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As cantigas trovadorescas são os textos poéticos da primeira época medieval e que fizeram
parte do movimento literário do trovadorismo.
Em geral, eram músicas cantadas em coro e, por isso, recebem o nome de "cantigas".
Origem
A origem provençal da cantiga de amor foi declarada pelos próprios trovadores.
A atividade cultural intensificou-se no final do século XII, nas cortes senhoriais e régias, surgindo
as Cantigas de Amigo, de Amor e de Escárnio e Maldizer.
Estas atividades eram renovadas pelos contactos e pela competição com cortes estrangeiras que
os trovadores - geralmente bastardos e cavaleiros sem fortuna - visitavam frequentemente à
procura de melhores condições de vida.
Surgiu o aparecimento de novos temas: as intrigas da corte, o amor cortês, o prestígio social e
as histórias de fidelidade e de traição.
Características
As cantigas de amor são escritas na primeira pessoa. O sujeito poético, ou seja, a voz
destas cantigas é um trovador do ser masculino
Nelas, o eu-poético declara o seu amor a uma dama, regra geral casada. É por este
motivo que ele se dirige a ela, chamando-a de “senhor”. A dama mostra-se distante e
indiferente e é colocada numa posição superior ao poeta que lhe presta um serviço de
vassalagem, seguindo o código do amor cortês
Desta forma, a mulher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada, a quem é
dedicado um amor sublime também idealizado.
O ambiente é, raramente, sugerido, mas percebe-se que as cantigas de amor são
poesias da corte ou de inspiração palaciana
A sua estrutura de mestria, o ideal do amor cortês, certo vocabulário e a descrição
paisagística revelam a origem provençal
Nestas composições, encontramos emoções em crescendo e que dizem respeito a esse
sofrimento de amor, como a dor, a angústia, a loucura e a própria morte
Essas características justificam a presença de um forte lirismo que é representado pela "coita
d'amor" (o sofrimento amoroso). Esta coita deriva do facto do amor não ser correspondido por
parte da dama. Para os trovadores, esse sentimento é pior que a morte e o amor é a única
razão de viver.
A teoria do amor cortês pressupõe uma conceção platónica, ou seja, sem interesses
envolvidos, e mística do amor, que pode ser resumida nos pontos abaixo:
Total submissão do enamorado à sua dama (por uma transposição do amor às relações
sociais sob o feudalismo - modo de organização social, político e cultural baseado no
regime de servidão, onde o trabalhador rural era o servo do grande proprietário de
terras, o senhor feudal)
O enamorado pode chegar a comunicar com a sua inatingível senhora, após uma
progressão de estados que vão desde o suplicante ao amante.
O poeta oculta o objeto de seu amor substituindo o nome da amada por uma palavra-
chave, como é o caso da palavra “senhor”, ou pseudónimo poético.
Para conseguir os favores da dama, o amador tem de passar provações, havendo, por
isso, graus de aproximação amorosa:
Relação amorosa
Nas cantigas de amor a beleza e a sensualidade da mulher são sublimadas, mas a relação
amorosa não se apresenta como experiência, mas um estado de tensão e contemplação.
A “senhor” é cheia de formosura, tipo ideal de mulher com bondade, lealdade e perfeição,
possuidora de honra, tem sabedoria, grande valor e boas maneiras, é capaz de falar “mui bem”
e rir melhor…
O amor cortês apresenta-se como ideal, como aspiração que não tende à relação sexual, mas
surge como estado de espírito que deve ser alimentado; pode-se definir de acordo com a
teoria platónica, como ideia pura; aspiração e estado de tensão por um ideal de mulher ou
ideal de amor.
Cantigas de refrão em que, no fim da cada estrofe, repete-se um ou mais versos, à laia de
estribilho, à maneira das cantigas de amigo. São mais espontâneas, mais naturais, mais líricas,
menos artificiais.
Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre trovadores em tom de desafio. Gira em torno da
mesma mulher.