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Fase 1
Retirar informação essencial dos textos
O texto A aborda uma temática relativamente à mulher amada e faz uma alusão à
conceção platónica do amor, na qual o amor e a amada surgem no mundo das ideias.
A musa de Petrarca que é o centro deste texto é caracterizada pelo poeta como
representando o ideal de beleza feminino da época, sendo esta inalcançável e inacessível.
Por sua vez, é comparada ainda com as ninfas de Botticelli, com Gioconda e é dito que esta
mulher seria invisível. É perfeita, de tamanha excelência que se assemelha a algo irreal.
Note-se que no texto B, o tema é bastante semelhante pois mostra-nos que não só
na altura do renascimento, que era onde se situava este ideal de perfeição há pouco
referido, também ao longo dos séculos o próprio tomou diversas formas e ainda na Idade da
Pedra existia um. Efetivamente, houve severas transformações no que lhe diz respeito
desde a Pré-História onde o ideal estava virado para a obesidade que na altura era vista
como sinal de fertilidade e disponibilidade de recursos até hoje em que a perfeição está nas
formas bem esculpidas e na magreza.
Concluímos que as civilizações desde muito cedo têm vindo a criar rótulos e
etiquetas, como se o ser humano fosse um produto, obrigando as nossas mentes a montar
uma imagem irreal e inalcançável da beleza, aproximando-nos outra vez do Renascimento
parecendo que em vez de evoluirmos estamos a regredir.
Texto D
No texto D, o sujeito poético descreve, mais uma vez, a sua mulher amada, de
acordo com o registo do texto anterior, mais precisamente, como sendo o modelo de
beleza, perfeição e delicadeza.
Por isso, Camões elogia e aprecia a amada através da caracterização física e
psicológica, recorrendo à enumeração de adjetivos, à hipérbole e à adjetivação, com o
intuito de enfatizar as suas qualidades. Portanto, esta é referida fisicamente como perfeita
(“que representa em terra hum paraíso”), formosa (“como por natureza, ser fermosa”), de
cabelos loiros e preciosos (“debaixo de ouro”) e de pele branca, rosada e delicada (“neve
cor de rosa”), e psicologicamente como sendo doce (“entre rubis e perlas doce riso”),
serena (“leda serenidade deleitosa”), rara (“rara, suave”) e discreta e graciosa (“presença
moderada e graciosa”).
Assim, ao longo do poema, a mulher, símbolo da beleza inigualável, é considerada
superior relativamente ao sujeito lírico, tornando-se, assim, submisso e vivendo em função
dela (“Fala de quem a morte e a vida pende”).
Por conseguinte, na chave de ouro, este revela-se rendido ao encanto da sua amada,
por todas qualidades anteriormente referidas, demonstrando o seu amor incondicional por
ela.
Fase 3
Leitura e análise do poema “Trovas a ũa cativa com quem andava d’amores na Índia,
chamada Bárbora”
Texto E
O seu tema trata-se do amor sentido por Camões, que é uma das temáticas de
eleição da lírica camoniana em que descreve a mulher amada, Bárbora.
Logo no primeiro verso do poema o poeta diz ter uma relação de vassalagem para com a
amada e sugere então ser escravo amoroso da própria. De seguida nos versos 5 a 8 ele
encarrega-se de retratá-la como “fermosa”, bela e ainda utiliza elementos da Natureza para
ajudar na sua caracterização. Por sua vez, nos versos 7 e 8 dá uso à hipérbole para enaltecer
uma ideia e superiorizar a amada (“que pera meus olhos/ fosse mias fermosa”).
Na segunda estrofe, começa por fazer uma comparação entre um campo de flores e
um céu de estrelas e a mulher enfatizando que jamais o esplendor das formas da Natureza
alcançariam a beleza da sua cativa. No verso 13 faz transparecer ao dizer: “Rosto singular”,
que ela teria um rosto único, incomum. Associa-lhe a calma e a tranquilidade (“olhos
sossegados”) e opondo-se ao ideal de mulher, que era de corpos bem formados, bonitos e
bem esculpidos, descreve-a com olhos pretos e cansados fazendo uma analogia ao trabalho
duro.
Na terceira estrofe, Camões volta a reforçar que ela apesar de cativa é senhora e
questiona a beleza dos cabelos loiros. Refere o povo ao ser vão, inútil por ter essa opinião
generalizada.
No caso da quarta estrofe, a base é essencialmente a descrição psicológica e física da
senhora como alegre, meiga e contraria mais uma vez o padrão estético da época,
caracterizando-a como uma “doce figura”.
Por fim, na última estrofe utiliza uma antítese no início que opõe a serenidade com a
tormenta e termina o poema como o iniciou.
Assim, podemos concluir que o poeta está apaixonado por Bárbora pela sua
invulgaridade, excecionalidade e pelo que esta contraria o modelo do Renascimento em que
a mulher teria de ser loira, de olhos e pele clara, mas se aproxima deste molde ao ser serena
e calma.