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Matriz do teste de avaliação escrita 1

Os Lusíadas e Rimas

Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita

Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação

Educação Literária / Leitura A – Texto de


Interpretar obras literárias leitura literária: Parte A A
portuguesas. excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores culturais, do Canto IX de restrita 2. 16 pontos
éticos e estéticos manifestados Os Lusíadas, de 1 item de seleção 3. 12 pontos
nos textos. Luís de Camões
Analisar o valor de recursos
expressivos para a construção
do sentido do texto. B – Texto de Parte B B
leitura literária: Grupo I 2 itens de resposta 4. 16 pontos
Leitura soneto de Luís restrita 5. 16 pontos
Interpretar o texto, com de Camões 1 item de seleção 6. 12 pontos
especificação do sentido global
e da intencionalidade
comunicativa. C – Exposição
sobre um tema Parte C
C
Escrita de Os Lusíadas, 1 item de resposta
7. 16 pontos
Escrever uma exposição sobre de Luís de restrita
um tema. Camões

Total – 104 pontos


1. 8 pontos
Leitura
Texto de leitura 4 itens de escolha 2. 8 pontos
Ler textos de diferentes géneros
não literária múltipla 3. 8 pontos
e graus de complexidade.
4. 8 pontos
Gramática Coordenação e
Classificar orações. subordinação Grupo II 1 item de escolha
Identificar a função sintática Funções múltipla 5. 8 pontos
de constituintes da frase. sintáticas 1 item de resposta 6. 8 pontos
Reconhecer valores semânticos Palavras curta 7. 8 pontos
de palavras considerando o divergentes 1 item de seleção
respetivo étimo. e convergentes
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir o texto com domínio
palavras)
seguro da organização em
parágrafos e dos mecanismos de
coerência e de coesão textual.
Total – 40 pontos
Total – 200 pontos

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276 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 10.o ano
Nome N.o 10.o Data / /

Teste de avaliação
Avaliação
escrita 1
E. Educação Professor

Os Lusíadas e Rimas

Grupo I
PARTE A

Lê o texto seguinte, constituído pelas estâncias 89 a 94 do Canto IX de Os Lusíadas, bem como a


contextualização apresentada. Se necessário, consulta as notas.
CONTEXTUALIZAÇÃO

Na viagem de regresso à pátria, Vénus prepara uma recompensa para os portugueses: a Ilha dos Amores. O amor à
Pátria e a coragem demonstrada durante a viagem são recompensados com o prémio da imortalidade.

89 91
Que
Nomeas Ninfas do Oceano, tão fermosas, Não
N.o eram senão
10.prémios
o que reparte,
Data / /
Tétis e a Ilha angélica pintada1, Por feitos imortais e soberanos,
Avaliação
Outra E. Educação
cousa não é que as deleitosas Professor
O mundo c’os varões que esforço e arte
Honras que a vida fazem sublimada2. Divinos os fizeram, sendo humanos.
Ficha de Educação Literária 1
Aquelas preminências3 gloriosas, Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte,
Os triunfos, a fronte coroada Eneas e Quirino e os dous Tebanos5,
De palma e louro, a glória e maravilha, Ceres, Palas e Juno com Diana,
Estes são os deleites desta Ilha. Todos foram de fraca carne humana.

90 92
Que as imortalidades que fingia Mas a Fama, trombeta de obras tais,
A antiguidade, que os Ilustres ama, Lhe deu6 no Mundo nomes tão estranhos
Lá no estelante Olimpo4, a quem subia De Deuses, Semideuses, Imortais,
Sobre as asas ínclitas da Fama, Indígetes7, Heróicos e de Magnos.
Por obras valerosas que fazia, Por isso, ó vós que as famas estimais,
Pelo trabalho imenso que se chama Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Caminho da virtude, alto e fragoso, Despertai já do sono do ócio ignavo8,
Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso, Que o ânimo, de livre, faz escravo.
1
Ilha angélica pintada: representação, pintura de uma 4
no estelante Olimpo: na brilhante morada dos deuses;
ilha linda, que lembra um lugar habitado por anjos; 5
os dous Tebanos: Hércules e Baco;
2
sublimada: ilustre, célebre; 6
Lhe deu: lhes deu;
3
preminências (por preeminências): distinções, superioridades, 7
Indígetes – divindades primitivas e nacionais dos Romanos.
honrarias, louros, prémios; 8
do ócio ignavo – do ócio indolente, preguiçoso.

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93 94
E ponde na cobiça um freio duro, Ou dai na paz as leis iguais, constantes,
E na ambição também, que indignamente Que aos grandes não deem o dos pequenos,
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro Ou vos vesti nas armas rutilantes9,
Vício da tirania infame e urgente; Contra a lei dos imigos Sarracenos10:
Porque essas honras vãs, esse ouro puro, Fareis os Reinos grandes e possantes,
Verdadeiro valor não dão à gente: E todos tereis mais e nenhum menos:
Milhor é merecê-los sem os ter, Possuireis riquezas merecidas,
Que possuí-los sem os merecer. Com as honras que ilustram tanto as vidas.

Luís de Camões, Os Lusíadas, A. J. Costa Pimpão (coord.),


Lisboa, MNE-IC, 2000, pp. 409-410.

9
rutilantes: cintilantes;
10
Sarracenos: inimigos mouros.

1. Clarifica o sentido do verso «Todos foram de fraca carne humana» (est. 91, verso 8), tendo em
conta o conteúdo das estâncias 90 e 91.

2. Explicita a relação que se estabelece entre a exortação do poeta em «Por isso, ó vós que as
famas estimais» (est. 92, verso 5) até «Contra a lei dos imigos Sarracenos» (est. 94, verso 4) e os
quatro versos finais da estância 94.

3. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.


Na folha de respostas, regista apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o
número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Nestas estâncias do canto IX, incluídas no plano a) __________, são utilizados alguns recursos
expressivos frequentes em Os Lusíadas: na expressão «freio duro» (est. 93, verso 33), está
presente uma b) __________; a apóstrofe ocorre, por exemplo, em c) __________.

a) b) c)

1. das reflexões do poeta 1. anástrofe 1. «as Ninfas do Oceano, tão fermosas» (est. 89, verso 1)

2. da mitologia 2. metáfora 2. «trombeta de obras tais» (est. 92, verso 1)

3. da viagem 3. comparação 3. «ó vós que as famas estimais» (est. 92, verso 5)

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PARTE B

Lê o poema.

Grão tempo há já que soube da Ventura

Grão tempo há já que soube da Ventura


a vida que me tinha destinada;
que a longa experiência da passada
me dava claro indício da futura.

5 Amor fero, cruel, Fortuna dura,


bem tendes vossa força exprimentada:
assolai, destruí, não fique nada;
vingai-vos desta vida, qu’ inda dura.

Soube Amor da Ventura, que a não tinha,


10 e, por que mais sentisse a falta dela,
de imagens impossíveis me mantinha.

Mas vós, Senhora, pois que minha estrela


não foi milhor, vivei nesta alma minha,
que não tem a Fortuna poder nela.
Luís de Camões, Rimas, ed. de A. J. da Costa Pimpão,
Coimbra, Almedina, 2005, p. 129.

4. Explicita duas das razões que motivam os pedidos do eu, na segunda quadra. Apresenta, para
cada uma dessas razões, uma transcrição pertinente.

5. Comenta o sentido da apóstrofe na última estrofe, tendo em conta a globalidade do poema.

6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.


Na folha de respostas, regista apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o
número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

No primeiro terceto deste soneto, é possível encontrar recursos expressivos recorrentes na


poesia lírica camoniana, como a a) __________ e a b) __________, por exemplo, no verso
«Soube Amor da Ventura, que a não tinha» (verso 9), no qual o sujeito poético admite que,
apesar da falta de sorte no Amor, sempre viveu mergulhado na ilusão, como o comprova o
excerto
c) __________.

a) b) c)

1. anástrofe 1. hipérbole 1. «que a não tinha» (verso 9)

2. anáfora 2. metonímia 2. «por que mais sentisse a falta dela» (verso 10)

3. antítese 3. personificação 3. «de imagens impossíveis me mantinha» (verso 11)

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PARTE C

7. Em Os Lusíadas, a par das críticas e dos conselhos aos portugueses seus contemporâneos, o
poeta tece considerações de caráter autobiográfico.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiên-
cia de leitura da epopeia camoniana.
A tua exposição deve respeitar as orientações seguintes:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual refiras dois aspetos de caráter autobiográfico presentes nas
intervenções do poeta ao longo da obra ;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Grupo II
Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.

Camões era ativista, influenciador e político

Dizemos que o português é a língua de Camões e com razão. Afastou-se dos latinismos, da
influência castelhana, harmonizou a grafia, deu-lhe uma alma própria. Dizemos que Camões é o
poeta português e com razão. A sua emoção lírica é incomparável – «Erros meus, má fortuna,
amor ardente…» –, a sua força épica não tem par – «canto o peito ilustre Lusitano, a quem
5 Neptuno e Marte obedeceram.». Muita gente ignora que ele foi também um homem de intervenção
social, um influenciador, um político.
Os Lusíadas são o grande poema da glória portuguesa. Mas na época foi mais que isso. Para
além de um descarado enaltecimento a el-rei D. Sebastião, a obra era também um libelo 1 acusatório
contra a degradação moral e política do reino. O poema procurava reerguer a dignidade de
10 Portugal, quando o império se mostrava já falido, perdido em guerras, enredado nas garras de uma
nobreza corrupta…
E porque é que um livro com objetivos tão patrióticos suscitou tantas perseguições? Tantas
inimizades? Ora, acontece que, ao cantar as glórias de outrora, mostrava as tristezas da época. Ao
elevar ao estatuto de deuses os homens de outras eras, por comparação, mostrava a pequenez dos
15 que detinham os poderes no seu tempo.
Mais que um poema, Os Lusíadas apresentavam-se como um verdadeiro livro ideológico. Desde
logo, Camões mostra-se áspero com os jesuítas a quem acusa de serem uns usurpadores 2 do nome
de Jesus e esquecidos do seu papel de sal da terra e apóstolos da fé. Mas também aponta o dedo
acusatório à nobreza decadente que ele bem conhecera nas Índias, esquecida que estava dos valores
20 cavaleirescos e totalmente rendida aos interesses mercantis. Era a crítica mordaz a uma sociedade
de novos-ricos, usurários3 e bandalhos4, que gozavam do beneplácito5 dos governantes e dos
religiosos que, cuidando de emendar o mundo, não se emendavam a si próprios.
A poesia épica apresenta-se como guardiã da história, cinge o heroico e o belo, dignificando a
memória e libertando da morte os maiores da pátria. Os Lusíadas procuraram assim recuperar o
25 nosso passado glorioso, resgatando também o ideal cavaleiresco que levou à edificação do
império. Ao chamar a atenção para os exemplos gloriosos, para as figuras gradas 6 da história do
reino, procurou chamar a atenção d’el-rei para a necessidade de se robustecer o pundonor 7 como
povo e a consciência da força de Portugal, minado que estava pela devassidão.

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O reino estava dividido, como sempre. Uns temiam o futuro de Portugal governado por um
jovem que dava sinais de doenças várias e preferiam, por isso, entregar-se ao poderoso rei de
30 Castela. Outros defendiam a honra lusitana e a sua independência a todo o custo. Estes últimos
viram no poema de Camões uma exaltação pátria, um canto aos valores de outrora, que engrandecia
Portugal. Era um livro de poesia, mas era, nas entrelinhas, um livro político – Camões sabia disso.
Quem o apoiou também.
João Morgado, «Camões era ativista, influenciador e político»,
in Observador, 07.06.2020 (texto com supressões).

1
libelo: exposição, escrito; 4
bandalhos: pessoas sem honra, sem dignidade;
2
usurpadores: aproveitadores; 5
beneplácito: anuência, aprovação;
3
usurários: avarentos, mesquinhos; 6
gradas: nobres; 7 pundonor: honra.

1. Relativamente às afirmações «Dizemos que o português é a língua de Camões e com razão.»


(linha 1) e «Dizemos que Camões é o poeta português e com razão.» (linhas 2-3), os exemplos
apresentados visam
A. realçar o despropósito da ideia.
B. contestar a veracidade da ideia.
C. demonstrar a pertinência da ideia.
D. evidenciar o exagero da ideia.

2. Segundo o autor, a obra Os Lusíadas, apesar dos seus «objetivos tão patrióticos» (linha 11),
não foi bem recebida na época, uma vez que
A. constituía um «descarado enaltecimento a el-rei D. Sebastião» (linha 8).
B. expunha «a degradação moral e política do reino» (linha 9).
C. pretendia «reerguer a dignidade de Portugal» (linha 9).
D. procurava «elevar ao estatuto de deuses os homens de outras eras» (linha 13).

3. O recurso, em simultâneo, às expressões «áspero» (linha 16), «dedo acusatório» (linhas 17-18) e
«crítica mordaz» (linha 19) para caracterizar a atitude de Camões em relação aos que «cuidando
de emendar o mundo, não se emendavam a si próprios» (linha 21) enfatiza a ideia de
A. frontalidade.
B. proteção.
C. adulação.
D. subserviência.

4. A poesia épica, tal como o autor a idealiza no início do quinto parágrafo, permite
A. desmascarar a mentira histórica e repor a verdade.
B. denunciar e emendar os males de uma pátria.
C. embelezar e engrandecer a história coletiva de um povo.
D. perpetuar e glorificar a memória coletiva de uma nação.

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5. As expressões «dos valores cavaleirescos» (linhas 18-19) e «da morte» (linha 23) desempenham
as funções sintáticas de
A. complemento oblíquo e complemento do nome, respetivamente.
B. complemento do adjetivo e complemento oblíquo, respetivamente.
C. complemento oblíquo, em ambos os casos.
D. complemento do adjetivo, em ambos os casos.

6. Classifica a oração introduzida por «que» na linha 5.

7. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.


Na folha de respostas, regista apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o
número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

As palavras «livro» (linha 32) e livro (forma do verbo livrar) provêm dos étimos latinos LIBRUM e
LIBERO, respetivamente. São, por isso, palavras a) __________. Na evolução de LIBRUM para
livro, ocorreu uma b) __________. Já na evolução de REGNO para reino (linha 28) ocorreu a
c) __________.

a) b) c)

1. convergentes 1. apócope 1. sonorização

2. divergentes 2. prótese 2. assimilação

3. homógrafas 3. paragoge 3. vocalização

Grupo III
Será que os clássicos da literatura constituem apenas uma fonte de informação sobre o passado
ou podem também contribuir para a reflexão sobre a condição humana e para um entendimento
mais esclarecido do mundo?

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350 palavras,
defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.

No texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2021/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

282 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 10.o ano


FIM

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