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Resoluções das atividades LITERATURA

M
Ó 10 Novas vanguardas; Tropicalismo; Poesia contemporânea » 1
D 11 O teatro e a crônica modernos e contemporâneos » 2
U 12 O conto e o romance contemporâneos » 4
L Atividades discursivas » 5
O
S

que havia de melhor na tradição cultural brasileira e tam-


MÓDULO 10 Novas vanguardas; Tropicalismo; Poesia bém dialogavam com as inovações estéticas estrangeiras
contemporânea e com a nova poesia surgida a partir da década de 1950.
A poesia marginal, por sua vez, valia-se de temas e de
ATIVIDADES
PARA SALA linguagens cotidianos.

01 D
ATIVIDADES
PROPOSTAS
A fragmentação da palavra consiste no recurso expres-
sivo utilizado pela voz poética para exprimir a perda das 01 D
lembranças. Os morfemas são desestruturados para mos- I. (V) O poema de Augusto de Campos rompe com a
trar a dispersão da memória que, pouco a pouco, subs- estrutura tradicional dos versos, suprimindo letras
titui as recordações do passado por acontecimentos do
das palavras a fim de que o leitor assuma um papel
presente.
ativo na construção de sentido do texto.
02 D II. (F) Nota-se que, para a voz poética do texto, o ato de
escrever é resultado de uma investigação formal,
No poema-processo, quanto menos elementos, maior é a
propondo uma construção de sentido absoluta-
possibilidade de interpretação. No poema em questão, a
mente diversa da apresentada na poesia tradicional.
junção de linhas (setas) e uma sigla permite ao leitor varia-
III. (V) O texto apropria-se da linguagem não verbal, da
das formas de lê-lo e entendê-lo.
desintegração da palavra e da polissemia como
03 A modo de ressignificar o discurso poético.
IV. (F) O poema representa uma ruptura com a forma poé-
Ferreira Gullar, ao defender uma arte neoconcreta, rompe
tica clássica, incluindo a poesia simbolista, mesmo
com o movimento concretista, do qual fizera parte anos
apresentando elementos naturais como o céu e as
antes. O motivo do seu rompimento foi o fato de os irmãos
Campos defenderem uma poesia racionalista e matemá- estrelas.
tica. O neoconcreto também tinha uma visão materialista
da arte e se opôs ao Concretismo, ao neoplasticismo, ao 02 D
construtivismo, ao suprematismo e à Escola de Ulm. O I. (V) Na poesia concreta a dimensão visual tornou-se tão
Neoconcretismo, mesmo defendendo a arte não figura- importante quanto a verbal. Os poemas passaram a
tiva, não descarta o Humanismo.
ter a forma do que exprimiam.
II. (V) Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio
04 A
Pignatari foram os principais nomes do Concre-
A poesia dos anos 1970, conhecida como poesia margi- tismo, que se consolidou com a publicação da
nal, valeu-se de conquistas das produções de vanguarda revista Noigandres, instaurando a poesia marcada
modernista, como a liberdade formal, desconstruindo, por
pela forte vinculação entre forma e conteúdo.
vezes, a estrutura dos versos, e temática, utilizando como
III. (F) O movimento concretista é um movimento de
assunto situações que não serviam, a priori, para a poesia.
grande importância para a poesia brasileira, influen-
05 B ciando poetas até hoje. A produção poética e artís-
tica de Arnaldo Antunes, por exemplo, dialoga com
A voz poética relembra acontecimentos do passado ainda
presentes, o desencontro amoroso ocorrido com a passa- o Concretismo.
gem do tempo. Essa perda, contudo, evidencia o amadu-
recimento do eu lírico permeado de ironia e desapego, 03 B
visto que afirma dever a seu interlocutor, hoje ausente, As metáforas presentes no poema “Epithalamium II” mes-
tudo o que lhe aconteceu. clam elementos constitutivos da relação homem-mulher:
casamento, ele, ela, a conjunção e. Além disso, evoca a
06 D figura do primeiro casal (Adão e Eva) e do pecado origi-
O Tropicalismo traduzia uma mistura do Brasil das tra- nal, incluindo a serpente. Pode-se também perceber uma
dições arcaicas com o Brasil moderno e sua cultura de demonstração da superioridade feminina ante as limita-
massa. Os artistas tropicalistas eram influenciados pelo ções do homem.

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04 A 10 D
Os símbolos utilizados no poema possibilitam uma nova O Tropicalismo se caracterizou pela utilização de elemen-
significação para o epitalâmio, que é, como dito, um tipo de tos da cultura de massa, como a sonoridade do rock and
poema composto para celebrar um casamento, podendo roll estadunidense, adaptados à realidade brasileira, dialo-
conotar o encontro, a fusão que se dá nesse momento entre gando com elementos da cultura nacional, como os costu-
o elemento masculino e o elemento feminino. mes e a religiosidade. O trecho de “Ovelha negra”, de Rita
Lee, do grupo Os Mutantes, que fez parte do movimento
05 B tropicalista, evidencia o novo gênero surgido na música
popular brasileira a partir da década de 1970.
O primeiro texto é um exemplo de poema concreto, visto
que, além de ter sido escrito por Haroldo de Campos,
um dos principais nomes do movimento, busca explorar 11 B
o espaço em branco da folha como modo de valorizar o Notam-se, por meio de uma situação considerada apoé-
aspecto visual do poema. Observe que a disposição dos tica à primeira vista – a recusa de um convite ao teatro –, as
versos remete ao trabalho de mineração para a obtenção particularidades do gênero poesia, que se vale de toda a
do cristal, no qual se desce à terra, vinculando-se, assim, potencialidade das palavras para obter o efeito poético e
ao trabalho de escrita, que busca, no final, a forma. O do próprio estilo de Adélia Prado, para quem, como diz na
segundo, por sua vez, é um poema-processo por consi- primeira parte de O coração disparado (1978), “qualquer
derar como primordial o aspecto visual do texto. Nesse coisa é a casa da poesia”.
tipo de composição, o poema é considerado como uma
imagem, e não como palavras. 12 C
A poética de Manoel de Barros se caracteriza pela
06 E simplicidade, pela valorização e evocação de elementos
que se aproximam da realidade infantil, bem como pela
Para entender o poema da questão, não basta apenas ler
linguagem essencialmente conotativa, plurissignificativa.
as palavras: é preciso ver como elas foram dispostas. Essa
No poema proposto, a imagem do rio como um “vidro
disposição cria estruturas diferentes das usuais e aumenta
mole” ou “cobra de vidro” ocasiona maior efeito na voz
as possibilidades de interpretação. poética do que seu verdadeiro significado, que empo-
brece seu sentido.
07 D
A busca pela identidade, tema caro à literatura, apresenta
MÓDULO 11
outro viés no referido poema de Paulo Leminski, visto que O teatro e a crônica modernos
o autoconhecimento é proporcionado a partir da relação e contemporâneos
com o outro, que funciona como um espelho. Desse modo,
destaca-se a empatia, a capacidade de se colocar no lugar
de outra pessoa, como uma condição para o verdadeiro
ATIVIDADES
PARA SALA
conhecimento das próprias características, sentimentos,
emoções etc. 01 B
A peça O rei da vela, de Oswald de Andrade, funciona
como uma crítica à realidade brasileira à época de sua
08 B produção, os anos 1930. No período, os costumes e
A partir de um poema metalinguístico, que descreve, fala as práticas da vida social ainda eram marcadamente
sobre os tipos de poesia, a voz do texto, como sugere o provincianos; o casamento de Abelardo e Heloísa, por
título “Primeira lição”, vale-se de um tom explicativo em exemplo, é visto como negócio. Assim, o texto revisita,
seu trabalho de composição para conceituar a tendência por meio da caricatura, tipos específicos do momento,
literária chamada lirismo. entre eles os leitores de obras literárias, considerados,
como mostra o fragmento, conservadores, avessos às
09 A inovações vanguardistas.
I. (V)
II. (F) O poema, por meio de versos livres, apresenta o 02 C
uso do registro oral, evidenciando a ideia do eu Na peça Álbum de família, Nelson Rodrigues mostra,
lírico de encontrar a poesia nos acontecimentos valendo-se de recursos como a ironia e a tragicidade, o
simples, banais do cotidiano. contraponto entre a realidade crua, primitiva de uma
III. (F) No poema, a escrita da poesia associa-se a fenô- família e as imagens aparentemente comuns, harmônicas
menos naturais, como a água levantando-se em um apresentadas em seu álbum de fotografias. A partir desse
morrinho de areia, sendo também, como afirma o jogo entre aparência e essência, o ficcionista aponta, por
eu lírico, um “poder” que está “à mercê de Deus”, meio de temas transgressores como o incesto, para o que,
que depende da existência divina. mesmo absurdo, o ser humano é capaz de praticar.

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03 A em nome de Iansã, que corresponde a Santa Bárbara no


sincretismo religioso brasileiro. Para pagar sua promessa, a
A marcação citada no trecho acentua os aspectos amoro-
personagem depara com uma série de dificuldades, prin-
sos e festivos, relacionados ao casamento de Lúcia com
cipalmente com a intolerância religiosa por parte da Igreja,
Pedro, e também os aspectos fúnebres, que remetem à
representada na figura do padre Olavo. Zé-do-Burro, ape-
morte de Alaíde.
sar das dificuldades, mantém-se firme em seu propósito.

04 B
05 A
Na crônica apresentada predomina a função emotiva ou I. (V) O tema central de Vestido de noiva é a paixão de
expressiva da linguagem, visto que ela foca a subjetivi- duas irmãs, Alaíde e Lúcia, pelo mesmo homem,
dade do enunciador, que evita escrever um texto divertido Pedro. A partir desse fato, desenrola-se um drama
ou leve diante das obrigações do cotidiano. familiar em três planos: o plano da alucinação, o
plano da memória e o plano da realidade.
05 C II. (V) A utilização de recursos sonoros no começo da
peça mostra a inserção da personagem Alaíde no
A utilização do pronome pessoal “ele” no lugar dos subs- plano da realidade. Esses elementos indicam seu
tantivos (os nomes dos escritores) funciona como um atropelamento, situação central para o desenvolvi-
recurso linguístico de articulação textual para que não mento da narrativa.
ocorra a repetição dos referentes. Desse modo, o pro- III. (F) Alaíde, entre a vida e a morte após ter sido atro-
nome se refere às pessoas do discurso, no caso a Rubem pelada, busca, no plano da alucinação, Madame
Braga e a Nelson Rodrigues. Clessi, que fora assassinada pelo namorado no
século anterior.
06 E IV. (F) O casamento de Alaíde e Pedro, ao som da Marcha
A crônica caracteriza-se pela apresentação de fatos do Fúnebre, ressalta o efeito trágico da peça, na qual
a relação de cobiça, competição, inveja e ciúme
cotidiano em linguagem literária. Pode-se observar no
entre as duas irmãs finda-se de modo desolador.
texto uma mescla de fatos fictícios e verídicos, ou seja, o
recenseamento que o governo fez está representado por
06 C
meio de personagens criadas pelo autor para enfatizar a
problemática de tal acontecimento. A originalidade de Vestido de noiva encontra-se no entre-
laçamento de diversos planos narrativos, que são o plano

PROPOSTAS
da alucinação, o plano da memória e o plano da reali-
ATIVIDADES dade. Ao levar essas esferas para a peça, e posteriormente
para sua encenação, busca-se mostrar a fragmentação da
mente humana.
01 C
O texto da peça aborda a luta da classe operária pela melho-
07 A
ria das condições de trabalho. Apresenta alguns aspectos
da sociedade brasileira em torno dos conflitos familiares e O narrador cronista prefere escrever sobre as belezas do
das desigualdades sociais. dia a dia e até esboça uma crônica sobre trivialidades, mas
se sente quase forçado a escrever sobre fatos que afetam
02 C o cotidiano de todos.

Abelardo I, personagem central de O rei da vela, é viga- 08 B


rista e oportunista, aproveitando-se da difícil situação eco-
No fim do parágrafo, o narrador cronista faz uma metá-
nômica do país, na qual tornou-se impossível o consumo
fora. Ele mesmo a considera exagerada e demonstra estar
da luz elétrica, para lucrar com o comércio de velas e com
consciente disso ao se recriminar.
a agiotagem.
09 D
03 C De acordo com a crônica “A palavra”, de Rubem Braga,
A peça Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, é dividida a metáfora “viver em voz alta” pode ser compreendida
em três planos: o plano da alucinação, o plano da memória como a necessidade do escritor de tornar públicos seus
e o plano da realidade. Este surge como um contraponto pensamentos, ação que é recebida pelo leitor como uma
aos dois primeiros planos, como modo de situar os acon- mágoa ou um consolo, por exemplo.
tecimentos, a linearidade da ação.
10 E
Os trechos selecionados têm como objetivo definir, por
04 E meio do lirismo e do humor, o que é “ser brotinho” e
Zé-do-Burro promete, caso seu burro seja curado, levar “ser gagá”. Para a construção da definição, a linguagem
uma cruz até a Igreja de Santa Bárbara, além de dividir suas é usada para falar da própria linguagem, em um claro pro-
terras com os trabalhadores do campo. Ele jura, contudo, cedimento metalinguístico.

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11 E na palavra latina textum, que significa tecido. Portanto, no


O efeito de humor na crônica de Luis Fernando Verissimo trecho do enunciado, observa-se que o autor, para aludir
se dá pela utilização da linguagem em tom coloquial, infor- ao trabalho do escritor, emprega um procedimento singu-
mal para narrar o tema abordado, o nascimento de Jesus lar de escrita, que consiste em intercalar o texto com ter-
Cristo, exposto, geralmente, de modo formal e sério. mos referidos ao universo do tecer.

12 B
06 A
A crônica de Fernando Sabino mostra as variações que
ocorrem na língua de acordo com o momento em que se No trecho, a personagem Ana se mantém imóvel diante
fala ou mesmo a pessoa que fala. Assim, essa mudança é da fala transgressora de André. A cena contrapõe-se a
notada a partir da comparação entre gerações. No passado, outro momento da narrativa em que Ana dança de modo
falava-se, por exemplo, “defluxo” em vez de “resfriado”, envolvente e sensual, ação que ocasiona sua morte.
“passeio” no lugar de “calçada”, como mostra o texto.

MÓDULO 12
ATIVIDADES
PROPOSTAS
O conto e o romance contemporâneos
01 D
ATIVIDADES
PARA SALA A inserção de dragões no cotidiano da cidade do conto não
compromete a coerência narrativa, não parece absurda,
01 C visto que o próprio comportamento das personagens tam-
bém não se mostra normal. Elas são marcadas pela cobiça,
O fantástico nos contos de Murilo Rubião é utilizado como
um modo de ampliar a realidade objetiva, propondo dife- pelo desejo de domesticar e educar os dragões, conheci-
rentes pontos de vista sobre a existência humana. dos por sua natureza belicosa, que não se pode amansar.

02 C
02 C
Nota-se, no conto “História de passarinho”, de Lygia Fagundes
Telles, que a mulher parece infeliz com o marido, eviden- As constantes metamorfoses de Teleco, o coelhinho, que
ciando que a insistência em afirmar para os conhecidos que são realizadas de acordo com as pessoas e as circunstân-
ele tinha enlouquecido é, na realidade, uma necessidade de cias nas quais se encontra, podem ser compreendidas
explicar a atitude inesperada. como as transformações sofridas pelos indivíduos com o
objetivo de serem aceitos pela sociedade. O conto mos-
03 D tra, contudo, que essas mudanças ocasionam a perda da
O passarinho se atirava às cegas contra as grades, ten- identidade, da noção que se tem sobre si mesmo.
tando fugir, visto que é de sua natureza voar, ser livre.
O desejo de liberdade levou-o, mesmo após longo tempo
de cativeiro, a fugir em um momento de descuido de seu 03 B
dono, e essa ação ocasionou sua morte. Após esse acon- O emprego do pretérito imperfeito, o tempo verbal da
tecimento, seu dono também resolve correr o risco e se
incerteza, da possibilidade, que indica uma ação ocorrida
lançar em sua liberdade, abandonando a casa e a família,
que também o prendiam. no passado, mas que não foi findada, oferece maior ambi-
guidade ao texto, não dando ao leitor informações preci-
sas sobre os acontecimentos.
04 C
Os trechos apresentados dialogam, visto que apresen- 04 C
tam personagens que são marginalizadas na cidade, que
não têm um lugar: no texto 1, um morador do campo que Morangos mofados confirma o talento do autor ao mostrar
não encontra emprego em um grande centro urbano; no suas principais características literárias que o inserem na
texto 2, um ex-presidiário que, por sua antiga condição, ficção moderna, como os diálogos fluidos e dinâmicos.
não consegue se firmar na sociedade.

05 E
05 A
A escassez do uso de vírgulas no conto de Caio Fernando
Os substantivos em letras maiúsculas, todos pertencentes
ao campo semântico da tecelagem, sugerem a construção Abreu é uma marca textual que visa se aproximar do fluxo
do texto, que é “tecido” com palavras que formam frases, de consciência, que, como se sabe, é contínuo, autônomo,
períodos e parágrafos, interligados entre si com conecto- mas segue a ordenação própria da subjetividade do pen-
res de diversos tipos. A própria palavra “texto” tem origem sador, expressando imagens de sua realidade interior.

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LI TERATURA

06 D 11 D
I. (V) O pretérito perfeito é utilizado para expressar ações (V) André retorna à casa paterna após os apelos e ser-
recentes e findadas no cotidiano da personagem. mões de seu irmão Pedro, mantendo, contudo, seu
II. (F) Para indicar os sentimentos da personagem, o desejo por Ana, que será punido com a morte.
narrador utiliza verbos no pretérito imperfeito, (F) André questiona os valores defendidos pela força e
visto que esse tempo denota a incerteza que pela tradição patriarcal. O retorno desse elemento
caracteriza a atmosfera do conto, como se lê em: de desordem à casa abala as estruturas da família,
“— Eu vinha vindo para cá. Eu vinha vindo meio mostrando a fragilidade das relações.
tonta, como sempre fico, assim meio tonta, quando (V) A rigidez do pai e o carinho desmedido da mãe são
durmo tanto”. duas das forças que sufocam André, que não encon-
III. (V) A preferência pelo pretérito imperfeito no primeiro tra lugar para se individualizar.
parágrafo se explica pela necessidade de se aproxi- (V) A hierarquia da família é percebida na mesa de refei-
mar do estado de imprecisão no qual se encontrava ções. O pai ocupa lugar central, seguido de Pedro.
a personagem. A partir desse molde, dessa estrutura, demarcam-se
IV. (V) A utilização de verbos no pretérito perfeito no as relações de poder impregnadas de simbologias
penúltimo parágrafo evidencia a importância dos bíblicas.
fatos narrados, que se tornaram “definitivos” para (V) André é apresentado na narrativa como o filho pró-
a personagem. digo que retorna à casa paterna. Diferentemente do
discurso bíblico, a personagem de Lavoura arcaica
07 C
opõe-se à figura do pai, buscando enfraquecer sua
Pode-se perceber, por meio do trecho citado, cujo narra- influência sobre ela e sobre os demais membros da
dor é o filho, a construção de uma cena repleta de sensibili- família.
dade: a volta do filho ao lar e sua recepção pelo pai. O pro-
genitor é descrito como o patriarca, o chefe da família, cuja 12 C
palavra era lei e deveria ser respeitada a todo custo. São
vários os sintagmas que atestam a figura do patriarca, tais Leite derramado, lançado por Chico Buarque em 2009, rece-
como “palavra severa do chefe da família”, “sua majestade beu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano em 2010. Em linhas
rústica”, “densidade da sua presença” e “braços podero- gerais, o romance, um dos seis escritos pelo ficcionista, narra
sos”. Contudo, ao receber o filho, abraça-o com “mãos as memórias de um velho em um leito de hospital. Sua fala
benignas” e o beija. A construção da personagem e suas confusa, desarticulada apresenta, de modo crítico, um retrato
atitudes remetem, de modo intertextual, aos patriarcas datado da burguesia brasileira.
bíblicos, tais como Abraão, Isaque e Jacó, personagens
severas, mas também carinhosas. O trecho dialoga com a ATIVIDADES
parábola do filho pródigo, contada no evangelho de Lucas.

08 B
No trecho, o filho é censurado por ter abandonado a segu-
rança da casa paterna. Essa partida faz com que André, já Módulo 10
discordante dos valores familiares apregoados pelo pai e
01 a) A história ali contada, como revela o narrador/eu lírico,
pelo irmão, retorne mais inconformado ao ambiente, mais
é uma história banal, que poderia ter acontecido
desejoso de romper com a tradição que o estorvava.
a qualquer um que vive no sertão do Nordeste, por
isso a personagem perde a individualidade e passa a
09 A representar uma dimensão coletiva.
No texto, a escolha de Raduan Nassar sobre parar de escre- b) Na segunda estrofe encontra-se essa “coletivização”
ver foi apresentada por meio do discurso indireto, conforme da personagem, mas principalmente no par “que todo
se lê em: “o escritor paulista anunciou que passava a arar cabra da peste/ali se chama João”, que demonstra
outras terras, trocava a literatura pela agricultura”. O verbo a condição de todos aqueles que vivem no mesmo
anunciar, na sentença, funciona como sinônimo de declarar, ambiente.
“o escritor paulista declarou que passava a arar outras terras,
trocava a literatura pela agricultura”. 02 a) No caso de Cartas chilenas, o poema segue uma
métrica de versos decassílabos, sem rimas. Já em João
10 E Boa-Morte, os versos são de sete sílabas e há algumas
As afirmativas I, II e III estão corretas, visto que abordam a rimas, mas não em um esquema regular.
questão das mudanças ocasionadas pelas tecnologias no b) Pode-se reconhecer a referência à literatura de cordel
mundo moderno, marcado pela pressa e pela necessidade nas rimas “em todo aquele Nordeste/que todo cabra
de informação e comunicação rápidas. A afirmativa IV, por da peste”, tanto pela menção ao lugar (o Nordeste é
sua vez, mostra que o verbo prescindir pode ser utilizado onde se originou a literatura de cordel) quanto pelo uso
como sinônimo de dispensar, sendo verdadeira. da expressão “cabra da peste”, que é típica da região.

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03 a) A contraposição entre o “aqui” e o “lá fora”, que já o que demonstra o descontentamento da personagem e,
se enuncia nos primeiros versos do poema, expressa consequentemente, sua discordância quanto à imagem
a separação de dois mundos: o interior, de aprisio- da vida do casal como o paraíso.
namento, simbolizado pelo quarto escuro, e o exte-
rior, livre, alegre, expresso por elementos da natureza, 02 O professor calcula que o minuto de silêncio de todos os
como o luar, o orvalho e as flores. O sentido mais ativado habitantes equivalia ao tempo de vida do rei, e, ao mesmo
nessa contraposição é a visão, já que o poema opõe o tempo, seu filho na maternidade nascera e vivera por ape-
escuro (do quarto) ao claro (da manhã e da própria lua), nas um minuto, concluindo que um minuto, mesmo pare-
mas a ele se pode acrescentar a audição (ruído × silên- cendo pouco, significa uma vida. Assim, ao compreender
cio). que, somando todos os minutos de silêncio dos habitan-
b) Em vários momentos do poema, a oposição dentro e fora tes, ele obtém 50 anos (a idade com que o rei morreu), o
é ampliada por outras oposições, tais como: claro/escuro; professor entende que há duas perdas: a perda do rei e
liberdade/reclusão; alegria/tristeza; companhia/solidão. a perda do tempo equivalente à sua vida. No desfecho,
c) Na brincadeira de presos no segredo, o luar ocupa o vemos uma terceira perda: nesse um minuto, que o pro-
papel daquele que vem soltar o preso; é o libertador. fessor concluiu equivaler a uma vida, seu filho que acabara
No fundo, é o elemento da natureza, leve e luminoso, de nascer morre, tendo vivido apenas esse um minuto.
que entra para libertar o sujeito de sua escuridão.
Assim, os versos finais sugerem a dissolução da opo- 03 a) Em História do cerco de Lisboa, tem-se, na figura do
sição básica, com a penetração da luz (de fora, lá) na escritor, personificada na personagem Raimundo, a
escuridão (de dentro, aqui). preocupação em contrariar a leitura e a interpretação
da história do país mostrada “pela via exclusiva da
Módulo 11 linguagem oficial”. No diálogo travado entre revisor
e autor, é abordada a questão decisiva para a elabo-
01 a) A princípio, a contradição que ele apresenta em defen- ração do conjunto da narrativa: limites entre história
der que o pássaro seja livre, mas não o ser humano, e literatura, ou seja, a influência da subjetividade dos
agravada pelo fato de ele ser advogado. No segundo historiadores/escritores, que, ao tratarem dos fatos e
trecho, trata-se de seu autoritarismo, ainda mais em da memória, formam uma narrativa que carrega sua
relação à mulher, como se ela não tivesse voz própria. interpretação, sua hipótese do que teria acontecido.
b) A expressão remete aos valores morais de Noêmio, os b) “Deleatur” (“delete-se”, “seja apagado”) é um sinal de
quais ele acredita que devem ser os mesmos da esposa, revisão usado para indicar que a letra ou a palavra deve
por ter uma visão machista da realidade. ser suprimida. No romance História do cerco de Lisboa,
uma simples palavra pode alterar o resultado da narra-
02 a) Como relatado pelo próprio autor, a crônica é um tiva; no caso, o termo “não” com que Raimundo con-
gênero jornalístico, feito para ser publicado em perió- traria a versão oficial da conquista de Lisboa, realizada
dicos, dado o caráter efêmero. A leitora questiona o pelos cristãos sob o comando de dom Afonso Henri-
que seria então um livro de crônicas, dada essa carac- ques, para reescrever outra história, dessa vez baseada,
terística fundamental do gênero (pois um livro não é além de outros, nos relatos do mouro Mogueime.
periódico), recebendo assim a resposta de que é uma
pretensão do texto ou do autor em querer se perpetuar.
b) Nesse caso, a palavra ajuda a realçar o tom de espanto
da pergunta, uma vez que a resposta sobre o que seria
uma crônica levou a essa outra sobre o que seria o livro
de crônicas.

03 Como o autor constrói sua crônica de maneira reflexiva,


ele faz uma crítica à celebridade, evidenciando o que
para ele seriam os pontos negativos da fama. Na expres-
são destacada no enunciado, ele declara que qualquer
pessoa famosa não tem direito à intimidade: seria como
se sua casa tivesse paredes de vidro pelas quais qualquer
pessoa pode olhar e saber o que acontece dentro.

Módulo 12
01 A associação da vida do casal com o paraíso é feita duas
vezes no trecho, em ambas sob a perspectiva do marido.
Isso revela a posição confortável dessa personagem
no que se refere à vida conjugal tanto antes da viagem
como após o retorno. A eliminação do retrato, porém,
é ação promovida pela esposa, que se cansa da espera,

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