"Assim como uma planta produz flores, assim a psique cria os seus símbolos."
Carl G. Jung
- Lá ao longe - tornou o Besouro -, lá onde surge a primeira estrela da tarde, onde a brisa
descansa suas asas, lá existe a Floresta de Poesia.
Velho Besouro
A FLORESTA - A floresta está associada de modo especial ao inconsciente. Sua simbologia é vasta
na tradição cultural da humanidade. Na fábula procura registrar a primeira forma de
vida, a gênese, uma vez que tudo parte de “As Três sementinhas”, cuja sede por
conhecimento revela que o aprendizado é infinito. É na Floresta que os diferentes
tipos psicológicos aparecem, as faces do herói e da heroína (animus e anima).
O CÍRCULO - Eternidade, perfeição e divindade pois não tem princípio nem fim. A obra começa e
termina no mesmo espaço, completando o ciclo. O Besouro parte da floresta e a ela
retorna. É o elemento sagrado, materializado na “Primeira Folha e última Floresta”,
como destacado no “Especial de Natal”. É a aliança de Deus com Noé.
Terra → Sólido - Dificuldades e lutas, resistência – “Qualquer palavra serena”, parte em prosa.
Água → Líquido – Em diversos momentos da fábula, ora como elemento vivificador, ora causa
destruição e recomeço, como se vê em “A valsa da violeta” e “Desenhos no chão”.
Fogo → Plasma. Pode ser visto na obra como o Sol, que aquece e dá vida, verificar a fábula “As
três sementinhas”. É também o Espírito, a luz, nas demais estrelas, a beleza e sugestão
de infinito. “A estrela da noite”, “Serenata”, “Poema para Elisa”. Símbolo de sublimidade,
a Estrela é última palavra de cada um dos três Cantos de A Divina Comédia, de Dante. E
encerra também a fábula da sementinha.
O número 4 está sempre relacionado à terra. Os percalços e desafios são travados neste
elemento, para se atingir a essência, que é o 3.
O INFINITO E A TRAVESSIA: A obra começa com uma ação, o Besouro deixa seu recanto na
Floresta e, fechando o ciclo, a ela retorna, levando novos
componentes para a grande Travessia. O caminho, percurso
dificultoso é revelado em muitas fábulas, como momento de
aprendizado de “Qualquer palavra serena”, a saída da cova, ato de
coragem realizado pela sementinha, a descoberta de si mesma,
pela Lagartixa Joana... Todos estes personagens passam por uma
travessia e, cada um, à sua maneira, segue em direção à Floresta.
O aprendizado é sempre infinito.
O BEIJA-FLOR (COLIBRI) – Aquele que traz vida, polinizador. Para os astecas, as almas dos
guerreiros que morriam retornavam à terra com a forma de colibris ou
FLORESTA DE POESIA – WAGNER FERNANDES FONSECA
A FADA – Aparece citada somente uma vez, no poema “Floresta de Poesia”, de influência celta,
possui na fábula um valor de pureza, é utilizada somente como licença poética,
como ocorre com o “leão” de “Brincadeira na Floresta”.
A FORMIGA – Força e trabalho árduo. Luta e determinação. Remete aos Mirmidões, guerreiros
de Aquiles na Guerra de Tróia.
O COELHO – Criação, juventude, fertilidade, astúcia e inocência. Fazz parte de muitas crenças,
imaginários, literaturas, mitologias, folclores. Dessa forma, nos contos de fadas o
coelho aparece como a figura do trapaceiro, usando sua astúcia para vencer os
inimigos.
A ÁRVORE – Vida, família, ciência e busca pelo conhecimento. É o logotipo da Floresta de Poesia.
Presente em muitas mitologias, na tradição bíblica sugere conhecimento e
imortalidade. Em muitas culturas adquire o caráter cíclico da natureza: vida, morte e
regeneração. Ela cresce em posição vertical, perde as suas folhas e se regenera por
incontáveis vezes, morrendo e renascendo
FLORESTA DE POESIA – WAGNER FERNANDES FONSECA
SAINDO DA CAVERNA
“- Vi povos distantes, de várias culturas: da Grécia os costumes e a filosofia. Vi a geografia de
cada lugar.”
Velho Besouro.
Platão,
Atenas, 428/427 a. C.
FLORESTA DE POESIA – WAGNER FERNANDES FONSECA
1) Na sua opinião, as pessoas devem ser obrigadas a fazer o que não querem? Por quê?
2) É possível que uma ilusão ou uma mentira também possam trazer benefícios para o
indivíduo? Explique.
4) Existe alguma coisa que você faz (ou um tipo de música que gosta de escutar) mas não
demonstra porque acha que é diferente dos gostos dos colegas da sua idade? Comente.
5) Como é que sabemos o que é bom para os outros? Será que realmente sabemos?
6) Imagine a seguinte situação: ainda criança você foi acorrentado no fundo de uma
caverna, de uma forma que não consegue olhar para os lados e nem para trás, vendo
somente sombras no fundo desta caverna. Como reagiria se alguém falasse que esse seu
mundo é falso e ilusório?
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna
há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa.
Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada,
acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo
sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si
mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados.
Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz
com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da
caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens,
mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches.
Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam
nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um
instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na
direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No
primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados.
Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus
olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se
dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se,
tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão
vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para
jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a
difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se
libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem
silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os
convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a
vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade?
(Os Pensadores)
- Não tem do que me agradecer. A arte, para mim, não é apenas uma imitação da
natureza e, por isso, sem valor, como dizia Platão. Estou com o sábio Aristóteles, que
percebia o valor da arte justamente no fato de imitar a realidade, transformando-a e
criando um mundo próprio, particular e especial. Penso que os poetas são pessoas muito
sensíveis. Praticamente incapazes de fazer mal a alguém. Porém, são os que mais sofrem
com as injustiças que existem no mundo. Não suportam ver tanta violência com a vida e com
a natureza, como guerras, indiferenças, invejas, discriminações e desigualdades sociais.
Criam, em sua poética, um mundo novo: para fugir da realidade hostil ou para enfrentar e
apontar problemas de uma determinada época. São incompreendidos porque seus
pensamentos estão muito mais avançados do que o curto tempo em que vivem.
O artista é “aquele que está três graus afastado da natureza (...), portanto, ‘imitador’”.
Platão, A República.
2) Neste sentido, a música deve refletir sua época histórica e questionar as estruturas
sociais, ser, portanto, engajada. Pra você, como isso pode ser importante para
influenciar opiniões de uma geração?
3) A canção apresentada pelo Vaga-lume não é exemplo de arte engajada, ou seja, não
questiona problemas ou ideologias sociais. No entanto, este aspecto não é questionado
pelo Velho Besouro.
a) Qual seria a natureza da criação artística presente na canção do Vaga-lume? Que temas
influenciaram o personagem de modo que serviram de base para a composição poética?
“Do seu pedacinho de grama, no chão, o grilo observa a jabuticabinha. Como é bela,
assim à luz do luar e de infinitas estrelas.”
(O Grilo Seresteiro)
1) Qual a imagem que o Grilo faz da Carolina? Através de quais palavras (substantivos e
adjetivos) é possível identificar esta visão?
2) Este sentimento parece ser correspondido? Caso sim, a visão que Carolina faz do Grilo é
também idealizada? Explique.
4) Como a opinião da Formiga da cidade, que escuta a fábula, representa uma voz em defesa
do feminismo?
Aliteração e assonância na repetição das consoantes e vogais, para criar efeitos de sentido,
explorando a musicalidade das palavras e relacionando com o contexto.
DO TÍTULO: Violeta/Violação. Pedir para que os alunos pesquisem sobre a origem desta palavra.
Faz-de-conta
“(...) violeta e violação para criar metáfora com o “vento” que vem “forte” e deixa as flores no chão, alusão certa a um
assunto que está na pauta: as catástrofes nucleare. E, oportunamente, termina o musical cantando a esperança
que sempre há guardada no coração dos justos, valendo-se de um verso que espanta o mal na fala do Velho
Besouro: “enfim o tal velho pediu pra que a brisa guardasse o segredo do lado de cá, que o tempo levasse pra
longe os murmúrios (sofrimentos – grifo meu) do lado de lá.”
Edmundo de Carvalho
Falou de guerrilhas,
Combates, canhões,
De armas que ferem
Civilizações (...)
- Devem ser bem felizes os pais cujos filhos vivem em harmonia – Observou a
Formiguinha. – Há famílias tão desunidas que não conseguem realizar nenhuma tarefa em
comum.
LEITURA COMPLEMENTAR
FLORESTA DE POESIA – WAGNER FERNANDES FONSECA
Algumas pessoas lutam a vida inteira para proteger a natureza. Infelizmente são poucas. A maioria dos
homens não consegue viver sem causar algum tipo de morte ao seu redor.
O “inverno nuclear” foi um dos principais fatores que confirmaram a ideia de que a
guerra nuclear não seria, e não poderia ser, vencida por nenhum dos lados. O que
resultaria seria uma catástrofe global:
O vento era frio e feroz. Veio forte. Violando as violetas e deixando as flores
vencidas no chão. (...)
O silêncio adormeceu. Nuvens escuras cobriram o céu anunciando um enorme
temporal. O rio correu ribanceira afora, violento.
Noite.
A chuva caiu. O vento se foi... Varrendo as folhagens com a força de um furacão. O
tempo parou.
A natureza chorava…
A valsa da Violeta
A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue
derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores
momentâneos de uma fração desse ponto. Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um
canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus frequentes conflitos,
em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância
de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo isso é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida.
O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, no
meio de toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve
de nós mesmos. (...)"
Carl Sagan, Pálido Ponto Azul.
Um velho Usinas,
besouro, maldades.
Muito Falou de
experiente, guerrilhas,
Contou Combates,
consciente canhões,
Mil coisas
estranhas De armas que ferem
Do lado de lá. Civilizações,
Os outros, mais Que os homens constroem
jovens, Suas próprias prisões.
Ouviram
atentos, E dizem: “- Progresso,
Por certos Um viva ao futuro!...”
momentos Meu Deus, que tristeza!
Diziam: “ - Que passo no escuro!
Será?!”
E enfim o tal velho
O velho besouro Pediu pra que a brisa
Falou de Guardasse o segredo
cidades, Do lado de cá,
De prédios, de Que o tempo levasse
casas, Pra longe os murmúrios
Do lado de lá.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Para Jung, “Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a
um conhecimento de nós mesmos”. Em sua abordagem, a criança é
total ao nascer. Aceita e convive e demonstra seus desejos. No
entanto, no decorrer da vida, começa a receber influências externas e
se divide entre conceitos como bem e mal, belo e feio. Ela é
influenciada pela sociedade, pela religião e pela família, começando a
negar algumas características consideradas más.
Conta-se que, certa vez, Narciso passeava nos bosques. Perto dali, a
ninfa ECO, que era uma tagarela incorrigível, acompanhava-o, admirando sua
beleza, mas sem deixar que a notasse. Eco, em virtude de sua tagarelice, foi
punida por Hera, esposa de Zeus, para que sempre repetisse os últimos sons
que ouvisse (por isso, na física, chamamos de eco a reverberação do som).
Por sua vez, Narciso, suspeitando de que estava sendo seguido, perguntou:
“quem está aí?”. E ouviu: “Alguém aí?” Então, ele gritou novamente: “Por que
foges de mim?”. E ouviu “foges de mim”. Até dizer “Juntemo-nos aqui” e ter
como resposta “juntemo-nos aqui”. Toda essa repetição acabou deixando
Narciso angustiado por desejar amar algo que não poderia ver.
Dessa forma, Narciso entristeceu-se e foi à beira de um lago, onde, de
modo surpreendente, deparou-se com sua imagem nos reflexos da água.
Como nunca antes havia se olhado (pois sua mãe foi recomendada a não
permitir que isso ocorresse), enamorou-se perdidamente, acreditando ser a
pessoa com quem estava “dialogando”. Por isso, tentou buscar
incessantemente o seu reflexo, imergindo nas águas nesse intento, mas
acabou morrendo afogado. A ninfa Eco sentiu-se culpada e transformou-se
em um rochedo, vivendo a emitir os últimos sons que ouve. Do fundo da lagoa,
surgiu a flor que recebeu o nome de Narciso e tem as suas características.
http://brasilescola.uol.com.br/mitologia/estoria-narciso-eco.htm
COMPARANDO OS TEXTOS
FLORESTA DE POESIA – WAGNER FERNANDES FONSECA
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TEXTO I:
Texto II:
Texto III:
As três Sementinhas
A) Elevada.
B) Medrosa.
C) Curiosa.
D) Paralisada.
E) Encantada.
FLORESTA DE POESIA – WAGNER FERNANDES FONSECA
Estão corretos:
A) 1 e 4.
B) 1, 2 e 4.
C) 2, 3 e 4.
D) 2 e 4.
E) 3 e 4.
Observe os fragmentos:
- CADÊ o riacho?
- O riacho fugiu,
Correu pra floresta
E o homem nem viu.
- Cadê a floresta?
- O homem feriu
O verde da mata
Que um dia sorriu. (...)
A) Agilidade e Tristeza.
B) Força e Brutalidade.
C) Delicadeza e Agressividade
D) Ligeireza e Violação.
E) Destruição e Criação.
(Floresta de Poesia)