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LITERATURA
01 No caso da leitura e da literatura, as metáforas se reve- 04 Espera-se que os alunos comentem sobre a rimas pre-
lam mais significativas, já que se trata de temas que não sentes nos versos do poema, apresentando uma musica-
possuem definições explícitas, ou seja, o sentido pode lidade típica do gênero cordel. Além disso, o texto possui
ser amplo, diversificado e até controverso. Logo, o uso de palavras regionais, marcantes da cultura nordestina. Esse
trabalho cuidadoso com a linguagem caracteriza a função
metáforas e analogias permite a construção de raciocínios
poética do texto.
não taxativos ou limitados, reflexões que afirmam uma
posição, mas que permanecem abertas a outras posições.
ATIVIDADES PROPOSTAS
02 O segundo parágrafo do texto de Virginia Woolf faz o alerta
de que essa liberdade que a leitura oferece pode ser des- 01 A
perdiçada, pode se perder quando não se sabe lidar com No poema metalinguístico de João Cabral de Melo Neto,
tantas opções. Ou seja, a leitura pode deixar de ser atrativa transparece a intenção de associar o fazer poético à arte
face aos apelos do mundo que continua a existir fora das de ressignificar as palavras, atribuindo-lhes novos senti-
páginas. dos. O termo flor, associado a “salto/da ave para o voo” e
a “jarra de flores”, distancia-se do valor denotativo que lhe
03 O “ponto certo” ideal é aquele no qual se pode entender é comumente atribuído.
as influências que são recebidas e, consequentemente,
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com base nas quais é possível se orientar quanto ao que é
Ao comparar escrever com catar feijão, João Cabral de
lido (no sentido de escolha) e como é lido (no sentido da
Melo Neto dessacraliza o fazer poético. O poeta revela
forma como se lê). sua concepção de poesia: voltada para o prosaico, para
o que aparentemente seria apoético, por sair da esfera do
04 Resposta pessoal. elevado, do sublime.
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O poema apresenta um trabalho de linguagem muito espe- Em “Lágrima de preta”, o eu lírico remete ao universo cien-
cífico por utilizar recursos de imagem e de som muito pró- tífico para demonstrar a inexistência de diferenças na com-
prios da função poética: figuras de linguagem e versos que posição química entre a lágrima de uma mulher negra e a
compõem uma estrofe. Inicialmente, percebe-se que as ima- de indivíduos de outras origens étnicas. A referência a não
ter encontrado “sinais de negro, nem vestígios de ódio”
gens, para determinar uma noção de tempo transcorrendo,
expressa, ironicamente, a condenação dele à sociedade
ocorrem por meio das palavras: noite, dia, tarde, amanhecer
em que o racismo e o ódio estabelecem fronteiras entre
e madrugada. O poema é composto de uma estrofe com culturas. Assim, o propósito artístico desse poema é per-
quatro versos (quadra) desprovidos de verbos, predomi- tinente quanto à análise social, ao registrar o racismo e o
nando o uso de adjetivos e substantivos apenas. preconceito na sociedade. Também é correto no aspecto
científico, ao descrever as propriedades químicas de uma
04 D lágrima, já que, como dito, o eu lírico se baseia justamente
A função metalinguística está presente em textos cujo foco nessa verdade da Ciência para defender seu ponto de vista.
é o próprio código, ou seja, o conjunto de signos utilizado
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para transmissão e recepção da mensagem. No poema de
Nuno Júdice, o eu lírico debruça-se sobre a própria obra para Antonio Candido entende que um livro será recebido pelo
leitor conforme o contexto vivido por este, principalmente
tecer considerações sobre o fazer artístico, o que lhe provoca
ao afirmar que o efeito do livro “depende do momento da
conflitos pela conotação que o termo rapariga pode adqui- vida em que o lemos”.
rir em outros países lusófonos: “Escrevo um poema sobre a
rapariga”, “não posso escrever este/ poema sobre essa rapa- 10 C
riga”, “e limitar-me a/ escrever um poema sobre aquele café A imposição dos diversos pontos de vista frisados pelo
onde nenhuma rapariga se/ pode sentar à mesa”. autor indica a arbitrariedade com que o conteúdo da TV
acaba sendo transmitido aos telespectadores. O autor,
05 D inclusive, utiliza essa palavra ao valorar as intervenções
Nesse poema, é possível perceber duas funções da lingua- (“cortes arbitrários”). Já o controle estabelecido pelos
gem predominantes: a função metalinguística, ao destacar intermediadores, como escolha de ângulos, cortes e
closes, segundo ele, tolhe a liberdade do espectador (que
o processo de construção e a finalidade do poema (“acor-
não interpreta livremente a obra, sem escolher aspectos
dar os homens e adormecer as crianças”), ou seja, trata-
principais e secundários, por exemplo) em prol dos pontos
-se de um poema que discute o próprio poema e o fazer de vista selecionados pela transmissão, o que causa a par-
poético; e a função poética, com uma especial seleção e cialidade indicada.
arrumação das palavras, ritmo poético com a maioria dos
versos em sete sílabas poéticas.
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A mensagem da imagem que constitui o primeiro texto
do enunciado explora, humoristicamente, a plurissignifica-
ção da expressão “abrir a cabeça”: no sentido literal, de
golpear com instrumento cortante ou, no sentido cono-
tativo, de proporcionar abertura a novas ideias, não se
prendendo a velhos conceitos. Dessa forma, a leitura de
livros de qualidade, como a obra de Machado de Assis,
seria a melhor opção para a transformação positiva do
indivíduo, o que também é reafirmado no segmento da
carta de Kafka a Oscar Pollak: “Um livro tem que ser como
um machado para quebrar o mar de gelo do bom senso
e do senso comum”. A frase de Gilberto Gil, transcrita na
alternativa C, confirma o mesmo conceito sobre a carac-
terística essencial a uma obra com grande valor literário:
permitir “abrir janelas” e “construir pontes” entre o que já
foi escrito e o que apresenta de novidade ao leitor.