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1 O que é a Filosofia?

As questões da Filosofia

1
1. Lê, atentamente, as alíneas seguintes.
A. Em democracia, deve haver limites à liberdade de
expressão?
B. De acordo com a legislação portuguesa, o incitamento à
violência é um crime?
C. A prática da eutanásia será moralmente correta ou
incorreta?
D. Como se define, em termos médicos, o conceito de morte
cerebral?
E. Será que tudo o que fazemos se encontra determinado por
causas anteriores?
F. De que modo os progenitores transmitem características
físicas, como por exemplo a cor dos olhos, aos seus descendentes?

1.1 Identifica as alíneas que correspondem a problemas


filosóficos. Justifica.
1.2 Indica o nome das áreas de estudo da Filosofia que se ocupam
de dois dos problemas filosóficos referidos nas alíneas anteriores.
2. Analisa a notícia de jornal sobre uma mulher (residente em Portugal, mas proveniente de outro * É um ritual r
país) que sujeitou a sua filha ainda bebé a uma tradição, do seu país de origem, designada mutilação em vários país
genital feminina*. Geralmente, é
antes da pube
começar ou na
MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA infância e con
remover parte
Mutilação genital. A história da totalidade dos
sexuais extern
1.ª condenação femininos,
nomeadamen
clítoris.
Mulher foi condenada a 3 anos de prisão por ter sujeitado a filha bebé à mutilação
genital, que é crime em Portugal desde 2015.
Caso foi descoberto no centro de saúde e há outros dois em investigação.

Jornal Observador, 8/01/2021

2.1 Dá dois exemplos de questões – uma filosófica e outra não


filosófica – que se podem colocar a propósito desta notícia.

2.2 Indica o nome da disciplina em que é debatida a questão


filosófica que formulaste na resposta anterior.

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1 O que é a Filosofia? As questões da Filosofia

2
1. Analisa, atentamente, o seguinte cartoon.

Quino, Gente En Su Sitio, Lumen, Barcelona, 2008

1.1 Identifica quem, no cartoon, adota uma atitude acrítica.


1.2 Na tua opinião, como poderá ser interpretado o facto de o
indivíduo que questiona ser removido da multidão?

2. Preenche o esquema seguinte com palavras ou expressões equivalentes.

básicas:

conceptuais:

controversas:

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2 Ferramentas úteis à atividade filosófica: noções de Lógica (formal e informal)

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1. A partir da premissa «Se matar é sempre errado, então a eutanásia não é moralmente
permissível», constrói um argumento válido, aplicando as seguintes formas de inferência
válida:
A. modus tollens;
B. contraposição;
C. silogismo hipotético.
2. Considera a frase «Algumas religiões são politeístas».
2.1 Preenche o quadrado da oposição que se segue.

1. 3.

2. 4.

2.2 Identifica a relação lógica existente entre as proposições que


constituem a negação uma da outra.
2.3 Refuta, através de um contra exemplo, a proposição
expressa pela frase «Todas as religiões são politeístas».
2.4 Se se descobrisse que é verdade que «Todas as religiões são
politeístas», qual seria o valor de verdade da sua contrária?

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2 Ferramentas úteis à atividade filosófica: noções de Lógica (formal e informal)

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1. Analisa, com atenção, o texto seguinte.
A filósofa norte-americana Judith Jarvis Thomson, a propósito da discussão ética do aborto,
apresentou um argumento, onde descreve a seguinte situação imaginária
(o que em Filosofia designamos como experiência mental):

«Imaginemos, diz ela, que acordamos numa manhã e descobrimos que estamos numa
cama de hospital, ligados de uma maneira qualquer a um homem inconsciente deitado
numa cama ao lado. Dizem-nos que esse homem é um famoso violinista com uma
doença renal. A única forma de ele sobreviver é ligar o seu sistema circulatório ao
sistema de outra pessoa com o mesmo grupo sanguíneo e nós somos a única pessoa
com o sangue adequado. De modo que uma sociedade de melómanos [apreciadores de
música] nos raptou, mandou realizar a operação de ligação e aqui estamos. Como nos
encontramos agora num hospital respeitável, poderíamos ordenar a um médico que nos
desligasse do violinista; mas, nesse caso o violinista morreria pela certa. Por outro
lado, se nos mantivermos ligados apenas (apenas?) por nove meses, o violinista terá
recuperado e podemos então desligar-nos sem o pôr em perigo.
Thomson pensa que, se nos encontrássemos nesta dificuldade inesperada, não teríamos a
obrigação moral de permitir que o violinista usasse os nossos rins durante nove meses
(…).»
Peter Singer, Ética Prática,
Gradiva, Lisboa, 2000, pp. 166-167

1.1 Qual foi o tipo de argumento não dedutivo utilizado pela


filósofa Judith Jarvis Thomson? Porquê?
1.2 Na tua opinião, o argumento apresentado por esta filósofa é
forte ou fraco? Justifica.
2. Considera como premissa a seguinte frase «Até hoje observei nas aulas que os alunos
desatentos baixavam o seu aproveitamento nos testes» e apresenta a conclusão de uma:
2.1 previsão;
2.2 generalização.

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2 Ferramentas úteis à atividade filosófica: noções de Lógica (formal e informal)

3. Identifica as falácias informais que se seguem.


A. Eu tenho de sair à noite porque todas as pessoas da minha
idade o fazem.
B. O cartoon seguinte pressupõe, de forma implícita, os
argumentos (consoante o personagem em que nos focarmos):

Exercitas o corpo ou exercitas a mente.


Não exercitas a mente.
Logo, exercitas o corpo.

Exercitas o corpo ou exercitas a mente.


Não exercitas o corpo.
Logo, exercitas a mente.

C. No cartoon a seguir apresentado está a ser usado o


argumento:
«A Terra não é redonda, mas plana, dado que todas as pessoas sabem que é plana».

D.Na aula de Matemática, o José discordou


da Maria, quanto à proposta de resolução
apresentada para um problema,
argumentando: «A minha proposta é
preferível à tua, pois como és mulher não
tens jeito para o raciocínio abstrato».

E.Quem acredita em superstições, como


aquela que se encontra implícita no cartoon
ao lado, incorre em que falácia?

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Quino, Condições Humanas,
D. Quixote, Lisboa, 1992

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3 Determinismo e liberdade na ação humana

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1. Analisa, com atenção, a situação descrita e responde às questões apresentadas.
A Joana, ao discutir o problema do livre-arbítrio na aula de Filosofia, argumentou da seguinte
forma:
«Se, como podemos diariamente constatar, todos os fenómenos (mesmo os mais estranhos)
são causados por acontecimentos anteriores, então a natureza funciona de modo regular e
segundo leis que se mantêm constantes. Não vejo, por isso, como é que as ações humanas –
que também são acontecimentos – podem ser uma exceção. Parece-me óbvio que os nossos
atos resultam sempre de algo que os antecedeu e, portanto, não temos qualquer margem de
escolha, o que fazemos é completamente inevitável e explicável a partir dos acontecimentos
do passado e das leis que regem a natureza».

1.1 Identifica a tese defendida pela Joana acerca do problema


filosófico do livre-
-arbítrio e a perspetiva em que esta se enquadra (libertismo / determinismo moderado /
determinismo radical).
1.2 Qual é o conceito de livre-arbítrio pressuposto na tese
defendida pela Joana?
1.3 Um determinista moderado concordaria com a tese da
Joana? Porquê?
1.4 O determinismo moderado insere-se numa perspetiva
compatibilista ou incompatibilista? Justifica.

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3 Determinismo e liberdade na ação humana

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1. Analisa, com atenção, a situação descrita e responde às questões apresentadas.

Avião no rio Hudson e o piloto Chesley Sullenberger, cuja história foi depois adaptada ao cin
por Clint Eastwood, no filme Sully: O Herói do Rio Hudson.

Em 15 de janeiro de 2009, depois de descolar do aeroporto de LaGuardia, em Nova Iorque, um


avião, com 150 passageiros e cinco tripulantes a bordo, é gravemente danificado por um
bando de pássaros e cai no rio Hudson, em Nova Iorque, mas todos se salvaram. O aparelho
ficou a flutuar nas águas do rio. O comandante Chesley Sullenberger («Sully») e o copiloto
conseguiram concretizar com sucesso a amaragem do avião no rio, algo que é muito difícil e
exige, além de conhecimentos técnicos, coragem e rapidez nas decisões.

1.1 Segundo a perspetiva libertista, Sully e o copiloto agiram


livremente? Justifica.
1.2 Para reconhecer que o piloto do avião foi responsável por
um ato heroico, temos de admitir que o livre-arbítrio existe? Porquê?
2. De acordo com um determinista radical, por que motivo julgamos ter uma vontade livre,

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quando na realidade isso não acontece?
3. Como refutaria um libertista a ideia de que a liberdade da vontade é ilusória?

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3 Determinismo e liberdade na ação humana

3
1. Estabelece as correspondências entre as duas colunas, escrevendo as letras adequadas a
cada número. Algumas frases podem corresponder a mais do que uma alínea.

Algumas ações não dependem


de acontecimentos anteriores.
______________
Todas as ações são determinadas por acontecimentos
anteriores.
______________
O livre-arbítrio é a capacidade de autodeterminação
que nós, seres humanos, temos; trata-se de agir sem
estarmos sujeitos a quaisquer eventos prévios, dando
início a uma nova cadeia causal.
______________
Algumas ações são livres.
______________

A. Determinismo As verdadeiras causas das nossas ações são


fatores exteriores, não escolhidos por nós,
radical
que nos dirigem/controlam, tirando-nos qualquer margem
B. Libertismo de manobra.
______________
Determinismo Ter livre-arbítrio significa agir de acordo com as crenças
moderado e desejos do agente, mas também a possibilidade de agir
de outro modo, se tais
crenças e desejos fossem diferentes. ______________
Não há contradição entre crença no determinismo e a
crença na existência de genuína responsabilidade moral do
agente. ______________
O facto de ser possível, do ponto de vista moral, a
censura, o remorso e o louvor pressupõe que os seres
humanos são dotados de livre-arbítrio e, ao agir, se podem
autodeterminar.
______________
Algumas das ações que praticamos são evitáveis e
dependem inteiramente das nossas decisões.
______________

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3 Determinismo e liberdade na ação humana

2. Analisa, atentamente, a banda desenhada seguinte.

Michael Patton e Kevin Cannon,


Introdução à Filosofia em Banda Desenhada,
Gradiva, Lisboa, 2018, p. 104

2.1 De acordo com David Hume, temos possibilidades


alternativas de ação? Porquê?
2.2 Explica a objeção que Demócrito apresenta a David Hume.

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4 O problema da natureza dos juízos morais

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1. Analisa, atentamente, as imagens e as afirmações das alíneas seguintes.

Invasão do Capitólio, em Washington, por apoiantes de Donald Trump no dia 6 de janeiro de 2021.

A. A Maria Albertina, a propósito da invasão do Capitólio nos


EUA, argumentou a favor da existência de limites à divulgação de mensagens nas redes
sociais, nomeadamente aquelas que incitem ao recurso à violência como forma de protesto.
B. Apesar de todos os defeitos que possa ter, a democracia é
preferível a qualquer outra forma de governação.
C. Nos EUA, os apoiantes de Donald Trump, em protesto contra
a vitória eleitoral de Joe Biden, invadiram o Capitólio.
D. É errado não aceitar a vontade da maioria dos eleitores.

1.1 Identifica a alínea ou alíneas em que é expresso um juízo de


facto. Justifica.
1.2 Identifica a alínea ou alíneas em que é expresso um juízo de
valor. Justifica.

2. Completa os espaços vazios no seguinte quadro.

Teorias Tese defendida Os juízos morais

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baseiam-se em quê?
Subjetivismo
Relativismo
Objetivismo

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4 O problema da natureza dos juízos morais

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1. Das teorias que estudaste sobre o problema da natureza dos juízos morais, identifica as
que negam a existência de verdades morais objetivas e universais.
Justifica.
2. Analisa, com atenção, o cartoon seguinte.

Quino, Potentes, Prepotentes e Impotentes,


D. Quixote, Lisboa, 1990

2.1 Em que medida se pode relacionar o cartoon com o conceito


de etnocentrismo?
2.2 Indica uma razão apontada pelos defensores do relativismo
para recusar o etnocentrismo.

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3. Com base em que teoria é defensável que o respeito pelos direitos humanos deve ser
universal?
Que objeção apresentaria um defensor do relativismo a essa tese?

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5 O problema do critério da moralidade das ações: a ética deontológica de Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill

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Kant versus Mill

Link: https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=Ngp1Qd8D2PQ&feature=emb_logo
Duração: 3:16

____
GUIÃO DE ANÁLISE
Depois de ver o vídeo, responde às questões seguintes.
1. Identifica os diferentes critérios morais que Kant e Mill apresentam para considerar uma
ação boa.
2. Qual é a relevância atribuída às consequências das ações por Kant e Mill?
3. Em que consiste o bem maior para Kant e para Mill?
4. Que posição defende Kant quanto à existência de deveres morais absolutos? Mill concorda
com ele? Porquê?

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5 O problema do critério da moralidade das ações: a ética deontológica de Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill

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1. Lê, atentamente, a banda desenhada e responde às questões.

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Nota: 20 contos equivale, aproximadamente, a 100 euros.

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5 O problema do critério da moralidade das ações: a ética deontológica de Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill

continuação

continua

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5 O problema do critério da moralidade das ações: a ética deontológica de Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill

continuação

Bill Amend, Fox Trot – Isto é um assalto!, Gradiva, pp. 80-84

1.1 Qual é o dilema ético que os personagens Peter e Jason têm


entre mãos (quarta tira)?
1.2 Quais são os valores e as normas morais em conflito?
1.3 Relaciona a argumentação do Peter para justificar a
devolução do envelope com duas das ideias de Kant que estudaste.
1.4 Para Kant, o facto de o Jason não se sentir feliz com a
devolução do envelope será moralmente relevante? Porquê?

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5 O problema do critério da moralidade das ações: a ética deontológica de Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill

2
1. Lê, atentamente, a banda desenhada e responde às questões.

Editável e fotocopiável © Texto | Dúvida Metódica, 10.º ano 51


continua

Editável e fotocopiável © Texto | Dúvida Metódica, 10.º ano 52


5 O problema do critério da moralidade das ações: a ética deontológica de Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill

continuação

Scott e Jim Borgman, Zits – Querido, Ampliei o Miúdo, Gradiva, pp. 61-63 (adaptado)

1.1 A ação de roubar a tabuleta contraria que dever moral?

Editável e fotocopiável © Texto | Dúvida Metódica, 10.º ano 53


1.2 Segundo a teoria de Mill, Jeremy, ao ficar com a tabuleta,
agiu de forma moralmente correta ou incorreta? Justifica.
1.3 Jeremy entregou a tabuleta à polícia. Ao fazê-lo ele praticou,
de acordo com a teoria de Kant, uma ação com valor moral? Justifica.
1.4 Na tua opinião, roubar será sempre errado? Porquê?

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O problema da organização de uma sociedade justa:
6 a teoria da justiça de Rawls e as críticas de Nozick e Sandel

1
1. Pode-se considerar que a imagem seguinte ilustra o problema da justiça distributiva.
Formula-o através de uma pergunta.

A fotografia retrata, em São Paulo, a fronteira entre Paraisópolis, uma favela, e o bairro rico do Morumbi.

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O problema da organização de uma sociedade justa:
6 a teoria da justiça de Rawls e as críticas de Nozick e Sandel

2. Nas situações descritas, nas alíneas seguintes, foram desrespeitados alguns dos princípios
da justiça apresentados por Rawls. Identifica-os e explica porquê.
A. Na China existe uma minoria de chineses muçulmanos que,
segundo a notícia do jornal «Público» (citando outros jornais internacionais), tem sido alvo de
discriminação por parte do governo.
CHINA

Novo documento revela


detalhes da perseguição
à minoria muçulmana de
Xinjiangda
Documento revelado pela imprensa internacional
lista motivos que levaram à detenção de chineses
muçulmanos, como deixar crescer a barba ou ser casado
com uma mulher que usa véu islâmico. Centenas de Exterior de um campo de «educação ideológica
milhares de pessoas passaram nos últimos anos pelos e formação profissional» em Xinjiang
REUTERS/THOMAS PETER
campos de reeducação do Noroeste da China.

Ter «demasiados» filhos ou ter usado véu foram motivos que determinaram a detenção de
centenas de milhares de muçulmanos em campos de internamento e reeducação na China. Um
documento revelado esta segunda-feira pela britância BBC, pela alemã Deutsche Welle e por
outros órgãos de imprensa internacionais demonstra como as autoridades chinesas seguiram e
registaram detalhadamente pormenores da vida privada de membros da minoria muçulmana de
Xinjiang, região autónoma no Noroeste do país.
Jornal Público, 17/02/2020

B. Nos EUA (e em muitos outros países) existem grandes


desigualdades económicas. De acordo com a opinião de diversas pessoas, os mais ricos não
pagam impostos suficientes para combater eficazmente essas desigualdades. Uma dessas
pessoas é Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo.

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DESIGUALDADE

Os ricos que paguem


mais impostos?
Os portugueses mostram ser, na sua grande maioria,
defensores da aplicação de mais impostos sobre os
ricos. Mas é nos Estados Unidos que este debate
está neste momento mais aceso.

«Definitivamente, os mais ricos são pouco taxados em comparação com o resto da população». A frase,
que podia estar no programa de um partido bem à esquerda no espetro político, foi dita no mês passado
por Warren Buffett, terceiro classificado no ranking da Forbes dos mais ricos do planeta, dono de uma
fortuna equivalente a cerca de um terço do PIB português e, portanto, uma das pessoas no mundo que
mais beneficia com a situação que descreve.
Jornal Público, 25/03/2019

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O problema da organização de uma sociedade justa:
6 a teoria da justiça de Rawls e as críticas de Nozick e Sandel

3. Analisa, atentamente, a banda desenhada e responde à questão


seguinte, selecionando a alternativa correta.

Quino, Toda a Mafalda, Verbo, 2014.

Ao considerar que os pobres são pobres porque querem, a Susaninha


está, implicitamente, a defender que eles não devem ser ajudados. Do
ponto de vista da teoria de Rawls, a afirmação dela é correta ou
incorreta?
A. Correta, porque a desigualdade económica e social se deve à
falta de empenho dos mais desfavorecidos para tentarem sair da
situação em que se encontram.
B. Correta, porque a desigualdade económica e social diz respeito a
cada um e o Estado não tem de intervir para corrigir
desigualdades escolhidas.
C. Incorreta, pois a pobreza em grande medida deve-se à lotaria
social e natural, não resultando de meras escolhas individuais.
D. Incorreta, pois a pobreza não é voluntária e ocorre quando
todos os princípios da justiça são desrespeitados por parte do
Estado.

4. Nozick rejeita a ideia de que o Estado deve ter funções sociais,


nomeadamente na saúde e na educação. Concordas com esta tese?
Porquê?

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Editável e fotocopiável © Texto | Dúvida Metódica, 10.º ano 59
O problema daeorganização
Determinismo liberdade nadeação
umahumana
sociedade justa:
6 a teoria da justiça de Rawls e as críticas de Nozick e Sandel

2
1. A figura seguinte pode relacionar-se com duas das ideias da teoria
de Rawls. Identifica-
-as e explicita-as.

2. Uma das críticas de Nozick a Rawls tem a ver com o ajuda


incondicional que o Estado deve prestar aos desfavorecidos. Do
ponto de vista de Nozick, que consequências negativas poderá ter
este apoio?
3. Indica dois dos objetivos que, segundo Sandel, uma sociedade deve
procurar alcançar para ser justa.

Editável e fotocopiável © Texto | Dúvida Metódica, 10.º ano 60


Capítulo 1 1.1 A multidão de pessoas que caminha, matar não é sempre errado.
O que é a Filosofia? As questões da sem se questionar, na mesma C. 1.ª premissa: Se matar é sempre
direção. errado, então a eutanásia não é
Filosofia
1.2 Exemplo de uma resposta possível (já moralmente permissível.
que esta é uma questão de opinião, 2.ª premissa: Se a eutanásia não é
QUESTÃO-AULA 1
devem ser aceites outras moralmente permissível, então a
1.1 As alíneas A, C e E correspondem a interpretações do cartoon, desde eutanásia não deve legalizada.
problemas filosóficos, porque são que devidamente fundamentadas): Conclusão: Logo, se matar é sempre
questões
Ter um ponto de vista crítico pode errado, então a eutanásia não deve
• básicas: a resposta a estas levar a questionar o que a maioria legalizada.
influencia o modo como se aceita e a tentar mostrar que esta Nota: «A eutanásia não deve ser
responde a problemas mais não tem razão. Algumas pessoas, legalizada» é uma possibilidade entre
específicos acerca do mesmo com uma atitude dogmática ou outras, como por exemplo: «A
assunto; acrítica, poderão, por isso, querer eutanásia não deve ser defendida» ou
• conceptuais (não empíricas): só silenciar quem levanta dúvidas ou «A eutanásia deve ser rejeitada».
podem ser respondidas exprime pontos de vista diferentes. 2.1
recorrendo ao pensamento e à 2. básicas: são mais gerais, a sua
argumentação (e não à 1. Todas as religiões são politeístas.
resposta condiciona a resposta a 2. Nenhuma religião é politeísta.
experiência); outras mais específicas; conceptuais:
• controversas: são alvo de 3. Algumas religiões são politeístas.
não podem ser respondidas
discussão; entre os especialistas 4. Algumas religiões não são
recorrendo à experiência, mas
não existem respostas unânimes politeístas.
apenas ao pensamento e à
ou consensuais. 2.2 Relação de contraditoriedade.
argumentação; controversas: são
1.2 Duas das seguintes áreas de estudo: discutíveis, não há consenso entre os 2.3 O cristianismo (ou o islamismo ou o
A.Filosofia política. especialistas, existem diferentes judaísmo) é uma religião e não é
C. Ética ou Filosofia moral [ou Ética respostas. politeísta (ou é monoteísta).
aplicada mais especificamente]. 2.4 A sua contrária (Nenhuma religião é
E. Metafísica. politeísta) seria falsa.
2.1 Exemplo de uma questão filosófica Capítulo 2
(entre outras possíveis): QUESTÃO-AULA 2
Ferramentas úteis à atividade
O que é considerado certo ou 1.1 Um argumento por analogia, pois
filosófica: noções de Lógica (formal e
errado dependerá apenas da cultura baseia-se na ideia de que duas
informal)
de cada povo? (Ou: haverá valores e situações diferentes (a do violinista
normas morais que devem ser ligado a nós durante 9 meses e a do
QUESTÃO-AULA 1 bebé ligado à mãe durante 9 meses)
universais?)
1. A. 1.ª premissa: Se matar é sempre têm semelhanças quanto a certos
Exemplo de uma questão não errado, então a eutanásia não é aspetos (mais evidentes) e conclui-
filosófica (entre outras possíveis): moralmente permissível. se que têm, provavelmente,
Qual é a pena existente na legislação
2.ª premissa: Ora, a eutanásia é semelhanças noutros aspetos
portuguesa para quem pratica a
moralmente permissível. Conclusão: (menos evidentes).
mutilação genital feminina?
Logo, matar não é sempre errado. 1.2 Se o aluno alegar que o argumento
2.2 A questão filosófica referida na
B.1.ª premissa: Se matar é sempre é forte, pode justificar, dizendo que
resposta anterior é discutida no
errado, então a eutanásia não é as semelhanças existentes são,
âmbito da Ética.
moralmente permissível. quanto à conclusão, em número
Conclusão: Logo, se a eutanásia é suficiente, relevantes e as diferenças
QUESTÃO-AULA 2
moralmente permissível, então

Editável e fotocopiável © Texto | Dúvida Metódica, 10.º ano 61


não são significativas. Assim sendo, vontade seria livre se a ação do De acordo com o determinismo
tal como o estranho em relação ao sujeito não fosse determinada por radical, mesmo admitindo que a
violinista não tem a obrigação moral acontecimentos prévios e desse crença no livre-arbítrio é falsa (e,
de o manter ligado ao seu corpo, origem a uma nova cadeia causal. portanto, os agentes não têm
também a mulher não tem essa 1.3 Não concordaria. Os deterministas genuína responsabilidade nem
obrigação em relação ao feto. moderados defendem que existe mérito pelas boas ações), as
1.3 Se o aluno alegar que o argumento livre-arbítrio e que algumas ações pessoas devem ser
é fraco (uma falsa analogia), pode são livres. A defesa desta tese é responsabilizadas, pois desse modo
justificar, dizendo que as diferenças possível porque entendem o livre- promove-se a realização de boas
são significativas: a ligação entre arbítrio como o poder de realizar ações e dissuade-se a prática das
nós e o violinista é involuntária, não ações sem compulsões ou coações más.
se passa o mesmo na ligação entre (internas ou externas) e que 2. Porque, geralmente,
a mãe e o feto, que é voluntária derivem das crenças e desejos do desconhecemos as causas que
(com exceções, como é o caso da agente. As ações têm causas determinaram as nossas ações e
violação). Além disso, poderá existir anteriores que o agente não desejos atuais / não temos noção
uma relação afetiva entre o bebé e controla, mas isso não lhes retira de que aquilo que nos acontece no
a mãe, que deve cuidar e proteger liberdade (desde que o agente não momento presente é um resultado
o filho, que não existe no caso do tenha sido compelido). Assim inevitável de tudo o que já nos
violinista. sendo, existem possibilidades aconteceu no passado.
Outro ponto de vista, desde que alternativas: o agente faz uma 3. Um libertista diria que é falsa a
devidamente fundamentado. coisa, mas podia ter feito outras, ideia de que a liberdade é ilusória
2.1 O próximo aluno desatento (ou os caso o tivesse desejado. porque, ao contrário do que julgam
próximos alunos desatentos) que 1.4 Insere-se numa perspetiva os deterministas radicais, além da
eu observar nas aulas irá baixar o compatibilista: considera causalidade da natureza, existe a
seu aproveitamento no teste. compatíveis ou conciliáveis a causalidade do agente; esta
2.2 Todos os alunos desatentos nas crença no determinismo e no livre- permite que o sujeito tenha a
aulas baixam o seu aproveitamento arbítrio – todas as ações são capacidade, ao decidir e agir, de se
nos testes (ou outra frase que determinadas por causas autodeterminar e dar início a uma
expresse uma proposição universal anteriores, mas algumas são livres. nova cadeia causal, independente
– tipo A – logicamente equivalente; dos acontecimentos anteriores e,
por exemplo: Qualquer aluno QUESTÃO-AULA 2 por isso, algumas ações são livres.
desatento nas aulas baixa o seu 1.1 Os defensores da perspetiva O argumento da experiência é uma
aproveitamento nos testes). libertista alegam que o sujeito prova de que assim é: sentimos
3. possui a capacidade de se muitas vezes que temos essa
A.Apelo ao povo autodeterminar, isto é, de agir, liberdade de escolher que nos é
(ou ad populum). independentemente de quaisquer dada pelo livre-arbítrio.
B.Falso dilema. causas anteriores; a única causa da
C.Apelo ao povo ação é a própria decisão (chamam QUESTÃO-AULA 3
(ou ad populum). a isto a causalidade do agente). 1. 1. B 2. A e C 3. B 4. B e C 5. A
D. Ad Neste caso concreto, o piloto e o 6. C 7. C 8. B 9. B
hominem copiloto, em condições muito 2.
(ou ataque pessoal). difíceis, foram livres para tomar a 2.1 Sim. Numa certa situação há
decisão de tentar a amaragem do possibilidades alternativas de ação
E. Falsa relação causal.
avião; tinham outras alternativas, caso o agente, se tiver desejos
mas escolheram esta, não foram diferentes, possa agir de outro
obrigados a fazê-lo. modo, fazendo algo diferente. Por
Capítulo 3
exemplo: alguém está num dos
Determinismo e liberdade na ação 1.2 De acordo com o libertismo e com lados de um rio, mas poderia estar
humana o determinismo moderado, temos no lado oposto, caso tivesse
de admitir que o livre-arbítrio desejado lá estar.
QUESTÃO-AULA 1 existe, pois sem este pressuposto 2.2 Demócrito discorda do conceito de
1.1 Tese defendida pela Joana: não há não é possível conceber a livre-arbítrio apresentado por
livre-arbítrio. Esta tese enquadra-se existência de responsabilidade e Hume, já que considera que os
no determinismo radical. atribuir, justificadamente, mérito desejos do agente resultam sempre
1.2 Conceito de livre-arbítrio: Se ao ato realizado pelo piloto e o de causas anteriores e, portanto, ele
existisse, o livre-arbítrio seria o copiloto, já que as pessoas são não tem reais possibilidades
poder de agir independentemente responsáveis apenas pelas ações alternativas de ação. Essa é uma
de causas anteriores, ou seja, a de que são autoras. ideia ilusória, resultante do facto de

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o agente desconhecer os como inferiores) – o que justifica a dever ou cumprir o imperativo
acontecimentos anteriores que imposição ou o domínio de certas categórico) e não as consequências.
motivaram os seus desejos. culturas/países sobre outras – no Na perspetiva de Mill, o que mais
cartoon está a ser defendida, importa são as consequências (ou
Capítulo 4 implicitamente, uma atitude os efeitos previsíveis)
O problema da natureza dos juízos etnocêntrica. proporcionarem maior felicidade ou
2.1 O etnocentrismo considera que bem-estar, a intenção é irrelevante.
morais
existem culturas que têm mais valor 3. Kant: a boa vontade.
do que outras. Os relativistas Mill: a felicidade.
QUESTÃO-AULA 1
discordam desta ideia, pois 4. Kant defende que há deveres
1.1 Alíneas que expressam juízos de defendem que todas as culturas morais absolutos, ou seja, normas
facto: A e C. têm igual valor (Ou: as crenças morais que devem ser seguidas
Justificação: estes exemplos etnocêntricas tendem a justificar incondicionalmente, sem exceções
correspondem a juízos de facto práticas discriminatórias repudiadas e que são válidas para todos. Mill
porque são descritivos – no primeiro pelo relativismo). não concorda com Kant: considera
é-nos dada uma informação sobre 3. Com base na teoria do objetivismo. que as normas morais não são
um facto (o que a Maria Albertina
Um defensor do relativismo, em absolutas, pois podem existir
disse), tal como no segundo, que
relação à tese de que o respeito situações em que estas sejam
descreve uma situação concreta
pelos direitos humanos deve ser desrespeitados para promover a
que ocorreu nos EUA.
maior felicidade ou reduzir a
1.2 Alíneas que expressam juízos de infelicidade.
valor: B e D. Justificação: ambos os
exemplos expressam uma avaliação,
QUESTÃO-AULA 2
faz-se uma apreciação e expressa-se
uma preferência de natureza política. 1.1 O dilema ético é o seguinte: ou o
Peter e o Jason ficam com o dinheiro
2.
que encontraram na rua num
envelope (e compram coisas de que
gostam, mas não fazem o que
reconhecem ser correto) ou
universal, poderia apresentar a
devolvem o dinheiro à pessoa cujo
seguinte objeção: os direitos
nome se encontra no envelope
humanos não exprimem valores
(fazem o que reconhecem ser
universais, mas sim ocidentais;
correto, mas não compram coisas de
tentar impô-los, universalmente,
que gostam).
leva-nos a adotar um ponto de vista
QUESTÃO-AULA 2 1.2 Valores em conflito: Honestidade /
intolerante e etnocêntrico quanto às
1. As teorias que consideram que não Prazer ou interesse pessoal.
tradições diferentes daquelas que
há verdades morais objetivas e Normas morais em conflito:
são admitidas na cultura ocidental.
universais são o subjetivismo e o Por isso, criticar, em nome dos Deves ser honesto (ou não deves
relativismo. A primeira defende que direitos humanos, as tradições ficar com o que não te pertence) /
as verdades morais dizem respeito culturais aceites pela maioria das Deves agir em função dos teus
aos sentimentos/preferências pessoas numa certa sociedade não interesses e do teu prazer (ou deves
pessoais e a segunda à cultura. Por é legítimo. procurar antes de mais o teu bem-
isso, não há juízos morais que estar).
possam ser aceites por todas as Capítulo 5 1.3 Peter argumenta que é necessário
pessoas nem avaliados de forma devolver o envelope pelas seguintes
objetiva e imparcial, O problema do critério da moralidade razões: eles sabem a quem pertence
independentemente de uma certa das ações: a ética deontológica de o dinheiro, têm o dever de ser
perspetiva. Kant e a ética utilitarista de Stuart Mill honestos e devolver o que não lhes
2.1 No cartoon, o adulto está a ensinar pertence. A ação que Peter se
à criança que o mais importante é o QUESTÃO-AULA 1 propõe realizar (e acaba por
país a que pertence (e, por 1. Os critérios morais são: para Kant, o concretizar) pode ser relacionada
consequência, a sua cultura), os imperativo categórico; para Mill, o com a existência de normas morais
outros países são secundários. princípio da utilidade (ou o princípio absolutas (como ser honesto) e está
Como o conceito de etnocentrismo da maior felicidade). de acordo com a primeira
significa a valorização excessiva de 2. Segundo Kant, o que é relevante formulação do imperativo
uma cultura (considerada superior) para determinar o valor moral de categórico: a lei universal, a ideia de
em detrimento de outras (tidas uma ação é a intenção (agir por que as máximas de uma ação devem

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poder ser universalizadas. vezes é correto, poderá justificar a desigualdades..
Outra possibilidade de resposta: ao sua posição através de ideias 3. Resposta correta: C.
pretender devolver o envelope (e utilitaristas, tais como: 4. Resposta aberta.
realizando essa ação), Peter – se numa certa situação roubar Se o aluno concordar com a
demonstrou ter uma boa vontade, tiver melhores consequências (OU perspetiva de Nozick, poderá alegar
realizando uma ação por dever (e promover uma maior felicidade que:
com valor moral). global) do que não roubar, então – um Estado com funções sociais
1.4 Não. Jason pretendia que ele e o será correto roubar. (mais extenso do que o estado
irmão praticassem uma ação contra Se o aluno defender que nunca é mínimo defendido por Nozick)
o dever: não devolver o envelope e correto roubar, poderá justificar a sua implicaria cobrar impostos elevados
ficar com o dinheiro, mesmo posição através de ideias kantianas, para o financiar, o que poria em
sabendo a quem este pertencia. tais como: causa as liberdades individuais;
Para Kant, o que importa, do ponto – roubar é uma ação contrária ao – a cobrança coercitiva de impostos,
de vista moral, é o respeito pelo dever, pois não respeita o tendo em vista a redistribuição,
imperativo categórico – se isso pode imperativo categórico, já que constitui uma violação de direitos
proporcionar ou não felicidade ao • uma máxima permitindo o fundamentais: o direito à liberdade
agente é irrelevante. roubo não é universalizável; e à propriedade;
OU – e leva à instrumentalização dos
QUESTÃO-AULA 3 • roubar implica considerar as cidadãos, negando a sua
1. Deves ser honesto / Não te deves pessoas roubadas como sendo autonomia moral / o facto de o
apropriar dos bens alheios / Não meros meios e não fins em si Estado ajudar, de forma
deves roubar. mesmas. incondicional, os desfavorecidos
2. Segundo Stuart Mill, a ação de leva à desresponsabilização destes
roubar a tabuleta é moralmente – o que é injusto para quem é
Capítulo 6 empenhado e cumpridor, pois é
incorreta, pois não está de acordo
com o princípio da utilidade: produz O problema da organização de uma obrigado a financiar pessoas que,
felicidade unicamente ao próprio sociedade justa: a teoria da justiça muitas vezes, não se esforçam.
Jeremy (e apenas no início), de Rawls e as críticas de Nozick e Se o aluno discordar da perspetiva de
prejudicando muitas outras pessoas, Sandel Nozick e concordar com Rawls,
que ficam impedidas de saber o poderá alegar que:
nome da rua onde se encontram. QUESTÃO-AULA 1 – um estado mínimo não conseguiria
3. Não. O Jeremy, ao devolver a 1. Uma formulação possível (entre promover a justiça social e a
tabuleta, praticou uma ação outras): Uma sociedade em que redistribuição da riqueza necessária
meramente conforme ao dever. O existam desigualdades sociais e para combater as injustiças da
Jeremy disse sentir-se culpado. Ora, económicas muito acentuadas será lotaria natural e social;
assumir que se fez o que não se devia justa? – colocadas na posição original e
ter feito (isto é, que se é culpado por 2. cobertas por um véu de ignorância,
algo errado) pode ser uma ação por A. As práticas discriminatórias as pessoas escolheriam princípios
dever, caso a sua motivação seja o relatadas no artigo do jornal de justiça que promovem um
reconhecimento sincero do erro. violam: estado com funções sociais e não
Contudo, a culpa assumida pelo um estado mínimo.
– o princípio da liberdade igual,
Jeremy parece ser causada pelo facto Se o aluno discordar da perspetiva de
por exemplo:
de não querer ser apanhado pela Nozick e concordar com Sandel,
a liberdade religiosa e o direito
polícia nem de ser censurado pelos poderá alegar que o estado mínimo:
à vida privada;
pais, pela Sara (a namorada) e pelos – não conseguiria promover a justiça
– o princípio da oportunidade
mecânicos. Por isso, a devolução da social, pois permitiria grandes
justa: a minoria muçulmana
tabuleta foi motivada pelo interesse desigualdades sociais que, além de
não tem acesso ao exercício de
e não tem valor moral. significarem pobreza e sofrimento
cargos e funções abertos a
Um sinal de que a motivação do para muitas pessoas, impediriam a
pessoas de outras etnias e
Jeremy não foi o dever é que, depois coesão social;
religiões.
de devolver a tabuleta, ele mentiu e – não permitiria uma vida
B. Nos países em que existem
disse à polícia chamar-se Hector (o comunitária plena e um adequado
grandes desigualdades e os mais
nome do seu amigo), o que é uma exercício da cidadania democrática.
ricos pagam poucos impostos é
ação contrária ao dever (e,
violado o princípio da diferença,
naturalmente, sem valor moral). QUESTÃO-AULA 2
uma vez que isso não permite
4. Resposta aberta.
promover políticas redistributivas 1. Ideias de Rawls com que a figura se
Se o aluno defender que roubar por capazes de diminuir tais relaciona são a

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• da posição original: a experiência
mental proposta por Rawls em que
as pessoas – seres racionais
colocados numa situação de
equidade – têm a possibilidade de
escolher os princípios da justiça que
irão reger a sociedade em que irão
viver;
• do véu da ignorância: quem se
encontra na posição original não
sabe que características individuais
irá ter ou que posição social irá
ocupar nessa sociedade: poderá ser
uma mulher, uma criança, um
homem, uma pessoa rica ou uma
pessoa pobre, entre outras. Só
deste modo, se poderá garantir a
imparcialidade na escolha dos
princípios da justiça.
2. As consequências negativas são levar
à desresponsabilização dos
desfavorecidos e isso não ser justo
para quem trabalha de forma
honesta e esforçada, já que estas
pessoas são obrigadas, pelo Estado, a
trabalhar para os outros,
desrespeitando-se assim o direito à
liberdade de fazerem com os seus
bens o que bem entenderem.
3. Os dois objetivos podem ser: a
diminuição das desigualdades
económicas e sociais; a diminuição
da segregação entre grupos e classes
sociais (ou: o aumento da
solidariedade e da coesão social).

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