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Sonetos de Camões

Autor que pertence ao movimento do classicismo, ocorrido durante o


renascimento cultural no século 16 em Portugal; ajuda a criar a cultura e a
identidade portuguesa, usando a cultura clássica (Grécia e Roma) para isso. A maior
característica disso é o antropocentrismo. Também são validas a harmonia, o
equilibro a beleza e, para alcançar isso no texto, são usados: aspectos formais
(métrica, rima e ritmo) e figuras de linguagem;
Geralmente, as perguntas são relacionadas ao conteúdo, mas para aprender a
forma, lembre-se da ‘’medida nova’’: versos decassílabos, dois quartetos e dois
tercetos; quase todos são decassílabos;
Os sonetos não possuem titulo e a UNICAMP usa o primeiro verso de cada para
guiar o vestibulando:
Soneto 001 - Enquanto quis Fortuna que tivesse: usa da metalinguagem, ou seja, é
um poema sobre o fazer poema; fala de como a maneira que ele se sente
influencia em sua escrita; o amor e a fortuna são personificados e têm vontades
próprias;
Soneto 003 - Busque Amor novas artes, novo engenho: é um desafio ao amor,
aqui personificado; é tipo um ‘’já acabou, Jéssica?’’, para que o Amor busque novas
formas para mata-lo, pois ele ainda está de pé; como você vai me tirar as
esperanças se eu não tenho esperança nenhuma? Porém, apesar de achar que
não tem mais como o amor me surpreender, pois já sofri de todas as maneiras
possíveis, ele sempre surpreende, mas o eu-lírico não sabe exatamente com o
que.
Soneto 005 - Amor é um fogo que arde sem se ver: soneto mais famoso de
Camões; tenta racionalizar e definir o que é o amor, ou seja, um procedimento
renascentista (usar a razão pra definir um sentimento); porém, é um sentimento
muito complexo, então há um grande uso de figuras de linguagens mais
complexas, principalmente paradoxos; ele também se pergunta como um
sentimento tao complexo pode causar tamanha felicidade em nós;
Soneto 008 - Pede o desejo, Dama, que vos veja: oposição entre o amor platônico
e o amor carnal; enquanto está na minha cabeça, é tudo perfeito e nada falta, mas
se eu realizo, alguma coisa vai ficar faltando, então quero manter assim; porém,
existe uma força física que me chama, me puxa;
Soneto 014 - Esta lascivo e doce passarinho: os dois primeiros quartetos tem uma
história e nos últimos tercetos há uma relação; faz ligação com a mitologia (reino
de Ades, o mundo dos mortos); a relação é feita com seu coração, que estava
desavisado e livre, apesar de já estar destinado – onde menos temia, foi ferido, pois
o flecheiro cego o esperava (Eros, o cupido) – o amor estava atrás dos olhos da
amada – retoma a ideia de amor à primeira vista;
Soneto 020 – Transforma-se o amador na cousa amada: os dois quartetos tratam
do conflito entre o amor platônico, idealizado e perfeito e o amor carnal e
imperfeito – isso é, na verdade, uma adaptação das ideias do filosofo Platão; depois,
os dois tercetos são associados ao pensamento aristotélico sobre a matéria;
Soneto 030 - Sete anos de pastor Jacob servia: conta uma história de amor
proibido com tema bíblico, porém a poligamia da história real é omitida;
Soneto 043 - Como quando do mar tempestuoso: soneto de ideia única; começa
com uma comparação; o eu-lírico, um marinheiro, acabou de salvar-se de um
naufrágio e, por isso, só de ouvir falar no mar, sente medo – mas ele entra nele,
forçado por um interesse – naquela época (grandes navegações), o mar era a
maior forma de sobreviver;
Soneto 057 - De vos me aparto, ó vida! Em tal mudança: bem maneirista e
masoquista e pessimista; geralmente, é interpretado com o tema da perda da
amada; não tem porque ser extremamente feliz, pois todos vamos nos foder na
vida – se for só um pouquinho feliz, você perde pouco; mas, de uma coisa ele tem
certeza: mesmo que ele morra de tanta dor, ele nunca se esquecerá da amada;
ele prefere que seus olhos fiquem tristes em não ver seu amor do que serem
felizes com outra pessoa; existe uma gloria em sofrer esse castigo e esquecer
seria desperdiçar essa gloria;
Soneto 080 - Alma minha gentil, que te partiste: fala da perda da mulher amada por
conta de um falecimento; pede para que ela não esqueça do amor deles e que, se
possível, peça para Deus o levar para vê-la; há presença de um tom maneirista, ou
seja, com muita emoção, característica não tao relevante para o classicismo;
Soneto 092 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: fala sobre a
instabilidade da vida e da constante inconstância de todas as coisas, falando que não
temos como prever nada; traz a filosofia de Heráclito; também fala que a própria
mudança muda, então não temos como controla-la;
Soneto 100 - Quando de minhas mágoas a comprida: mais um sobre a perda da
mulher armada; também fala sobre a Dinamene; ele está muito triste e diz que,
quando finalmente consegue dormir, a alma aparece em seus sonhos; esse sonho
se passa num campo, mas nem nele ele consegue alcança-la e ela o olha com dó;
Soneto 101 - Ah! Minha Dinamene! Assi deixaste: diz a lenda que Dinamene foi uma
mulher que Camões teve, chinesa e que morreu em um naufrágio, então ele
possui vários sonetos sobre esse tema (perda da mulher amada); também de tom
maneirista; ele pergunta o que vai fazer da vida sem ela; faz referências à mitologia
(ninfa);
Soneto 106 - O Céu, a terra, o vento sossegado: novamente, o tema é perda da
mulher amada; porém, não é o eu-lírico que sofre como nos outros; agora, ele
conta uma história sobre um pescador que chora e chama o nome da amada
falecida; provavelmente, ela morreu no mar, pois ele pede para que as ondas a
tragam de volta; o amor é personificado como um Deus da mitologia;
Soneto 120 - Cá nesta Babilônia? donde mana: oposição entre Babilônia (um
inferno, exilio) e Sião (terra prometida e natal);
Soneto 129 - Na ribeira do Eufrates assentado: mais uma oposição entre Babilônia e
Sião; o eu-lírico desta sentado no rio e lembrando de sua pátria; alguém o incentiva
a fazer poemas sobre as coisas boas e a resposta é: quando estamos com muita
saudade, a única coisa que dá vontade de cantar é a morte;
Soneto 133 - O tempo acaba o ano, o mês e a hora: parece que fala da constante
inconstância da vida, tema recorrente no classicismo, mas, na verdade, tem um plot
twist não esperado: o tempo é foda, ele acaba com tudo, menos com a tristeza
em não estar perto da amada, portanto, ela é ainda mais foda que o tempo;
também diz que ele vai vencer o tempo, pois seu peito é feito de um diamante
muito resistente e é repleto de uma esperança eterna em tê-la;
Soneto 136 - A fermosura desta fresca serra: descreve uma natureza linda, mas diz
que, sem a pessoa amada, nada daquilo tem graça; não necessariamente diz que
ela morreu, então pode ser apenas uma questão de distância;
Soneto 145 - Vencido está de amor meu pensamento: é um acróstico que forma
Vosso como cativo, mui alta senhora. - sou seu, como prisioneiro, muito respeitada
senhora (referência às cantigas de amor do trovadorismo); mesmo com a distancia
de séculos, aproxima-se com a brincadeira que os concretistas brasileiros fazem;
O dia em que eu nasci, moura e pereça: muito maneirismo; deseja que o dia em
que ele nasceu nunca mais se repita, pois nele nasceu a alma mais desventurada; e,
se voltar, que aconteça uma catástrofe;

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