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ANO LETIVO 2020/2021

BIOLOGIA

JAMES WATSON
Trabalho realizado por:

 Beatriz Boucinha; nº2; 12ºC

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ÍNDICE

1- INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………………………..3
2- BIOGRAFIA………………………………………………………………………………………………………….…4
3- A HISTÓRIA DO ADN

3.1. A MOLÉCULA DE ADN………………………………………………………………………….……6

3.2. HISTÓRIA DO ADN………………………………………………………………………………….…8

3.3. CONTRIBUTO DE JAMES WATSON PARA A DESCOBERTA DO ADN…….……10

4- A IMPORTÂNCIA DA DESCOBERTA DE JAMES WATSON……………………………….………12


5- CONCLUSÃO…………………………………………………………………………………………………..……13
6- BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA

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1- INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de biologia do 12ºano, com o intuito de
ficar a conhecer o contributo de alguns geneticistas para a história da genética.

Até ao final dos anos 40, o DNA não era reconhecido como portador da informação genética.
Era uma molécula demasiado simples, difícil de isolar e incompatível com os métodos de
análise da química orgânica e da biologia. Quando alguns cientistas começam a acreditar na
importância do DNA, percebem que são incapazes, tecnicamente, de determinar a sua
estrutura. É nesse espírito que James Watson vai para a Europa e, na primavera de 1951, ao
assistir à conferência de Maurice Wilkins, da King’s College, onde vê uma fotografia do padrão
de difração de raios X, percebe que será esta a técnica chave para a determinação da estrutura
do DNA e, subsequentemente, dos segredos da vida.

O meu trabalho centrar-se-á no geneticista James Watson que ficou conhecido por, em
conjunto com Francis Crick, terem desenvolvido o modelo de dupla hélice para a estrutura da
molécula de DNA, motivo pelo qual chegou a receber o Prémio Nobel de Fisiologia ou
Medicina, em 1962. No entanto, irei demonstrar todos os pontos positivos, mas também
negativos que surgiram ao redor desta investigação.

Foi por este motivo que escolhi este geneticista: entre outras descobertas, ele desenvolveu,
talvez, o grande “motor” para o progresso da ciência.

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2- BIOGRAFIA

Nascido em Chicago no dia 6 de abril de 1928, James Dewey Watson é um nome com grande
importância na ciência, nomeadamente nas áreas da zoologia, da genética, mas também a
nível da biologia molecular. É filho único de James D. Watson, empresário, e de Jean Mitchell.
O seu pai tem descendência inglesa e viveu na região Centro-Oeste dos Estados Unidos por
longos anos. Watson cresceu no Sul de Chicago, num bairro de classe média.

A formação académica de Watson inicia-se em Chicago, onde, após estudar oito anos na
Horace Mann Grammar School (um colégio privado em Illinois, Chicago) e posteriormente mais
dois anos na South Shore High School (escola pública em Nova York), recebeu uma bolsa de
estudos para a Universidade de Chicago e, no verão de 1943 (com apenas 15 anos), ingressou
na faculdade experimental, onde recebeu o seu título de Bacharelado (equivalente à
Licenciatura, hoje em dia) em Zoologia em 1947. Não obstante, em 1950, após receber uma
bolsa de estudo de pós-graduação na Universidade de Indiana, terminou a licenciatura em
Zoologia. O seu objetivo, na altura, era ser ornitólogo (ramo da zoologia que se dedica ao
estudo das aves), influenciado pelo pai, que era obcecado na observação de aves.

Na Universidade de Indiana, James Watson foi muito influenciado pelo microbiologista


Salvador E. Luria, que trabalhava no Departamento de Bacteriologia, e, sob sua orientação,
Watson escreveu uma tese sobre estudos do efeito de raios X na multiplicação de
bacteriófagos.

No seu primeiro ano do pós-doutoramento na Copenhaga como bolsista, estudou


microbiologia junto a Ole Maaløe (um dos microbiologistas mais distinguidos na Dinamarca),
trabalhando com bacteriófagos, com o intuito de estudar o destino do DNA ao infetar
partículas virais, mas foi na Estação Zoológica de Nápoles que conheceu Maurice Wilkins, e,
após ver pela primeira vez o padrão de difração de raios X do DNA cristalino, resolveu mudar a
direção da sua então pesquisa para a química estrutural de ácidos nucleicos e proteínas. Tal
mudança foi possível quando começou a trabalhar no Laboratório Cavendish em 1951.

No entanto, foi quando leu o livro de Schroedinger e se deparou com a questão “O que é a
vida?” que mudou completamente o rumo das suas investigações.

Não demorou muito tempo para que Watson e Crick se conhecessem e descobrissem o
interesse em comum de resolver a estrutura do DNA. Após os seus estudos baseados em
evidências experimentais, no início de março de 1953, foi proposta a configuração
complementar de dupla hélice. Tendo como base os trabalhos já feitos por Maurice Wilkins e
Rosalind Franklin, Watson e Crick conseguiram então revelar a estrutura em dupla hélice do
DNA. Tais investigações propiciaram meios para que fosse possível entender como se copia a
informação hereditária.

Como reconhecimento dos seus trabalhos, recebeu em 1962 o Prêmio Nobel em Fisiologia e
Medicina junto com Crick e Wilkins; em 1968 foi diretor do Laboratório de Biologia
Quantitativa de Cold Spring Harbor; em 1993 recebeu a Medalha Copley pelos seus estudos
sobre o DNA; participou no Projeto Genoma Humano e, em 2010, foi eleito Presidente do
Comité Científico da Fundação Champalimaud.

James Dewey Watson, considerado “o pai do DNA”, hoje com 92 anos, corre o risco de
perder todos os seus títulos académicos e prémios (exceto o Prémio Nobel, pois este não revê
comissão de prémios) após reproduzir comentários racistas onde afirma que “Entre os brancos

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e os negros existem diferenças nos resultados dos testes de inteligência. Eu diria que a
diferença é genética”. Este não foi o primeiro comentário racista feito por Watson: em 2007
alegou que a inteligência dos povos Africanos não é a mesma que a dos povos brancos, citou
que há um desejo de que todos os seres humanos sejam iguais, mas “as pessoas que têm de
lidar com empregados negros sabem que isso não é verdade”.

O Laboratório Cold Spring Harbor, instituição já liderada pelo geneticista, emitiu uma nota
alegando que rejeita as opiniões de Watson, chamadas por eles de “infundadas e
imprudentes”. O CSHL destituiu, por isso, James Dewey Watson de todas as funções
administrativas, anulou todos os títulos honorários por ele recebidos e cortou relações com o
cientista.

Depois, ele pediu desculpa pelos comentários: "A todos os que deduziram do que eu disse,
que a África, como continente, é geneticamente inferior, a todos estes eu peço desculpas. Não
foi o que eu quis dizer. Não há base científica para afirmar isso", disse.

Por ter pedido desculpas, ele reteve seus títulos honorários de reitor emérito, de professor
emérito e de membro honorário.

Watson vendeu a sua medalha de ouro do Nobel em 2014. Foi a primeira vez na história que
um vencedor do prémio se desfez do objeto.

Segundo disse ele num comunicado, a intenção era dedicar parte do valor da venda a
projetos de pesquisa nas universidades e instituições científicas nas quais estudou e trabalhou
ao longo da sua carreira ("A minha intenção é fazer doações filantrópicas ao laboratório Cold
Spring Harbor, à Universidade de Chicago e ao Clare College de Cambridge, e assim seguir
contribuindo para que o mundo académico siga sendo um lugar onde predomine a decência e
as grandes ideias”).

Naquele mesmo ano, o biólogo molecular disse que tinha sido excluído da comunidade
científica, devido aos seus comentários sobre raça e inteligência em 2007.

Segundo a media dos EUA, Watson encontra-se hoje numa enfermaria, a recuperar de um
acidente automobilístico, e tem consciência "mínima" da sua decadência.

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3- A HISTÓRIA DO ADN

3.1. A MOLÉCULA DE ADN


A molécula de ADN, sigla que significa ácido desoxirribonucleico, é um composto orgânico
cujas moléculas contém a informação genética que coordena o desenvolvimento e
funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus, e que, por isso, é também responsável
pela transmissão das características hereditárias de cada ser vivo à sua descendência.
Do ponto de vista químico, o ADN é um polímero constituído por unidades básicas, ou seja
monómeros, que se dominam nucleótidos. Cada nucleótido é constituído por três
componentes diferentes: o grupo fosfato, que confere aos ácidos nucleicos (tanto o ADN como
o ARN) as suas características ácidas; uma pentose (que no caso do ADN é a desoxirribose) e
uma base azotada. Há cinco bases azotadas diferentes, divididas em dois grupos: bases de anel
duplo (purinas), correspondentes à adenina e guanina e bases de anel simples (pirimidinas),
que dizem respeito à timina, citosina e uracilo (que só existe na constituição do ARN, por
substituição da timina).
O ADN é então formado por duas cadeias nucleotídicas unidas por pontes de hidrogénio
que formam uma dupla hélice. Os nucleótidos unem-se por ligações fosfodiéster, formando,
assim, cada uma das cadeias do ADN.
Cada tipo de base numa cadeia liga-se com apenas um tipo de base na outra cadeia. Este
comportamento é designado de complementariedade de bases. Assim, as purinas formam
pontes de hidrogénio com pirimidinas: a adenina liga-se à timina e a guanina liga-se à citosina.
A estrutura da molécula de DNA está esquematizada na figura 1.
Um gene é uma sequência de ADN que contêm informação genética e pode influenciar o
fenótipo de um organismo. Dentro de um gene, a sequência de bases ao longo de uma cadeia
de ADN dão origem a uma cadeia de ARN mensageiro (transcrição) , que por sua vez define
uma ou mais sequências proteicas (tradução). A relação entre a sequência de nucleótidos de
um gene e a sequência de aminoácidos de uma proteína é determinada pelas regras de
tradução, conhecidas coletivamente como o código genético (figura 2). O código genético
engloba todas as combinações possíveis de um codão (sequência de três nucleotídeos) e faz
corresponder a cada uma dessas possibilidades um aminoácido.
Uma vez que há quatro bases em combinações de 3 letras, há 64 codões possíveis ( 4 3=64 ).
Estas codificam os vinte aminoácidos, dando à maioria dos aminoácidos mais do que um codão
possível. Há também três codões 'stop' que determinam o fim da tradução; estes são os
codões UAA, UGA e UAG.
Assim verificamos a importância do ADN para a produção de proteínas que, por sua vez são
fundamentais para os seres vivos.
A divisão celular é essencial para que um organismo cresça, mas quando uma célula se
divide é necessário que o ADN se replique, para que as duas células-filhas tenham a mesma
informação genética que a célula original. A estrutura em dupla-hélice do ADN fornece um
mecanismo simples para a sua replicação. As duas cadeias são separadas e as sequências de
ADN complementares a cada uma das cadeias são recriadas por uma enzima chamada ADN
polimerase. Esta enzima constrói a cadeia complementar encontrando a base correta por
intermédio do emparelhamento com a base complementar, e ligando-a à cadeia original.
Desta forma, como cada base azotada apenas tem uma base azotada complementar (a
adenina com a timina e a guanina com a citosina), a base que vai aparecer na nova cadeia terá
de ser exatamente a mesma. Assim a nova molécula de ADN acaba por ser exatamente igual,
mantendo a informação genética pela qual esta é responsável também exatamente igual. A
este processo dá-se o nome de replicação do ADN e este está esquematizado na figura 3.

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O ADN existe essencialmente no núcleo da célula, mas também há ADN no citoplasma, o
ADN mitocondrial. Como se encontra no citoplasma, este ADN só passa para a descendência
por via materna (o espermatozoide contém uma quantidade mínima de citoplasma).

Fig.1 – estrutura da molécula de ADN Fig.2 – Código genético

Fig. 3- Replicação do ADN

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3.2. A HISTÓRIA DO ADN

A história do ADN começa no final da década de 1860, com a chegada do médico suíço
Friedrich Miescher (1844-1895) à Universidade de Tübingen, uma cidade no sul da Alemanha.
Nessa época começaram a surgir ideias acerca das origens e funções das células, após a
refutação da teoria da geração espontânea.

Felix Hoppe-Seyler foi quem primeiro descreveu as interações entre a hemoglobina, a


proteína responsável pela cor do sangue, e o oxigénio. O seu trabalho levou-o a interessar-se
pela composição bioquímica dos linfócitos. Mas Miescher enfrentou dificuldades para obter
amostras com linfócitos em quantidade e grau de pureza adequados. Por sugestão de Hoppe-
Seyler, Miescher começou a estudar a química das células do pus; o material para a pesquisa
era abundante, pois dezenas de amostras com material purulento eram diariamente
descartadas por um hospital próximo à universidade. Miescher desenvolveu técnicas
adequadas para o isolamento das células presentes no pus das amostras para a sua análise
química. O objetivo inicial era investigar as proteínas celulares, um grupo de substâncias
descoberto cerca de trinta anos antes.

Durante a sua investigação, Miescher obteve um precipitado que diferia quimicamente de


todas as substâncias proteicas conhecidas. Ele descobriu que esta substância se concentrava
no núcleo celular, que na época era considerado uma estrutura de pouca importância para o
funcionamento celular. Aprimorando os métodos de extração e purificação da nova
substância, Miescher pôde realizar uma análise química mais precisa, que mostrou que as
quantidades relativas de hidrogénio, carbono, oxigénio e nitrogénio presentes diferiam das
encontradas em proteínas, além de uma quantidade incomum de fósforo. À substância
descoberta Miescher denominou nucleína, pelo fato de ela estar concentrada no núcleo das
células.

Mesmo depois da publicação do trabalho, muitos investigadores continuaram com algumas


dúvidas acerca da existência da nucleína- na opinião deles, Miescher devia ter descoberto
apenas uma mistura de fosfato inorgânico e proteínas.

As desconfianças quanto à real existência da nova substância descrita por Miescher só


foram superadas por volta de 1889, quando Richard Altmann (1852-1900) obteve preparações
altamente purificadas de “nucleína”, sem nenhuma contaminação por proteínas. Pelo facto de
a substância ter caráter ácido, o que já tinha sido descoberto por Miescher, Altmann sugeriu
que ela fosse chamada de ácido nucleico em vez de nucleína.

Em 1877, Albrecht Kossel (1853-1927) juntou-se ao grupo de pesquisa de Hoppe-Seyler e


começou a estudar a composição química das “nucleínas”. Kossel detetou dois tipos de bases
azotadas já conhecidas, a adenina e a guanina. Em 1893, identificou uma nova base azotada,
que era libertada durante a degradação da “nucleína” das células do timo (glândula linfoide
primária especializada do sistema imunológico); por isso denominou-a timina. Logo em
seguida, descobriu que a “nucleína” continha um quarto tipo de base azotada, a qual
denominou citosina. Em 1894, o grupo liderado por Kossel descobriu que os ácidos nucleicos
continham também uma pentose, um glícido com cinco átomos de carbono.

Em 1909, Phoebus Levene e Walter Abraham Jacobs (1883-1967) conseguiram determinar


a organização das moléculas de fosfato, de pentose e base nitrogenada no ácido nucleico.
Esses três componentes estão unidos entre si formando uma unidade fundamental, o
nucleotídeo.

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Frederick Griffith fez uma importante descoberta durante as suas investigações com a
bactéria Streptococcus pneumoniae em 1928. Esta bactéria, que causa pneumonia em
humanos, normalmente é letal em ratos domésticos. Entretanto algumas linhagens desta
espécie de bactérias eram menos virulentas (menos capazes de causar doenças ou morte). Na
investigação de Griffith, ele usou duas linhagens diferenciadas pelas suas colónias quando
cultivadas em laboratório. Uma linhagem era um tipo normalmente virulento e mortal para a
maioria dos animais de laboratório. As células desta linhagem estão envoltas numa cápsula de
polissacarídeos, dando às colónias em aspeto liso, sendo esta linhagem identificada com S
(smooth, em inglês). A outra linhagem de Griffith era um tipo mutante não virulento que
crescia nos ratos. Nesta linhagem, a cápsula de polissacarídeos está ausente, dando às colónias
um aspeto rugoso. Esta linhagem é chamada R (rough, em inglês).

Griffith inativou algumas células virulentas a alta temperatura. Injetou então as células
mortas por aquecimento nos ratos, que sobreviveram, mostrando que os restos das células
não causam a morte. Entretanto os ratos injetados com uma mistura de células virulentas
mortas por aquecimento e células não virulentas vivas morreram. Além disso, as células vivas
podiam ser recuperadas de ratos mortos. Estas células deram origem a colónias lisas e foram
virulentas em uma injeção subsequente. De algum modo, os restos das células S aquecidas
tinham convertido células R vivas em células S vivas.

A etapa seguinte era determinar que componente químico das células mortas tinha
provocado esta conversão. Esta substância tinha mudado o genótipo da linhagem recetora e,
portanto, podia ser a responsável pelo armazenamento do material genético. Este problema
foi resolvido pelas investigações de Oswald Avery e dois colegas, C M. Macleod e M. McCarty,
em 1944. O seu objetivo era destruir quimicamente todas as principais categorias de
substâncias no extrato de células mortas, uma de cada vez, e descobrir se a amostra tinha
perdido a habilidade de conversão. Assim como na experiência de Griffith, as células virulentas
possuíam uma cápsula lisa de polissacarídeos, enquanto as células não virulentas, não. Assim
os polissacarídeos eram um candidato óbvio a ser o agente responsável. Entretanto, quando os
polissacarídeos foram destruídos, a amostra ainda demonstrava capacidade de conversão. As
proteínas, gorduras e ácido ribonucleico (ARN) foram todos excluídos. A mistura só perdia a
sua capacidade de conversão quando a amostra era sujeita a um tratamento com a enzima
desoxirribonuclease (DNase), que quebra o ADN. Estes resultados indicavam que o ADN era,
então, o responsável pelo armazenamento do material genético.

As descobertas de Avery e seus colegas foram definitivas, mas muitos cientistas


mostraram--se muito relutantes em aceitar o ADN (e não as proteínas) como responsável pelo
armazenamento do material genético.

O fago T2, um vírus, tem uma constituição molecular relativamente simples. A maior parte
de sua estrutura é de proteína, com o ADN contido dentro da cápsula de proteína da sua
"cabeça". Hershey e Chase decidiram marcar o ADN e a proteína usando radioisótopos, de
modo que pudessem rastrear os dois materiais durante a infeção propositada de uma célula. O
fósforo não é encontrado nas proteínas, mas é uma parte integrante do ADN. Contrariamente,
o enxofre está presente nas proteínas, mas nunca no ADN. Hershey e Chase incorporaram o
radioisótopo de fósforo (32P) no ADN do fago e o enxofre (35S) nas proteínas de uma cultura
separada de fagos. Infetaram duas culturas de E. coli com muitas partículas de vírus por
células: uma cultura de E. coli recebeu fagos marcados com 32P e a outra recebeu fagos
marcados com 35S. Depois de serem infetadas, os cientistas removeram as embalagens de
fago (chamadas ghosts) das células bacterianas por agitação e depois mediram a

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radioatividade nas duas amostras. Quando o fago marcado com 32P foi usado para infetar as
bactérias, o valor mais elevado de radioatividade foi encontrado dentro das bactérias,
indicando que o ADN do fago tinha sido incorporado nas mesmas. Quando era usado o fago
marcado com 35S, maior parte do material radioativo estava nos invólucros dos fagos,
indicando que a proteína do fago nunca entrava nas bactérias. A conclusão era inevitável: o
ADN era o material hereditário.

3.3. CONTRIBUTO DE JAMES WATSON PARA A DESCOBERTA DO ADN

O caminho para a descoberta da dupla hélice do DNA envolveu cinco intervenientes


principais, com formas de cooperação muito distintas. No King’s College, Maurice Wilkins e
Rosalind Franklin, num regime de cooperação institucional, que na prática era conflituosa e
praticamente inexistente; na Universidade de Cambridge, James Watson e Francis Crick, que
nem sequer estavam institucionalmente alocados à questão do DNA, mas que funcionavam
numa cooperação altamente funcional; no Caltech, nos EUA, Linus Pauling, a trabalhar
isoladamente na estrutura 50 do DNA.

A forma como a descoberta da dupla hélice se desenrolou deveu-se, em grande parte, aos
percursos individuais dos cientistas envolvidos, quer no que diz respeito à sua carreira
profissional, quer no que diz respeito à sua vida pessoal e personalidade.

Há vários relatos de Watson como alguém extremamente obstinado nos seus interesses,
conduzindo toda a sua vida na faculdade a tentar cumprir os seus objetivos. Ao invés de
estabelecer amizades com colegas, o habitual para Watson era procurar pessoas mais velhas e
experientes nos assuntos que lhe interessavam, e falar com eles.

Tudo o que motivou Watson a descobrir a estrutura do DNA foi uma mera “competição”
com todos os outros investigadores: o que ele realmente queria era ser o primeiro a descobrir
a estrutura do ADN e entrou, assim, numa espécie de “competição” com Linus Pauling.

Mais tarde, Pauling surgiu com uma proposta acerca da estrutura do ADN, na qual esta
molécula se apresentava com 3 cadeias, ou seja, uma tripla hélix. No entanto, Watson insistia
no facto de essa estrutura química ser impossível. Dirigiu-se a Londres, onde se encontrou com
Rosalind Franklin e Maurice Wilkins para provar o erro de Pauling. Rosalind não compactuou
com a sua investigação, mas Maurice Wilkins deu a Watson tudo o que este precisava para
desenvolver a sua investigação: um raio-x executado ao ADN, feito por Rosalind Franklin.
Watson construiu modelos da molécula do ADN e das suas bases azotadas e rapidamente
descobriu que a adenina e a timina se ligavam, assim como a guanina e a citosina, concluindo
acerca da dupla cadeia da molécula de ADN.

Wilkins é chamado para ver o modelo, e acha-o perfeitamente viável; mesmo o facto de
possuir apenas duas cadeias não é um problema, uma vez que no King’s College nunca tinham
chegado a estabelecer o número exato de cadeias. Franklin vai ver o modelo, mais tarde, e
concorda imediatamente com o que vê.

Surge agora um problema muito sensível. Watson e Crick chegam a uma estrutura do DNA
mas não têm dados experimentais seus que a suportem.

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A questão da sustentação e publicação do artigo é resolvida pelo acerto da publicação de
dois artigos do King’s em conjunto com o de Watson e Crick. Em primeiro lugar foi publicado o
artigo de Watson e Crick “A Structure for Deoxyribose Nucleic Acid”, descrevendo a sua
proposta de dupla hélice do DNA; em segundo lugar o artigo de Wilkins, Stokes e Wilson
“Molecular Structure of Deoxypentose Nucleic Acids”, analisando os resultados de
cristalografia e defendendo a ocorrência desta estrutura nos sistemas biológicos; em terceiro
lugar o artigo de Franklin e Gosling “Molecular Configuration of Sodium Thymonucleate”, em
que se publicam vários dos resultados de cristalografia de raios X, provando tratar-se de uma
hélice e o posicionamento do esqueleto fosfatado no exterior da estrutura. Na prática, a
ordem de publicação colmata a falha, a nível de resultados experimentais do artigo de Watson
e Crick, toda a sugestão feita neste artigo é sustentada pelos resultados dos dois artigos
seguintes que, por si, não sugerem uma estrutura final.

Em 1958 Rosalind Franklin morre, vítima de cancro e em 1962 Watson, Crick e Wilkins são
premiados com o prémio Nobel da Medicina.

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4 – A IMPORTÂNCIA DA DESCOBERTA DE JAMES WATSON

A descoberta de James Watson foi algo que realmente veio a revolucionar as investigações
a nível da genética.

A partir da estrutura em dupla hélice pode-se determinar a sequência de pares de


nucleótidos e assim determinar a sequência de aminoácidos (proteínas) que formam o DNA e
com isso construir o código genético.

Conhecendo a sequência das bases do DNA que especifica a sequência de aminoácidos, é


possível por uma substituição de um tipo de base por outra ou com a troca de posição realizar
mutações genéticas.

Com a estrutura dupla hélice foi possível compreender o mecanismo de replicação do DNA,
que ocorre quando a dupla hélice é separada, na qual os dois filamentos separados irão formar
os filamentos complementares a cada um dos filamentos separados da dupla hélice de origem.

Todos estes processos, que já descrevi anteriormente (3.1. A MOLÉCULA DE DNA), apenas
foram descobertos com base no modelo da dupla hélice apresentado por esta equipa de
investigadores.

O modelo de Watson e Crick inaugurou uma nova era de descobertas em biologia


molecular. O modelo e as descobertas que ele permitiu formam os fundamentos da maioria
das pesquisas de ponta em biologia e biomedicina atualmente.

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6 – CONCLUSÃO

A descoberta da estrutura do DNA é fascinante de todos os pontos de vista, apesar de ser


apresentada habitualmente de forma unívoca. Em termos do desenvolvimento científico é,
sem dúvida uma das mais importantes descobertas de sempre, com efeito, se formos além do
seu valor intrínseco e situarmos a descoberta no contexto em que ocorreu, permite-nos
compreender a natureza da ciência e levantar questões transversais a toda a sociedade.

A elaboração do modelo tridimensional da molécula de DNA, proposta em 1953 por James


Watson e Francis Crick, revolucionou os estudos em genética, contribuindo para avanços
significativos no entendimento dos processos biológicos, além de promover profundas
mudanças na investigação científica ligada às ciências da vida. No entanto, o estabelecimento
das principais características estruturais desta molécula não foi realizado exclusivamente por
apenas estes cientistas. Uma série de estudos realizados por outros estudiosos foram
essenciais para se compreender a importância da sua estrutura para a transmissão dos
caracteres hereditários. A análise da trajetória histórica deste desenvolvimento científico
revela que a construção do modelo de dupla hélice do DNA só se tornou possível à medida que
os investigadores utilizaram os referenciais teóricos divulgados por outros cientistas.

A ciência atravessou várias fases. Numa primeira fase, na ciência, dão-se uma série de
desenvolvimentos técnicos indispensáveis para que o DNA se torne importante, e em que
surgem também as ferramentas e técnicas para a sua análise. Em paralelo com o
desenvolvimento técnico, esta fase representa uma clara mudança de estatutos, quer do
cientista, quer da ciência. Estamos perante o fim da ciência dos grandes génios (cartesiana) e a
entrar na ciência de grupo e dos grandes laboratórios (baconiana). O laboratório montado no
King’s College por John Randall é uma das primeiras manifestações desta tendência. Podemos
relacionar toda esta transformação com a instrumentalização mais profunda da ciência pelos
estados, com um ambiente marcado pela II Guerra Mundial que, teve uma outra
consequência, mais direta: a migração dos cientistas Judeus para o Reino Unido e para os
Estados Unidos. A própria migração intelectual da física para a biologia pode ser vista como
uma consequência da guerra, como Wilkins declara conscientemente na sua biografia.
Provavelmente, há muito mais a dizer sobre o papel da II Guerra mundial na descoberta da
dupla hélice do DNA e de muitas outras descobertas, pois praticamente todos os
intervenientes, principais e secundários, foram influenciados direta ou indiretamente por esta
guerra, quer pela participação ativa na ciência de guerra (causando mortes), pelo exílio
(voluntário ou forçado), ou por empatia com as vítimas de perseguições (caso dos cientistas
judeus). Mais do que uma curiosidade, James Watson é uma das exceções, e talvez isso esteja
relacionado com a sua visão “egoísta” da descoberta da estrutura do DNA.

Podemos agora olhar para os desenvolvimentos técnicos e teóricos que permitiram


diretamente a descoberta da dupla hélice do DNA: desenvolvimento da cristalografia dos raios
X e sua adaptação ao estudo das moléculas biológicas, a construção de modelos e a
descoberta da hélice-α, o estudo dos fagos e as experiências de Avery. Inclui-se nesta
preparação, ainda, a formação ou consolidação dos centros de investigação do Cavendish e
King’s College, bem como a deslocação dos intervenientes diretos da descoberta para esses
centros. Em combinação com o posicionamento dos intervenientes, temos de considerar que
os seus esforços não teriam qualquer fruto se não tivessem ocorrido no momento certo.
Estavam, de 1951 a 1953, reunidos os elementos necessários para dar início à descoberta. A
fórmula química do DNA era conhecida, a única “peça” que faltava era o método para

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pesquisar essa estrutura, e esse método surge quando Wilkins e Gosling descobrem que o DNA
cristaliza, indicando que é possível a sua análise através de estudos de difração de raios X.

Os diferentes tipos de personalidade, que em jogo influenciaram a forma como a


descoberta decorreu são particularmente relevantes quando olhamos para a equipa do King’s
College onde, independentemente do mal-entendido (intencional ou acidental), Wilkins e
Franklin se incompatibilizaram, negando a possibilidade de uma verdadeira cooperação e,
permitindo assim, que Maurice Wilkins facultasse, mesmo sem a autorização de Rosalind
Franklin, as suas descobertas ao nível dos raios-x à molécula de ADN.

Como podemos ver, a descoberta da dupla hélice do DNA está assente num grande
conjunto de acasos fundamentais para que esta descoberta tenha acontecido da forma que
aconteceu. O verdadeiro salto de partida para a concretização da descoberta foi a obtenção do
DNA por Maurice Wilkins, que por sua vez é obtida em consequência da decisão de Wilkins de,
após a sua participação no Projeto Manhattan, investigar a base física da vida. Este DNA de alta
qualidade era, provavelmente, o único disponível no mundo capaz de produzir difração de
raios X.

Ainda relacionado com a equipa do King’s College, temos a existência da Fotografia 51


(raio-x tirado por Rosalind Franklin à molécula de ADN). Esta fotografia, decisiva, foi obtida
acidentalmente, durante uma exposição de tal forma longa, que o conteúdo de água da
amostra se alterou, transformando-se o DNA-A em DNA-B (dois tipos de DNA que estavam a
ser estudados na altura), o que revelou um padrão de difração característico de uma hélice. A
ideia de hélice, como o próprio Crick relembra, estava no ar. A descoberta da estrutura hélice-
α por Linus Pauling circulava por todos os intervenientes, e, intuindo-se a possibilidade de a
hélice ser uma forma comum nas moléculas biológicas, havia uma predisposição para a sua
procura. O primeiro modelo para o DNA construído por Watson e Crick consistia numa tripla
hélice e rapidamente se revela como um erro. Este erro permitiu-lhes reconhecer, quando
recebem por via de Peter Pauling (que por acaso também se encontrava no Cavendish) o
rascunho da proposta de Linus Pauling, como igualmente errado. Tal permitiu também,
apelando a um espírito de competição, convencer a autorização de Watson e Crick a regressar
à construção de modelos. Nas etapas finais da descoberta, quando o par precisa da estrutura
das bases azotadas, recorre aos livros de química disponíveis no laboratório. Na altura as
estruturas da timina e da guanina inscritas nesses livros estavam erradas, e só viriam a ser
retificadas nas publicações no ano seguinte. Porque Jerry Donahue partilhava o gabinete com
eles e estava ao corrente da estrutura correta, foi possível o contributo final para que Watson
conseguisse chegar à complementaridade das bases e confirmar toda a estrutura. Além dos
aspetos já apontados, a descoberta revela problemas de ética e reconhecimento.

A questão com Rosalind Franklin é muito complexa, especialmente dada a sua morte
precoce. Watson (2002) em entrevista deu a sua sugestão da resolução ideal da situação: Crick
e Watson partilhariam o prémio Nobel da Medicina, e Wilkins e Franklin o da Química. Não
sabemos realmente o que poderia ter acontecido, mas talvez fosse possível uma resolução
desse género. O papel de Franklin só veio a público com a publicação da autobiografia de
Watson, The Double Helix, em 1968, dez anos após a sua morte e da atribuição do prémio
Nobel pela descoberta da estrutura do DNA. Não podemos saber o que teria acontecido, caso
não tivesse falecido tão cedo, mas há algumas coisas a dizer sobre isso. É provável que, caso
esse facto trágico não tivesse ocorrido, Franklin ainda assim não ganhasse o prémio Nobel.
Hoje sabe-se, pela abertura dos registos relativos ao prémio Nobel de 1962, que Franklin
nunca esteve na lista e, na realidade, até Wilkins não tinha sido incluído pela maioria dos

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nomeadores, o que é compreensível, uma vez que nem a própria sabia que os seus resultados
tinham sido utilizados para se chegar à conclusão da investigação.

O sucesso desta investigação é inquestionável e o mérito de Watson foi, na minha opinião,


também merecido, pois a verdade é que, sem ele, talvez não tivéssemos chegado onde
chegámos hoje. No entanto, não concordo totalmente com a distribuição do prémio, até
porque, mesmo Linus Pauling teve uma grande importância no desencadeamento da
investigação.

Concluo o trabalho, reforçando a ideia de que, embora a descoberta de Crick (falecido em


julho de 2004), Watson e Wilkins tenha aberto uma nova era para a ciência e, desde então,
venha causando uma verdadeira revolução na investigação científica ligada às ciências da vida,
ainda estamos muito longe de antever as suas consequências na totalidade, pelo que esta
deverá continuar a ser uma área muito estudada ao pormenor. Só desta forma, poderemos
idealizar grandes conquistas!

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BIBLIOGRAFIA/WEBGRAFIA

 https://www3.unicentro.br/petfisica/2019/03/13/james-watson-1928/
 https://www.bbc.com/portuguese/geral-46847083
 https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1962/watson/biographical/
 Documentário- “American Masters. Decoding Watson”
 https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_desoxirribonucleico
 https://ensina.rtp.pt/artigo/o-que-e-o-adn/
 https://www.simonsfoundation.org/2013/05/16/james-d-watson/

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