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POESIA TROVADORESCA

Introdução.

Poesia trovadoresca é a designação dada ao conjunto de composições poéticas medievais, enquadrando-


se em diferentes géneros, que foram produzidas em Portugal, Galiza e, também, nos reinos de Leão e
Castela e Aragão, sendo os poetas que as compõem os trovadores. Floresceu durante a Idade Média,
num período estendido entre meados dos séculos XII e meados do século XIV e eram escritas em
galaico-português.

Regra geral, os trovadores eram de origem nobre e escreviam-nas apenas por prazer e/ou deleite. A
sociedade é marcada por uma forte religiosidade (demonstrada na luta contra os infiéis nas Cruzadas e no processo de
Reconquista Cristã após as invasões muçulmanas) , sendo teocêntrica e as romarias e peregrinações eram momentos
de demonstração de fé e de contacto com a população. A sociedade era fortemente estratificada e
organizada segundo o feudalismo, em que os vassalos prestavam obediência aos suseranos com a divisão
da propriedade. Assim, eram asseguradas a hierarquia, os valores sociais e a fidelidade e honra.

Cantigas.

1. Cantigas de amigo
 Poesia de origem simples (escrita simples e repetida) num ambiente doméstico associado ao
povo ou burguesia;
 O emissor é feminino e é uma donzela;
 O estado de espírito descrito nas canções é: sofrimento, saudade, ansiedade, ciúme, melancolia e
a espera impaciente pelo regresso do seu “amigo” da guerra ou lutas entre senhores feudais;
 São como documentos da vida medieval, uma vez que se percebem momentos da vida coletiva,
afazeres domésticos e relação entre mãe e filha;
 É comum a donzela confessar o que sente à sua mãe, amigas ou à Natureza (sua confidente);
 São as mais próximas da música pela sua estrutura estrófica e rítmica, recorrendo,
frequentemente, aos refrões e paralelismos que acentuam o sofrimento e reforçam a mensagem;
 Há uma personificação da Natureza, recorrência a apóstrofes, anáforas, comparações e a pontos
de exclamação;
 Existem quatro tipos de cantigas de amigo:
 Pastorelas: encontro de uma pastorela com um cavaleiro;
 Romaria: santuários ou peregrinações;
 Barcarola/Marinha: o mar é o cenário;
 Alba/Alva/Alvorada: separação dos amantes no amanhecer.

2. Cantigas de amor
 Influência provençal (França), mas mais sinceros, já que os franceses trovam apenas na
primavera;
 O emissor é um homem que confessa os seus sentimentos;
 O recetor é uma dama (por vezes casada) a quem ele formula um pedido de amor ou se lamenta
pelo seu amor não correspondido (a dama é inacessível);
 O homem sofre ou simula sofrer, “a coita do amor”;
 O ambiente é a corte e ambos são ambos fidalgos;
 O emissor representa os seus sentimentos e relação no âmbito da vassalagem: a dama é o seu
suserano/superior a ele, a quem ele é submisso e obediente;
 O emissor realça as características físicas da sua amada (beleza/formosura) e morais (bom senso
e bem falar);
 O amor nestas cantigas é algo convencional, não realmente sentido da paixão;
 Este tipo de cantigas tem regras: o homem não deve revelar a identidade da dama e manter
respeito, distância e contenção;
 Existem três tipos de cantigas de amor:
 Cantiga de refrão: estrofes de 4/5 versos com um refrão de 1 a 3 versos;
 De maestria: 3 ou 4 estrofes de 7 versos e sem refrão;
 Tensões: debate entre dois trovadores sobre questões amorosas.

3. Cantigas de escárnio e maldizer


 O emissor é um poeta;
 Os recetores são outros poetas a quem o trovador critica, por vezes, com uma linguagem rude,
por lhes faltar arte ou serem falsos na expressão do amor;
 O emissor procura criticar, de forma satírica, aspetos da vida social e cultural da época,
utilizando a ironia;
 Se a crítica é feita de forma direta – maldizer, se de forma indireta – escárnio;
 Alguns dos temas das cantigas são: a morte por amor, comportamentos imorais do clero, vida
miserável da nobreza e o ofício da criação poética;
 Pode ser vista como uma paródia do amor cortês, dada a sua satirização das cantigas de amor e
passa uma imagem negativa da mulher;
 Utiliza-se a ironia, adjetivação dupla ou tripla e, por vezes, antítese e comparação;
 São um retrato completo da sociedade daquele tempo.

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