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Contextualização

José Fontainhas nasce no concelho do Fundão, na Póvoa da Atalaia, onde foi


criado, no seio da Natureza pela sua mãe. Estudou em Castelo Branco, em Lisboa e em
Coimbra. A sua mãe acompanhou-o sempre até, praticamente, à sua morte. Daí
podemos justificar a enorme ligação do poeta e até uma fixação na figura materna.

Representações do contemporâneo
• Preocupação com o Homem e as suas diferenças;
• Forte presença do “agora”, interessando-lhe o tempo presente ou o futuro;
• Forte presença do “aqui”, marcado pelos quatro elementos*: a água, a terra, o
fogo e o ar;
• Forte presença do mundo rural e da natureza: as árvores, os rios e as flores;
• A paisagem demarcada pelos granitos, pelas oliveiras e pelos campos de trigo é
mitificada.

Tradição literária
• Um poeta fora do tempo: tanto barroco, clássico ou simbolista, como cultivador
de ritmos populares;
• Congrega em si todas as tradições literárias anónimas;
• Poesia de temática lírica amorosa por excelência, na esteira da poesia de tradição
oral e de Camões sobretudo;
• Poesia rica e variada, com um simbolismo enraizado ma tradição literária de
várias culturas, e nas vivências pessoais do escritor beirão (*).
• O poeta não inventa a palavra, mas sim uma nova linguagem, a partir da sua
utilização em contexto poético.

Figurações do poeta
• Um percurso desde a infância à idade adulta: a relação mãe-filho, a descoberta
do corpo, o reforço da ligação entre os elementos (a água e o fogo).
• O poeta projeta, medindo cada traço, o seu retrato, a sua própria imagem, de um
poeta que persegue obstinadamente as palavras difíceis.
Arte poética
• Apurada oficina poética, a busca da sílaba e do tom exatos;
• Valorização da imagem e da expressão metafórica;
• O ato poético é o empenho total do ser para a sua revelação;

Linguagem, estilo e estrutura


• Grande variedade de recursos rítmicos e prosódicos, de soluções rimáticas,
paronímicas ou concetuais;
• Variedade de recursos expressivos;
• A palavra surge como mediadora entre o mundo que o poeta propõe e a nova
recriação por parte do leitor;
• Presença de termos dicotómicos: “silêncio/sentado”, “chover/olhos” e o trio
“carícia/olhos/mãos” – que apresentam novos sentidos para os conceitos quando
conjugados;
• Uso abundante da palavra “palavra” e da palavra “nome”.

Conceito Valor simbólico em Eugénio de Andrade


Água Grandiosidade; juventude; vida; universo do desejo; erotismo
Ave Angelismo; liberdade; inocência; fragilidade; pureza
Flor Fertilidade; “florir” associado à criação poética
Fogo Sensualidade; luz
Fonte Harmonia entre o sonho e a vida
Frutos Amadurecimento; poesia
Luz Corpo; harmonia; esperança
Mãos Comunhão; criação poética
Noite Plenitude
Rosa Mito materno
Terra Fecundidade; ruralidade; aprendizagem da vida
Voar Figuração do encontro amoroso
Ciclo do tempo VS Ciclo do Homem
Madrugada/manhã/tarde/noite
Primavera/verão/outono/inverno
Infância/adolescência/vida adulta/velhice

Poema “Agora as palavras” (página 199 do manual)


• Divisão do poema:
o 1ª parte – No passado
Antes, para o sujeito poético, as palavras eram obedientes, promotoras de
alegria.
o 2ª parte – No presente
Agora, para o sujeito poético, as palavras são rebeldes, ariscas, fugitivas,
indomáveis e não o respeitam, como se estivessem cansadas da sua “mão
rigorosa” (o perfecionismo). Esta “atitude” das palavras contra o sujeito
poético resulta do envelhecimento do poeta e pelo facto de ele já não
conseguir escolher as mais apropriadas, derivado, também, da sua perda
de inspiração.
• Poesia = Vida – Metáfora – O lume associado à vida e a ligação entre a vida e a
poesia.
• Neste poema é possível ver que a arte poética é um trabalho de aperfeiçoamento
da língua e que a criação poética se relaciona com o poeta de uma forma
conflituosa, já que existe uma tensão entre a sua vontade de trabalhar as palavras
e a incapacidade do fazer. Sendo, então, encarada de forma disfórica, nem
sempre algo fácil.

Poema “Tu és esperança, a madrugada” (página 198 do manual)


• O “Tu” está, para o sujeito poético, num pedestal. Sem este “Tu” o poeta não
conseguiria criar as suas obras, não seria nada.
• Simbologia do “beber” – O “beber” como a inspiração que o “Tu” lhe traz.
• Há um evidente desequilíbrio, o “Tu” é superior ao “eu”. Sendo que o “Tu” só
traz coisas boas e positivas ao “eu” sendo, também, a sua musa inspiradora.
• Relação do “Tu” com o “eu”:
o O “Tu” é a esperança, o amor e tem um efeito de otimismo e alegria no
sujeito poético. Daí associar-se à luz perfeita, dourada, à fonte e à
madrugada.
o Sem este “Tu”, o “eu” sentia-se em silêncio.
• O “eu” assume que criou os seus versos para o “Tu”. Versos que considera
imperfeitos e de angústia, ao contrário do caráter luminoso do “Tu”. Nos versos
6 e 9, é demonstrado o contraste entre o aspeto negativo dos versos do “eu” e a
positividade expressa pela luz que emana do “Tu”.

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