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REVISÃO FILOSOFIA JURÍDICA - AV1

ENCONTRO 01: FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA


JURÍDICA (PARTE 1)

Olá! Bem vindos!

Nosso primeiro tema é “Fundamentos da Filosofia Jurídica” e iniciaremos nosso


diálogo aqui falando um pouco sobre o objetivo da disciplina Filosofia do Direito e o que
ela busca estudar. Porque estudar Filosofia do Direito? É essa nossa pergunta guia.
Vamos investigar?
Um dos ramos mais importantes da filosofia é também um dos menos
conhecidos do público em geral. Segundo o professor Alysson Leandro Mascaro, em seu
texto A filosofia do direito e seus horizontes, publicado na Revista Cult, a filosofia do
direito é tão somente a filosofia geral com um tema específico, o direito. O direito é,
nesse caso, um objeto da filosofia. Assim sendo, a filosofia do direito, como
especialidade filosófica, é assemelhada à filosofia política, à filosofia da religião, à
filosofia da estética. Política, religião, estética, todos esses são temas da filosofia geral.
A filosofia do direito é a ferramenta do jurista, nunca renunciou a pensar o direito por
conta própria, a partir de sua experiência.
Alysson Leandro Mascaro, no texto O que é e o que tem sido a filosofia do direito?
publicado também na revista Cult, afirma que é a atividade de conhecer e aplicar as leis,
com seus inúmeros problemas concretos, que estimula o pensamento filosófico a
respeito do direito. Qual a lei a aplicar? A lei que se pretende aplicar está em vigor? É
compatível com as outras leis existentes? As leis novas revogam as leis velhas, ou, pelo
contrário, os costumes, sendo por definição mais estáveis, devem ser preferidos a
inovações? Pode o poder político mudar tudo a qualquer tempo ou há limites? Os limites
são tradicionais ou racionais, particulares ou universais? A lei é um capricho de quem
tem o poder ou a força para impor sua vontade ou é alguma coisa que se pode
compreender e justificar com motivos mais ou menos plausíveis e aceitáveis por
qualquer um? E a grande questão de todas: a decisão, a norma, a sociedade são justas?
Por qual critério medir sua justiça?
Como a filosofia não procede por simples dedução das coisas, mas por reflexão
crítica ou refutação das opiniões normalmente aceitas, as perguntas da filosofia do
direito procedem, no fundo, de perguntas de juristas feitas em chave filosófica.
(MASCARO. In: https://revistacult.uol.com.br/home/a-filosofia-do-direito-e-seus-
horizontes/.)
Normalmente se cria uma falsa dicotomia entre ação e pensamento. Através
desse antagonismo, se define o pensamento como algo alheio à atividade prática e, em
muitos casos, como um empecilho à ação. Precisaremos abandonar essa falsa dicotomia
para compreender o papel da reflexão da Filosofia do Direito para a prática profissional.
Segundo Bittar, agir é responder por condutas positivas ou negativas a estímulos de
diversas naturezas (morais, econômicos, jurídicos, afetivos, religiosos…). Daí se poder
falar em ação com estímulo moral, em ação jurídica, em ação afetiva… O que há de
comum a todas é o fato de necessitarem de decisões e reclamarem respostas. Como
todas as demais espécies de ação, a ação jurídica reclama decisão. Ater-se à ação
jurídica, no entanto, é deter-se e bastar-se com a simples decisão, com a resposta. E, de
fato, o que se pode dizer desde já é que a ação é uma resposta, positiva ou negativa, a
um estímulo (externo ou interno). Uma ação colérica que, por vingança a um mal sofrido
anteriormente, se desdobra em um assassínio, é uma decisão de tirar a vida de outrem,
com base em sentimentos pessoais e relacionais de simpatia, antipatia…
Todavia, investigar as causas, buscar os fundamentos, postular acerca dos
balizamentos… enfim, partir da superfície em direção à profundidade, nesse sentido,
conflita com o ‘decisionismo’ que marca o campo da ação, da vida ativa (vita activa)
(BITTAR, 2018, p.6). Bittar desfaz o antagonismo entre teoria e prática e nos mostra que
a prática requisita a teoria a todo instante. Uma prática sem reflexão é uma ação vazia.
A filosofia nos convida a refletir sobre nossas atividades, considerando a dimensão ética
que elas supõem.

ENCONTRO 02: FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA


JURÍDICA (PARTE 2)

Olá! Bem vindos!

Nosso segundo tema é “Fundamentos da Filosofia Jurídica” e iniciaremos nosso


diálogo aqui falando um pouco sobre a relação entre Filosofia e as ciências humanas.
Vamos investigar?

Para compreender a natureza da Filosofia do Direito e seus pressupostos, se faz


necessário localizar este conjunto de saberes, a jusfilosofia, no interior da multiplicidade
que representa o saber filosófico. Segundo Mascaro, a Filosofia do direito é um ramo
específico da filosofia geral e o máximo pensamento possível sobre o próprio direito
(MASCARO, 2016, p.19). Distinguir a filosofia do direito, tanto da filosofia geral quanto
do pensamento jurídico comum, é a tarefa inicial da sua identificação. Além de ser um
objeto específico da filosofia geral, lastreado em seus métodos, a filosofia do direito
deve ser especificada em relação ao próprio pensamento jurídico. É certo que não se
chama o arrazoado de uma petição inicial por filosofia do direito. Os argumentos de um
juiz ao prolatar uma sentença em geral são técnico-normativos, não jusfilosóficos. Mas
há um campo do conhecimento técnico-jurídico que não é eminentemente causal,
vinculado aos casos em disputa nos fóruns. Quando alguém transcende a análise de uma
norma jurídica específica do Código de Processo Civil e se pergunta sobre o que são as
normas jurídicas em geral, está dando um salto de generalização de suas reflexões
(MASCARO, 2016, p. 21).
Através da Filosofia do Direito, a ciência jurídica, por um lado, normativa e
aplicada, recorre à filosofia, por outro, de caráter reflexivo e abstrato. Nesse, colocamos
a questão que intitula nosso texto: Qual a relação entre a jusfilosofia e as ciências
humanas? Para responder a essa pergunta precisaremos compreender a diferença entre
ciências naturais e exatas e as ciências humanas. Para tratar da questão da jusfilosofia,
precisaremos também compreender a questão do positivismo.
Segundo Miguel Reale, a principal diferença entre ciência positiva e filosofia
reside nos pressupostos. A Ciência positiva é construção que parte sempre de um ou de
mais pressupostos particulares; Filosofia é crítica de pressupostos, sem partir de
pressupostos particulares, visto como as "evidências" se põem, não se pressupõem. A
Filosofia é, assim, um conhecimento que converte em problema os pressupostos das
ciências, como, por exemplo, o "espaço", objeto da Geometria. É, portanto, sempre de
natureza crítica. Uma Filosofia que não seja crítica é, a nosso ver, inautêntica: é sempre
perquirição de raízes ou indagação de pressupostos, sem partir de pressupostos
particulares, mas de evidência universalmente válidas. Eis aí uma noção geral do que
entendemos por Filosofia, como estudo das condições últimas, dos primeiros princípios
que governam a realidade natural e o mundo moral, ou compreensão crítico-sistemática
do universo e da vida (REALE, 2000. p. 42).
Porém, segundo Bittar, durante longo período, entravada a reflexão jurídica pela
névoa positivista, pregou-se a possibilidade de um parentesco entre o método das
ciências naturais com as ciências humanas, nestas últimas incluídas as ciências jurídicas.
Esse prejudicial raciocínio tornou viável a sustentação de que o raciocínio e a lógica
jurídica obedecem ao mesmo grau de certeza dos saberes naturais, que se estruturam
a partir das categorias da causa e do efeito. Passou-se a estabelecer semelhanças que
retiraram das ciências jurídicas seu caráter de ciência valorativa, desnaturando sua
principal característica, a saber, a de estar constantemente assolada pela possibilidade
de revisão de suas conclusões, a de ser dependente da moralidade social e dos hábitos
costumeiros de uma sociedade, a de vaguear conforme as peculiaridades de casos
concretos imprevisíveis a priori (BITTAR, 2018, p. 47).
A publicação do Curso de Filosofia Positiva de Augusto Comte (1830-1842)
marca, sem dúvida, um momento relevante na história do pensamento europeu e
americano, possuindo ainda entre nós continuadores entusiastas, sem falar no
neopositivismo contemporâneo, que invoca, porém, outras fontes inspiradoras, apesar
de coincidir com a Filosofia positiva em vários pontos essenciais. Em linhas gerais, para
o Positivismo, a Filosofia é algo inseparável do saber empírico e positivo, uma forma ou
momento das próprias ciências, quando não as ciências em sua visão unitária. Para o
positivismo, entre Ciência e Filosofia não haveria, portanto, uma diferença de essência
ou de qualidade, mas, tão-somente, uma diferença de grau ou de generalidade. O físico
ou o químico elaboram, apreciam um aspecto particular da realidade ou de algo: o
mesmo fazem o biólogo, o astrônomo ou o matemático. Cada qual tem seu campo de
pesquisa e unifica e delimita os resultados de suas indagações.
A Ciência é, portanto, um saber parcial unificado, referente a um aspecto
abstraído de outros aspectos possíveis, como condição de observação e análise, nunca
deixando de ser observação de fatos e de relações entre fatos (REALE,2000, p. 46).

Porém, é preciso considerar que a tendência positivista de generalizar o método


das ciências naturais produz distorções no modo de trabalho das ciências humanas.
Suprimir a peculiaridade das ciências humanas, a essência valorativa de suas questões,
é comprometer toda e qualquer possibilidade de acerto na discussão do papel que
representam. As ciências humanas ou sociais e as ciências exatas ou naturais diferem
entre si, a saber, pela importância e pelo peso do valor na construção racional da
realidade, e pela importância da relação causa/efeito capaz de redundar na formulação
de leis científicas. Destarte, as ciências humanas não podem abandonar seu
compromisso com a diversidade dos fenômenos socioculturais (BITTAR, 2018, p. 47). O
elemento filosófico produz a possibilidade da crítica (e autocrítica), da compreensão dos
valores, assumidos todo tempo pelas ciências jurídicas. Uma abordagem valorativa do
direito passa pelo reconhecimento de sua inserção na realidade sociocultural.

ENCONTRO 03: OS FINS DO DIREITO (PARTE 1)

Olá! Bem vindos!

Nosso terceiro tema é “Os fins do Direito” e apresentaremos aqui uma breve
história sobre o surgimento da Filosofia do Direito e seu processo de consolidação
enquanto campo de estudo. Vamos investigar?
A Filosofia do Direito teria surgido enquanto um campo de conhecimento
autônomo durante a Modernidade. O fenômeno do Iluminismo proporcionou uma
grande efervescência cultural que gerou, no bojo da modernidade, o surgimento de
vários campos do conhecimento que, nesse período, definiram-se enquanto campos
específicos, dotados de objeto de estudo e método específicos. Segundo Bittar, neste
momento histórico, em plena marcha o processo de autonomização do pensamento,
por obra e força do Renascimento, em meio às demais disciplinas jurídicas já existentes
e tradicionais (Direito Canônico, Direito Romano, Direito Civil), a disciplina “Filosofia do
Direito” haverá de se identificar com problemas fundamentais da ordem da reflexão
(natureza humana, sociabilidade, extensão dos direitos), confundindo-se em seu início
com todos os estudos da escola jusnaturalista (BITTAR, 2018, p. 52).
A consolidação desse campo de estudos seria alcançada, segundo Bittar, através
do texto Fundamentos de filosofia do direito de Hegel. Segundo Reale, antes desta obra
a Filosofia do Direito é arte dos filósofos e não dos juristas. Após a formulação de Hegel
para a Filosofia do Direito e o papel central que o direito ocupa em seu sistema filosófico,
a disciplina se difundiu pela Europa e se consolidou como campo de estudos.
Posteriormente, a Filosofia do Direito, devido a discussões teóricas, tem sua natureza
teórica modificada. O campo amplo do conhecimento que ocupava a reflexão filosófica
acerca do direito é subdividido e surge o campo da Teoria Geral do Direito.
Segundo Mascaro, durante grande parte da história, com a indistinção do direito
em relação à política, à ética, à moral e à religião, os discursos mais amplos sobre o
direito, que não era ainda eminentemente técnico, eram tidos por filosofia do direito.
No entanto, com o capitalismo, a contar da modernidade, o direito adquire uma
especificidade técnica. Ele passa a ser considerado a partir do conjunto das normas
jurídicas estatais. A partir desse período, conseguiu-se construir uma espécie de
pensamento que, não sendo estreitamente ligado a fatos ou normas ou casos isolados,
mas sim tratando das normas, situações e técnicas jurídicas de modo mais geral, ainda
assim está adstrito ao mundo técnico-normativo. Costuma-se chamar a essa espécie de
alto pensamento jurídico por teoria geral do direito. A teoria geral do direito, que na
verdade não é teoria geral de todo o fenômeno jurídico, mas sim das técnicas jurídicas
estatais capitalistas consolidadas a partir da modernidade, pode de modo mais exato
ser denominada por teoria geral das técnicas jurídicas, ou mesmo teoria geral da
tecnologia jurídica. Esse pensamento não é casual nem eminentemente ligado a uma
experiência técnica específica. Ele já consegue ser geral, na medida da generalização das
técnicas jurídicas no capitalismo moderno e contemporâneo (MASCARO, 2000, p. 21).
Segundo o mesmo autor, apesar de constituírem saberes distintos, a Teoria Geral
do Direito e a Filosofia do Direito. Para Mascaro, em relação à Teoria do Direito, a
filosofia do direito é um pensamento ainda mais alto e mais vigoroso. Enquanto a teoria
geral do direito, a partir da multiplicidade das normas, indaga-se sobre o que é uma
norma jurídica estatal, a filosofia do direito indaga a respeito da legitimidade do Estado
em ditar normas. De certo modo, a teoria geral do direito para nos limites internos da
construção jurídica técnica, mas a filosofia do direito pega o todo do direito nas mãos.
Atualmente, segundo Bittar, a disciplina da filosofia do direito retoma seu caráter
reflexivo. O autor escreve que a disciplina, ao longo do século XX, ganha um
reconhecimento, desde o seu retorno do exílio declarado pelo positivismo (que assume
a teoria do direito como matéria central para os estudos jurídicos) e recebe também
forte alento com o desenvolvimento de diversas correntes teóricas contemporâneas.
Torna-se uma espécie de conhecimento indispensável em meio às práticas de formação
e de reflexão acerca do Direito. Deste reconhecimento brota a necessidade de uma
presença concomitante da Filosofia do Direito ao lado das demais ciências jurídicas, a
ponto de se reconhecer que o Direito somente pode ser identificado em toda a sua
diversidade de manifestações e sentidos a partir da junção de espectros epistêmicos,
aqueles técnicos (ora chamados dogmáticos), ao lado daqueles abertos (ora chamados
zetéticos) (BITTAR, 2018, p. 56).
No campo da reflexão ocupado pela filosofia do direito atualmente, segundo
Mascaro, há um intercâmbio constante entre filosofia do direito e teoria do direito. O
autor escreve que há uma fronteira muito tênue entre a teoria geral do direito e a
filosofia do direito. Hans Kelsen, o mais importante teórico geral – dito cientista – do
direito do século XX, é um pensador de rigorosa construção metodológica filosófica.
Suas reflexões são teoria geral do direito e filosofia do direito, portanto, de um grande
jurista e de um grande filósofo ao mesmo tempo. Torna-se muito difícil distinguir os
momentos em que fala o teórico geral do direito dos momentos em que fala o filósofo.
O mesmo se pode dizer, por exemplo, de dois outros gênios ao mesmo tempo da
filosofia e do direito do século XX, Evgeny Pachukanis e Carl Schmitt (MASCARO, 2000,
p. 21).

ENCONTRO 04: OS FINS DO DIREITO (PARTE 2)

Olá! Bem vindos!

Nosso quarto tema é “Os fins do Direito” e trataremos aqui da relação entre
sociedade, sociologia e Direito, as tensões e intersecções entre esses dois campos. Está
curioso? Vamos investigar?
Segundo Nader, a relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo
sentido de adaptação: de um lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo
de adaptação social e, para isto, deve ajustar-se às condições do meio; de outro, o
Direito estabelecido cria a necessidade de o povo adaptar o seu comportamento aos
novos padrões de convivência. A vida em sociedade pressupõe organização e implica a
existência do Direito. A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da
justiça e segurança. Com este processo as ações sociais ganham estabilidade. O Direito,
porém, não é uma força que gera, unilateralmente, o bem-estar social. Os valores
espirituais que o Direito apresenta não são inventos do legislador. Por definição, o
Direito deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve apenas
assimilar os valores positivos que a sociedade estima e vive. O Direito não é, portanto,
uma fórmula mágica capaz de transformar a natureza humana. Se o homem em
sociedade não está propenso a acatar os valores fundamentais do bem comum, de vivê-
los em suas ações, o Direito será inócuo, impotente para realizar a sua missão (NADER,
2002, p. 21).
Para Lyra, o Direito não deve manter-se aprisionado em um conjunto de normas
estatais, isto é, de padrões de conduta impostos pelo Estado, com a ameaça de sanções
organizadas (meios repressivos expressamente indicados com órgão e procedimento
especial de aplicação). Segundo o autor, é necessário recorrer a visão dialética do Direito
defendida Gramsci, que alarga o foco do Direito, abrangendo as pressões coletivas
geradas pela organização política de grupos sociais. Segundo Lyra, o Direito autêntico e
global não pode ser isolado em campos de concentração legislativa, pois indica os
princípios e normas libertadores, considerando a lei um simples acidente no processo
jurídico, e que pode, ou não, transportar as melhores conquistas.
Segundo Náder, há uma relação de mútua dependência entre sociedade e
direito. Para o autor, a causa material do direito está nas relações de vida, nos
acontecimentos mais importantes para a vida social. A sociedade, ao mesmo tempo, é
fonte criadora e área de ação do Direito, seu foco de convergência. Para o autor, é
interessante recorrer à concepção de fatos sociais para compreender melhor essa
relação. O autor escreve que existindo em função da sociedade, o Direito deve ser
estabelecido à sua imagem, conforme as suas peculiaridades, refletindo os fatos sociais,
que significam, no entendimento de Émile Durkheim, "maneiras de agir, de pensar e de
sentir, exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se
Ihes impõem". Fatos sociais são criações históricas do povo, que refletem os seus
costumes, tradições, sentimentos e cultura. A sua elaboração é lenta, imperceptível e
feita espontaneamente pela vida social. Costumes diferentes implicam fatos sociais
diferentes. Cada povo tem a sua história e seus fatos sociais. O Direito, como fenômeno
de adaptação social, não pode formar-se alheio a esses fatos. As normas jurídicas devem
achar-se conforme as manifestações do povo. Os fatos sociais, porém, não são as
matrizes do Direito. Exercem importante influência, mas o condicionamento não é
absoluto. Nem tudo é histórico e contingente no Direito. Falhando a sociedade, ao
estabelecer fatos sociais contrários à natureza social do homem, o Direito não deve
acompanhá-la no erro.
Para Náder, o papel do legislador é semelhante ao trabalho de um sismógrafo,
que acusa as vibrações havidas no solo, o legislador deve estar sensível às mudanças
sociais, registrando, nas leis e nos códigos, o novo Direito. Pois, para o autor, a missão
do direito atualmente não é, como no passado, apenas a de garantir a segurança do
homem, a sua vida, liberdade e patrimônio. A sua meta é mais ampla, é a de promover
o bem comum, que implica justiça, segurança, bem-estar e progresso. O Direito, na
atualidade, é um fator decisivo para o avanço social. Além de garantir o homem,
favorece o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da produção das riquezas, o
progresso das comunicações, a elevação do nível cultural do povo, promovendo ainda a
formação de uma consciência nacional.

ENCONTRO 05: TEORIAS DA JUSTIÇA (PARTE 1)

Olá! Bem vindos!

Nosso quinto tema é “Teorias da Justiça” e trataremos aqui da noção de justiça


entre os pré-socráticos, apresentando como, neste que é o momento de nascimento da
Filosofia, os pensadores desse período compreendiam o justo e o injusto. Está curioso?
Vamos investigar?

Hoje faremos uma viagem para a Grécia antiga e assim compreenderemos as


origens do debate filosófico acerca da questão da justiça. A origem desse modo peculiar
de pensar, questionar e se posicionar em relação ao mundo está diretamente ligado à
civilização grega antiga, o modo de organização social dessa civilização, seu modo de
pensar e sua história. Mergulharemos na Grécia antiga e através dela, conheceremos o
phatos (paixão) que motiva todas as pessoas a se aproximarem da Filosofia. Para isso,
precisaremos nos esforçar para abandonar um pouco nosso ponto de vista de homens
modernos para tentar adentrar em uma forma completamente diferente de entender o
mundo. Sabendo que se tratam de maneiras distintas de pensar, de uma outra época e
de um outro contexto, faremos o exercício de mergulhar na narrativa desenvolvida pelos
gregos sem necessariamente querer encaixá-la na forma de nossa compreensão atual.
Tenho certeza que esse é um exercício muito interessante. Vamos tentar?
A Filosofia surge na Grécia como um sistema de pensamento que nasce para se
sobrepor ao modo mítico de pensar que dominava essa civilização. Para o pensamento
mítico, a natureza, as relações sociais e todas as questões que surgiam eram tratadas
através das narrativas simbólicas sobre as várias divindades que os gregos cultuavam. A
tempestade e os trovões, por exemplo, eram causados por Zeus, o deus dos raios. A
justiça era responsabilidade da deusa Têmis, que protegia os oprimidos e fazia cumprir
a justiça aos opressores. Mesmo representando forças da natureza, os deuses gregos
apresentavam forma humana. Era como se para o grego as forças da natureza com que
conviviam diariamente fossem divindades a quem cultuavam e assim afastavam o terror
em relação a essas forças, a obscuridade e a falta de controle em relação a elas. Através
dessas narrativas poéticas, os mitos, que apresentavam alegorias, ou seja, uma
construção metafórica, os gregos explicavam a origem do universo, da natureza, do
homem, dos fenômenos naturais, a vida e a morte, a sorte e o azar, os desastres, o
destino, enfim, a dinâmica de todas as coisas.
Os primeiros pensadores são os chamados pré-socráticos. E o que esses
pensadores representavam para romper com o pensamento mítico? Esse ponto é muito
importante. A diferença crucial do mito para a filosofia é que no mito a realidade é
representada por uma narrativa poética que representa como as coisas são,
independente da intervenção do homem, a partir da força dos deuses do Olimpo e sua
determinação. A Filosofia surge como uma forma de ver a realidade através da razão e
da argumentação, que sobrepõe o modo fatalista de entender a natureza e o destino
dos homens, como obra do divino. O homem, com a filosofia, torna-se capaz de observar
a dinâmica do real e tentar explicar seu funcionamento segundo sua capacidade de
compreensão e descrição. Você percebe a diferença? Ao invés de consultar um oráculo
(como era muito comum na Grécia) para responder a uma pergunta, os gregos
começaram a desenvolver argumentações racionais para explicar a dinâmica das coisas.
Ao invés de submeter-se aos deuses, os gregos, com a filosofia, poderiam explicar a
realidade por si mesmos. A Filosofia vem suplantar o mito, a obscuridade, a
subordinação dos homens aos deuses, através da razão e sua capacidade de
argumentação.
Os pré-socráticos perguntaram sobre o “princípio” (em grego, arché) da natureza
(physis), produzindo um pensamento que chamamos hoje de “naturalista”. Em relação
à questão da justiça, a tradição jusfilosófica, à exceção de raríssimos textos, dedica
poucas páginas na tentativa de recuperação da concepção de justiça entre os pré-
socráticos (BITTAR, 2018, p. 72). Segundo o autor, algumas razões podem ser apontadas:
Para explicar esta sistemática lacuna, é possível listar alguns motivos:

a) as reconstruções histórico-filosóficas têm o paradigma socrático como ponto


de partida, iniciando suas investigações a partir do período antropocêntrico do
desenvolvimento da cultura helênica;
b) as fontes de investigação são escassas, seja pela carência de textos
conservados dos pré-socráticos, seja de comentadores e exegetas;
c) a filosofia pré-socrática não se ocupa sobremaneira do tema da justiça, sendo
mais relevante sua pesquisa no que diz respeito a outras temáticas;
d) a dificuldade de exegese, interpretação, leitura e reconstrução dos sistemas
pré-socráticos gera certos embaraços na composição de discussões sobre o sentido da
justiça neste período;
e) a cultura grega do período não permite a distinção plena entre a filosofia
racional, a crença religiosa e o misticismo sincrético, e, à luz dos preconceitos modernos
e racionais, investigar o pensamento dos pré-socráticos seria retroceder a sistemas
ingenuamente construídos sobre bases religiosas circunstanciais, o que comprometeria
o valor de universalidade destes sistemas de pensamento;
f) a civilização e a cultura gregas somente estariam preparadas para as questões
do humanismo, do discurso (lógos), da ágora e da pólis (entre as quais aparecerá de
modo mais enfático a questão da justiça – diké), a partir do século V a.C. (o que
permitiria a alguns afirmar somente a partir dos sofistas a existência de uma Filosofia do
Direito autêntica), antes do que o período cosmológico da filosofia se detinha na
preocupação com a natureza (phýsis), a investigação sobre a composição da matéria
(hýle), a origem de todas as coisas (pánta), a perspectiva do universo (kósmos), como
mesmo chega a afirmar Aristóteles (BITTAR, 2018, p. 72-73).
Porém, ao analisarmos o pensamento de Anaximandro e Pitágoras podemos
perceber que, em relação ao debate acerca da ideia de justiça, os pré-socráticos
representam a transição do pensamento mítico ao pensamento filosófico operou-se por
meio dos pré-socráticos. A significação do termo diké, que aparece nos textos pré-
socráticos representa um termo incorporado pelo vocabulário grego vulgar como
significando uma justiça, distinta daquela admitida no período homérico (thémis),
exatamente retratando a passagem em direção à concepção que haverá de imperar
posteriormente, no período socrático, a da justiça como virtude. A leitura da tragédia
“Antígona” de Sófocles também nos faz refletir sobre a questão do que seria justo por
natureza e justo por convenção e por lei. Na tragédia, Antigoga representa uma lei
eterna e superior que se sobrepõe à vontade dos homens, enquanto Creontes, a lei
positivada. O texto antevê um debate que será desenvolvido posteriormente por
Aristóteles.
Segundo Bittar, não é possível recolher uma ideia de justiça unificada, ou uma
unidade de justiça entre os pré-socráticos, pois são diversas as escolas, as tendências,
as concepções, assim como são variados os pontos de partida e os entendimentos
mantidos por estes pensadores a respeito do tema. O que percebemos no pensamento
desses autores é o princípio das discussões posteriormente encampadas pelo
pensamento antigo. É interessante notar também que quando se fala em justiça nesse
período se emprega o termo nos limites fornecidos pelas cosmologias que o
pensamento desses autores sustenta. Segundo Bittar,

também se percebe que a discussão sobre a justiça não é travada


em nenhum momento como constituindo um tema acantonado,
ou especializado, de preocupações particulares, como as de
caráter ético-moral, ou as de caráter político-jurídico. A ideia de
diké entre os gregos – aliás, desde o período homérico até o
período helenístico – não corresponde a uma aspiração de
certos especialistas ou técnicos no desenvolvimento de um
saber que não fosse preocupação comum e vulgar a todos. Isto
haverá de ocorrer com os latinos, na medida em que se
desenvolve uma cultura de especialistas chamados de
jurisconsultos (BITTAR, 2018, p. 100).

ENCONTRO 06: TEORIAS DA JUSTIÇA (PARTE 2)

Olá! Bem vindos!

O tema deste encontro é “Teorias da Justiça” e trataremos aqui da noção de


justiça entre os sofistas e do contraponto de Sócrates. Apresentaremos o julgamento de
Sócrates e o posicionamento do filósofo à luz de sua concepção de justiça. Está curioso?
Vamos investigar?

Os sofistas marcam a passagem do período do pensamento filosófico voltado a


cosmologia para um pensamento voltado para negócios humanos. Segundo Bittar, o
homem grego, ávido de independência em face dos fenômenos naturais e das crenças
sobrenaturais, vê-se, historicamente, investido de condições de alforriar-se dessa
tradição. É um dizer sofístico, de autoria de Protágoras, esse que diz: o homem é a
medida de todas as coisas (pánton métron anthropos). Isso no sentido da libertação dos
cânones homéricos e das legendárias tradições patriarcais e sacerdotais que dominavam
o espírito grego. Somente no século V a.C. solidificam-se condições que facultam que as
atenções humanas estejam completamente voltadas para as coisas humanas (comércio,
problemas sociais, discussões políticas, guerras intracitadinas, expansão de território
etc.). Eis aí o mérito da sofística, qual seja: principiar a fase na qual o homem é colocado
no centro das atenções, com todas as suas ambiguidades e contraditórias posturas
(psicológicas, morais, sociais, políticas, jurídicas…) (BITTAR, 2018, p. 103).
No período socrático o discurso (logos) ganha uma importância fundamental
para o homem grego. Na cidade (pólis) grega, a política desenvolvia-se através do
debate desempenhado no ambiente público (ágora). Os sofistas eram especialistas na
arte da retórica e ensinavam essa técnica àqueles que a eles pagassem pelos seus
serviços. É esse o contexto de florescimento do movimento sofístico, muito mais ligado
que está, portanto, à discussão de interesses comunitários, a discursos e elocuções
públicas, à manifestação e à deliberação em audiências políticas, ao convencimento dos
pares, ao alcance da notoriedade no espaço da praça pública, à demonstração pelo
raciocínio dos ardis do homem em interação social etc.
A Grécia teve de aguardar um momento político, econômico, social e cultural em
que esses caracteres pudessem encontrar o eco que suscitasse a formação de
especialistas na arte do discurso. Nesse momento, em que a voz passa a ecoar com
maior importância, em que exsurge a necessidade de exercer a cidadania por meio do
discurso, em que a técnica oratória define o homem público. Respondendo a uma
necessidade da democracia grega é que os sofistas tiveram seu aparecimento; o preparo
dos jovens, a dinamização dos auditórios, o fornecimento de técnica aos pretendentes
de funções públicas notáveis, o fornecimento de instrumentos oratórios e retóricos para
o cuidado das próprias causas e dos próprios negócios (BITTAR, 2018, p. 103).
A retórica e o discurso têm importância central para a prática jurídica na Grécia
antiga. É através do discurso e da capacidade de convencimento no debate na ágora que
se definiam as questões políticas. As palavras tornaram-se o elemento primordial para
a definição do justo e do injusto. A técnica (techné) argumentativa faculta ao orador,
por mais difícil que seja sua causa jurídica, suplantar as barreiras dos preconceitos sobre
o justo e o injusto e demonstrar aquilo que aos olhos vulgares não é imediatamente
visível (BITTAR, 2018, p. 107). Os sofistas, e seu elogio à retórica, inauguram, então, uma
concepção relativista do que seja justiça. Contrariando o pensamento anterior que
assimilava a ideia de justiça ao equilíbrio do kosmos e a uma lei supra-humana, para os
sofistas as leis eram constructos humanos e, assim sendo, eram, como todas as coisas
humanas, relativas, mutáveis. Segundo Bittar, , no debate entre o prevalecimento da
natureza das leis (phýsis) e o prevalecimento da arbitrariedade das leis (nómos), os
sofistas optaram, em geral, pela segunda hipótese, sobretudo os partidários das teses
históricas acerca da evolução humana; a lei (nómos) seria responsável pela libertação
humana dos laços da barbárie (BITTAR, 2018, p. 108).
Sócrates, por sua vez, figura como um antagonista dos sofistas. O filósofo da
maiêutica e da busca da sabedoria considerava a retórica sofista como a imposição da
vontade individual contra o bem comum. A concepção de justiça de Sócrates considera
uma relação indissociável entre indivíduo e sociedade e postula que o bem comum deve
estar à frente da vontade individual. Para Sócrates, as leis representam o elemento que
promove coesão social e, dessa forma, possibilitam a realização do bem comum. Assim,
desobedecer às leis, para Sócrates, significa ir contra o bem comum. Segundo Bittar,
Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, não
obstante possam estas serem justas ou injustas. O direito, pois, aparece como um
instrumento humano de coesão social, que visa à realização do Bem Comum,
consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas,
alcançável por meio do cultivo das virtudes. Em seu conceito, que nos foi transmitido
pelos diálogos platônicos de primeira geração, as leis da cidade são inderrogáveis pelo
arbítrio da vontade humana (BITTAR, 2018, p. 118). Para Sócrates, as leis da cidade são
inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana e devem ser respeitadas mesmo que as
considerem injustas. A eficácia é fundamental para o governo das leis, uma vez
desconsiderado esse princípio, cada qual sentir-se-ia livre para cumprir ou descumprir
as regras sociais de acordo com suas convicções próprias.
Segundo Bittar, Sócrates consagrou valores que foram, posteriormente,
absorvidos por Platão e por Aristóteles. O homem enquanto integrado ao modo político
de vida deve zelar pelo respeito absoluto, mesmo em detrimento da própria vida, às leis
comuns a todos, às normas políticas (nómos póleos). O homem, assim radicado
naturalmente na forma de vida comunitária, tem como dever o cumprimento de seu
papel como cidadão participativo, e, assim, integrado nos negócios públicos, deve
buscar a manutenção da sacralidade e da validade das instituições convencionadas que
consentem o desenvolvimento da harmonia comunitária (BITTAR, 2018, p. 121).

ENCONTRO 07: TEORIAS DA JUSTIÇA (PARTE 3)

Olá! Bem vindos!

O tema deste encontro é “Teorias da Justiça” e continuaremos com nosso


percurso histórico. Agora trataremos aqui do pensamento de Platão e do modo como o
filósofo compreende a justiça em sua metafísica. Vamos investigar?

A ideia de justiça de Platão lança luz à sua metafísica. Platão define a existência
de um mundo das ideias que é composto por toda espécie de conceitos que
representam as ideias de todas as coisas que existem. Além dos seres sensíveis, as ideias
também representavam os valores estéticos, morais, os entes matemáticos. Existindo,
assim, diferentes tipos de ideias. Esse conjunto de ideias que o mundo das ideias possui,
para Platão, está organizado segundo uma hierarquia, sendo alguns tipos de ideais
inferiores e outras superiores. A ideia que ocupa o lugar mais alto nessa hierarquia e
que causa todas as outras (sem ser causada por nenhuma delas) é, para Platão, a ideia
de Bem. A ideia de bem constitui o fundamento de todas as ideias que podemos
conhecer. No processo de escalada do filósofo de dentro da caverna para fora que
representa seu processo de aperfeiçoamento racional e ascensão da alma, chamado por
Platão de dialética, tem como resultado final o conhecimento dessa que é a ideia mais
elevada, o bem. Assim, ao alcançar o lugar mais elevado, distante dos sentidos e
abstrato, o homem alcança também o conhecimento de como agir de maneira justa e
correta na medida em que toma conhecimento do Bem. Podemos concluir, então, que
o Bem é o fundamento da ética para Platão. Ao conhecer o Bem o homem conhece
também a verdade, a justiça. Platão escreve em A República que a ideia de bem ilumina
a justiça.
A ideia de bem e, por consequência, a noção de justiça para Platão e o debate da
ética está diretamente ligado ao conhecimento da alma. Como aprendemos na nossa
conversa anterior, Platão considera que a alma é dividida em três partes, cada uma com
uma função distinta. Relembrando, a parte concupiscente, responsável pelos apetites,
a busca pela comida e bebida, pelos prazeres, ou seja, tudo ligado ao corpo e sua
conservação e para geração de outros corpos. A parte irascível, responsável pela defesa
da honra e age energicamente contra tudo que ameaça a segurança do corpo lhe
causando dor e sofrimento. Irascível está relacionado à ira, a capacidade de lutar para
defender-se. E, por fim, a parte racional, a faculdade do conhecimento, é a função
superior da alma. Após definir as partes da alma, Platão pergunta se é possível um
homem ser virtuoso, ou seja, praticar o bem, se for comandado pela parte
concupiscente ou irascível da alma. Vejamos como Platão resolve essa questão.
Segundo Platão(no livro IV de A República), a justiça exige que o superior
comande o inferior. Como sabemos, a parte superior da alma para Platão é a parte
racional. Logo, o homem só pode ser virtuoso se souber governar com a razão os
apetites e a ira. Mas qual é exatamente o motivo dessa conclusão? Podemos aprofundar
ainda mais essa resposta. Para Platão, os desejos e a ira, impulsos irracionais e
passionais, podem fazer obscurecer o uso da razão. O vício e o apego aos prazeres dos
sentidos e do corpo nos levariam à ignorância enquanto o exercício da razão nos levaria
à virtude. Assim, podemos concluir, uma vida ética e virtuosa, para Platão, depende do
desenvolvimento da parte racional da alma. A tarefa ética da parte racional é
exatamente governar as outras partes, promovendo harmonia de modo que elas não se
degenerem em vícios. Ao submeter a parte concupiscente à razão alcançamos a virtude
da temperança, ou seja, da moderação (sophrosyne).
Essa virtude consiste em não ceder aos prazeres e impor medida aos desejos
através da razão. Ao submeter a parte irascível da alma à razão, saberemos decidir o
que é bom e mal para a subsistência do corpo, evitando lutas e conflitos desnecessários.
A virtude que daí decorre é a honra e coragem. Assim, um homem é virtuoso quando
vive uma vida justa que é aquela em que cada parte da alma exerce sua função de
maneira virtuosa através da direção e domínio da parte superior da alma, a razão. O
homem virtuoso é o oposto do homem que escolhe uma vida baseada nos vícios,
deixando de governar as partes inferiores de sua alma, acabam governados por elas.
A ética em Platão é pensada também através da ideia de virtude, como em
Sócrates. Aliás, essa é uma marca importante da ética grega. Os gregos pensavam o Bem
e a vida feliz através da realização da essência do ser. E a virtude grega tem relação
direta com um processo de aperfeiçoamento. Esse processo se dá através da educação.
Platão chama esse processo de “dialética” e o ilustra através do rompimento das
correntes na caverna e a escalada para fora da caverna, que proporciona o
conhecimento do mundo de forma mais ampla. Essa educação volta-se à alma, ou seja,
à razão. O desenvolvimento da razão é o que leva à virtude e à felicidade.
Segundo Bittar, a ética platônica destina-se a elucidar que a ética não se esgota
na simples localização da ação virtuosa e de seu discernimento com relação à ação
viciosa. De suas principais figuras textuais, de seus principais mitos, podem-se inferir
lições que fazem a alma orientar-se de acordo com padrões de conduta ditados com
base na noção de Bem. No controle das outras partes da alma pela alma racional reside
a harmonia da virtude; no descontrole, o vício. De qualquer forma, a educação (paideia)
da alma tem por finalidade destinar a alma ao pedagogo universal, ao Bem Absoluto. No
mundo, a tarefa de educação das almas, para Platão, deve ser levada a cabo pelo Estado,
que monopoliza, no diálogo da República, a vida do cidadão. A educação deve ser
pública, com vistas no melhor aproveitamento do cidadão pelo Estado e do Estado pelo
cidadão. Assim, justiça, ética e política movimentam-se, no sistema platônico, num só
ritmo, sob a melodia de uma única e definitiva sonata, cujas notas são as ideias
metafísicas que derivam da Ideia primordial do Bem (BITTAR, 2018, p. 140).

Exercício de Revisão de Filosofia Jurídica para


1ª Avaliação de Aprendizagem

1-Alysson Leandro Mascaro, no texto O que é e o que tem sido a filosofia do direito?
publicado também na revista Cult, afirma que:

é a atividade de conhecer e aplicar as leis, com seus inúmeros problemas concretos, que
estimula o pensamento filosófico a respeito do direito.

é apenas uma atividade de conhecer as leis, com seus inúmeros problemas abstratos, que
estimula o pensamento filosófico a respeito do direito.

é a atividade exclusivamente de aplicar as leis, com seus inúmeros problemas concretos, que
estimula o pensamento filosófico a respeito do direito.

é a atividade de somente aplicar as leis, com seus inúmeros problemas abstratos, que estimula
o pensamento filosófico a respeito do direito.

é a atividade de conhecer e aplicar as leis, com seus inúmeros problemas concretos, que
estimula o pensamento científico-natural a respeito da matemática.

2-Segundo Bittar, agir é responder por condutas positivas ou negativas a estímulos de diversas
naturezas (morais, econômicos, jurídicos, afetivos, religiosos…). Daí se poder falar em ação
com estímulo moral, em ação jurídica, em ação afetiva… O que há de comum a todas é o fato
de necessitarem de decisões e reclamarem respostas. Como todas as demais espécies de ação,
a ação jurídica reclama:

Decisão

Opinião

Reflexão

Divisão

Sensação
3-Investigar as causas, buscar os fundamentos, postular acerca dos balizamentos… enfim,
partir da superfície em direção à profundidade, nesse sentido, conflita com o ‘decisionismo’
que marca o campo da ação, da vida ativa (vita activa) (BITTAR, 2018, p.6). Bittar ______ o
antagonismo entre _________e prática e nos mostra que a ________requisita a teoria a todo
instante. Uma prática sem reflexão é uma ação vazia. A filosofia nos convida a refletir sobre
nossas atividades, considerando a dimensão ________que elas supõem. Marque a alternativa
que preenche acertadamente as lacunas.

Desfaz – teoria – prática – ética.

teoria – prática – ética- desfaz.

Desfaz – teoria – prática – natural.

Desfaz – prática – teoria - ética.

Desfaz – teoria – prática – estética.

4-Segundo Miguel Reale, a principal diferença entre ciência positiva e filosofia reside: nos

pressupostos.
Nos postos

Nas ideias

Nas assertivas

No agir acertado

5-A Ciência positiva é construção que parte sempre de um ou de mais pressupostos


particulares; Filosofia é crítica de pressupostos, sem partir de pressupostos particulares, visto
como as "evidências" se põem, não se pressupõem. A Filosofia é, assim, um conhecimento que
converte em problema os pressupostos das ciências, como, por exemplo, o "espaço", objeto da
Geometria. É, portanto, sempre de natureza crítica. Isto significa dizer que:

A filosofia é de natureza crítica

A ciência positiva é de natureza eminentemente crítica

Nem a Filosofia nem a ciência positiva são críticas

A Filosofia se baseia em evidências

A Filosofia se baseia apenas nos espaços bem como a Geometria


6-A publicação do Curso de Filosofia Positiva de _________(1830-1842) marca, sem dúvida, um
momento relevante na história do pensamento europeu e americano, possuindo ainda entre
nós continuadores entusiastas, sem falar no neopositivismo contemporâneo, que invoca,
porém, outras fontes inspiradoras, apesar de coincidir com a Filosofia positiva em vários
pontos essenciais

Augusto Comte

Imanuel Kant

Miguel Reale

Hart

Hannah Arendt

7-Para o Positivismo, a Filosofia é: Todas as

afirmativas estão corretas

algo inseparável do saber empírico e positivo, uma forma ou momento das próprias ciências,
quando não as ciências em sua visão unitária.

entre Ciência e Filosofia não haveria, portanto, uma diferença de essência ou de qualidade,
mas, tão-somente, uma diferença de grau ou de generalidade.

O físico ou o químico elaboram, apreciam um aspecto particular da realidade ou de algo: o


mesmo fazem o biólogo, o astrônomo ou o matemático.

Cada qual tem seu campo de pesquisa e unifica e delimita os resultados de suas indagações.

8-Quanto aos “fins do Direito”, segundo Bittar, neste momento histórico, em plena marcha o
processo de autonomização do pensamento, por obra e força do
Renascimento, em meio às demais disciplinas jurídicas já existentes e tradicionais (Direito
Canônico, Direito Romano, Direito Civil), a disciplina “Filosofia do Direito” haverá de se
identificar com problemas fundamentais da ordem da reflexão, tais como:____________
confundindo-se em seu início com todos os estudos da escola jusnaturalista (BITTAR, 2018, p.
52).

natureza humana, sociabilidade, extensão dos direitos

dignidade, fraternidade e liberdade espaços fechados,

territórios, sociabilidade pensamento, sentimento e

vontade destino, predestino e religião


9-A consolidação desse campo de estudos seria alcançada, segundo Bittar, através do texto
_______________________Segundo Reale, antes desta obra a Filosofia do Direito é arte dos
filósofos e não dos juristas. Após a formulação de Hegel para a Filosofia do Direito e o papel
central que o direito ocupa em seu sistema filosófico, a disciplina se difundiu pela Europa e se
consolidou como campo de estudos. Posteriormente, a Filosofia do Direito, devido a
discussões teóricas, tem sua natureza teórica modificada. O campo amplo do conhecimento
que ocupava a reflexão filosófica acerca do direito é subdividido e surge o campo da Teoria
Geral do Direito. De qual texto ele se refere?

Fundamentos de filosofia do direito de Hegel

Fundamentos de filosofia geral de Hannah Arendt.

Fundamentos de filosofia de Russel

Fundamentos de filosofia do pensamento de Foucault.

Fundamentos de filosofia de Miguel Reale.

10-Segundo Mascaro, durante grande parte da história, com a indistinção do direito em


relação à política, à ética, à moral e à religião, os discursos mais amplos sobre o direito, que
não era ainda eminentemente técnico, eram tidos por filosofia do direito. No entanto, com o
capitalismo, a contar da modernidade, o direito adquire uma especificidade técnica. Ele passa
a ser considerado a partir do conjunto das normas jurídicas estatais. A partir desse período,
conseguiu-se construir uma espécie de pensamento que, não sendo estreitamente ligado a
fatos ou normas ou casos isolados, mas sim tratando das normas, situações e técnicas jurídicas
de modo mais geral, ainda assim está adstrito ao mundo técnico-normativo. Costuma-se
chamar a essa espécie de alto pensamento jurídico por teoria geral do direito. A teoria geral do
direito, que na verdade não é teoria geral de todo o fenômeno jurídico, mas sim das técnicas
jurídicas estatais capitalistas consolidadas a partir da modernidade, pode de modo mais exato
ser denominada ______________, ou mesmo _________________. Esse pensamento não é
casual nem eminentemente ligado a uma experiência técnica específica. Ele já consegue ser
geral, na medida da generalização das técnicas jurídicas no capitalismo moderno e
contemporâneo (MASCARO, 2000, p. 21) Qual das assertivas preenche corretamente as
lacunas da questão?

por teoria geral das técnicas jurídicas, ou mesmo teoria geral da tecnologia jurídica por

filosofia jurídica, ou filosofia do direito por filosofia geral ou mesmo teoria geral do

processo por teoria geral do estado ou teoria geral do processo por filosofia geral ou

teoria geral do estado


11-Segundo Mascaro, _____________, o mais importante teórico geral – dito cientista – do
direito do século XX, é um pensador de rigorosa construção metodológica filosófica. Ele está a
se referir a:

Hans Kelsen

Paul Ricoeur

Habemans

Gilberto Velho

Boaventura de Sousa Santos

12-Segundo Nader, a relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo sentido de


adaptação: de um lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo de adaptação
social e, para isto, deve ajustar-se às condições do meio; de outro, o Direito estabelecido cria a
necessidade de o povo adaptar o seu comportamento aos novos padrões de convivência. Isto
significa que:

Todas as alternativas estão corretas

A vida em sociedade pressupõe organização e implica a existência do Direito.

A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e segurança. Com este
processo as ações sociais ganham estabilidade.

O Direito, porém, não é uma força que gera, unilateralmente, o bem-estar social.

Os valores espirituais que o Direito apresenta não são inventos do legislador. Por definição, o
Direito deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve apenas assimilar
os valores positivos que a sociedade estima e vive.

13-Para Náder, o papel do legislador é semelhante ao trabalho de um sismógrafo, que acusa as


vibrações havidas no solo, o legislador deve estar sensível às mudanças sociais, registrando,
nas leis e nos códigos, o novo Direito. Qual a alternativa que NÃO corresponde com a ideia do
autor:

a missão do direito atualmente é, como no passado, apenas a de garantir a segurança do


homem, a sua vida, liberdade e patrimônio.

A sua meta é mais ampla, é a de promover o bem comum, que implica justiça, segurança, bem-
estar e progresso.

O Direito, na atualidade, é um fator decisivo para o avanço social.


Além de garantir o homem, favorece o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da
produção das riquezas, o progresso das comunicações, a elevação do nível cultural do povo,
promovendo ainda a formação de uma consciência nacional.

a missão do direito atualmente não é, como no passado, apenas a de garantir a segurança do


homem, a sua vida, liberdade e patrimônio.

14-Os pré-socráticos perguntaram sobre o “princípio” (em grego, arché) da natureza (physis),
produzindo um pensamento que chamamos hoje de “naturalista”. Em relação à questão da
justiça, a tradição jusfilosófica, à exceção de raríssimos textos, dedica poucas páginas na
tentativa de recuperação da concepção de justiça entre os présocráticos (BITTAR, 2018, p. 72).
Com isso podemos afirmar que:

as reconstruções histórico-filosóficas têm o paradigma socrático como ponto de partida,


iniciando suas investigações a partir do período antropocêntrico do desenvolvimento da
cultura helênica;

as fontes de investigação não são escassas, seja pela carência de textos conservados dos pré-
socráticos, seja de comentadores e exegetas;

a filosofia socrática não se ocupa sobremaneira do tema da justiça, sendo mais relevante sua
pesquisa no que diz respeito a outras temáticas;

a dificuldade de exegese, interpretação, leitura e reconstrução dos sistemas aristotélicos e


platônicos gera certos embaraços na composição de discussões sobre o sentido da justiça
neste período;

a cultura grega do período permite a distinção plena entre a filosofia racional, a crença
religiosa e o misticismo sincrético, e, à luz dos preconceitos modernos e racionais, investigar o
pensamento dos pré-socráticos seria retroceder a sistemas ingenuamente construídos sobre
bases religiosas circunstanciais, o que comprometeria o valor de universalidade destes
sistemas de pensamento;

15-Quanto à teoria sobre justiça no período pré-socrático:

a civilização e a cultura gregas somente estariam preparadas para as questões do humanismo,


do discurso (lógos), da ágora e da pólis (entre as quais aparecerá de modo mais enfático a
questão da justiça – diké), a partir do século V a.C. (o que permitiria a alguns afirmar somente
a partir dos sofistas a existência de uma Filosofia do Direito autêntica), antes do que o período
cosmológico da filosofia se detinha na preocupação com a natureza (phýsis), a investigação
sobre a composição da matéria (hýle), a origem de todas as coisas (pánta), a perspectiva do
universo (kósmos), como mesmo chega a afirmar Aristóteles.

civilização e a cultura romanas somente estariam preparadas para as questões do humanismo,


do discurso (lógos), da ágora e da pólis (entre as quais aparecerá de modo mais enfático a
questão da justiça – diké), a partir do século V a.C. (o que permitiria a alguns afirmar somente
a partir dos sofistas a existência de uma Filosofia do Direito autêntica), antes do que o período
cosmológico da filosofia se detinha na preocupação com a natureza (phýsis), a investigação
sobre a composição da matéria (hýle), a origem de todas as coisas (pánta), a perspectiva do
universo (kósmos), como mesmo chega a afirmar Aristóteles.

civilização e a cultura gregas somente estariam preparadas para as questões do humanismo,


do discurso (diké), da ágora e da pólis (entre as quais aparecerá de modo mais enfático a
questão da justiça – lógos), a partir do século V a.C. (o que permitiria a alguns afirmar somente
a partir dos sofistas a existência de uma Filosofia do Direito autêntica), antes do que o período
cosmológico da filosofia se detinha na preocupação com a natureza (Kósmos), a investigação
sobre a composição da matéria (hýle), a origem de todas as coisas (pánta), a perspectiva do
universo (phýsis), como mesmo chega a afirmar Aristóteles.

a civilização e a cultura gregas somente estariam preparadas para as questões do humanismo,


do discurso (lógos), da ágora e da pólis (entre as quais aparecerá de modo mais enfático a
questão da justiça – diké), a partir do século V a.C. (o que permitiria a alguns afirmar somente
a partir dos sofistas a existência de uma Filosofia do Direito autêntica), antes do que o período
cosmológico da filosofia se detinha na preocupação com a natureza (phýsis), a investigação
sobre a composição da matéria (hýle), a origem de todas as coisas (pánta), a perspectiva do
universo (kósmos), como mesmo chega a afirmar Platão.

a civilização e a cultura americanas somente estariam preparadas para as questões do


humanismo, do discurso (lógos), da ágora e da pólis (entre as quais aparecerá de modo mais
enfático a questão da justiça – diké), a partir do século V a.C. (o que permitiria a alguns afirmar
somente a partir dos sofistas a existência de uma Filosofia do Direito autêntica), antes do que
o período cosmológico da filosofia se detinha na preocupação com a natureza (phýsis), a
investigação sobre a composição da matéria (hýle), a origem de todas as coisas (pánta), a
perspectiva do universo (kósmos), como mesmo chega a afirmar Sóstenes e Democretes.

16 . A significação do termo diké, que aparece nos textos pré-socráticos representa:

um termo incorporado pelo vocabulário grego vulgar como significando uma justiça, distinta
daquela admitida no período homérico (thémis), exatamente retratando a passagem em
direção à concepção que haverá de imperar posteriormente, no período socrático, a da justiça
como virtude

um termo incorporado pelo vocabulário romano vulgar como significando uma justiça, distinta
daquela admitida no período homérico (thémis), exatamente retratando a passagem em
direção à concepção que haverá de imperar posteriormente, no período socrático, a da justiça
como ética.

um termo incorporado pelo vocabulário grego vulgar como significando uma injustiça, distinta
daquela admitida no período homérico (thémis), exatamente retratando a passagem em
direção à concepção que haverá de imperar posteriormente, no período socrático, a da
injustiça como virtude

um termo desprezado pelo vocabulário grego vulgar como significando uma justiça, distinta
daquela admitida no período homérico (thémis), exatamente retratando a passagem em
direção à concepção que haverá de imperar posteriormente, no período socrático, a da
injustiça como virtude

um termo incorporado pelo vocabulário grego vulgar como significando uma justiça, distinta
daquela admitida no período helênico (phoesis), exatamente retratando a passagem em
direção à concepção que haverá de imperar anteriormente, no período socrático, a da justiça
como virtude.

17- Para os pré-socráticos, em síntese, justiça e injustiça

têm haver com o processo de contínuo movimento da natureza e a sobrevivência, ou não, das
coisas nesse processo.

Não têm haver com o processo de contínuo movimento da natureza e a sobrevivência, ou não,
das coisas nesse processo.

têm haver com o processo de contínuo apenas do movimento de sobrevivência, ou não, das
coisas nesse processo.

Não têm haver com o processo de contínuo movimento da natureza e a sobrevivência, ou das
coisas nesse processo.

têm haver com o procedimento descontínuo movimento da natureza e a sobrevivência, ou


não, das coisas.

18-No período socrático o discurso (logos) ganha uma importância fundamental para o homem
grego. Na cidade (pólis) grega, a política desenvolvia-se através do debate desempenhado no
ambiente público (ágora). Os sofistas eram especialistas:

na arte da retórica e ensinavam essa técnica àqueles que a eles pagassem pelos seus serviços.

na arte da memória e ensinavam àqueles que a eles pagassem pelos seus serviços.

na arte da retórica e ensinavam essa técnica àqueles que a eles não pagassem pelos seus
serviços. na arte da lógica e ensinavam esse método gratuitamente.
na arte da memória e da lógica e não ensinavam a alguém.
19- O filósofo da maiêutica e da busca da sabedoria considerava a retórica sofista como a
imposição da vontade individual contra o bem comum.

Sócrates

Aristóteles

Platão

Plutão

Foucault

20- A concepção de justiça de Sócrates considera uma relação indissociável entre indivíduo e
sociedade e postula que o bem comum deve estar à frente da vontade individual.

Assim podemos entender que:

Todas as afirmativas estão corretas

Para Sócrates, as leis representam o elemento que promove coesão social e, dessa forma,
possibilitam a realização do bem comum.

Assim, desobedecer às leis, para Sócrates, significa ir contra o bem comum.

Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, não


obstante possam estas serem justas ou injustas.

O direito, pois, aparece como um instrumento humano de coesão social, que visa à realização
do Bem Comum, consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades
humanas, alcançável por meio do cultivo das virtudes.

21- Para Sócrates, as ______da cidade são inderrogáveis pelo arbítrio da __________humana e
devem ser respeitadas mesmo que as considerem injustas. A ________é fundamental para o
governo das leis, uma vez desconsiderado esse princípio, cada qual sentir-se-ia livre para
cumprir ou descumprir as _____________de acordo com suas convicções próprias. Assinale a
alternativa que corresponde à sequência correta das lacunas:

Leis – vontade – eficácia - regras sociais

Vontades – lei – validade – eficácia

Eficácia – regras- regras sociais – validade Leis –

autonomia – existência - regras sociais normas –

vontade – validade - regras morais


22- A ideia de justiça de Platão lança luz à sua

metafísica. Assinale a alternativa correta:

Todas as assertivas estão corretas.

Platão define a existência de um mundo das ideias que é composto por toda espécie de
conceitos que representam as ideias de todas as coisas que existem.

Além dos seres sensíveis, as ideias também representavam os valores estéticos, morais, os
entes matemáticos.

Existindo, assim, diferentes tipos de ideias. Esse conjunto de ideias que o mundo das ideias
possui, para Platão, está organizado segundo uma hierarquia, sendo alguns tipos de ideais
inferiores e outras superiores.

A ideia que ocupa o lugar mais alto nessa hierarquia e que causa todas as outras (sem ser
causada por nenhuma delas) é, para Platão, a ideia de Bem.

23-Segundo Platão(no livro IV de A República), a justiça exige que o superior comande o


inferior. Assim, está incorreto afirmar:

A parte superior da alma para Platão é a parte irracional.

o homem só pode ser virtuoso se souber governar com a razão os apetites e a ira.

Para Platão, os desejos e a ira, impulsos irracionais e passionais, podem fazer obscurecer o uso
da razão.

O vício e o apego aos prazeres dos sentidos e do corpo nos levariam à ignorância enquanto o
exercício da razão nos levaria à virtude. Uma vida ética e virtuosa, para Platão, depende do
desenvolvimento da parte racional da alma.

A tarefa ética da parte racional é exatamente governar as outras partes, promovendo


harmonia de modo que elas não se degenerem em vícios. Ao submeter a parte concupiscente
à razão alcançamos a virtude da temperança, ou seja, da moderação (sophrosyne).

24-Segundo Bittar, a ética platônica destina-se:

A elucidar que a ética não se esgota na simples localização da ação virtuosa e de seu
discernimento com relação à ação viciosa.

De suas principais figuras textuais, de seus principais mitos, podem-se inferir lições que fazem
o espírito orientar-se de acordo com padrões de conduta ditados com base na noção de Mal.

No controle das outras partes da alma pela alma irracional reside a harmonia da virtude; no
descontrole, a virtude.

De qualquer forma, a educação (paideia) da matéria tem por finalidade destinar a alma ao
pedagogo universal, ao Mal restrito.
No mundo, a tarefa de educação das almas, para Socrátes e Aristóteles, deve ser levada a cabo
pelo Estado, que monopoliza, no diálogo da República, a vida dos munícipes.

fim.

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