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Tal pensamento vai ao encontro do raciocínio de Frye (1999, p. 103), que diz
que “a poesia não é relato de experiência e o amor não é uma experiência inculta;
tanto na poesia como no amor, a realidade é o que é criado, não a matéria-prima
para a criação”. Diante disso, ao ler essas produções, é importante estar ciente que
questões como o gênero da pessoa amada, pouco influem sobre a obra, haja vista
que não há como comprovar que Shakespeare realmente vivenciou tal situação, por
isso é essencial focar em compreender o conteúdo da obra e o sentimento que o
autor busca suscitar no leitor.
Por sua vez, no dístico final, o poeta garante que por meio “das linhas
eternas” enquanto as pessoas viverem seu poema também viverá o que garantirá a
imortalidade do seu amante. Por esse prisma, as linhas eternas são o próprio soneto
que fará com que a pessoa amada viva em perfeita juventude e beleza para sempre
dentro dessa obra. Ademais, ainda que a beleza física tenha passado e o corpo
envelhecido, o eu lírico ressalta que na poesia a beleza e o encanto podem
aumentar, apesar da pressa do tempo. Assim, a beleza do amado é capturada
dentro do soneto, por isso, sempre que lido, imaginaremos a beleza de seu amado,
que renasce a cada leitura, sendo desta forma, a arte capaz de derrotar a morte.
Referências