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Nome: ___________________________________________________ Série: _________ Data: ____/_____/_____ N°: __________

Apostila de Literatura: conceitos de literatura, gêneros


literários, períodos e estilos de época. Prof. Carlos Verdasca
Autopsicografia de Fernando Pessoa (poeta português, século XX)

O poeta é um fingidor. E os que leem o que escreve, E assim nas calhas de roda
Finge tão completamente Na dor lida sentem bem, Gira, a entreter, a razão,
Que chega a fingir que é dor Não as duas que ele teve, Esse comboio de corda
A dor que deveras sente. Mas só a que eles não têm. Que se chama coração.

Haicais de Paulo Leminski

a estrela cadente amar é um elo chove no orvalho


me caiu ainda quente entre o azul a chave na porta
na palma da mão e o amarelo como uma flor no galho

Testes para você perceber a qualidade dos textos apresentados acima:

1) Na primeira estrofe do poema de Fernando Pessoa, o eu-lírico afirma, noutras palavras, que
aspecto da obra literária e artística em geral?
a) sua condição de objeto expressivo de uma emoção real;
b) seu aspecto ficcional, isto é, a realidade criada ou recriada da obra literária;
c) seu aspecto científico, marcado pelo uso exato e denotativo das palavras;
d) sua condição de texto moral ou edificante do qual devemos apreender certos princípios;
e) seu carácter de manifesto político, apontando as desigualdades sociais.

2) Se a primeira estrofe do poema de Fernando Pessoa trata do polo da produção poética, a segunda
trata do quê?
a) da recepção;
b) do objeto produzido;
c) do meio de produção;
d) do emissor da mensagem;
e) do contexto da mensagem.

3) Na terceira estrofe do poema de Fernando Pessoa, lê-se como se produz o fazer poético. De
acordo com a estrofe, a produção poética envolveria o quê?
a) instrumentos práticos como calhas de roda e brinquedos como comboios de corda;
b) apenas as calhas da roda que giram pela força das águas da emoção;
c) apenas o trenzinho de corda, cuja mola deve ser preparada pela força da razão;
d) o pensamento referido pela razão e a emoção referida pelo coração;
e) a ação do poeta como produtor e do leitor como receptor da obra.

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4) No primeiro haicai de Paulo Leminski, há uma associação da estrela cadente, que deixa um risco
brilhante no céu e depois se apaga, com algo que cai do próprio eu lírico (“me caiu”). Pensando
nas qualidades associadas, o que seria metaforizado pela estrela cadente?
a) um pedido; b) o olhar; c) uma lágrima; d) o desejo; e) a realização de um sonho.

5) Considerando os dois últimos versos do primeiro haicai de Leminski, é possível afirmar que o
poema tem como tema a própria constituição do quê?
a) do desejo; b) do sonho; c) da lágrima; d) do olhar; e) do destino.

6) Poesia não é só dizer, é fazer acontecer. Assim, quando o eu lírico diz que “amar é um elo”,
teríamos de perceber os elos, as conexões, as relações. Você deve ter percebido que “amor + elo =
amarelo”. Assim, onde estaria o azul?
a) no céu que é azul, pois amarelo pode remeter ao sol que está no céu;
b) na bandeira brasileira em que temos, além do amarelo, o verde também;
c) “entre o azul e o amarelo”, na escala cromática, está o verde, composto de amarelo e azul;
d) no “mar” de amar, já que o mar é representado, geralmente, azul, sendo “amar” um “palavra
valise”, isto é, uma palavra em que podemos ver outras dentro;
e) não está em lugar nenhum, até porque as palavras amarelo e azul não têm cor, apenas
mencionam cores.

7) Amar, como sugere o segundo haicai de Leminski transcrito acima, tem que dimensões criativas?
a) pessoais e românticas; b) nacionais e patrióticas; c) biológicas e evolucionistas;
d) religiosas e espirituais; c) universais e cosmológicas.

8) Pense no segundo verso do terceiro haicai de Leminski: “a chave na porta” – alguém entra ou sai.
Associe isso ao terceiro verso: “como uma flor no galho” – a flor ficará sempre no galho? Feitas
as aproximações, parece que o poema trata de que tema?
a) de um reencontro; b) de uma despedida; c) da chegada de alguém querido;
d) da morte de alguém querido; e) de estações do ano.

9) O primeiro verso “chove no orvalho” parece reiterar certa ideia pela intensidade da imagem da
água da chuva caindo sobre o orvalho, gotículas de água condensada. Que ideia é sugerida
a) de que algo se faz; b) de que algo acabou; c) de que algo se desfaz;
d) de que algo começou; e) de que algo recomeçou.

10) Em todos os textos que você leu, de Fernando Pessoa e Paulo Leminski, o que parece ser evidente
sobre o trabalho poético?
a) que ele é resultado da emoção, da emotividade do poeta;
b) que ele é decorrência do assunto sensível do poema;
c) que ele é resultado do trabalho sensível com a linguagem;
d) que ele é uma impressão resultante da interpretação competente do leitor;
e) que ele é resultado de um convenção social que determina o que é considerado poético ou não.

11) Qual foi o poema do qual mais gostou?


a) O poema de Fernando Pessoa;
b) O haicai sobre a estrela cadente do Leminski;
c) O haicai “amar é um elo” de Paulo Leminski;
d) O haicai sobre o molho de chaves na porta como flores pendentes de um galho de Leminski.
e) Nenhum deles me agradou.
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O texto literário

O texto literário não é um texto comum, isto é, cujo objetivo seja única e exclusivamente informar. Assim, ele
tem características que o diferenciam dos outros textos usados para a comunicação. Essas características formam a
“LITERARIEDADE”.

a) FICCIONALIDADE: o texto literário simula a realidade, mas não é o real. Por isso, chamamos
romances, contos, novelas de ficção (com Verossimilhança externa e interna).

b) FUNÇÃO ESTÉTICA: o artista escritor ou poeta usa a língua de uma maneira especial, incomum,
tentando fundir forma e conteúdo para alcançar um efeito artístico, isto é, estético. Também chamada
de Função Poética – desautomatização do código em favor da mensagem sensível, sugestiva e
criativa.

c) INTENCIONALIDADE ESTÉTICA: todo artista tem, consciente ou inconscientemente, valores,


ideias, percepções da realidade, visões de mundo, ideologias sobre as coisas, o mundo e o que é o
“belo”. Isto é, uma cosmovisão.

d) PLURISSIGNIFICAÇÃO (POLISSEMIA): as palavras têm múltiplos e diferentes significados no


texto literário.

e) SUBJETIVIDADE: a literatura serve à expressão do mundo pessoal e particular do autor, sua visão
de mundo carregada de impressões, emoções, sentimentos e experiências subjetivas, ideologias
(COSMOVISÃO).

f) INTERTEXTUALIDADE: um texto pode citar ou se referir a um outro, mesmo não verbal, traçando
relações críticas ou de referência paródicas com a cultura anterior ou ao redor.

Assim, o texto literário é aquele que escapa da função utilitária da língua para criar um objeto estético de
plurissignificação, até intertextual, através da ficção e intenção estética do autor e da sua subjetividade.
Veja um exemplo desse trabalho com a linguagem no haicai (poema de três versos de origem nipônica) do livro “2 em 1”:

verão
meus olhos veem
não verão
Alice Ruiz S.
Exercícios
1) Há lacunas na nota de análise do poema de Alice Ruiz. Preencha-as com uma das palavras a
seguir, que não se repetem: leitores – olhos – verbo – terceira – substantivo – plural – pessoa
- vívida – tempo – abertos.

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Nota 1:
*Veja que “verão” é um substantivo, a estação do ano caracterizada por ser quente, ter luz
abundante, propícia a maior mobilidade, enfim, por ser mais alegre, vívida.

* Mas “verão” é também o verbo “ver” no Futuro do Presente do Indicativo na terceira pessoa do
plural (eles, elas, vocês... verão.)

* Além disso, “veem” é o verbo “ver” no Presente do Indicativo na terceira pessoa do plural.

*Portanto, temos dois tempos: um presente, em que meus olhos veem. Inclusive, é possível ver
mesmo esses olhos! Como? Percebem os dois olhos abertos representados pelas letras “ós” no meio do
segundo verso, bem no meio do poema, como se o texto fosse um rosto olhando para nós, os leitores?
Temos também outro tempo, futuro, em que meus olhos “não verão”.

* Há uma sugestão aqui. Pense: bem, se meus olhos veem porque estão abertos, eles não verão
quando estiverem fechados. Quando meus olhos estarão, enfim, fechados?

2) Há lacunas nesta outra nota de análise do poema de Alice Ruiz. Preencha-as com uma das
palavras a seguir, que não se repetem: agimos – menos - recolhimento – fechados - verão -
frio – segundo - luz – alegre – sentido.

Nota 2:

*A expressão “não verão” pode ter dois sentidos. O primeiro sentido é de “não ver” mais no
futuro, o segundo é de inverno, tempo de não verão, mais frio, mais escuro, menos alegre, de maior
recolhimento, enfim, menos vívido.

*Assim, há um tempo de verão, de olhos abertos, vívidos, em que vemos porque há luz, é quente
porque estamos vivos, movimentamo-nos, agimos em plenitude; mas há, ou haverá, outro tempo, em que
“meus olhos não verão” porque estarão fechados, tempo de inverno, com menos luz, mais frio, em que
nos movimentaremos menos ou nem nos movimentaremos, em que nos recolheremos.

3) Entendem as dimensões polissêmicas do poema? (Assinale a correta)


a) Não é possível entender o poema, pois suas dimensões de significados só podem ser
descobertas se perguntarmos ao autor o que ele quis dizer com isso.
b) É possível sim entender pelo menos algumas das dimensões de significação do poema se
ficarmos atentos e sensíveis às relações possíveis entre as palavras, inclusive tomando especial
atenção para a plurissignificação de um ou mais termos dentro do poema.
c) Toda a poesia implica uma técnica poética que só quem conhece consegue usá-la para
interpretar os sentidos do poema. Assim, só quem fez algum estudo de literatura é que pode compreender
um poema como esse.
d) Olha, não interessa nada alguém entender o que o poeta quis dizer, até porque só ele sabe
mesmo o que quis realmente dizer e é inútil tentar algum conhecimento sobre as razões subjetivas de
alguém, razões essas que não interessam a ninguém além de ele mesmo.
e) O texto poético é um texto sagrado. Aqueles que têm poderes ou dons especiais para perceber
as múltiplas possibilidades de interpretação das várias dimensões do universo e do poema são os
abençoados com a experiência estético-mística do poema.

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4) Leia o texto abaixo em que, através da análise feita do haicai de Alice Ruiz S., chegamos a
conclusões mais gerais sobre o fazer poético e a linguagem da poesia, enfim, a arte poética. Depois
escreva entre os parênteses “F” de FALSO ou “V” de VERDADEIRO , julgando assim as
proposições.

“Concluindo: através do exposto nas notas (dicas) de leitura, vocês percebem o que
é o trabalho especial com a linguagem, a desautomatização do código em favor da
mensagem sensível, sugestiva, criativa, bela, que chamamos de FUNÇÃO POÉTICA OU
ESTÉTICA?
Pensem na estrutura do poema, em que o primeiro verso é um polo e o último
outro... Pensem na oposição entre eles pelo que sugerem as estações... Pensem na ideia de
ciclo, de que há momento de abrir os olhos, viver o verão, a vida, mas também haverá o
tempo de fechar os olhos, no inverno da vida, tempo de recolhimento e, inclusive, de
morte como fazendo parte desse ciclo de todas as coisas... VEJAM QUANTAS
“EXPERIÊNCIAS” DE SIGNIFICAÇÃO O POEMA NOS POSSIBILITA...!
A arte não diz, ela faz acontecer. O poema tem, no seu corpo (sígnico), o
movimento, a vida, ou uma simulação sensível dela. Não é o que se diz, mas o como se diz.
“Poiésis” é o termo grego original para “poesia” em português, e significa “ato de
fazer”, de agir, ou melhor: “Poiesis é um substantivo que se forma do verbo grego
‘poiein’”. Este assinala, no grego, a ação de fazer diversificada, mas, sobretudo, a
questão da essência do agir. Nesse sentido, está ligada à poiésis, como hoje consideramos
o ato de criação.

a.( V ) Usamos a língua automaticamente, para nos comunicar. Mas é possível usar a língua de
forma mais expressiva, desautomatizadamente, isto é, além de sua função utilitária.
b.( F ) A estrutura de obra de arte envolve unicamente o seu tema, isto é, a sua temática e sua
cosmovisão, isto é, a visão do mundo que expressa. Por isso, que arte e filosofia estão ligados.
c.( V ) O trabalho com a linguagem torna a experiência estética uma experiência que não diz
exatamente, mas possibilita que vivamos ou experimentemos uma situação que possa nos trazer ideias.
sensações, emoções, pensamentos, percepções através do contato real com as qualidade significantes da
palavra ou outro signo não verbal usado como expressão artística.
d.( F ) Uma palavra tem som, tem forma gráfica, tem sentidos próximos, usuais, ou outros
sentidos mais distantes, menos óbvios. Um poeta é aquele que não preza essas qualidades do significante
verbal.
e.( F ) Conclui-se que poesia é algo que não é passível de análise, cujas qualidades só são
percebidas por alguém sensivelmente dotado. Como aquelas pessoas de audição privilegiada que são
sensíveis à música sem precisar estuda-la.

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Gêneros literários

Há tipos de texto literário diferentes. Chamamos a esses tipos


de gêneros literários. Gênero é a maneira pela qual os conteúdos
literários organizam-se em uma forma, por apresentarem
características estruturais semelhantes. Há três tipos de gênero
literários:

a) O gênero lírico: é a expressão do mundo interior do autor,


apresentando as emoções e os estados de espírito de um ser.
Pode ser escrito em versos ou em prosa. Geralmente,
chamamos de gênero lírico poemas que não contam uma
história, mas expressam o ponto de vista de um ser sobre o
mundo ou sobre si mesmo.

b)O gênero dramático: são textos feitos em prosa ou versos


para serem representados, isto é, para serem colocados em
ação no palco por atores. Nesse sentido, a maior parte de um
texto dramático são as falas entre os personagens. Uma peça
de teatro pode ser uma tragédia ou uma comédia, mas
modernamente essa divisão não é rígida.

c) O gênero épico: é aquele em que se conta uma história, com


personagens, ações, enredo que transcorre num determinado
tempo e espaço. Quando é em versos temos a epopeia
clássica, que narra poeticamente os feitos grandiosos de
heróis e povos. Quando é escrita em prosa, chama-se gênero

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narrativo e pode ser um romance, uma novela, um conto ou
uma fábula.

Para entendermos bem a forma como o texto literário representa a


realidade objetiva ou subjetiva do autor, temos de perceber em que gênero
literário a obra se enquadra. Modernamente, no entanto, muitos autores
misturam os gêneros, criando obras híbridas, isto é, em que as formas de
representação lírica, dramática e narrativa se fundem.

Prosa e poesia

Quando dizemos que um texto está em prosa é que ele se organiza como
um texto que tem parágrafos e em que o narrador conta fatos e descreve
personagens, objetos e paisagens. Já o texto em poesia é, normalmente, um
texto escrito em versos, com ritmo regular (mesmo número de sílabas em
cada verso) ou irregular (número diferente de sílabas em cada verso), às
vezes com rima, e cujo conjunto de versos forma a estrofe.

Estilos de época e períodos literários

Quando um artista da palavra, um escritor ou poeta, escreve, ele, de alguma


forma, reflete tendências do pensamento do momento em que escreve ou as
condições históricas, culturais e sociais de sua produção literária. Assim, às
vezes, percebemos que num dado momento histórico, escritores e poetas,
isto é, os literatas escrevem com certas características em comum. A esse
conjunto de características formais e temáticas damos o nome de estilo de
época e ao período em que ocorre de período literário ou escola literário.
É claro que os escritores e poetas de um certo estilo de época não escrevem
todos do mesmo jeito pois, além do período literário a que pertencem, existe
também o estilo individual de cada um. Além disso, há literatos tão
criativos que se afastam de qualquer comparação com outros artistas da sua
época.

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Períodos Literários da Literatura em Língua Portuguesa

Os documentos mais antigos escritos na língua que veria a se


consolidar mais tarde como a língua portuguesa que conhecemos
hoje são do século XII, isto é, surgiram durante os últimos séculos
da Idade Média. Assim, na península Ibérica, na Europa medieval,
por esse período, forma-se o reino de Portugal, de onde vem toda a
língua usada hoje por centenas de milhões de pessoas nos cinco
continentes.
As obras literárias produzidas em língua portuguesa acompanham
assim o momento histórico em que se manifestaram. No final da
idade média, do século XII ao XIV, temos o Trovadorismo; no
século XV, período de transição entre a idade média e a idade
moderna, temos o Humanismo; no século XVI, o Classicismo; tudo
isso em Portugal.
No Brasil, os primeiros escritos em língua portuguesa não são
de nativos, já que os indígenas brasileiros, como é óbvio, não tinham
uma literatura escrita em língua portuguesa, a língua do colonizador
europeu. Assim, do século XVI no Brasil temos o chamado
Quinhentismo Brasileiro, marcado pela literatura de viagens e de
relato dos colonizadores e pela literatura de catequese dos jesuítas.
A partir do século XVII, a literatura de Portugal e do Brasil
têm, mais ou menos, as mesmas escolas literárias: no século XVII, o
Barroco; no século XVIII, o Arcadismo ou Neoclassicismo; da
metade do século XVIII para a primeira metade do século XIX,
temos o Romantismo, o Realismo/Naturalismo, o Parnasianismo
no Brasil e, no final do século XIX para o XX, o Simbolismo. No
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Brasil, nos primeiros vinte anos do século XX, temos o Pré-
Modernismo e depois o Modernismo enquanto em Portugal, por
estar mais próximo das tendências estéticas das vanguardas artísticas
europeias, temos desde o início do XX o Modernismo. Alguns
teóricos e críticos literários, estudiosos e pensadores da literatura,
também identificam o Pós-Modernismo a partir da Segunda metade
do século XX.
Resumidamente, então, os períodos literários da literatura em
língua portuguesa são: Trovadorismo, Humanismo, Classicismo,
Quinhentismo no Brasil, Barroco, Arcadismo, Romantismo,
Realismo/Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo e
Modernismo.
Lembremo-nos que os marcos iniciais e finais de cada
movimento literário não devem ser entendidos de forma absoluta.
Ou seja, um período literário surge, cresce e tem seu auge quando
outro já começa a surgir para suplantar o primeiro. As datas que são
marcos de início e fim de cada período são apenas indicativas do
estilo literário que pode permanecer ainda, como tendência nas artes,
não de forma absoluta, durante outros períodos literários posteriores.
Exemplo disso é o Romantismo que é uma tendência ainda vigente
em muita produção artística contemporânea.
TROVADORISMO PORTUGUÊS (1189/98 a 1434)

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Panorama Histórico: Sociedade medieval é constituída de três “classes” de
difícil mobilidade entre si: o clero, cuja função era pregar os valores religiosos e salvar a
alma dos homens, pois era a classe formada pelos sacerdotes da Igreja Católica que
fundamentavam a ideologia TEOCÊNTRICA, em que DEUS é o centro de todas as
explicações sobre o mundo; a nobreza era a classe dos aristocratas e guerreiros,
“proprietários” da terra, isto é, dos feudos e cuja função era proteger tais feudos, contra
inimigos, principalmente árabes muçulmanos, além de servirem a um suserano, um senhor
feudal, como vassalo em troca de fidelidade e apoio; a plebe era a classe dos trabalhadores
que eram principalmente agricultores, ou seja, camponeses. Na Baixa Idade Média, isto é,
entre os séculos XII e XV, a melhora das técnicas agrícolas possibilitam excedentes que
podem ser comercializados nas aldeias maiores que começam a se transformar em cidades.
Nesses burgos, começa a se desenvolver novas classes de artífices que não são mais
camponeses, mas produzem bens necessários à sociedade comercial emergente.
As principais produções literárias do período: Através dos cancioneiros, isto é,
coletâneas de poemas com participação de diversos autores, é que sabemos que as cantigas
eram a principal produção literária do período, criadas por trovadores, ou seja, alguém que
fazia trovas, versos com rimas.
As cantigas eram de dois tipos: as lírico-amorosas e as lírico-satíricas. Cada um
desses tipos se dividiam em dois outros subtipos: cantigas de amor e de amigo, cantigas de
escárnio e maldizer, cada uma delas com suas com características específicas:

Cantigas de amor Cantigas de amigo


*Eu-lírico masculino, isto é, o sentimento expresso *Eu-lírico feminino, pois quem se expressa é mulher;
é do ponto de vista de um homem;

*Motivo literário principal: a coita amorosa, isto é, *Motivo literário principal: o lamento da jovem
o sofrimento amoroso do homem que é de uma si- camponesa cujo namorado partiu, expressando um
situação e posição social inferior a uma senhora da amor mais concreto, pois eles já estiveram
nobreza, idealizada, a quem o poeta destina um amor juntos no passado;
cortês, servil, como a de um vassalo a seu rei;

*A ambientação da cantiga é aristocrática das cortes, *A ambientação é rural ou nas aldeias, no momento
dos palácios da nobreza; das romarias, dos bailes ou apresentam ambiente marítimo;

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*Nas cantigas de amor há o predomínio das ideias, *Nas cantigas de amigo há muita musicalidade nos
sem paralelismos formais entre os versos e sua origem versos que têm uma forma muito parecida entre si,
é provençal, região do sul da França. isto é, há paralelismo formal. Sua origem é mais
ligada à tradição oral ibérica (região da Espanha e Portugal).

Exemplo de Cantiga de Amor de João Garcia de Guilhade (Atenção: a linguagem da versão original era o galego-
português, uma fase que precede o português moderno)

Estes meus olhos nunca perderán, E nunca já poderei haver ben


senhor, gran coita, mentr’ eu vivo for. pois amor ja non quer, nen quer Deus.
E direi-vos, fremosa mia senhor, Mais os cativos d’estes olhos meus
d’estos meus olhos a coita que han. morrerán sempre por veer alguen:
Choran e cegam quand’ alguen non veen, choran e cegan quand’alguen non veen,
e ora cegan por alguen que veen. e ora cegan por alguen que veen.

Guisado têem de nunca perder coita: sofrimento


meus olhos coita e meu coraçom. Mentr’: enquanto
E estas coitas, senhor, miãs son; Guisado: conveniente, justo
mais los meus olhos, per alguem veer, Cativos: escravos
choran e cegan quand’ alguen non veen,
e ora cegan por alguen que veen.

Além das cantigas líricas, as cantigas satíricas medievais eram de escárnio ou de


maldizer. As cantigas de escárnio são aquelas em que o trovador critica sem
individualizar a pessoa criticada, servindo-se da ironia para a crítica. Seu ambiente é a
praça. Já as cantigas de maldizer, pelo contrário, individualizam uma pessoa, valendo-se de
uma linguagem de baixo calão. Seu ambiente é o da taverna.
Não nos esqueçamos que havia narrativas em versos chamadas novelas de
cavalaria, em que temos cavaleiros medievais lutando pela cristandade e seguindo um
código de honra e moral cristã. Um exemplo é “A demanda do Santo Graal”, ligado às
lendas do ciclo arturiano ou bretão, tratando das aventuras dos cavaleiros da Távola
Redonda.

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HUMANISMO PORTUGUÊS (1434 a 1527)

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O humanismo corresponde a uma etapa de transição entre os valores do mundo medieval e
aqueles do mundo moderno, após o Renascimento. A invenção da imprensa por Gutemberg em 1440, que
possibilitou um grande intercâmbio cultural, o implemento das grandes navegações pela Dinastia de Avis
em Portugal, a expansão do comércio e o surgimento da burguesia nos centros urbanos que crescem, tudo
isso indica um mundo que convive com os valores teocêntricos, mas também com aqueles ligado ao
mundo humano, terreno, em que “o homem é a medida da coisas”.
As manifestações literárias e não literárias do período são:
*A historiografia de Fernão Lopes, nomeado em 1418 para Guarda-mor da Torre do Tombo,
revela uma visão mais panorâmica da história de Portugal. Como cronista-mor de Portugal, buscou a
verdade histórica através de pesquisa cuidadosa, confronto de versões, num estilo elegante nas narrações e
descrições em que o povo também é agente das transformações sociais, afastando-se do Regiocentrismo
de cronistas medievais.
*A poesia palaciana é uma produção poética em versos que floresceu nessa época, afastando-se
da música, buscando um ritmo próprio, contido na própria linguagem. O “Cancioneiro Geral” de Garcia
de Resende é uma coletânea dessa produção.
*O teatro popular de Gil Vicente é a expressão literária da dramaturgia portuguesa na sua origem,
pois antes de Gil Vicente o texto dramático praticamente não existia em Portugal. Suas obras têm um texto
sugestivo, cujos trocadilhos e outros efeitos de linguagem constroem situações embaraçosas passíveis do
riso fácil. Sua crítica social e retrato das camadas sociais portuguesas, através de personagens alegóricas,
são aspectos modernos. A forma da dramaturgia é, no entanto, medieval, utilizando a redondilha nas falas
das personagens, compondo autos (motivos mais cristãos) e farsas (temas mais mundanos), e atendo-se a
uma moral cristã.

Vamos realizar alguns exercícios agora, como se você estivesse numa avaliação.
Responda as questões dissertativas de forma completa no verso das folhas (Vamos poupar papel! As árvores
agradecem! TROVADORISMO (1189-1418) e HUMANISMO (1418-1527) PORTUGUÊS – (Prof. Carlos Verdasca
elaborou.)

l) Como a estrutura social do feudalismo se reflete na lírica das cantigas trovadorescas?

A estrutura social do feudalismo se reflete na lírica das cantigas trovadorescas


por apresentar a concepção da vassalagem amorosa, em que o eu lírico expressa seu
amor por uma mulher em posição superior na corte, como se aquele fosse o vassalo
desta.
Outra resposta:

A relação estrutural do feudalismo, entre os nobres, é de suserania


e vassalagem, de forma horizontal. Os Suseranos defendiam os vassalos
e vice-versa, ou seja, há um pacto de fidelidade entre eles, uma vez que
os mesmos eram da nobreza, sendo pessoas poderosas e cavaleiros.
Já que os cavaleiros estavam em um feudo,
eles tinham a obrigação de defender esse feudo de invasões. Fora essa
função e de administrá-lo, exercitavam-se nas armas e viviam a vida das
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cortes, alguns liam e escreviam cantigas para as belas damas com as
quais lidavam na corte.
Nas cantigas de amor, temos um eu lírico masculino, que vive na
corte, e dedica duas trovas a uma dama a quem “serve” cortesmente.
Assim, o amor cortês e a coita d’amor revelam uma “vassalagem
amorosa”, daquele que serve a alguém superior e a quem deve essa
servidão. Assim que aquela estrutura social se “plasma” nas cantigas
lírico amorosas.

2) Leia a cantiga de Don Dinis, que já está traduzida para o português moderno, e responda:

“Quan / to/ me / cus/ ta,/ se / nho - ra, Desde o momento, senhora, Devíeis ter dó, senhora,
Ta / ma / nha / dor / su/ por/ tar, em que vos ouvi falar, do meu profundo pesar,
quando me ponho a lembrar não tive senão pesar; de minha mágoa sem par,
o que penei desde a hora cada dia a cada hora porque já sabeis agora
em que, formosa, vos vi: mais tristezas conheci: o que muito padeci:
e todo este mal sofri e todo este mal sofri e todo este mal sofri
só por vos amar, senhora. Só por vos amar, senhora. por vos amar, senhora.”

A) A cantiga transcrita é de que tipo?

A cantiga “Quanto me custa, senhora,” de Don Dinis, é uma cantiga lírico-amorosa,


pois tematiza um relacionamento amoroso. No caso, é uma cantiga de amor, diferente
de outra cantiga lírico-amorosa, que é a cantiga de amigo.

B) Cite três aspectos do texto que justifiquem a sua resposta anterior.

Essa cantiga de Don Dinis é de amor, pois o eu lírico é masculino como


se percebe pelo vocativo “senhora”, isto é, o eu lírico é um homem que
revela seu sofrer de amor pela senhora. Outro aspecto é a “coita d’amor”, a
expressão do amor como um sofrimento, daquele que não espera a realização
desse relacionamento, mas que é fiel a ele. Essa fidelidade é, enfim, o último
aspecto: “vassalagem amorosa”, a servidão do cavaleiro à senhora de
posição na nobreza ou na consideração social geral superior a do eu lírico.

C) Nessa cantiga, o amor é associado a um outro sentimento, como, inclusive,


os ultrarromânticos do século XIX farão mais tarde. Que sentimento é esse?
Como os trovadores o chamavam?

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O sentimento de amor das cantigas trovadorescas de
amor é associado a de um sofrer, portanto, amar é sofrer, ou
melhor, o amor só se revela enquanto sofrimento, este é a
manifestação daquele. É a coita d’amor.
Os ultrarromânticos do século XIX também vão
associar o amor ao sofrimento, considerando que a
subjetividade do que sentem não tem a possibilidade de
realização plena na vida.

d) Quanto à métrica dos versos, o autor utilizou nessa cantiga algum número regular em todos os versos? Que
número? Como são chamados os versos com esse número de sílabas poéticas? Escanda dois versos em
sequência a prove.

“E / to / do es / te / mal / so / fri
Só / por / vos / a / mar / se / nho – ra”

O refrão, como todos os outros versos da cantiga, tem sete pés, ou seja,
sete sílabas poéticas. Portanto, são heptassílabos ou redondilhas maiores.

3) Por que a nomeação de Fernão Lopes para Guarda-mor da Torre do Tombo é o marco inicial do Humanismo Português?

A nomeação de Fernão Lopes para Guarda – mor da Torre do Tombo é o marco


inicial do humanismo português porque ele apresentava cuidado em basear sua
historiografia em dados documentais, pesquisas cuidadosas e estilo elegante, além de
revelar uma visão mais panorâmica da história de Portugal e fugir do regiocentrismo.
Guarda-mor da Torre do Tombo é o nome do cargo de cronista oficial da coroa
portuguesa, isto é, é aquele responsável pelos arquivos oficiais do reino de Portugal.
Assim, é um marco inicial de um novo momento cultural em Portugal.

Outra resposta:

A nomeação de Fernão Lopes para o cargo de historiógrafo oficial do


reino de Portugal em 1434 foi o marco do período humanista, porque
Fernão iniciou a busca pela verdade histórica num estilo, inclusive, elegante
nas narrações e descrições, mas em que o povo também é agente de
transformação. Ou seja, sua crônica não é regiocêntrica. Além disso, ele

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confrontava versões. Isso é uma marca deste período histórico e literário,
com uma visão de mundo mais antropocêntrica, isto é, em que a razão
humana está na base da explicação das coisas.

4) Leia o trecho a seguir de uma peça de Gil Vicente, “Auto de Mofina Mendes”, e responda as questões a seguir:

“Vou-me à feira de Trancoso E estes ovos chocarão; E o dia que for casada
Logo, nome de Jesu, Cada ovo dará um pato, Sahirei ataviada
E farei dinheiro grosso E cada pato um tostão, Com hum brial d’escarlata
Do que este azeite render Que passará de um milhão E diante o desposado
Comprarei ovos de pata, E meio, a vender barato. Que me estará namorando:
Que he a cousa mais barata Casarei rica e honrada Virei de dentro bailando
Qu’eu de lá posso trazer. Por estes ovos de pata, Assi dest’arte bailado
Esta cantiga cantando.”

a) Como você entendeu a referência a Jesus relacionada com o dinheiro grosso? Trata-se de uma ironia do autor?

Eu entendi a referência a Jesus relacionada com o dinheiro grosso como uma ironia
devido ao fato de que Jesus na Bíblia aponta muitas adversidades à salvação da alma,
causadas pelas riquezas. Assim, ao relacionar Jesus ao "dinheiro grosso", em outras palavras,
uma grande quantidade de riqueza, ela nega o que é dito por Cristo, que privilegia a virtude e o
sacramento ao mundo mundano.

Outra resposta:

No trecho do “Auto de Mofina Mendes”, pode ser considerada como uma ironia do autor a
referência de Jesus ao dinheiro grosso. Isso acontece porque, na época de criação da peça de Gil
Vicente, o mundo havia acabado de sair da Idade Média, um período controlado pela igreja católica.
Portanto, em oposição a esses princípios, estava surgindo a burguesia, que aspirava ao dinheiro e,
para isso, violava alguns dos valores da igreja cristã ou os "valores de Jesus". Logo, a referência à
figura sagrada associada a algo profano é irônica.

Mais outra resposta:

Quando, no auto de Gil Vicente, Mofina Mendes faz referência a Jesus como “avalista” do seu
plano em ganhar dinheiro, vemos uma ironia do autor, porque a personagem Mofina viveu a vida
buscando a satisfação apenas em elementos materiais, o que a qualifica como um exemplo a não
ser seguido, pois confunde o casamento, que é um sacramento da Igreja Católica, com um
negócio de ascensão social. Ela, definitivamente, não tem como pertencer ao espaço “no céu”, ou
seja, ser abençoada por sua fé, já que na peça ela é vista como alguém que se afasta da busca
espiritual da salvação pela salvação terrena e material.

b) Segundo o texto, qual é a melhor base para um casamento sólido? Vai aí alguma crítica do autor?

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A melhor base para um casamento sólido, de acordo com o poema, seria ter posses e
riquezas, a fim da pessoa casar-se com “honra”. Porém, simultaneamente, o autor coloca a condição
de busca incessante por dinheiro do eu-lírico, que continuará cantando a cantiga sobre riquezas, que
supostamente seriam responsáveis por um bom casamento, mesmo após o matrimônio. Isso indica o
caráter ganancioso dos indivíduos e a falácia, do ponto de vista cristão, a respeito de que bens
materiais são uma base concreta para o “casório”.

Resposta alternativa:

Na peça, Mofina é retratada como uma mulher mundana ao desejar transformar-se e ir em


busca da fortuna, através do casamento e dos bens. Assim, prende-se só ao material, e não
atinge o ideal daquela época que a levaria ao céu; não tinha um comportamento cristão
apropriado. Enfim, a base de um casamento sólido, para um cristão, é a fé em Deus. Para Mofina,
é uma base financeira.

c) Com elementos do texto, cite dois aspectos antropocêntricos da obra de Gil Vicente.

Entre os aspectos antropocêntricos das obras de Gil Vicente, podemos citar a crítica aos
valores morais da sociedade, através da análise de ações de indivíduos de todos estamentos
existentes à época, como visto em o “Auto da Barca do Inferno”.
Vemos, no texto em questão, as contradições que as pessoas se colocam quando estão
em uma busca desenfreada por dinheiro e, ao mesmo tempo, buscando a bênção divina ou o
status social que o casamento cristão estabelece, o que vimos em “Auto de Mofina
Mendes”. Assim, há a critica do comportamento social e retrato dos novos valores surgindo na
sociedade quatrocentista e quinhentista.

O autor Gil Vicente protagoniza um novo ser humano, nesse caso a Mofina, pois ele
compreendeu que a sociedade lentamente levava o homem a se apegar aos bens materiais,
esquecendo de certos valores como a virtude e a moral cristã. Nesse caso, o retrato da realidade
social em transformação fica aqui evidente como aspecto antropocêntrico.
Além disso, Gil Vicente também entende que os erros das personagens são apenas erros
humanos, e por isso podemos aprender com eles, nos tornando seres humanos cada vez
melhores. Esse é o seu aspecto crítico, embora de fundo cristão.

CLASSICISMO PORTUGUÊS (1527 a 1580)

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O Renascimento é um movimento cultural que valoriza e resgata elementos
artísticos da cultura clássica (greco-romana). O Classicismo é a literatura do
Renascimento. Nas artes plásticas, teatro e literatura, o classicismo ocorreu no
período do (séculos XIV ao XVI). Já na música, ele apareceu na metade do século
XVIII (Neoclassicismo).

Características do Classicismo:
- Valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas
Grécia e Roma;
- Influência do pensamento humanista;
- Antropocentrismo: o homem como o centro do Universo;
- Críticas às explicações e à visão de mundo pautada pela religião;
- Racionalismo: valorização das explicações baseadas na ciência;
- Busca do equilíbrio, rigor e pureza formal;
- Universalismo: abordagem de temas universais como, por exemplo, os
sentimentos humanos.

Principais representantes do Classicismo dos séculos XIV ao XVI:


Na literatura, destacou-se o escritor português Camões, autor da grandiosa
obra Os Lusíadas. Podemos também destacar os escritores: Dante Alighieri, Petrarca
e Boccacio.
Nas artes plásticas, podemos destacar: Leonardo da Vinci,
Michelangelo, Rafael Sanzio, Andrea Mantegna, Claudio de Lorena entre
outros.
A Poesia Épica de Camões

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Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a
história de Portugal, intenção explicitada no título do poema: “Os lusíadas.”
O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da
Gama às Índias. A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André
de Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso (filho
ou companheiro do deus Baco).

A Estrutura: “Os lusíadas” apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-


rima (esquema ABABABCC), organizadas em dez cantos.

Divisão dos Cantos - 1ª parte:

Introdução: Estende-se pelas 18 estrofes do Canto I e subdivide-se em:

I) Proposição: é a apresentação do poema, com a identificação do tema


e do herói (constituem as três primeiras estrofes do canto).
II) Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a
elas inspiração para fazer o poema.

III) Dedicatória: o poeta dedica o poema a D. Sebastião, rei de


Portugal.

2ª parte:

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IV) Na Narração (da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 1044 do
Canto X), o poeta relata a viagem propriamente dita dos portugueses ao
Oriente.

3ª parte:
Epílogo

V) É a conclusão do poema (estrofes 1045 a 1102 do Canto X), em


que o poeta pede às musas que o inspiraram que calem a voz de
sua lira, pois está desiludido com uma pátria que já não merece as
glórias do seu canto.

O herói:

Como o título indica, o herói desta epopeia é coletivo, os Lusíadas,


ou os filhos de Luso, os portugueses.

Camões Lírico

20
Camões escreveu versos tanto na medida velha ( cinco ou sete sílabas métricas) quanto na medida
nova ( dez sílabas métricas).
Seus poemas heptassílabos ( sete sílabas métricas) geralmente são compostos por um mote e uma
ou mais estrofes que constituíam glosas (ou voltas a ele).
Os sonetos, porém, são a parte mais conhecida da lírica camoniana. Com estrutura tipicamente
silogística, normalmente apresentam duas premissas e uma conclusão, que costuma ser revelada no último
terceto, fechando, assim, o raciocínio. Isso mostra que o racionalismo universalista clássico busca mais
pensar a coisa, o sentimento a situação do que simplesmente expressá-los. Daí, o neoplatonismo amoroso,
tema comum da lírica camoniana.
Camões demonstra, em seus sonetos, uma luta constante entre o amor material, manifestação da
carnalidade e do desejo, e o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem à
realização plena.
Nessa perspectiva, o poeta concilia o amor como ideia e o amor como forma, tendo a mulher como
exemplo de perfeição, ansiando pelo amor em sua integridade e universalidade.

Vamos agora exercitar nossos conhecimentos sobre o Classicismo Português:


Responda as questões dissertativas por completo, no verso da folha.

Transforma-se o amador na cousa amada, 5) O soneto ao lado pertence a que parte da obra de Camões?
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho, logo, mais que desejar 6) Qual a métrica utilizada? Escanda a primeira estrofe.
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada, 7) Qual o tema proposto por Camões? Como se chama essa
Que mais deseja o corpo de alcançar? concepção do amor? Explique-a.
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas esta linda e pura semideia, 8) Nos tercetos finais, percebe-se uma problemática quanto àquela
Que, como o acidente em seu sujeito, visão anterior do amor. Qual é o problema? O que ele revela?
Assim com a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;


E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples, busca a forma.

5) O soneto de Camões “Transforma-se o amador na cousa amada” é um exemplo de


gênero lírico, pois o ponto de vista do eu lírico sobre o amor, sua cosmovisão, é expressa
nos versos, sem uma narrativa.

Resposta alternativa:
Quanto à obra literária de Luís de Camões denominada "Transforma-se o amador na
cousa amada", é perceptível que se trata de uma composição do gênero lírico, pois, além de ser uma
poesia sem narração, também contém as principais características do mesmo: vemos versos escritos
em primeira pessoa do discurso em que há a expressão de sentimentos e emoções e visões de
mundo de um eu lírico: "Se nela está minha alma transformada, que mais deseja o corpo de
alcançar?". A exteriorização de um mundo interior, através de metrificação e rima, são
particularidades desse gênero literário. Um bom exemplo é a primeira estrofe do poema:

"Transforma-se o amador na cousa amada,


Por virtude do muito imaginar,

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Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada."

6) Camões utiliza nos seus sonetos a “Medida nova”, poemas de versos decassílabos.

Trans – for – ma - se o a – ma - dor – na – coi - sa a - mada,


Por – vir – tu – de – do – mui – to i – ma – gi - nar.
Não – te – nho – lo – go – mais – que – de – se - jar.
Pois – em – mim – te – nho a – par – te – de – se - jada.

Se – ne - la es - tá – mi - nha al – ma – trans – for – ma - da,


que – mais – de – se - ja o – cor - po – de al – can - çar?
em – si – so – men - te – po – de - des – can – sar,
pois – con – si - go - tal - al - ma es – tá - li – ga - da

Resposta alternativa:

6 10
Trans/for/ma-/se o a/ma/dor/ na/ cou/sa a/ma-da,
Por /vir/ tu/ de / do/ mui/ to i/ ma/gi/nar;
Não/ te/ nho,/ lo/ go,/ mais /que / de/ se/ jar
Pois / em / mim / te/ nho a/ par/ te/ de/ se/ ja - da.
4 6 10

Marcando as tônicas: ritmo sáfico... 2 / 3, 6, (8) e 10.

“Trans / for / ma- / se o a / ma / dor / na / cou / sa a / ma – da,


Por / vir / tu / de / do / mui / to i / ma / gi / nar;
Não / te / nho, / lo / go, / mais / que /de / se / jar,
Pois / em / mim / te / nho a / par / te / de / se / ja – da.”

Os versos são decassílabos ou, como chamados na época da renascença, “medida nova”.

Es/ta/ no /pen/sa/men/to / co/mo i/dei -a


E o / vi/vo e / pu/ro a/mor / de / que/ sou/ fei -to
Co/mo a / ma/té/ria / sim/ples /bus/ca a /for/ma.

O soneto de Camões usa a métrica decassílaba, ou medida nova, típica do Renascimento.

7) O amor proposto por Camões em muitos dos seus sonetos é o amor neoplatônico, pois há
idealização na concepção de amor. No soneto apresentado, o eu lírico concebe a sua união com o
ser amada como uma forma de elevação abstrata, ou seja, como pura ideia.

Resposta alternativa:

Camões propõe a superioridade da ideia sobre o real. Essa concepção de amor é chamada de
idealização, no caso, neoplatonismo amoroso: “Por virtude de muito imaginar”, “Está no pensamento
como uma ideia”.

22
Mais outra resposta:

Camões propõem, como tema desse seu soneto, o amor e o desejo de ser amado. O amor
apresentado no tema é neoplatônico, pois o Eu lírico tende a imaginar e desejar o ser amado tanto que não
precisa mais dele como objeto de sua ação. Ele o tem como ideia, isto é, como abstração de sua mente. A
ideia do amor é mais valorizada que o objeto do amor. Isso é o neoplatonismo amoroso.

8) Nesse soneto neoplatônico de Camões, “Transforma-se o amador na cousa amada”, a


questão que os tercetos finais apresenta é que o “amor” quer deixar de ser apenas uma ideia; ele
deseja criar forma, revelando que o Eu lírico anseia por um amor sensível.

Resposta alternativa:

A problemática nos tercetos finais é resultado de uma evidência: que, apesar do eu


lírico entender que seu desejo deve descansar, pois tem dentro dele a ideia do amor, mesmo
assim, seu corpo (a matéria simples) parece sempre buscar uma forma, uma realização dessa
ideia.

Outra resposta ainda:

O problema de Camões em relação à ideia de que o amor pode ser vivido como ideia, como
abstração, e o desejo descansar é posto em dúvida nos dois tercetos do soneto, pois ele diz que o
amor de que ele é feito parece querer tomar forma, isto é, parece querer ter corpo e se realizar.
Enfim, a ideia do neoplatonismo amoroso não é um “paraíso”, mas implica num conflito entre o que
o eu-lírico sente racionalmente e o que eu sente sensivelmente.

Leia mais esse soneto de Camões e responda.

Alma minha gentil, que te partiste 9) Há uma estrutura lógica no poema, o que demonstra o racionalismo
Tão cedo desta vida descontente, clássico de Camões. Vamos analisar.
Repousa lá no Céu eternamente a) Qual o problema apresentado na primeira estrofe, que parece
E viva eu cá na terra sempre triste. insolúvel?

Se lá no assento Etéreo, onde subiste, b) Qual a primeira condição para a solução do problema proposto pelo
Memória desta vida se consente, eu lírico?
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste. c) Qual a segunda condição para a solução ser possível?

E se vires que pode merecer-te d) Qual a solução apresentada para o problema exposto?
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou, e) Enfim, por que é possível dizer que o poeta clássico não
Que tão cedo de cá me leve a ver-te, diz só o que sente, mas pensa sobre o sentimento e sobre a
Quão cedo de meus olhos te levou. condição humana?

23
Vamos aprender a responder dissertativamente
com coerência, objetividade e clareza respostas completas
e autônomas (que não precisam da pergunta para serem
entendidas). Para isso, usaremos o esquema silogístico a
↔ b; c → b; c → a [Exemplo: Aves (a) têm bicos e penas
(b). Ora, pinguins (c) têm bicos e penas (b). Logo,
pinguins (c) são aves (a)].

Respostas com silogismo:


a) Há separação absoluta de seres que se amam (a) quando um deles morre (b).
Ora, o eu lírico do soneto de Camões “Alma minha, gentil que te partiste” reclama na
primeira estrofe por estar na terra, “sempre triste” ( c ) enquanto sua amada está
“repousando” eternamente no céu (b). Logo, o eu lírico sofre ( c ) por estar separado de
sua amada (a).

b) A lembrança do amor terreno (A), permitida no céu, daria condição para alguém
que já esteve na terra lembrar de quem amava nela (B).Ora, como os amantes do
soneto de Camões estão separados por duas dimensões, uma celestial e outra
terrena (C), é necessário que aquele que está no céu se lembre de quem amou na terra
(B). Portanto, a primeira solução para o problema (C) é a lembrança do amor
terreno (A).

c) Dar o mesmo valor há um sentimento anterior é condição para retomá-lo. Ora,


além da lembrança do amor vivido, a segunda condição para solucionar a separação
dos amantes é retomar esse amor e possibilitar o reencontro. Portanto, a segunda
condição para resolver a separação dos amantes é que se dê agora ao amor vivido
em terra anteriormente o mesmo ou o equivalente valor que tinha antes.

Repostas que devemos corrigir: redação e argumentação.

9- d) A solução apresentada no soneto de Camões é o eu lírico pedindo à amada que ela


peça a Deus que acabe o chame para junto dela, para que, então, possa encontrar com sua
amada. O eu lírico expõe isso no seguinte verso: "Que tão cedo de cá me leve a ver-te,".

d) Se Deus chamasse o eu lírico para junto da sua amada (a), eles poderiam se
reencontrar e viver a vida eterna no céu (b). Ora, a solução para a separação dos
amantes depende de se reencontrarem e viverem juntos novamente, noutro plano.

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Portanto, a solução para a separação dos amantes (c) é que Deus chame o eu lírico
para junto de sua amada (a).

d) Aquele que está no céu pode pedir a Deus o resgaste de seu amor que está na terra e,
assim, poderiam se reencontrar. Ora, a separação dimensional dos amantes sendo solucionada
possibilitaria tal reencontro. Logo, a solução para a separação “dimensional” dos amantes, entre
a vida finita na terra e aquela eterna no céu, é aquele amante que está no céu pedir a Deus que
“resgate” seu companheiro da terra.

Portanto, a solução para a separação dos amantes ( c ) é que Deus chame o eu lírico para
junto de sua amada (a).

e) O racionalismo clássico não expressa só o que sente ou o que vive, mas reflete
sobre a emoção e a condição humana. Ora, no soneto de Camões “Alma minha, gentil que
te partiste”, o eu lírico reflete sobre sua situação, expressa seu sentimento, mas calcula
sobre como resolver sua angústia. Logo, o poeta clássico, como Camões, pensa sobre o que
sente ou o que acontece com o ser humano, ou seja, é mais racional.

Será que você entendeu como redigir respostas claras, objetivas,


coerentes, completas e autônomas
Observe o que é esquema silogístico,

Todo quadrúpede é um animal de quatro patas.

A (Suj1)  B (Predicado1) = Premissa Maior

Ora, o cavalo é um animal de quatro patas.

C (Suj2) => B (predicado 1) = Premissa menor.

Portanto, o cavalo é um quadrúpede.

C (Suj2) => A (suj1 => Pred 2) = Conclusão

P> Premissa maior (expressão abstrata ou geral) – Primeira sentença.


P< Premissa menor (expressão particular) – Segunda sentença.
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Conclusão (resultado lógico) – Terceira sentença.

P> a  b;
P< c => b;
Concl. c => a.

O Renascimento é a recuperações dos valores da


cultura antiga greco-latina. Ora, “Os Lusíadas” de Camões tem
como estrutura modelar uma obra latina, no caso, “Eneida” de
Virgílio, poeta romano. Portanto, “Os Lusíadas” de Camões é
uma obra renascentista.
A<=> B
C => B
C => A

10) O Classicismo Português (1527 – 1580) é a expressão literária


do renascimento. Ora, o antropocentrismo é uma característica do
Renascimento e da literatura Clássica do período. Portanto, o
antropocentrismo está presente nas obras do Classicismo
Português, como “Os Lusíadas” de Camões.

Como, na obra de Camões, “Os Lusíadas”, você vê essa característica?

O antropocentrismo coloca o homem no centro de


ações épicas ou extraordinárias. Ora, em “Os Lusíadas”, epopeia de
Camões, homens fazem grandes feitos, como o próprio Vasco da
Gama. que é o primeiro a passar pelo Cabo das Tormentas e chegar
às Índias. Portanto, “Os Lusíadas” de Camões é antropocêntrico.
Outra redação:

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O antropocentrismo é uma forma de pensamento que coloca o homem como objeto
principal de estudos e admiração. Perdurou durante os séculos 14-16, mesma época do
Renascimento. Ora, a obra de Camões, "Os Lusíadas", foi publicada no ano de 1572 e valoriza
a ação humana, representada por Vasco da Gama, que navega por “mares nunca dantes
navegados”, enfrentando “mais do que prometia a força humana”. Portanto, a obra "Os
Lusíadas" é uma obra Renascentista importante, é uma obra de característica antropocêntrica.

A = Antropocentrismo
B = valorizar a ação humana na terra
C = “Os lusíadas” de Camões

Uma mais simples, só com os termos básicos:

O antropocentrismo é uma característica renascentista que consiste na valorização da ação humana na terra.
A B

Ora, “Os Lusíadas” de Camões valoriza a ação humana, tanto que seus heróis são navegadores que enfrentam desafios
C B
além do que as possibilidades humanas prometiam, com perseverança e cálculo.

Portanto, “Os Lusíadas” de Camões é uma obra de característica antropocêntrica.

C A

11) “Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho I – Essa oitava de “Os Lusíadas”, de Camões, termina a obra
Destemperada e a voz enrouquecida, com um tom pessimista. A que parte da obra pertence?
E não do canto, mas de ver que venho a) Proposição; b) Invocação; c) Oferecimento;
Cantar a gente surda e endurecida. d) Narração; e) Epílogo.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a Pátria, não, que está metida II – Qual o esquema de rimas das estrofes e a métrica usada por
No gosto da cobiça e na rudeza Camões em todo o poema épico lusitano?
De uma austera, apagada e vil tristeza.” Camões usa versos decassílabos e esquema de rimas abababcc
(alternado e paralelo nos dois últimos versos).

“Não / mais, / Mu / sa, / não / mais, / que a / Li / ra / te - nho


3 6 10
Des / tem / pe/ ra / da e a / voz / em / rou / que / ci – da”
4 6 10

III – Qual a crítica que Camões faz na estrofe acima? Por quê?

Os portugueses teriam uma missão civilizacional no mundo que seria “dilatar” a fé e o


império cristão lusitano. Ora, no epílogo de “Os Lusíadas”, Camões critica os portugueses
por estarem mais interessados no lucro e nas vantagens comerciais das grandes navegações
e não na grande aventura humana que promoveriam. Portanto, Camões critica o abandono
da grande missão civilizacional pelos portugueses.

12) Sonetos como “Amor é fogo que arde sem se ver” e “Sete anos de pastor Jacob servia” fazem parte de que parte da obra
camoniana? a) poesia épica; b) poesia lírica; c) dramaturgia; d) poesia clássica; e) poesia romântica.

13) Leia os versos transcritos de Os lusíadas, de Camões, para responder ao teste.

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Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.

Assinale a afirmação incorreta em relação aos versos transcritos:

a) A apóstrofe inicial da estrofe introduz um discurso dissertativo a respeito da natureza do


sentimento amoroso.
b) O amor é compreendido como uma força brutal contra a qual o ser humano não pode
oferecer resistências.
c) A causa da morte de Inês é atribuída ao amor desmedido que subjugou completamente a
jovem.
d) A expressão "se dizem" indica ser senso comum a ideia que brutalidade faz parte do
sentimento amoroso.
e) Os versos associam a causa da morte de Inês não só à força cruel do amor, mas
também aos perigosos riscos que a jovem inimiga representava para o rei.

Comentário do Professor:

Essa oitava de “Os Lusíadas” de Camões, retirada do momento da narrativa em que


vemos o episódio de Inês de Castro, parece ser um momento lírico na obra. Veja que
o eu lírico, no caso, o próprio Vasco da Gama, para de contar o que ocorreu para
argumentar em favor de uma visão titânica do Amor, colocado assim como uma
entidade tirânica, com maiúscula, que “banha seus altares” com sangue humano.
O “puro Amor” da apóstrofe inicial, se repete como “fero Amor” mais abaixo,
deixando claro que Inês foi morta por amar, mais que pelas intrigas políticas do
reino, que não poderiam admitir que uma castelhana pudesse um dia vir a ser rainha
de Portugal, por ser amante do príncipe herdeiro Dom Pedro.

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Bom, espero que tenha gostado dessa apostila. Ela é única, pois recebeu a colaboração de muitos
alunos durantes os anos em que esse professor lecionou. Um abraço!

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