ora, podemos assim concluir que o objectivismo moral não só não dificulta o diálogo intercultural
como ainda o promove.